Rolei na cama e soltei um longo suspiro, sentindo o lençol macio contra minha pele. A noite passada ainda estava fresca na minha mente, cada detalhe gravado como se fosse um sonho.
— Continua transando com o prefeito? — perguntou minha melhor amiga, Clara, enquanto se jogava ao meu lado na cama, com um sorriso provocador.
— Ei, esse é meu segredinho! — respondi, dando-lhe um leve empurrão.
— Você é maluca! — Ela gargalhou, jogando a cabeça para trás.
Revirei os olhos, mas não pude evitar um sorriso. Clara sempre conseguia me fazer rir, mesmo nas situações mais complicadas. Sentei- me na cama, puxando o cobertor para cobrir meus ombros nus. O quarto estava iluminado pela luz suave da manhã, filtrada pelas cortinas finas.
— E aí, como foi? — perguntou Clara, agora com um tom mais sério, apoiando-se nos cotovelos.
— Foi… incrível. Mas complicado. Sempre é. — Suspirei novamente, desta vez com uma mistura de nostalgia e desejo.
— Eu imagino. Com seu pai e tudo mais… — Clara assentiu, entendendo sem precisar de muitas explicações.
Levantei-me da cama, caminhando até a janela. Afastei as cortinas, deixando a luz do sol inundar o quarto.
A cidade estava acordando, as pessoas começando suas rotinas diárias. Voltei-me para Clara, que agora estava sentada na beira da cama, observando-me atentamente.
— Preciso ser cuidadosa. Se meu pai descobrir, não sei o que ele pode fazer.
Ela se levantou, aproximando-se de mim.
— Você está realmente apaixonada por ele, não é?
Encolhi os ombros, sentindo um leve rubor subir às minhas bochechas.
— É complicado. Ele é... diferente. E eu sinto algo que não consigo explicar.
Clara colocou a mão no meu ombro, oferecendo um conforto silencioso.
— Só tome cuidado, tá? Eu não quero ver você se machucar.
Assenti, apreciando sua preocupação. Caminhei até o espelho, analisando meu reflexo. O cabelo desgrenhado, os olhos ainda sonolentos, mas havia um brilho ali, uma faísca de excitação que não conseguia esconder.
— Você vai vê-lo hoje? — Clara perguntou, pegando uma escova e começando a pentear meu cabelo.
— Acho que sim. Soube que ele vai à escola onde eu trabalho fazer uma reunião com o diretor. Ah, Clara!
Não vou conseguir me concentrar com ele lá.
— Você está tão tentada assim? — Ela riu, com um olhar divertido.
— Muito — admiti, sentindo um calor subir às minhas bochechas.
— Ele é um cara de quarenta anos.
— Mas muito gostoso.
Clara riu ainda mais, o som ecoando pelo quarto. Ela terminou de pentear meu cabelo, ajeitando alguns fios rebeldes.
— Você é impossível, Anne. Só tome cuidado, OK?
Assenti, sabendo que ela tinha razão. Levantei-me e fui até o armário, escolhendo um vestido adequado para o trabalho. Enquanto me vestia, Clara continuava a falar, agora em um tom mais sério.
— Só não se esqueça das consequências. Seu pai, a política… tudo isso pode complicar muito a sua vida.
— Eu sei — respondi, suspirando. — Mas não consigo evitar. Há algo nele que me atrai de uma forma que não consigo explicar.
Ela me observou enquanto ajustava o vestido e colocava os sapatos.
— Você está bonita. Isso vai deixá-lo louco.
— Essa é a ideia — brinquei, mas havia um fundo de verdade na minha declaração.
Peguei minha bolsa e desci as escadas, sentindo um misto de ansiedade e excitação.
Clara desceu comigo e se despediu, saindo pela porta da sala e eu segui para a cozinha, onde minha mãe estava preparando o café da manhã.
— Bom dia, mãe.
— Bom dia, querida. Vai trabalhar hoje?
— Sim.
Ela sorriu, me oferecendo uma xícara de café. A cozinha estava impregnada com o aroma reconfortante do café fresco e do pão torrado. Peguei a xícara, agradecendo com um sorriso, e dei um gole na bebida quente.
— Tenha um bom dia, filha.
— Obrigada, mãe.
Saí de casa, o ar fresco da manhã me envolvendo. Caminhei até a escola, meus pensamentos flutuando entre o trabalho e a perspectiva de ver Gabriel novamente. As ruas estavam começando a se encher de pessoas, cada uma seguindo seu caminho.
Cheguei à escola e fui direto para minha sala. As crianças ainda não haviam chegado, e eu aproveitei o silêncio para organizar minhas coisas. Coloquei os materiais sobre a mesa, tentando me concentrar no trabalho à frente. Mas minha mente continuava voltando para Gabriel, para a noite passada, para o que aquilo significava.
A porta se abriu e uma colega de trabalho entrou, trazendo consigo uma pilha de livros.
— Anne, o diretor pediu para avisar que a reunião será na sala de conferências. Ele disse que o prefeito vai chegar em breve.
Meu coração disparou.
— Obrigada. Estarei lá.
Ela saiu, e eu respirei fundo, tentando acalmar meus nervos. Sabia que precisava ser profissional, mas a perspectiva de estar na mesma sala que Gabriel me deixava inquieta.
Quando a hora da reunião se aproximou, peguei meus materiais e fui para a sala de conferências. Gabriel já estava lá, conversando com o diretor. Seus olhos encontraram os meus quando entrei, e por um instante, tudo ao redor pareceu desaparecer. Caminhei até meu lugar, tentando ignorar a onda de calor que subia pelo meu corpo.
A reunião começou, e fiz o meu melhor para me concentrar nos pontos discutidos. Gabriel manteve uma postura profissional, mas eu podia sentir a tensão entre nós. Cada vez que nossos olhares se cruzavam, era como se uma corrente elétrica passasse entre nós.Depois de algum tempo, o diretor pediu uma pausa. Gabriel se aproximou de mim, com um sorriso que fazia meu coração acelerar.— Como você está, Anne? — perguntou, roçando levemente sua mão na minha.— Tentando me concentrar — respondi, com um sorriso tímido.— Também estou.O toque dele era breve, mas suficiente para me fazer lembrar de tudo o que aconteceu. O desejo estava ali, apenas sob a superfície, esperando para explodir novamente. Sabíamos que precisávamos ser cuidadosos, mas a atração entre nós era inegável.A pausa terminou e voltamos à reunião, mas eu sabia que aquele momento roubado era apenas um prenúncio do que ainda estava por vir.Quando a reunião terminou, num instante, Gabriel passou por mim enquanto se despedia de
Ele era maravilhoso, e apesar da diferença de idade, aquele homem mexia comigo de uma forma que eu mal conseguia controlar. A rivalidade entre nossas famílias, que durava décadas, parecia insignificante diante do desejo que queimava em mim. Cada encontro clandestino, cada toque, só reforçava o quanto eu estava disposta a desafiar todas as regras por ele.Cerrei os lábios quando ele empurrou o pau para dentro de mim com força, me prendendo contra a parede, fazendo-me revirar os olhos de prazer. A intensidade do momento me consumia, arrancando-me suspiros a cada investida dele e eu lutava para manter sob controle.Suas mãos seguravam firmemente minhas coxas, erguendo-me para ajustar melhor nossos corpos. A parede fria contra minhas costas contrastava com o calor que irradiava de nossos corpos em contato. O atrito entre nós era eletrizante, uma dança de prazer que eu nunca queria que terminasse.Eu podia sentir cada movimento, cada pulsar dentro de mim, e isso só aumentava a urgência do
Que porra! Eu deveria ter ido atrás dela, ter feito alguma coisa, mas permaneci parado, observando a caminhonete desaparecer no horizonte. A sensação de impotência tomou conta de mim, uma mistura amarga de raiva e frustração. O silêncio que se seguiu era ensurdecedor, e tudo o que consegui pensar foi o quanto havia falhado em protegê-la.Merda!Passei a mão pelos cabelos, puxando-os com força, tentando encontrar uma solução para o caos que havia se instalado. Meu coração ainda estava acelerado, o sangue fervendo nas veias. Gustavo, aquele desgraçado, havia aparecido do nada, e eu me vi paralisado, sem saber como reagir. Mas a verdade era que ele tinha razão em uma coisa: eu deveria ter feito mais para proteger Anne, deveria ter lutado por ela ali mesmo, sem hesitação.Olhei ao redor, o parque vazio e silencioso, como se o mundo tivesse parado para observar meu fracasso.A brisa noturna, que antes trazia um certo alívio, agora parecia fria e cortante. A única coisa que eu queria era es
Meu pai me mandou ir para o meu quarto assim que chegamos em casa. Obedeci sem questionar, subindo as escadas até meu quarto em silêncio. Não disse uma única palavra, talvez porque, no fundo, sabia que seria melhor esperar o dia seguinte antes de provocá-lo. Ele estava furioso, e confrontá-lo naquele momento só pioraria a situação.A noite foi horrível. Rolei várias vezes na cama, molhando o travesseiro de lágrimas que não paravam de cair. Cada vez que fechava os olhos, a cena do parque se repetia, o tapa, a raiva nos olhos do meu pai, a impotência que senti. Não consegui dormir, e quando finalmente adormeci, os sonhos foram perturbadores, cheios de rostos distorcidos e sussurros que não faziam sentido.Quando o dia começou finalmente a clarear, levantei-me com uma sensação de vazio no peito. O que quer que tivesse acontecido na noite anterior, sabia que as coisas só piorariam. Suspirei, levantando-me devagar. Meu corpo parecia pesado, os músculos tensos, como se eu tivesse corrido um
— Que cara é essa? — perguntou meu irmão Benício, quando nos cruzamos no corredor pela manhã.Surpreendi-me com a presença dele. O trabalho como advogado o fazia ir e vir da capital, e muitas vezes passava mais tempo fora de casa do que aqui. Ele era o tipo de pessoa que sempre estava em movimento, resolvendo problemas e defendendo causas, o que o tornava um visitante raro no velho casarão da família.Depois que Celina, minha esposa, morrera, minha mãe me convenceu a voltar para a casa da família. Não queria que eu ficasse sozinho, perdido em meus pensamentos e na dor que parecia não ter fim. Ela achava que estar cercado por aqueles que me amavam me faria bem, que talvez o peso do luto fosse mais fácil de carregar se estivesse entre familiares. Mas eu não poderia afirmar que isso tinha me feito bem.— Benício — cumprimentei, tentando parecer mais animado do que realmente estava. — Chegou quando?— Ontem à noite. Achei que ia te encontrar no jantar, mas parece que você estava ocupado —
O clima no carro era sufocante, cada segundo que passava aumentava a tensão. Eu estava de braços cruzados, emburrada, como se fosse uma criança de cinco anos colocada de castigo. Mas a verdade é que me sentia exatamente assim, impotente diante da autoridade do meu pai, que parecia decidido a controlar cada aspecto da minha vida.Aquilo não era justo!Olhei para a estrada pela janela, as árvores passando rápido, o asfalto estendendo-se interminavelmente à frente. Minha mente começou a divagar, imaginando o que aconteceria se eu simplesmente abrisse a porta e saísse rolando pela pista. Por mais desesperada que estivesse, ainda tinha o mínimo de amor à vida, então descartei essa ideia insana quase imediatamente. Mas o pensamento persistia, uma fuga imaginária do que parecia uma prisão em movimento.Meu pai dirigia em silêncio, com a mandíbula tensa e as mãos apertando o volante com força. Ele não olhava para mim, mas eu sabia que estava prestando atenção em cada movimento que eu fazia, c
Passei o dia na prefeitura, entre compromissos e conversas intermináveis com o legislativo. Cada palavra que trocava, cada documento que assinava, parecia desprovido de importância real. Minha mente estava em outro lugar, concentrada em um ponto fixo: o celular. A cada pausa meus olhos voltavam para a tela, esperando o instante em que Anne me ligaria, mandaria alguma mensagem, bilhete, qualquer coisa. Até mesmo um sinal de fumaça seria bem-vindo. Mas o dia passou lentamente, e o silêncio dela tornou-se ensurdecedor.Anne não era de desaparecer assim, sem deixar rastros. O fato de ela não ter dado nenhum sinal me deixava inquieto, como se algo muito errado estivesse acontecendo. O pensamento de que Gustavo poderia ter feito algo só aumentava minha preocupação, transformando cada minuto que passava sem notícias em uma tortura silenciosa.O telefone sobre a mesa continuava mudo, e cada vez que o olhava, sentia uma pontada de frustração e ansiedade. Eu tentava manter a compostura, fingir
Meu pai me abandonou lá sem olhar para trás. Assim que o som do motor da caminhonete desapareceu ao longe, tirei o celular do bolso, na esperança de encontrar algum sinal. Nada. Nenhuma barra, nenhuma conexão com o mundo exterior. Eu estava presa no meio do nada, completamente isolada.Senti o desespero me invadir, e a única coisa que consegui fazer foi enfiar a cabeça no travesseiro e deixar as lágrimas correrem. Chorei, não apenas pelo que estava acontecendo, mas pela impotência de não poder fazer nada para mudar aquela situação. A solidão naquele lugar parecia ainda mais pesada com o silêncio que me envolvia.Enquanto eu soluçava baixinho, ouvi a porta do quarto se abrir. Minha tia entrou, seus passos firmes e decididos, ignorando completamente as minhas lágrimas. Ela era uma mulher prática, sem tempo para sentimentalismos. O que eu sentia naquele momento parecia irrelevante para ela.— Se vai ficar aqui, tem que ajudar — disse com a voz firme, sem espaço para negociações.Levantei