Crescendo sob a sombra de um pai poderoso e impiedoso, Anne, sempre se sentiu obrigada a seguir as expectativas da família. Só que tudo desmorona quando ela se apaixona por um dos homens mais conhecidos da cidade, o famoso Gabriel Hernandez. Agora, apaixonada por Gabriel, ela se via em um dilema: permanecer leal ao seu pai ou seguir seu coração, mesmo que isso significasse romper com seu passado. Ele, visto como um homem rigoroso e impassível, teve suas convicções desafiadas pelo amor inesperado e avassalador que sentia por Anne. Tentava equilibrar sua carreira e suas responsabilidades, mas a jovem mulher trazia uma nova perspectiva para sua vida, repleta de sonhos e esperanças. Com a descoberta da gravidez, a situação se tornava ainda mais complicada. Os bebês eram um símbolo do amor que florescia entre eles, mas também um lembrete constante do risco que corriam ao desafiar as normas sociais e familiares. Será que esse amor resistirá a guerra que se aproxima?
Ler maisPeguei o aparelho e disquei o número do delegado da cidade, a única pessoa em quem eu podia confiar para lidar com essa situação discretamente.— Delegado, preciso que venha ao meu gabinete agora — disse, deixando a urgência clara na minha voz.— Estarei aí em minutos, senhor prefeito — ele respondeu prontamente.Enquanto esperava, minha mente não parava de girar com as possíveis consequências do que eu estava prestes a fazer. Gustavo tinha muitos contatos, e qualquer movimento em falso poderia complicar ainda mais as coisas. Mas eu estava sem alternativas. Precisava usar todos os recursos que tinha para encontrar Anne.O delegado chegou pouco depois, carregando um semblante sério enquanto entrava no meu gabinete.— Senhor prefeito, em que posso ajudar? — perguntou, sentando-se à minha frente.Respirei fundo, sabendo que o que eu es
Após lavar uma pilha de sapatos sujos e fedorentos da minha tia e do seu marido, finalmente consegui escapar por alguns minutos. Corri até o ponto mais alto do terreno, a esperança de conseguir algum sinal no celular me impulsionava. Balançava o aparelho, tentando captar qualquer resquício de conexão, mas nada… Nenhuma barra, nenhuma chance de contato com o mundo exterior.Olhei ao redor, a vastidão daquele lugar parecia me engolir. O campo se estendia até onde meus olhos podiam alcançar, sem nada além de colinas, árvores distantes e o céu acima, que começava a se tingir com as cores do entardecer. O silêncio era quebrado apenas pelo som do vento e dos animais ao longe. A sensação de isolamento era esmagadora.Sentei-me na grama, ainda segurando o celular inutilmente. Senti as lágrimas ameaçarem cair novamente, mas as segurei. Não podia me permitir fraquejar, não ali. Precisava encontrar uma maneira de sair daquele lugar. Mas como? Sem sinal, sem transporte, sem uma alma viva por pert
— Está tudo bem, meu filho? — A voz da minha mãe surgiu de repente, suave, como se ela tivesse se materializado das sombras do lugar.— Sim — menti, tentando afastar a preocupação que sabia que ela sentiria se soubesse a verdade.— Não parece — respondeu, desconfiada.— Só me deixa, mãe. — As palavras saíram mais ríspidas do que eu pretendia, mas estava no limite da minha capacidade de suportar aquela angústia.— Problemas na prefeitura? — insistiu, fixando o olhar em mim, buscando respostas.— Antes fosse — murmurei, mais para mim mesmo do que para ela. Não havia como explicar a verdadeira extensão do que estava acontecendo sem revelar mais do que eu estava disposto a compartilhar.— Gabriel…Ignorei o tom preocupado dela, segui direto para o meu quarto, sem olhar para trás. Deixei-a falando sozinha, sabendo que ela estava apenas tentando ajudar, mas naquele momento, não havia nada que ela pudesse dizer ou fazer que aliviasse o peso que eu carregava.No meu quarto, fechei a porta e m
Meu pai me abandonou lá sem olhar para trás. Assim que o som do motor da caminhonete desapareceu ao longe, tirei o celular do bolso, na esperança de encontrar algum sinal. Nada. Nenhuma barra, nenhuma conexão com o mundo exterior. Eu estava presa no meio do nada, completamente isolada.Senti o desespero me invadir, e a única coisa que consegui fazer foi enfiar a cabeça no travesseiro e deixar as lágrimas correrem. Chorei, não apenas pelo que estava acontecendo, mas pela impotência de não poder fazer nada para mudar aquela situação. A solidão naquele lugar parecia ainda mais pesada com o silêncio que me envolvia.Enquanto eu soluçava baixinho, ouvi a porta do quarto se abrir. Minha tia entrou, seus passos firmes e decididos, ignorando completamente as minhas lágrimas. Ela era uma mulher prática, sem tempo para sentimentalismos. O que eu sentia naquele momento parecia irrelevante para ela.— Se vai ficar aqui, tem que ajudar — disse com a voz firme, sem espaço para negociações.Levantei
Passei o dia na prefeitura, entre compromissos e conversas intermináveis com o legislativo. Cada palavra que trocava, cada documento que assinava, parecia desprovido de importância real. Minha mente estava em outro lugar, concentrada em um ponto fixo: o celular. A cada pausa meus olhos voltavam para a tela, esperando o instante em que Anne me ligaria, mandaria alguma mensagem, bilhete, qualquer coisa. Até mesmo um sinal de fumaça seria bem-vindo. Mas o dia passou lentamente, e o silêncio dela tornou-se ensurdecedor.Anne não era de desaparecer assim, sem deixar rastros. O fato de ela não ter dado nenhum sinal me deixava inquieto, como se algo muito errado estivesse acontecendo. O pensamento de que Gustavo poderia ter feito algo só aumentava minha preocupação, transformando cada minuto que passava sem notícias em uma tortura silenciosa.O telefone sobre a mesa continuava mudo, e cada vez que o olhava, sentia uma pontada de frustração e ansiedade. Eu tentava manter a compostura, fingir
O clima no carro era sufocante, cada segundo que passava aumentava a tensão. Eu estava de braços cruzados, emburrada, como se fosse uma criança de cinco anos colocada de castigo. Mas a verdade é que me sentia exatamente assim, impotente diante da autoridade do meu pai, que parecia decidido a controlar cada aspecto da minha vida.Aquilo não era justo!Olhei para a estrada pela janela, as árvores passando rápido, o asfalto estendendo-se interminavelmente à frente. Minha mente começou a divagar, imaginando o que aconteceria se eu simplesmente abrisse a porta e saísse rolando pela pista. Por mais desesperada que estivesse, ainda tinha o mínimo de amor à vida, então descartei essa ideia insana quase imediatamente. Mas o pensamento persistia, uma fuga imaginária do que parecia uma prisão em movimento.Meu pai dirigia em silêncio, com a mandíbula tensa e as mãos apertando o volante com força. Ele não olhava para mim, mas eu sabia que estava prestando atenção em cada movimento que eu fazia, c
— Que cara é essa? — perguntou meu irmão Benício, quando nos cruzamos no corredor pela manhã.Surpreendi-me com a presença dele. O trabalho como advogado o fazia ir e vir da capital, e muitas vezes passava mais tempo fora de casa do que aqui. Ele era o tipo de pessoa que sempre estava em movimento, resolvendo problemas e defendendo causas, o que o tornava um visitante raro no velho casarão da família.Depois que Celina, minha esposa, morrera, minha mãe me convenceu a voltar para a casa da família. Não queria que eu ficasse sozinho, perdido em meus pensamentos e na dor que parecia não ter fim. Ela achava que estar cercado por aqueles que me amavam me faria bem, que talvez o peso do luto fosse mais fácil de carregar se estivesse entre familiares. Mas eu não poderia afirmar que isso tinha me feito bem.— Benício — cumprimentei, tentando parecer mais animado do que realmente estava. — Chegou quando?— Ontem à noite. Achei que ia te encontrar no jantar, mas parece que você estava ocupado —
Meu pai me mandou ir para o meu quarto assim que chegamos em casa. Obedeci sem questionar, subindo as escadas até meu quarto em silêncio. Não disse uma única palavra, talvez porque, no fundo, sabia que seria melhor esperar o dia seguinte antes de provocá-lo. Ele estava furioso, e confrontá-lo naquele momento só pioraria a situação.A noite foi horrível. Rolei várias vezes na cama, molhando o travesseiro de lágrimas que não paravam de cair. Cada vez que fechava os olhos, a cena do parque se repetia, o tapa, a raiva nos olhos do meu pai, a impotência que senti. Não consegui dormir, e quando finalmente adormeci, os sonhos foram perturbadores, cheios de rostos distorcidos e sussurros que não faziam sentido.Quando o dia começou finalmente a clarear, levantei-me com uma sensação de vazio no peito. O que quer que tivesse acontecido na noite anterior, sabia que as coisas só piorariam. Suspirei, levantando-me devagar. Meu corpo parecia pesado, os músculos tensos, como se eu tivesse corrido um
Que porra! Eu deveria ter ido atrás dela, ter feito alguma coisa, mas permaneci parado, observando a caminhonete desaparecer no horizonte. A sensação de impotência tomou conta de mim, uma mistura amarga de raiva e frustração. O silêncio que se seguiu era ensurdecedor, e tudo o que consegui pensar foi o quanto havia falhado em protegê-la.Merda!Passei a mão pelos cabelos, puxando-os com força, tentando encontrar uma solução para o caos que havia se instalado. Meu coração ainda estava acelerado, o sangue fervendo nas veias. Gustavo, aquele desgraçado, havia aparecido do nada, e eu me vi paralisado, sem saber como reagir. Mas a verdade era que ele tinha razão em uma coisa: eu deveria ter feito mais para proteger Anne, deveria ter lutado por ela ali mesmo, sem hesitação.Olhei ao redor, o parque vazio e silencioso, como se o mundo tivesse parado para observar meu fracasso.A brisa noturna, que antes trazia um certo alívio, agora parecia fria e cortante. A única coisa que eu queria era es