Amélia conheceu a solidão cedo demais. Órfã desde a infância, encontrou refúgio na floresta, aprendendo a sobreviver com instintos aguçados e um coração endurecido pelo abandono. Durante anos, a mata foi seu lar – até que Damian a encontrou. Filho do alfa mais temido e cruel que já existiu, Damian deveria enxergar Amélia como nada além de uma intrusa. Mas no instante em que seus olhos se encontraram, ele sentiu a conexão inconfundível: ela era sua companheira. O problema? Amélia ainda não tinha idade para reconhecer esse laço. Levando-a para sua casa, Damian acreditava que poderia apenas protegê-la à distância, aguardando o momento certo. Mas a presença dela em sua alcateia desperta perigos ocultos e segredos há muito enterrados. Criada longe das leis dos lobos, Amélia não se curva facilmente, desafiando até mesmo o alfa cruel que governa com punho de ferro. Agora, com inimigos à espreita e um destino maior do que imaginam, Damian e Amélia precisam descobrir até onde irão para proteger um ao outro – e se o vínculo que os une será sua força ou sua ruína. Uma história de sobrevivência, segredos e um amor que desafia o tempo.
Ler maisA calmaria que se seguiu à batalha foi quase surreal. As sombras haviam sido dissipadas, mas a sensação de que algo maior estava por vir ainda pairava no ar. O campo de flores estava mais bonito agora, as cores vibrantes das pétalas se abrindo em resposta à vitória, mas uma quietude pesada o acompanhava.Amélia respirou fundo, o corpo ainda tenso pela luta, mas agora com uma sensação de vazio. O que mais precisava ser feito? O líder das sombras havia sido derrotado, mas ele não mentiu quando disse que a batalha não era apenas física. A guerra dentro dela continuava, um dilema interno sobre as escolhas que ela teria que fazer. As palavras da profecia reverberavam em sua mente: "A chave do equilíbrio reside na junção da essência per
O grito cortou o ar como uma lâmina afiada, reverberando por todo o campo de flores. O som era inconfundível, e a tensão que se formou no ar era palpável. As flores ao redor do templo se fecharam ainda mais, como se estivessem se retraindo diante do perigo iminente. O campo, antes vibrante e pacífico, agora parecia estar morrendo, se curvando diante da força obscura que se aproximava.Amélia sentiu a mudança instantaneamente. Sua respiração se acelerou e o peso da responsabilidade apertou em seu peito. Ela sabia que o que estava por vir não era mais apenas uma luta pelo mundo; era uma batalha por sua própria alma e pelas almas daqueles ao seu redor. Mas ela não podia hesitar. Não mais.
A luz suave que emanava do Templo das Flores foi gradualmente substituída pela escuridão que se aproximava. O grupo estava de volta ao campo de flores, mas algo havia mudado. A revelação da profecia deixou uma marca profunda em Amélia, e o peso das palavras ecoava em sua mente como um trovão distante, prestes a se tornar um furacão.— O que significa? — Damian perguntou, sem conseguir esconder a preocupação em sua voz. Ele olhava para ela com um olhar intenso, desejando entender o que aquela última parte da profecia significava para eles.Amélia apertou os olhos, tentando processar as palavras que se fixaram em sua mente. A loba branca, a luz da lua, a sombra que quebra os céus... Er
A caminhada em direção ao Templo das Flores parecia interminável, a cada passo adentrando mais no coração da floresta antiga, onde a vegetação se tornava densa e o ar, mais pesado com o perfume de flores raras. O grupo seguia em silêncio, seus sentidos alerta ao ambiente ao redor, como se a própria floresta estivesse observando-os.Amélia, com a mente ainda atordoada pela revelação na árvore ancestral, sentia uma crescente tensão em seu peito. A visão do cristal azul prateado, pulsando com energia da lua caída, não saía de sua mente. Ela sabia que aquela era a última chave para completar o ciclo da profecia, mas as incertezas continuavam a atormentar seus pensamentos. O que aconteceria quando encontr
A luz filtrava-se suavemente pelas frestas do teto natural da caverna, tingindo o interior com tons dourados e azulados. O dia despertava lentamente, e o silêncio no templo natural parecia mais do que simples ausência de sons — era uma reverência viva, como se a própria gruta respirasse em sintonia com as revelações da noite anterior.Quando Amélia e Damian saíram do interior da árvore ancestral, a última visão que tinham foi do grande tronco se fechando suavemente atrás deles, como se a árvore os despedisse, ou talvez os guardasse para o que estava por vir. A entrada, antes pulsante com energia, agora parecia uma simples abertura na terra, como uma marca deixada pela sabedoria antiga, silenciosa e esperando.O ar fora mais fresco fora do abraço da árvore, mas o peso das revelações ainda pairava sobre Amélia, um presságio do que estava por vir. Ela se sentia alterada, como se uma verdade antiga tivesse se aninhado em seu coração, vibrando junto a cada batida de seu peito.Damian a obs
A entrada da árvore ancestral era imponente. Suas raízes espessas serpenteavam pela terra como serpentes milenares, e o tronco, largo e enegrecido pelo tempo, parecia pulsar com uma energia antiga. Um arco natural entre os galhos curvados abria passagem para um interior iluminado apenas pela luz azulada que emanava das veias da madeira — como se a própria essência da Lua corresse por elas.Amélia entrou primeiro, os dedos roçando levemente o tronco, como se buscasse uma conexão com algo invisível. Damian veio logo atrás, atento a cada passo dela, seu instinto de proteção em constante alerta. Mas ali, diante daquela força ancestral, até mesmo o lobo mais destemido se sentia pequeno.— É aqui... — sussurrou Amélia, quase sem voz. — Eu consigo sentir... como se estivesse viva.A energia ali dentro era diferente. O silêncio parecia respirar, e a atmosfera carregava o perfume da madeira antiga misturado ao frescor da seiva. Assim que atravessaram o limiar, a entrada se fechou sutilmente at
A alvorada mal se insinuava por entre as folhas espessas quando o grupo começou a se preparar para partir. O templo natural atrás deles permanecia em silêncio, como se também observasse a despedida daqueles que, por breves dias, haviam sido seus hóspedes e seus escolhidos. O lago central ainda refletia uma lua pálida prestes a desaparecer diante do sol, e o ar carregava o perfume de terra molhada, resina e frutos silvestres recém-colhidos.Amélia estava entre as árvores, colhendo mais algumas das frutas misteriosas. As folhas ainda estavam úmidas de orvalho, e seus dedos deslizavam com delicadeza sobre cada uma delas, como se reverenciasse a dádiva recebida.Damian se aproximou em silêncio, observando-a por um momento antes de dizer:— Nunca vi você assim… em paz. Como se fizesse parte do próprio mundo.Ela se virou devagar e sorriu.—
A manhã surgiu tímida entre as copas altas das árvores que protegiam o templo natural. Um manto de névoa rastejava sobre o lago central, dançando sob a luz pálida da aurora. O silêncio era espesso, quase sagrado, como se o próprio tempo tivesse desacelerado para que aquele lugar pudesse respirar em paz.Amélia abriu os olhos lentamente, ainda sentindo o calor do abraço de Damian da noite anterior. Ele dormia ao seu lado, uma expressão tranquila no rosto, e seu braço envolvia sua cintura com naturalidade. A respiração dele era um sopro constante, quase como o embalo de uma canção esquecida. Ela se permitiu ficar assim por alguns minutos, apenas sentindo a segurança daquele momento.Mas algo dentro dela começava a pulsar. Um chamado. Um aviso.Levantou-se devagar, cobrindo o corpo com o manto e caminhou até a beira do lago. A á
A luz azulada que emanava do altar não cessou de uma hora para outra. Ela foi se dissipando aos poucos, como uma névoa suave que se desfazia no ar. Amélia permaneceu com a mão pousada na pedra, os olhos fechados, os lábios entreabertos como se estivesse em transe. Quando a energia finalmente se apagou, ela recuou um passo, cambaleando. Damian a segurou antes que caísse.— Estou bem — sussurrou ela, sua voz embargada por algo que nem mesmo ela sabia descrever.O grupo permaneceu em silêncio por longos minutos, respeitando o momento, tentando processar o que acabara de acontecer. A floresta também parecia ter prendido a respiração. Nenhuma folha se movia, nenhum animal emitia som. Era como se o mundo estivesse esperando.Zard se aproximou do altar, seus olhos mais fundos do que nunca. Tocou uma das inscrições laterais e a pedra reagiu, brilhando levemente sob seu toque.<