Amélia passou o resto da manhã tentando afastar os pensamentos que insistiam em invadir sua mente.
Damian. Havia algo nele que a fazia sentir-se inquieta. Ele era perigoso, disso ela tinha certeza. Mas, ao mesmo tempo, havia uma força nele que a atraía de uma forma que ela não compreendia. Seu cheiro, sua presença, o modo como seus olhos âmbar pareciam enxergar além de sua pele… tudo nele despertava nela algo primitivo, algo que não fazia sentido. Ela balançou a cabeça, irritada consigo mesma. Não podia se permitir esse tipo de distração. Decidida a entender melhor o lugar onde estava presa — porque, no fundo, ainda se sentia cativa —, resolveu explorar a casa da matilha. Não era a decisão mais segura, mas, afinal, ela havia sobrevivido anos sozinha na floresta. Um passeio não deveria ser tão desafiador. Caminhou pelos corredores de pedra, observando os detalhes. O lugar era imenso, com móveis de madeira escura, tapeçarias pesadas cobrindo as paredes e janelas amplas que deixavam a luz dourada da manhã entrar. Em cada canto, o cheiro dos lobos estava presente. Os olhares que recebia dos poucos membros da matilha que cruzavam seu caminho variavam entre curiosidade e desconfiança. Mas ninguém ousava impedi-la. Ela passou por uma grande sala de estar, depois por uma biblioteca que parecia esquecida no tempo. Havia tantas portas, tantas passagens… e então, algo mudou no ar. Seu corpo ficou rígido antes mesmo de perceber por quê. O cheiro que dominava o corredor era diferente. Mais denso. Mais poderoso. Um instinto profundo a mandava recuar. Mas Amélia nunca foi de obedecer ao medo. E então, ela o viu. O Alfa. Ele estava parado no fim do corredor, imponente como uma fera que acabara de acordar. Seus olhos eram de um dourado profundo, mais intensos que os de Damian. Seu cabelo, prateado como lâminas sob a luz do sol, contrastava com a expressão fria e impenetrável. Cada fibra do corpo de Amélia gritava para que ela corresse. Mas ela ficou ali, imóvel, encarando-o. O Alfa a avaliou por um longo momento, como um predador analisando uma presa. Então, ele falou. — Então, você é a garota que meu filho trouxe para cá. Sua voz era grave, carregada de algo que ela não conseguia decifrar. Amélia engoliu em seco, mas não desviou o olhar. — Sou. O Alfa inclinou a cabeça levemente, como se estivesse intrigado com a ousadia dela. — Espero que saiba no que está se metendo. E com essas palavras, ele se virou e seguiu seu caminho, deixando um rastro de silêncio e tensão no ar. Amélia soltou a respiração que nem havia percebido estar segurando. O que ele quis dizer com aquilo? E, mais importante… por que ela sentia que sua vida estava prestes a se complicar ainda mais? O que o destino reservaria para ela a partir de agora? Mesmo não acreditando no destino, Amélia sentia profundamente que sua vida jamais voltaria a ser a mesma vida simples, solitária e muitas vezes desafiadora de antes.O encontro com o Alfa ainda pairava na mente de Amélia como uma sombra persistente. Mesmo depois que ele desapareceu pelo corredor, deixando para trás um rastro de tensão e perguntas sem respostas, ela permaneceu imóvel por um longo instante.O que ele quis dizer com aquilo? "Espero que saiba no que está se metendo."A frase ecoava em sua mente, carregada de advertência e algo mais… algo que ela não conseguia definir. Mas ficar parada remoendo palavras não a levaria a lugar nenhum. Inspirando fundo, afastou as dúvidas e retomou sua caminhada.Ainda não conhecia os limites daquela casa imensa, e algo dentro dela queimava de curiosidade. Seu instinto dizia que, por trás das paredes de pedra e dos olhares desconfiados da matilha, havia segredos esperando para serem descobertos.Ela seguiu explorando.Os corredores pareciam se estender infinitamente, alguns estreitos e escuros, outros amplos e iluminados por janelas altas. Ocasionalmente, ela encontrava uma sala abandonada ou uma passagem
O dia já estava avançado quando Damian subiu as escadas em direção ao quarto de Amélia. O aroma do almoço recém-preparado ainda pairava no ar, misturando-se ao cheiro amadeirado característico da casa da matilha.Ele hesitou por um momento diante da porta fechada. Desde que a trouxera para ali, tinha se esforçado para manter certa distância, dar-lhe tempo para aceitar sua nova realidade. Mas agora… agora queria vê-la.Queria que almoçassem juntos.Damian não saberia dizer ao certo o porquê. Só sabia que aquela garota lhe despertava sentimentos conflitantes — e evitá-la não estava funcionando.Bateu na porta uma vez. Depois outra.Nenhuma resposta.Franzindo o cenho, girou a maçaneta e entrou.O quarto estava vazio.No mesmo instante, algo dentro dele se retesou.O cheiro dela ainda estava ali, fresco no ar, mas a ausência de sua presença fez um frio percorrer sua espinha. Seu olhar percorreu o cômodo rapidamente, procurando qualquer sinal de que ela pudesse ter saído por vontade própr
Amélia sentia o olhar intenso de Damian sobre ela, mas fingia não perceber. Algo nele a desconcertava de um jeito que não conseguia explicar. Ele era enigmático, controlador e, ao mesmo tempo, tinha um jeito estranho de cuidar dela. — Venha — disse ele, levantando-se e estendendo a mão. Ela arqueou a sobrancelha. — Para onde? — Quero te mostrar algo. Amélia hesitou. A casa da matilha já era grande o suficiente para fazê-la se sentir deslocada, e agora ele queria levá-la para outro lugar? Mas sua curiosidade foi mais forte do que a razão. Ela pegou a mão dele com relutância, sentindo o calor de sua pele contra a sua. Damian a guiou por um caminho estreito que passava entre árvores e arbustos bem cuidados. O ar ali era diferente, carregado com um aroma suave de flores misturado ao cheiro amadeirado da floresta ao redor. Quando saíram da trilha, Amélia se deparou com um jardim oculto. Era magnífico. Caminhos de pedras sinuosas cortavam um gramado impecável, levando a pequenos cant
Amélia observava Damian com uma expressão desconfiada. Algo nele havia mudado no instante em que ela riu da pergunta sobre seu "lobo". O jeito como ele a olhava agora era diferente—como se visse nela algo que nem mesmo ela conhecia. — Você está me assustando — ela disse, cruzando os braços. Damian hesitou. Parte dele queria deixar esse assunto para outro momento, mas outra parte sabia que o tempo estava se esgotando. Se ela realmente não sabia a verdade, então era questão de tempo até seu corpo forçá-la a encará-la da pior maneira possível. — Eu preciso que você confie em mim — ele disse, finalmente. Ela riu sem humor. — Você realmente acha que posso confiar em alguém que me trouxe para cá contra minha vontade? Damian segurou o olhar dela, como se tentasse encontrar um jeito de fazê-la entender. — Se eu não quisesse o seu bem, acha que eu me importaria se você soubesse ou não quem realmente é? — Sua voz era calma, mas carregava uma firmeza que fez Amélia vacilar. Ela abriu a
Outro uivo cortou o ar, carregado de algo sombrio e urgente. Damian ficou rígido, os olhos escurecendo com um brilho feroz, como se seu instinto tivesse sido acionado no mesmo instante. Amélia sentiu um arrepio percorrer sua espinha. O som parecia distante, mas, de alguma forma, também próximo o suficiente para fazer seu coração disparar. Ela abriu a boca para perguntar o que estava acontecendo, mas antes que qualquer palavra escapasse, Damian deu um passo à frente. Com um movimento surpreendentemente delicado para alguém tão intenso, ele segurou seu queixo entre os dedos, erguendo seu rosto suavemente. Amélia prendeu a respiração. O olhar dele era diferente agora, mais profundo, mais íntimo. Não havia apenas preocupação em seus olhos, mas algo mais… algo que ela não conseguia decifrar. Então, sem aviso, Damian inclinou-se e encostou seus lábios nos dela. Foi
O coração de Amélia martelava no peito enquanto os olhos frios do estranho permaneciam fixos nela.— O que quer dizer com isso? — sua voz saiu firme, mas por dentro ela lutava contra o medo crescente.O homem inclinou a cabeça levemente, como um predador analisando sua presa.— Você não faz ideia, não é? — Ele riu, um som baixo e cheio de escárnio. — Isso torna tudo ainda mais interessante.Antes que pudesse reagir, ele se moveu. Rápido. Rápido demais.Amélia tentou recuar, mas antes que pudesse dar mais um passo, um estrondo ecoou pela casa.A porta foi arrombada com brutalidade, batendo contra a parede com um impacto que fez as janelas vibrarem.E então, ele estava lá.Damian.Seus olhos brilharam com um dourado feroz, sua respiração pesada e sua presença dominadora preenchendo todo o espaço. O cheiro dele—amadeirado e selvagem—misturou-se ao ar carregado de tensão.E ele estava furioso.
Ótima escolha! Vamos aprofundar a conexão entre Amélia e Damian, explorar as emoções dela e deixar Damian explicar o significado da ligação. Também podemos trazer um pouco mais sobre o estranho, talvez dando pistas sobre quem ele é e por que tem interesse nela. Aqui está a continuação do capítulo:O silêncio entre eles era denso, quebrado apenas pela respiração pesada de Damian. Seus olhos dourados ardiam sobre ela, e a mão quente em seu rosto enviava arrepios por sua pele.Amélia sentia algo crescer dentro de si—uma onda de calor, de anseio, de algo que não conseguia nomear. Seu corpo reconhecia Damian de uma forma que sua mente ainda lutava para entender.— O que está acontecendo comigo? — sua voz saiu mais baixa do que queria, quase um sussurro.Damian deslizou o polegar suavemente por sua bochecha, hesitante, como se estivesse escolhendo as palavras com cuidado.— Você sentiu, não sentiu? — ele repetiu, os olhos intensos nos dela.
O tempo passou, mas as perguntas permaneceram sem resposta.Durante um mês inteiro, Damian fez de tudo para descobrir a identidade do estranho que invadiu sua casa naquela noite.Ele interrogou membros da matilha, rastreou possíveis inimigos, até mesmo buscou informações em territórios neutros. Mas nada.Era como se o homem simplesmente não existisse.E isso o deixava furioso.— Você está obcecado com isso — disse Ethan, seu beta, enquanto se sentavam no escritório da casa de Damian.Damian rosnou, passando a mão pelo cabelo.— Esse desgraçado apareceu do nada, sabia sobre Amélia, sabia sobre a ligação… e sumiu sem deixar rastro. Isso não é normal.Ethan cruzou os braços.— Você acha que ele pode ser um caçador?Damian hesitou. Se fosse um caçador, já teria tentado algo novamente. Mas o homem parecia ter outros planos.— Não sei. Mas ele está esperando alguma coisa.E isso o d