A luz filtrava-se suavemente pelas frestas do teto natural da caverna, tingindo o interior com tons dourados e azulados. O dia despertava lentamente, e o silêncio no templo natural parecia mais do que simples ausência de sons — era uma reverência viva, como se a própria gruta respirasse em sintonia com as revelações da noite anterior.Quando Amélia e Damian saíram do interior da árvore ancestral, a última visão que tinham foi do grande tronco se fechando suavemente atrás deles, como se a árvore os despedisse, ou talvez os guardasse para o que estava por vir. A entrada, antes pulsante com energia, agora parecia uma simples abertura na terra, como uma marca deixada pela sabedoria antiga, silenciosa e esperando.O ar fora mais fresco fora do abraço da árvore, mas o peso das revelações ainda pairava sobre Amélia, um presságio do que estava por vir. Ela se sentia alterada, como se uma verdade antiga tivesse se aninhado em seu coração, vibrando junto a cada batida de seu peito.Damian a obs
A caminhada em direção ao Templo das Flores parecia interminável, a cada passo adentrando mais no coração da floresta antiga, onde a vegetação se tornava densa e o ar, mais pesado com o perfume de flores raras. O grupo seguia em silêncio, seus sentidos alerta ao ambiente ao redor, como se a própria floresta estivesse observando-os.Amélia, com a mente ainda atordoada pela revelação na árvore ancestral, sentia uma crescente tensão em seu peito. A visão do cristal azul prateado, pulsando com energia da lua caída, não saía de sua mente. Ela sabia que aquela era a última chave para completar o ciclo da profecia, mas as incertezas continuavam a atormentar seus pensamentos. O que aconteceria quando encontr
A luz suave que emanava do Templo das Flores foi gradualmente substituída pela escuridão que se aproximava. O grupo estava de volta ao campo de flores, mas algo havia mudado. A revelação da profecia deixou uma marca profunda em Amélia, e o peso das palavras ecoava em sua mente como um trovão distante, prestes a se tornar um furacão.— O que significa? — Damian perguntou, sem conseguir esconder a preocupação em sua voz. Ele olhava para ela com um olhar intenso, desejando entender o que aquela última parte da profecia significava para eles.Amélia apertou os olhos, tentando processar as palavras que se fixaram em sua mente. A loba branca, a luz da lua, a sombra que quebra os céus... Er
O grito cortou o ar como uma lâmina afiada, reverberando por todo o campo de flores. O som era inconfundível, e a tensão que se formou no ar era palpável. As flores ao redor do templo se fecharam ainda mais, como se estivessem se retraindo diante do perigo iminente. O campo, antes vibrante e pacífico, agora parecia estar morrendo, se curvando diante da força obscura que se aproximava.Amélia sentiu a mudança instantaneamente. Sua respiração se acelerou e o peso da responsabilidade apertou em seu peito. Ela sabia que o que estava por vir não era mais apenas uma luta pelo mundo; era uma batalha por sua própria alma e pelas almas daqueles ao seu redor. Mas ela não podia hesitar. Não mais.
A calmaria que se seguiu à batalha foi quase surreal. As sombras haviam sido dissipadas, mas a sensação de que algo maior estava por vir ainda pairava no ar. O campo de flores estava mais bonito agora, as cores vibrantes das pétalas se abrindo em resposta à vitória, mas uma quietude pesada o acompanhava.Amélia respirou fundo, o corpo ainda tenso pela luta, mas agora com uma sensação de vazio. O que mais precisava ser feito? O líder das sombras havia sido derrotado, mas ele não mentiu quando disse que a batalha não era apenas física. A guerra dentro dela continuava, um dilema interno sobre as escolhas que ela teria que fazer. As palavras da profecia reverberavam em sua mente: "A chave do equilíbrio reside na junção da essência per
A estrada à frente parecia infinita, mas a verdadeira jornada de Amélia não era mais sobre o caminho físico. As palavras de Zard ecoavam em sua mente: "A última revelação não está em um lugar físico. Ela está dentro de você." O peso dessas palavras ainda a oprimia, mas ela sabia que não tinha mais escolha. O equilíbrio entre luz e sombra precisava ser restaurado, mas isso só seria possível se ela entendesse suas próprias sombras.O grupo seguia em silêncio, ciente de que o que estava por vir exigiria mais do que força física. A caminhada por aquela floresta ancestral agora parecia mais simbólica do que nunca. As árvores, os sons da natureza, tudo parecia estar se alinhando para o momento que ela tinha que enfrentar.Amél
O céu noturno estava começando a se estender, e a lua crescente se erguia no horizonte, banhando o mundo com sua luz suave e prateada. O grupo havia acampado perto de um riacho, a água fluindo tranquilamente, refletindo as estrelas e a lua como um espelho celestial.Amélia estava sentada à beira do riacho, com os pés imersos na água fria, sua mente ainda ocupada com os testes que havia enfrentado e os desafios que ainda estavam por vir. A jornada interna não era algo simples. A cada sombra enfrentada, uma nova dúvida surgia. Ela se perguntava se realmente estava pronta para o papel que a profecia lhe reservava.Damian, observando-a à distância, sabia que algo a estava consumindo por dentro. Ele se aproximou silenciosamente, sentando-se ao seu lado, mas sem dizer uma pa
Antiope era uma vila cercada por colinas ondulantes e bosques de carvalhos tão antigos quanto o próprio tempo. As casas de pedra, cobertas de trepadeiras floridas, pareciam emanar um calor acolhedor, mas sob essa aparente tranquilidade escondia-se um medo enraizado. O nome do Alfa ressoava como um trovão nas conversas sussurradas. Ele governava não apenas a vila, mas também os corações de seus habitantes, que andavam sempre com olhares baixos e passos apressados, como se até mesmo o vento pudesse levar suas palavras para ouvidos errados.No meio dessa realidade opressora, vivia Amélia.Desde muito jovem, a vida lhe ensinara a sobreviver com pouco. Seus pais foram arrancados dela antes mesmo que tivesse idade para compreender a dor da perda. A memória deles era um borrão distante, fragmentos de vozes e risadas que às vezes vinham nos sonhos, apenas para desaparecer ao amanhecer. A vila, que deveria ter sido seu lar, virou um lugar onde não havia espaço para uma órfã. Sem ninguém que a