Davina manteve sua personalidade calma por muito tempo, mas agora que sua irmã fugiu, deixando um namorado furioso, uma enorme dívida e sua família despedaçada, ela precisará ser tudo menos boa. Gutemberg Ramsey quer vingança. Timmy diz que está apaixonado. Aaron é um perseguidor possessivo. E existe o poeta misterioso, mas ele está tão aprofundado em seus próprias tramas, que não enxerga os próprios sentimentos. Todos eles querem a mesma garota, embora os motivos sejam diferentes. Um quer vingança. O segundo quer uma chance. O terceiro precisa dela. O último quer usá-la. Ela acha que os garotos vão quebrá-la, principalmente Gutemberg, mas talvez eles a salvem.
Ler maisDAVINAEstou no colo de Aaron, seu braço em torno da minha cintura me lembrando de que ele está aqui para mim. Ok, ele pode ter sussurrado isso para mim quando tentei me levantar, mas eu acredito nele. Deito minha cabeça em seu peito e permito que ele me segure,seu aperto é como uma declaração sobre suas intenções e quase posso tocar nessa promessa. Eu deveria sair daqui, correr, gritar, fazer alguma coisa. Mas estou presa nas últimas palavras de Meia noite. Aliás, o babaca arrogante acabou de se retirar para atender um telefonema e eu ganhei nossa pequena batalha infantil de mijo.Ele desviou o olhar primeiro.— Eles têm um sistema fechado. Nada é deixado ao acaso. Políticos, policiais, seguranças... é uma teia bem construída — diz Gutemberg, sua voz carregada de um cansaço que eu não quero entender.Minha mente gira. Eles estão falando de comprar minha irmã. Minha irmã. Como se ela fosse um objeto um preço.Ninguém além de Aaron parece perceber que estou a um passo de surtar.Timmy
DAVINAA casa do Meia-noite exalava um cheiro de café forte e cigarro barato.Eu estava largada no sofá, as pernas cruzadas, torcendo meu cabelo molhado. A chuva engrossara no exato momento em que aqueles malditos assediadores decidiram aparecer, e agora eu estava ali, encharcada, rodeada por um bando de idiotas com ares de macho alfa.Timmy e Gutemberg estavam próximos ao balcão, ambos irritados e desgrenhados. O moicano perfeito de Timmy estava desfeito, e ele parecia prestes a explodir. Gutemberg, por sua vez, exibia a carranca de sempre, os punhos cerrados como se estivesse pronto para socar alguém. Talvez a mim, se tivesse chance.Tanto faz. Eu também estou além de irritada com eles.Meia-noite estava preparando café, o rosto meio oculto pela fumaça do cigarro que descansava no canto da boca.Ele claramente é uma daquelas pessoas que precisa de cafeína para continuar funcionando.Eu ignorei os três e me voltei para Aaron. Ele era o único ali que não parecia prestes a tentar me est
DAVINAA chuva fina escorria pelas laterais do meu rosto, pequenas gotas frias que se misturavam ao calor da raiva fervendo sob minha pele. As luzes fracas dos postes piscavam, projetando sombras alongadas na rua vazia. Meus cotovelos descansavam sobre os joelhos dobrados, os dedos tamborilando impacientes contra a calça de couro encharcada. O batom rosa pink contrastava com a escuridão da noite, uma cor vibrante em meio ao cinza ao meu redor. Escolhi ele para parecer durona, bem, eu também precisava de algo chamativo para desviar a atenção do meu rosto de zumbi, as olheiras escuras.Havia quase um mês desde que Gutemberg soltou a bomba. Pryia havia sido traficada. Palavras que caíram como um soco no meu peito, roubando meu ar, minha sanidade. Eu tentei. Tentei ir até a delegacia, pedir ajuda, contar tudo. Mas na primeira vez, não consegui entrar. Na segunda, minhas pernas se moveram até lá, mas minha boca não conseguiu formar uma frase. Medo? Pânico? Eu não sabia. Só sabia que ningué
GUTEMBERGVincent balança a cabeça, parecendo divertido.— Nós somos amigos. Nada disso é pessoal. Se eu te ajudar, vou querer algo em troca.— Pode pegar o que quiser, Vincent.Ele balança a cabeça.— Um favor. No momento certo, sem perguntas.— Tudo bem, só me diga onde ela está.Ele fica em silêncio por um momento, o olhar analisando cada centímetro do meu rosto. Finalmente, ele se levanta, ajustando o paletó com um gesto fluido.— Vou ver o que posso fazer. Mas lembre-se, Gutemberg, favores como esse vêm com consequências.— Eu sei.Vincent bufa, ajustando a gravata frouxa enquanto caminha em direção à porta. Mas antes de sair, ele para e se vira, os olhos azuis fixos nos meus, apertados como se estivessem tentando desvendar um segredo que eu me
GUTEMBERGA moto está caída no meio da rua, o motor ainda quente, soltando fumaça. As luzes dos postes oscilam, lançando sombras inquietas sobre o asfalto. Meu peito sobe e desce, o sangue correndo quente, mas nada disso se compara à raiva pulsando dentro de mim. Meus olhos fixam na figura de Timmy, punhos cerrados, parado a poucos metros.Eu jogo o capacete no chão com força, o som ecoa na rua vazia, e avanço como um animal faminto quando encontra um pedaço de carne.— Tá ficando louco, porra!? — grito, empurrando-o com toda minha força. — Jogar o carro contra a minha moto? Quer me matar?Ele não recua, nem um milímetro. O sorriso debochado dele só alimenta o fogo dentro de mim.— E você quer acabar com a Davina, não é, Fantasma? — O apelido sai de sua boca como uma prov
DAVINAEstreitei os olhos.— Então? O que vocês estão escondendo?— Nada — Timmy respondeu rápido demais, desviando o olhar.Hmmm.Mentiroso.— Não mente. — Minha voz estava carregada de mágoa, mas também de determinação. — Eu consigo sentir. Vocês estão escondendo alguma coisa.Gutemberg suspirou, esfregando a nuca, enquanto Timmy parecia à beira de explodir.— Não estamos escondendo nada — Gutemberg disse, mas o tom dele não era convincente.— Você é um péssimo mentiroso — retruquei, encarando os dois. — Digam logo. O que mais vocês sabem?Timmy bufou, chutando o chão com força antes de se virar para mim.— Você não vai gostar, Davina.
DAVINA— Você só pode estar de brincadeira!A voz de Timmy ecoou pela sala como um trovão, me fazendo girar sobre os calcanhares. Ele entrou furioso, com o cabelo ainda molhado, apesar de já ter tomado banho antes de mim. Num piscar de olhos, ele agarrou Gutemberg pelo colarinho.— O que você acha que está fazendo? — ele rosnou, os olhos brilhando de raiva.Gutemberg o encarou, surpreso, levando um segundo para entender de onde Timmy tinha surgido.— Como diabos você entrou aqui? — Gutemberg perguntou, incrédulo.Timmy soltou uma risada seca, cheia de ironia.— Eu deveria perguntar o mesmo para você. Mas isso não importa agora. O que importa é que você quebrou o nosso acordo.— Acordo? — repeti, confusa, olhando de um para o outro.Timmy ignorou minha pergunta e apertou mais o co
GUTEMBERGDeixei o banheiro com a toalha pendurada no ombro, secando meu cabelo molhado. Ainda estava processando as palavras de Timmy quando parei de repente no corredor. Apertei os olhos, tentando entender se estava imaginando coisas. Talvez fosse minha mãe, ou minha avó. Mas não.Eu parei na porta da sala, e lá estava ele. Gutemberg.Ele estava sentado confortavelmente no sofá, como se fosse dono da casa. Uma perna cruzada casualmente sobre o joelho, as mãos apoiadas nos braços do móvel. Ele usava uma camisa preta que destacava os ombros largos, jeans escuros e botas. Havia algo novo nele, uma corrente fina de ouro com um pingente de cristal pendurado. Parecia uma coisa velha, mas intrigante. Os dedos, cobertos de anéis, batiam suavemente no sofá como se ele estivesse esperando por algo ou alguém.Ele ergueu os olhos e sorriu de leve ao me ver parada ali, completamente congelada, com uma expressão provavelmente ridícula.— Você vai ficar me encarando como uma pequena fã? É um pouco
GUTEMBERGO som dos talheres tilintando contra os pratos caros me fazia querer gritar. A mansão dos meus pais nunca foi um lar; sempre foi um museu, um palco onde a felicidade era apenas uma encenação barata. E hoje não era diferente.Minha mãe, sentada na cabeceira da mesa com um sorriso forçado, falava sobre um jantar beneficente que Jimmy, meu pai, planejava realizar em breve.— Eles vão amar a ideia, querida. Quem não gostaria de ajudar crianças carentes? — A voz dela era doce, mas sem alma. Apenas um eco de quem ela costumava ser.Fingi estar interessado, cortando o pedaço de carne no meu prato sem realmente pensar em comê-lo. Eu sabia que ela não acreditava em uma palavra do que dizia. As doações, as festas, tudo era para alimentar o ego de Jimmy e manter as aparências.Olhei para ela e senti aquele aperto familiar no peito. Seu cabelo loiro platinado estava perfeitamente arrumado, o corte elegante acima dos ombros. Ela parec