Aos olhos dele, ela era apenas uma garota rica, mimada e acostumada a ter o mundo aos seus pés. Aos olhos dela, ele era frio, ácido, e carregava um rancor que ela não conseguia entender. Ambos estavam errados — ou será que estavam mais certos do que gostariam de admitir? Ela vive cercada de luxo, mas o brilho do seu mundo esconde as sombras de um pai ausente e egoísta, que nunca se importou de verdade com ela. Ele, por sua vez, carrega cicatrizes de um passado que o ensinou a desconfiar de tudo e de todos, especialmente de pessoas como ela. Seria possível que duas pessoas de mundos tão diferentes encontrassem algo em comum? Entre confrontos intensos, segredos revelados e um desejo que teima em crescer, eles descobrirão que o certo e o errado nem sempre são o que parecem. O amor proibido nunca fez sentido — mas talvez, para eles, seja a única coisa que faça. Estariam preparados para enfrentar tudo e todos por aquilo que os une?
Ler maisAugusto Santini Hart As férias na chácara eram uma tradição na minha família desde que eu me entendo por gente. Desde bebê, passei todos os Natais e verões aqui, cercado por meus avós Malena e Alberto, minha mãe Pietra, meu pai Adônis, minha irmã Luna e minha melhor amiga Mirella e seu irmão mais novo Lucas. Agora, que somos mais velhos, os churrascos, as partidas de futebol e os mergulhos na piscina continuam sendo os pontos altos dessas férias. Mas este ano, algo estava diferente.Eu tinha 19 anos agora, e Mirella, minha melhor amiga de sempre, tinha 18. Ela era praticamente uma irmã pra mim, e crescemos juntos, dividindo segredos, risadas e até algumas lágrimas. Mas o que começou como uma amizade profunda e leal se transformou em algo mais nos últimos meses. Passávamos tanto tempo juntos que não havia como ignorar a atração crescente que estava entre nós.Naquele dia, enquanto meu pai,Luke e meu avô acendiam o fogo para o churrasco e as crianças brincavam na piscina, nós três,mamã
Pietra Santini O dia estava perfeito. O sol brilhava alto no céu, iluminando cada canto da chácara com um calor agradável. O som das risadas infantis ecoava pela piscina, misturado ao barulho da água sendo espirrada e ao estalar da carne na churrasqueira. Era o tipo de dia que ficava gravado na memória, repleto de simplicidade e amor.Augusto, agora com seus 15 anos, assumia o papel de irmão mais velho como se tivesse nascido para isso. Ele estava na piscina com Luna, sua irmãzinha de 5 anos, segurando-a nos ombros enquanto ela gritava:— Mais rápido, Augusto! Eu quero ganhar da Mirella!Mirella, de 14 anos, nadava ao lado, tentando alcançar os dois.— Vamos ver se vocês são bons mesmo! — ela desafiou, rindo e tentando derrubá-lo.Na borda, Lucas, de apenas 4 anos, batia palmas entusiasmado.— Vai, Luna! Vai, Mirella! Todo mundo é bom!Perto da churrasqueira, Adônis estava ao lado de Luke e seu pai, Alberto, todos cercados pelo aroma delicioso da carne assando. Alberto, já grisalho,
Pietra Santini Depois da festa, todos começaram a voltar para suas casas. A noite tinha sido mágica, cheia de amor e celebração, mas agora o silêncio do campo trazia uma calma bem-vinda. O chalé ficava em uma região montanhosa, rodeada por árvores altas e flores silvestres que preenchiam o ar com um perfume suave. Malena se ofereceu para levar Augusto de volta ao apartamento, insistindo que era o momento de nos concentrarmos um no outro. — Divirtam-se. E não se preocupem com o Augusto, ele está comigo. Aproveitem como se o mundo fosse só de vocês hoje. — Sua voz era doce, mas cheia de determinação, enquanto carregava nosso pequeno, que dormia profundamente em seus braços. Assim que ficamos sozinhos, a magia do lugar pareceu nos envolver. O chalé era acolhedor, com paredes de madeira rústica e janelas grandes que deixavam a luz da lua entrar. Uma lareira acesa aquecia o ambiente, e pétalas de rosas estavam espalhadas pelo chão e pela cama de dossel no centro do quarto. O aroma das
Pietra Santini Dois anos se passaram desde que Augusto nasceu, e agora, com a vida mais estável, Adônis e eu finalmente decidimos oficializar nosso amor. Adônis sempre disse que queria que o nosso casamento fosse uma celebração da nossa história: cheia de simplicidade, emoção e cercada apenas pelas pessoas que verdadeiramente importam. Foi assim que acabamos escolhendo um campo ao ar livre, na periferia da cidade, para ser o cenário do nosso grande dia.O local era perfeito. Um extenso gramado verde se estendia até o horizonte, cercado por árvores altas e flores silvestres. Bem ao fundo, havia uma grande figueira, cujos galhos imponentes criavam uma sombra natural, e foi ali que decidimos montar o altar. Optamos por uma decoração simples, com o charme rústico que amávamos: arcos de madeira adornados com flores frescas em tons pastel – lilás, branco e rosa. Pequenas luzes de corda estavam penduradas entre as árvores, prontas para iluminar a noite com um brilho mágico.— Você acha que
Pietra Santini Quando saímos do hospital naquela manhã, o céu estava limpo e o sol brilhava suave, como se o mundo inteiro soubesse que aquele era um dia especial. Augusto estava em sua cadeirinha, aconchegado e alheio ao quanto sua chegada transformava a minha vida. Adônis segurava a alça da cadeirinha com as duas mãos, com um cuidado exagerado e o olhar atento de um pai de primeira viagem.— Está tudo bem? — perguntei, segurando um riso nervoso.— Claro — ele respondeu, tenso. — Só quero ter certeza de que ele está seguro.Sorri e o segui até o carro, onde ele colocou Augusto no banco traseiro com uma concentração que eu nunca tinha visto antes. Eu me sentei ao lado da cadeirinha, observando meu bebê dormir tranquilamente, e uma pontada de ansiedade misturada com emoção subiu pela minha garganta.O caminho para casa foi tranquilo, mas para mim, parecia durar uma eternidade. Era como se cada minuto aumentasse o peso daquela nova responsabilidade. Eu agora era mãe. Não existia mais v
Adônis Hart Nunca vou esquecer a madrugada em que Augusto decidiu que era hora de vir ao mundo. Estávamos há semanas esperando, ansiosos, mas nada poderia me preparar para o que senti quando Pietra me acordou com a voz tremendo e uma mistura de dor e excitação.— Adônis… Acho que está na hora.Abri os olhos num salto, meu coração já disparado. Ela estava sentada na cama, segurando a barriga com as duas mãos, respirando profundamente como a médica havia ensinado.— Tem certeza? — perguntei, me aproximando e segurando sua mão.Ela assentiu, os olhos brilhando com lágrimas.— As contrações começaram faz uns vinte minutos. Estão ficando mais intensas.Por mais que tivéssemos nos preparado para esse momento – as aulas de pré-natal, os conselhos da nossa obstetra, a bolsa pronta ao lado da porta – nada parecia suficiente agora que estava acontecendo de verdade. Respirei fundo, tentando manter a calma por nós dois.— Tudo bem, vamos para o hospital. Eu estou com você, Pietra.Ajudei-a a se
Pietra Santini Há quatro meses, Adônis se ajoelhou no mesmo portamento onde hoje estou, com lágrimas nos olhos e um anel simples, mas cheio de significado, para me pedir em casamento. Agora, enquanto acaricio minha barriga de cinco meses, cercada por amigos e pessoas queridas, penso em como minha vida mudou. Não tenho minha mãe aqui, nem meu pai, que está preso, mas hoje me sinto cercada de amor com Malena, Alberto, Alana e Luke ao nosso lado, celebrando esse momento especial: a revelação do sexo do nosso bebê.O dia amanheceu tranquilo, com o sol iluminando suavemente o portamento de Malena. O lugar sempre teve um ar acolhedor, com suas cortinas brancas e uma vista encantadora para o jardim. Desde cedo, Alana e Luke estavam aqui, cuidando de tudo com tanto entusiasmo que pareciam mais empolgados que eu e Adônis. Eles escolheram a decoração: simples, mas linda, com flores delicadas, bandeirinhas em tons pastéis e, no centro da mesa principal, o grande protagonista da tarde – o bolo q
Adônis Hart Hoje o céu estava tingido de tons de laranja e rosa enquanto eu me preparava. A brisa suave fazia as folhas das árvores se mexerem suavemente, e eu estava nervoso, mais nervoso do que já estive em muito tempo. Aquele jardim atrás do apartamento era o lugar perfeito para o meu pedido, cheio de memórias nossas e significados ocultos. Tudo tinha que ser perfeito. Olhei para as velas dispostas ao redor, iluminando o ambiente suavemente. A mesa estava impecável, com um lençol branco, velas perfumadas e um buquê de flores vermelhas e brancas no centro. Eu tinha planejado isso por semanas, desde o dia em que descobrimos que íamos ser pais. Não podia ser apenas mais um dia comum. Esse momento tinha que ser especial, tinha que mostrar a Pietra o quanto ela significa para mim. Ela apareceu na entrada do jardim, e um sorriso tímido apareceu nos meus lábios. Seus olhos estavam curiosos e animados. Sempre foi assim com ela, sempre cheia de vida e expectativa. Ela se aproximou, e
Pietra Santini Os últimos meses tinham sido um redemoinho. Hoje, finalmente, era o julgamento do meu pai. Sentada no banco reservado para familiares, meu coração parecia prestes a explodir. Eu sabia que ele seria condenado — as provas eram contundentes e os depoimentos, esmagadores. Ainda assim, o peso de estar ali, enfrentando a pessoa que destruiu tantas vidas e quase arruinou a minha, era algo que me sufocava.— Calma, querida, ele não vai escapar dessa — Malena disse, segurando minha mão com firmeza.Eu assenti em silêncio. Malena e o senhor Alberto estavam ali para depor. Ambos haviam sido peças-chave na investigação contra meu pai. Eu e Adônis, por outro lado, estávamos como espectadores, alheios aos detalhes mais sórdidos dos esquemas que ele havia arquitetado. Nosso papel era apoiar e testemunhar a justiça sendo feita.As horas no tribunal arrastavam-se como séculos. Uma fila interminável de testemunhas descrevia, com riqueza de detalhes, os crimes do meu pai. Os desfalques,