Aos olhos dele, ela era apenas uma garota rica, mimada e acostumada a ter o mundo aos seus pés. Aos olhos dela, ele era frio, ácido, e carregava um rancor que ela não conseguia entender. Ambos estavam errados — ou será que estavam mais certos do que gostariam de admitir? Ela vive cercada de luxo, mas o brilho do seu mundo esconde as sombras de um pai ausente e egoísta, que nunca se importou de verdade com ela. Ele, por sua vez, carrega cicatrizes de um passado que o ensinou a desconfiar de tudo e de todos, especialmente de pessoas como ela. Seria possível que duas pessoas de mundos tão diferentes encontrassem algo em comum? Entre confrontos intensos, segredos revelados e um desejo que teima em crescer, eles descobrirão que o certo e o errado nem sempre são o que parecem. O amor proibido nunca fez sentido — mas talvez, para eles, seja a única coisa que faça. Estariam preparados para enfrentar tudo e todos por aquilo que os une?
Ler maisAdônis Hart A noite parecia ter se tornado um pesadelo para mim. Enquanto ajudava Pietra a descer do carro, eu sentia o peso de todas as decisões erradas que havia tomado até aquele momento. O beijo. O toque. Meu Deus, como eu pude ceder àquele impulso?Ela resmungava algo incompreensível, tropeçando em cada passo, e eu a segurava com firmeza, sem chance de deixá-la sozinha em casa. Aquela garota que me provocava a cada segundo não estava em condições de cuidar de si mesma.— Ei, eu quero ir pra casa — murmurou, a voz embargada pela bebida e pela exaustão.— Você não tem a mínima condição de ficar sozinha. — Minha voz saiu firme, mas minha mente estava em um caos. — Vou cuidar de você. Quando estiver melhor, levo você para casa.Ela bufou, teimosa, mas não resistiu quando a guiei até minha casa. Minha mãe provavelmente já estava dormindo; o relógio passava da meia-noite. Ao atravessar a porta com Pietra, senti uma pontada de preocupação. Não era apenas sobre o que ela faria ou diria,
Adônis Hart A festa estava animada, com música alta e pessoas espalhadas por todos os cantos. Apesar do burburinho ao meu redor, meus olhos não desgrudavam de Pietra. Mesmo enquanto conversava com uma menina que parecia conhecer Pietra, minha atenção estava dividida. A garota era inteligente e tinha um sorriso simpático, mas, sem perceber, eu comecei a compará-la com Pietra. Não era justo. Ela não tinha a mesma leveza, o mesmo cheiro doce, nem aquela forma única de falar. Por que diabos eu estava comparando?Eu tentava me concentrar na conversa sobre jogos de videogame — um assunto que sempre me distrai —, mas minha preocupação com Pietra crescia a cada minuto. Eventualmente, olhei ao redor para encontrá-la e senti meu estômago revirar. Pietra estava sem sua jaqueta, com as bochechas coradas pelo álcool, e virando mais um copo de algo que eu não conseguia identificar. Péssimo segurança, Adônis, pensei comigo mesmo.Pedi desculpas para a garota com quem conversava, largando-a ali sem
Adônis Hart 🕐 Sábado A semana passou voando. Foi estranho evitar a Pietra ao máximo, mesmo com a vontade de almoçar com ela ou trocar uma conversa boba para desanuviar. As palavras do pai dela martelavam na minha cabeça e sempre me faziam recuar. Agora estou aqui, encostado no carro, esperando Pietra. Quando a vejo vindo, está mais arrumada do que o necessário para o compromisso que tem. O vestido rodado e os saltos já me deixam em alerta. — Bora pra festa, Doni! — ela diz, radiante. — Festa? Que festa? Isso não tá na sua lista de afazeres. — A encaro, cruzando os braços. — Claro que tá. — Pietra solta um sorriso travesso. — Agora seria a confraternização do balé, não uma festa. — Reviso mentalmente o cronograma. — Exatamente! Eu também sei como dobrar meu pai. — Ela pisca, vitoriosa. — Você sabe que eu vou ter que contar isso pra ele, né? — pergunto. — Por Deus, Doni, não seja o cachorrinho do meu pai, ok? — Pietra revira os olhos, impaciente. — Vamos lá, vai ser
Pietra Santini Deitada na cama, com a cabeça apoiada no colo da Malena, senti uma tranquilidade que há tempos não experimentava. Ela passava os dedos pelos meus cabelos, um gesto delicado que me trazia um conforto difícil de explicar. Eu estava cansada. Não apenas fisicamente, mas emocionalmente exausta. Meu pai, com seu jeito autoritário e frio, parecia sugar todas as minhas forças.— Malena… — murmurei, quebrando o silêncio do quarto.— O que foi, minha menina? — Sua voz era suave, como sempre, mas carregava uma preocupação que eu reconhecia bem.— Meu pai… Ele sempre foi assim? Tão… ruim?Ela parou o movimento por um instante, como se ponderasse o que dizer. Seu silêncio foi mais eloquente do que qualquer resposta imediata.— Ele não era assim. — começou, com a voz distante, como se estivesse puxando memórias de tempos mais felizes. — O Conrado sempre foi ambicioso, isso é verdade. Sempre quis mais, sempre sonhou alto, mas ele não era grosso. Ele nunca tratou mal sua mãe… pelo con
Adônis Hart Depois de me despedir da Pietra ainda na garagem, caminho a passos largos até a minha casa. Estava morto, só queria um banho quente para relaxar e um jantar decente, mas meus planos foram por água abaixo quando ouvi o senhor Conrado me chamando. Sua voz grave ecoou pela garagem, me fazendo parar no meio do caminho.— Adônis, podemos conversar um minutinho? — A princípio, achei estranho, mas me aproximei dele sem hesitar.— Claro, aconteceu alguma coisa? — pergunto, tentando esconder minha apreensão.— Não exatamente. Na verdade, preciso que fique de olho na Pietra. Não quero que ela se envolva com… rapazes. Quero que seja mais atento a isso. — Sua expressão era séria, mas havia algo em seu tom que me deixava desconfiado. Será que ele sabia de algo?— Sem problemas, estou sempre atento. — respondi, mantendo minha postura profissional.Ele me analisou por um momento, estreitando os olhos como se tentasse decifrar algo em mim.— Fique atento, mas não demais. Afinal, você tam
Pietra Santini Eu não estava com disposição para enfrentar essa aula de alemão, mas como sempre, não tinha outra escolha. Sentada na última fileira, mal prestava atenção no que o professor dizia. Meus pensamentos estavam em outro lugar, ou melhor, em outra pessoa: Adônis. Desde o fim de semana, não consigo tirá-lo da cabeça. A maneira como ele esteve ao meu lado, como me abraçou quando eu precisava… Sinto algo que não deveria sentir. Ele é apenas um funcionário da minha família, mas nos últimos dias, parece que o mundo ao nosso redor mudou. — Ei, amiga, tá tudo bem? — a voz de Alana me puxa de volta à realidade. Olho para ela, um pouco perdida, mas tento disfarçar. — Sim, só estou um pouco distraída. Vamos almoçar juntas hoje? Ela sorri, sempre com aquele jeito gentil que a faz ser uma das poucas pessoas em quem confio. — Claro! Bom, assim você aproveita e me conta por que está com os olhos inchados, né? Dou uma risadinha sem graça e concordo com um aceno. Ela sempre percebe tud
Adônis Hart Segunda-feira começou de um jeito diferente para mim. Meu pai voltou de viagem logo cedo, e confesso que senti falta dele. Ter a presença dele em casa novamente traz uma sensação de conforto, algo que parece colocar as coisas no lugar, mesmo que temporariamente. Mas a volta dele também significa que o senhor Conrado Santini está em casa, e isso me deixa em alerta. Sempre que penso nele, meu pensamento vai direto para Pietra. Não deveria ser assim, mas é. Não deveria me importar tanto com ela, mas é impossível evitar. Pietra é como uma daquelas sereias das lendas: ela me atrai de uma forma que desafia a lógica. Cada olhar, cada sorriso, é como um canto hipnotizante, e mesmo sabendo que isso pode me afundar, eu simplesmente não consigo ignorá-la. E isso, justamente isso, é tudo o que não deveria acontecer. Encosto no carro, cruzando os braços enquanto a espero aparecer. O sol está forte, mas eu nem noto o calor, porque minha cabeça está ocupada demais pensando nela. O te
Pietra Santini Acordo com a claridade invadindo o quarto, o sol batendo diretamente no meu rosto e forçando meus olhos a piscarem várias vezes. Por alguns segundos, me sinto confusa, tentando entender onde estou. A sensação de estranhamento me domina até que finalmente me lembro: estou no quarto do Adônis. O quarto está vazio, e a cama ao meu lado também. Ele já deve ter levantado há algum tempo. Respiro fundo, tentando juntar coragem para sair dali. A vergonha começa a me consumir, especialmente pensando no que a Malena pode estar imaginando sobre mim. Jesus, o que ela vai pensar? E se achar que estou abusando da hospitalidade deles? Não consigo evitar esses pensamentos enquanto me levanto, os pés afundando no tapete macio do chão. Preciso sair daqui logo, antes que o desconforto me consuma. Caminho até o banheiro, onde encontro uma gaveta entreaberta. Lá dentro, vejo uma escova de dentes lacrada. “Que cuidado,” penso, enquanto abro a embalagem, escovo os dentes e lavo o rosto
Adônis Hart Era uma tarde tranquila quando me vi sentado à mesa com minha mãe e Pietra. O cheiro de pão fresco misturado com o café recém-passado preenchia a cozinha, e Pietra, como de costume, tagarelava animadamente. Ela parecia estar à vontade, falando sem parar sobre qualquer assunto que surgisse em sua mente, e confesso que achava isso divertido. Era raro vê-la tão descontraída, talvez porque não tivesse tantas oportunidades de conversar assim.Eu tomei um gole da minha Coca-Cola e, sem querer, soltei um arroto alto, o que fez Pietra explodir em gargalhadas. Minha mãe, por outro lado, me deu um tapa no braço, indignada.— Ai, mãe! Tá doida? — reclamei, esfregando o local onde ela tinha acertado.— Respeita as damas, menino! Essa não foi a educação que eu te dei — disse ela, incrédula. — Um porco desse jeito, não é à toa que não arruma namorada. Quem é que vai querer?— Credo, mãe! Eu sou um ótimo partido. Olha só pra essa belezura aqui — brinquei, apontando para mim mesmo. Pietr