3- Anne.

Rolei na cama e soltei um longo suspiro, sentindo o lençol macio contra minha pele. A noite passada ainda estava fresca na minha mente, cada detalhe gravado como se fosse um sonho.

— Continua transando com o prefeito? — perguntou minha melhor amiga, Clara, enquanto se jogava ao meu lado na cama, com um sorriso provocador.

— Ei, esse é meu segredinho! — respondi, dando-lhe um leve empurrão.

— Você é maluca! — Ela gargalhou, jogando a cabeça para trás.

Revirei os olhos, mas não pude evitar um sorriso. Clara sempre conseguia me fazer rir, mesmo nas situações mais complicadas. Sentei- me na cama, puxando o cobertor para cobrir meus ombros nus. O quarto estava iluminado pela luz suave da manhã, filtrada pelas cortinas finas.

— E aí, como foi? — perguntou Clara, agora com um tom mais sério, apoiando-se nos cotovelos.

— Foi… incrível. Mas complicado. Sempre é. — Suspirei novamente, desta vez com uma mistura de nostalgia e desejo.

— Eu imagino. Com seu pai e tudo mais… — Clara assentiu, entendendo sem precisar de muitas explicações.

Levantei-me da cama, caminhando até a janela. Afastei as cortinas, deixando a luz do sol inundar o quarto.

A cidade estava acordando, as pessoas começando suas rotinas diárias. Voltei-me para Clara, que agora estava sentada na beira da cama, observando-me atentamente.

— Preciso ser cuidadosa. Se meu pai descobrir, não sei o que ele pode fazer.

Ela se levantou, aproximando-se de mim.

— Você está realmente apaixonada por ele, não é?

Encolhi os ombros, sentindo um leve rubor subir às minhas bochechas.

— É complicado. Ele é... diferente. E eu sinto algo que não consigo explicar.

Clara colocou a mão no meu ombro, oferecendo um conforto silencioso.

— Só tome cuidado, tá? Eu não quero ver você se machucar.

Assenti, apreciando sua preocupação. Caminhei até o espelho, analisando meu reflexo. O cabelo desgrenhado, os olhos ainda sonolentos, mas havia um brilho ali, uma faísca de excitação que não conseguia esconder.

— Você vai vê-lo hoje? — Clara perguntou, pegando uma escova e começando a pentear meu cabelo.

— Acho que sim. Soube que ele vai à escola onde eu trabalho fazer uma reunião com o diretor. Ah, Clara!

Não vou conseguir me concentrar com ele lá.

— Você está tão tentada assim? — Ela riu, com um olhar divertido.

— Muito — admiti, sentindo um calor subir às minhas bochechas.

— Ele é um cara de quarenta anos.

— Mas muito gostoso.

Clara riu ainda mais, o som ecoando pelo quarto. Ela terminou de pentear meu cabelo, ajeitando alguns fios rebeldes.

— Você é impossível, Anne. Só tome cuidado, OK?

Assenti, sabendo que ela tinha razão. Levantei-me e fui até o armário, escolhendo um vestido adequado para o trabalho. Enquanto me vestia, Clara continuava a falar, agora em um tom mais sério.

— Só não se esqueça das consequências. Seu pai, a política… tudo isso pode complicar muito a sua vida.

— Eu sei — respondi, suspirando. — Mas não consigo evitar. Há algo nele que me atrai de uma forma que não consigo explicar.

Ela me observou enquanto ajustava o vestido e colocava os sapatos.

— Você está bonita. Isso vai deixá-lo louco.

— Essa é a ideia — brinquei, mas havia um fundo de verdade na minha declaração.

Peguei minha bolsa e desci as escadas, sentindo um misto de ansiedade e excitação.

Clara desceu comigo e se despediu, saindo pela porta da sala e eu segui para a cozinha, onde minha mãe estava preparando o café da manhã.

— Bom dia, mãe.

— Bom dia, querida. Vai trabalhar hoje?

— Sim.

Ela sorriu, me oferecendo uma xícara de café. A cozinha estava impregnada com o aroma reconfortante do café fresco e do pão torrado. Peguei a xícara, agradecendo com um sorriso, e dei um gole na bebida quente.

— Tenha um bom dia, filha.

— Obrigada, mãe.

Saí de casa, o ar fresco da manhã me envolvendo. Caminhei até a escola, meus pensamentos flutuando entre o trabalho e a perspectiva de ver Gabriel novamente. As ruas estavam começando a se encher de pessoas, cada uma seguindo seu caminho.

Cheguei à escola e fui direto para minha sala. As crianças ainda não haviam chegado, e eu aproveitei o silêncio para organizar minhas coisas. Coloquei os materiais sobre a mesa, tentando me concentrar no trabalho à frente. Mas minha mente continuava voltando para Gabriel, para a noite passada, para o que aquilo significava.

A porta se abriu e uma colega de trabalho entrou, trazendo consigo uma pilha de livros.

— Anne, o diretor pediu para avisar que a reunião será na sala de conferências. Ele disse que o prefeito vai chegar em breve.

Meu coração disparou.

— Obrigada. Estarei lá.

Ela saiu, e eu respirei fundo, tentando acalmar meus nervos. Sabia que precisava ser profissional, mas a perspectiva de estar na mesma sala que Gabriel me deixava inquieta.

Quando a hora da reunião se aproximou, peguei meus materiais e fui para a sala de conferências. Gabriel já estava lá, conversando com o diretor. Seus olhos encontraram os meus quando entrei, e por um instante, tudo ao redor pareceu desaparecer. Caminhei até meu lugar, tentando ignorar a onda de calor que subia pelo meu corpo.

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