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Capítulo 2 – O Caminho para a Cova dos Lobos

O silêncio entre eles era espesso como a neblina que pairava sobre a floresta. Amélia caminhava um passo atrás do filho do Alfa, os olhos atentos a cada detalhe do caminho. As árvores pareciam se curvar à presença dele, os pássaros silenciavam ao seu redor, e até o vento hesitava em soprar.

Ela deveria ter fugido. Deveria ter resistido. Mas algo nela — talvez o instinto, talvez o cansaço de viver sozinha — a impediu.

O cheiro de terra úmida começou a se misturar com algo mais denso, algo que fazia seus pelos se arrepiarem: o cheiro de outros lobos. Eles estavam perto. Muito perto.

Seu coração começou a bater mais forte. O que ele queria com ela?

Quando os portões da matilha surgiram à frente, sua respiração ficou rasa. Eram enormes, de madeira escura reforçada com ferro, e guardados por dois homens de olhar predador. Eles a observaram com curiosidade, mas não ousaram questionar o filho do Alfa quando ele passou por eles, trazendo-a consigo.

Amélia se encolheu ao sentir dezenas de olhos sobre ela. Lobos de todas as idades estavam ali — alguns em sua forma humana, outros com presas à mostra, farejando o ar. Murmúrios surgiram, sussurros sobre a forasteira trazida por Damian.

Damian.

Ela finalmente sabia seu nome.

O medo cravou suas garras em seu peito. Ele a trouxe para ser devorada? Para ser o jantar da matilha? Seu corpo tremeu, mas ela se recusou a demonstrar fraqueza. Se fosse morrer, ao menos o faria com dignidade.

Mas então, ao invés de atirá-la aos lobos famintos, ele apenas disse, com um tom de ordem inegável:

— Cuidem dela.

Duas mulheres de postura rígida se aproximaram, claramente empregadas da casa. Amélia piscou, confusa.

— Deem-lhe um banho decente, roupas limpas e comida. Depois, eu a levarei para seu novo quarto.

O choque percorreu seu corpo como um raio. Um banho? Roupas? Um quarto?

Sem entender nada, ela foi conduzida para dentro da grande casa da matilha. O lugar era ainda maior por dentro, com longos corredores de pedra e tapestrias pesadas cobrindo as paredes. Ela tentou ignorar os olhares, tentou não pensar no destino incerto que a aguardava.

As empregadas a levaram até uma enorme banheira de mármore, cheia de água morna e perfumada. Suas roupas esfarrapadas foram levadas embora, substituídas por um vestido macio e limpo. O cheiro de terra e fumaça foi trocado por algo suave, que ela não reconhecia.

Quando trouxeram um prato cheio de comida quente, ela hesitou. Tudo isso era uma ilusão? Um truque cruel antes da verdadeira dor?

Mas a fome venceu sua cautela.

Horas depois, quando Damian a levou até um quarto espaçoso, com uma cama tão grande que parecia engoli-la, Amélia se sentiu mais perdida do que nunca.

Ele parou na porta, os olhos âmbar brilhando na penumbra.

— Descanse. Amanhã, conversaremos, não saia do quarto sem mim. Pode não ser seguro.

E então ele se foi, deixando-a sozinha.

Amélia se sentou na cama, a mente fervilhando de perguntas sem resposta.

Por que ele a trouxe aqui? O que ele queria dela?

E, acima de tudo... por que, mesmo com tanto medo, ela sentia que seu destino estava entrelaçado ao daquele lobo?

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