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Capítulo 5 – Olhos de Predador

Amélia passou o resto da manhã tentando afastar os pensamentos que insistiam em invadir sua mente.

Damian.

Havia algo nele que a fazia sentir-se inquieta. Ele era perigoso, disso ela tinha certeza. Mas, ao mesmo tempo, havia uma força nele que a atraía de uma forma que ela não compreendia. Seu cheiro, sua presença, o modo como seus olhos âmbar pareciam enxergar além de sua pele… tudo nele despertava nela algo primitivo, algo que não fazia sentido.

Ela balançou a cabeça, irritada consigo mesma. Não podia se permitir esse tipo de distração.

Decidida a entender melhor o lugar onde estava presa — porque, no fundo, ainda se sentia cativa —, resolveu explorar a casa da matilha. Não era a decisão mais segura, mas, afinal, ela havia sobrevivido anos sozinha na floresta. Um passeio não deveria ser tão desafiador.

Caminhou pelos corredores de pedra, observando os detalhes. O lugar era imenso, com móveis de madeira escura, tapeçarias pesadas cobrindo as paredes e janelas amplas que deixavam a luz dourada da manhã entrar.

Em cada canto, o cheiro dos lobos estava presente.

Os olhares que recebia dos poucos membros da matilha que cruzavam seu caminho variavam entre curiosidade e desconfiança. Mas ninguém ousava impedi-la.

Ela passou por uma grande sala de estar, depois por uma biblioteca que parecia esquecida no tempo. Havia tantas portas, tantas passagens… e então, algo mudou no ar.

Seu corpo ficou rígido antes mesmo de perceber por quê. O cheiro que dominava o corredor era diferente. Mais denso. Mais poderoso.

Um instinto profundo a mandava recuar. Mas Amélia nunca foi de obedecer ao medo.

E então, ela o viu.

O Alfa.

Ele estava parado no fim do corredor, imponente como uma fera que acabara de acordar. Seus olhos eram de um dourado profundo, mais intensos que os de Damian. Seu cabelo, prateado como lâminas sob a luz do sol, contrastava com a expressão fria e impenetrável.

Cada fibra do corpo de Amélia gritava para que ela corresse. Mas ela ficou ali, imóvel, encarando-o.

O Alfa a avaliou por um longo momento, como um predador analisando uma presa.

Então, ele falou.

— Então, você é a garota que meu filho trouxe para cá.

Sua voz era grave, carregada de algo que ela não conseguia decifrar.

Amélia engoliu em seco, mas não desviou o olhar.

— Sou.

O Alfa inclinou a cabeça levemente, como se estivesse intrigado com a ousadia dela.

— Espero que saiba no que está se metendo.

E com essas palavras, ele se virou e seguiu seu caminho, deixando um rastro de silêncio e tensão no ar.

Amélia soltou a respiração que nem havia percebido estar segurando.

O que ele quis dizer com aquilo?

E, mais importante… por que ela sentia que sua vida estava prestes a se complicar ainda mais? O que o destino reservaria para ela a partir de agora? Mesmo não acreditando no destino, Amélia sentia profundamente que sua vida jamais voltaria a ser a mesma vida simples, solitária e muitas vezes desafiadora de antes.

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