“Eu só queria ser livre para sentir a adrenalina viver dentro de mim, mesmo que o perigo e as escolhas erradas me perseguissem sempre. Desejei o novo e o novo sempre me trouxe perigo, mas eu jamais esperaria que ele me traria o amor, e que ele fosse o maior perigo que eu iria correr e que também seria a minha salvação.” Existe liberdade na prisão do amor? Marylin Darlinghton teve seu primeiro amor, mas foi um amor que ela jamais deveria ter sentido. Um amor errado, um amor repleto de dor, mas talvez tenha sido graças a ele que ela encontrou a verdadeira liberdade e o verdadeiro amor. “Eu perdi o que era mais precioso para mim, e ao perdê-la eu perdi tudo, inclusive a mim mesmo. Eu me perdi no amor que sentia pela minha pequena princesa, e pela culpa. Eu estou perdido na minha dor, na minha culpa e na ilusão da liberdade.” Há como encontrar perdão em memórias fragmentadas? Um homem perdido em uma ilha, perdido na perda e nas memórias que o atormentam. Preso à ilha, às suas memórias e à culpa, até que encontra alguém tão perdido e machucado quanto ele. Duas pessoas presas em uma ilha, ela à procura de sua liberdade e de um recomeço. Ele, preso em suas memórias e em sua culpa à procura da morte. Duas almas perdidas e presas em seus próprios tormentos e ilusões. Será que serão capazes de se encontrarem, se reconstruírem e se libertarem?
Ler maisPV René CarvalierOlhei para Mary ao meu lado, estávamos sentados os dois um ao lado do outro, ela segurando uma taça de vinho e bebericando tranquilamente enquanto observávamos o crepitar da lenha. Não falamos nada desde o nosso abraço, Mary simplesmente pegou o vinho e duas taças, serviu-me e se serviu, colocou a lenha na lareira e se sentou no chão. Eu a acompanhei, sentando-me no chão ao seu lado, bebendo o vinho que meu paladar rapidamente conheceu como Bordeaux de Mouton-Cadet um vinho francês ano 2015 mais sua origem veio de 1927 em uma safra que foi muito mal, mas que o Barão Phillipe Rothschild criou esse vinho para não comprometer a qualidade do vinho. Como eu sabia desse fato? Meu pai era um fanático por vinho desde adolescente, e por isso decidiu ensinar seu primogênito, porque segundo meu pai um homem que sabia apreciar um bom vinho, saberia apreciar uma bela mulher, o que me fez pensar em Francine e onde eu teria errado com ela.Foquei nos ingredientes que tocavam minha
PV René CarvalierEncarei Mary do outro lado, ela estava concentrada em cortar os legumes e cantarolar baixinho uma música que eu já havia ouvido em uma festa, lembrava das luzes azuis, das pessoas vestidas de formas despojadas, e também do sentimento de tédio que me rodeava. Com certeza não era uma boa recordação.A luz do dia estava partindo, era cedo para o jantar e para a leitura. As aulas duraram pouco hoje, Mary havia sentido muita dor de cabeça o dia todo, talvez pelo fato de não ter conseguido dormir ontem, seus pesadelos voltaram e uma parte minha sabia que ela se lembrou pelo menos um pouco do que teve ontem à noite, por isso sua dor de cabeça hoje mais cedo. Assim que ela acordou, eu saí do castelo, e a vigiei do meu posto, escondido o suficiente para ficar longe de sua visão, mas perto o suficiente para se algo acontecesse e assim que me cansei de apenas a vigiar de longe eu decidi entrar. E aqui estava eu, observando-a cantarolar e cozinhar, fui rodeado pelo cheiro de tin
PV René Carvalier1 semana depois...Olhei para a linda sereia sentada ao meu lado, ou melhor dizendo, Daphne Blake, observei a mesma tiara roxa em seu cabelo que havia me feito compará-la a personagem pela primeira vez.Observei seu rosto fixo no livro enquanto marcava avidamente com um lápis cada palavra que ela queria que eu repetisse. Eu queria achar uma forma de dizer a ela algo que eu havia começado a treinar quando não estávamos juntos. Treinar com tanto afinco que finalmente eu conseguia dizer em voz alta e agora finalmente eu poderia me apresentar para ela da forma correta e finalmente também descobrir seu nome. — Você não está prestando muita atenção hoje, não é? — falou ao meu lado, ela me observou e sorriu fechando o livro. — Que tal treinarmos o alfabeto? É bom para você ter uma ideia do som correto de cada letra — falou, observei-a abrir um novo livro, eu já estava compreendendo mais palavras do que havia conseguido quando cheguei à ilha, e também nos últimos meses que
PV Marylin DarlinghtonEncarei o sol sumindo completamente e notei pela primeira vez meu fantasma sentado à beira mar, ele estava com o livro do Peter Pan em suas mãos e o encarava fixamente. Levantei meu vestido comprido e comecei a caminhar até ele, sentei-me ao seu lado ainda sem conseguir trazer sua atenção a mim, e em vez de encarar o céu começando a escurecer, encarei o homem ao meu lado, ele não virava a página apenas a olhava diferente de como fazia hoje de manhã, não havia curiosidade em seu rosto e assim como saiu do castelo, notei a mesma confusão em seu rosto e em sua testa franzida, junto com seu olhar perdido.Eu havia dado um descanso para sua mente e para mim, então sem leituras noturnas hoje. Ele saiu pela porta sem se despedir com o livro em mãos.Eu não estava à procura dele quando saí para fora do castelo, algo que não fazia quando o sol já não estava mais no céu e a luz não me protegia mais dos animais, mas algo dentro de mim me incitou a dar uma volta na praia e
PV Marylin Darlinghton2 dias depois...Olhei para a parede completamente dourada, finalmente havia terminado a sala inteira. Dois dias inteiros focados em pintar, limpar e pintar novamente. Senti o cheiro de tinta e me joguei no chão encarando o teto branco que eu havia tentado pintar, no fim, de certa forma não tinha ficado tão ruim, com certeza estava melhor que antes.Estava suja, coberta de tinta e deitada em um chão ainda mais sujo. Procurei a força que me fez levantar esses dois dias, mas não achei. Eu não tinha porquê levantar, havia terminado a sala, minha meta havia sido cumprida por hoje, tudo que eu precisava era me virar e dormir aqui mesmo nesse chão coberto de tinta, amanhã seria um novo dia, e eu teria porquê levantar.Respirei fundo, sentindo o cheiro de tinta, e o silêncio ao meu redor. Era tão diferente da cidade, lembrava-me tanto o silêncio da fazenda, o barulho leve do vento na minha janela, a luz forte em meu rosto de manhã atrapalhando meu sono. Boas lembrança
PV Marylin DarlinghtonRespirei fundo, olhando para o coqueiro à minha frente, eu queria pelo menos dois cocos, eu queria fazer um bolo, havia ficado com vontade depois de ver uma imagem super saborosa no livro de receitas.Eu precisava de coco, e por sorte tinha alguns coqueiros na entrada da floresta, só tinha um único problema.Eram altos demais.Eu já subi em muitas árvores quando pequena, mas as árvores costumavam ter galhos que ajudavam a escalar, totalmente diferente dos coqueiros. Olhei para cima imaginando o que eu poderia fazer. Uma escada me ajudaria. Deixei o facão no chão e caminhei até o galpão, passei por entre os painéis solares e perto das latas de tinta puxei a escada de madeira a retirando, levei com cuidado para fora e a encostei no coqueiro, subi com cuidado conseguindo alcançar o coco, percebendo que eu teria que descer para pegar o facão. Ri e desci pegando o facão, subi novamente e finalmente o cortei, observei de cima quatro cocos caírem no chão e finalmente d
PV Marylin Darlinghton7 dias depois...Respirei fundo encarando a cama vazia ao meu lado, não ouvi nada vindo do banheiro, levantei-me e ao sair também não o encontrei na sala, e eu sabia que ele partiu. Não havia mais febre há 3 dias, seus pesadelos diminuíram, sua perna havia começado a cicatrizar e a fechar, ele já andava sem ajuda e as noites em vez de ele cair no sono era eu que o fazia enquanto ele me vigiava.Nessas noites eu procurava o medo, ou minha mente me dizendo “cuidado”, mas não havia nada além de uma sensação tranquila e de paz, eu me sentia bem ao seu lado, com seu olhar em mim. Eu confiava na sua presença, ainda sentia algo bater forte em meu coração e em meu corpo ao seu lado, talvez porque éramos parecidos, o que havia me precavido do fato de que assim que ele pudesse ele iria embora.É como meu pai dizia:Um cavalo selvagem, nunca será domado.Sorri com o pensamento, caminhei até a porta da frente pronta para receber o ar quente do mar, mas assim que a abri fui
PV Marylin DarlinghtonDesci de banho tomado, e respirei tranquila ao ver meu fantasma deitado no sofá, aproximei-me deixando os livros que havia pegado no chão. Toquei sua testa sentindo-a quente. Febre novamente. Deixei minha mão cair para seu rosto coberto pela barba. Eu não iria desistir, só precisava saber o que era necessário para ajudá-lo. Deixei-me cair no chão e olhei os livros sobre a Austrália e sobre a França que eu havia achado. Talvez eu conseguisse achar algo nos livros, levantei-me e andei até o escritório, procurei pelas placas douradas e pelos títulos escritos neles, eu fui tirando um atrás do outro e os amontoando no chão. Desci da escada pegando um último livro. Observei sua capa instigante, era um livro sobre sobrevivência na Selva. Respirei fundo e peguei todos, amontoando-os em uma pilha e me dirigi para a sala, ajoelhei-me deixando todos caírem e me sentei encostando no sofá, ouvi a respiração pesada do meu fantasma e abri o primeiro livro.***Babosa, Copaíba,
PV Marylin DarlinghtonOuvi um pequeno resmungo e me virei contra o chão duro dando de cara com os olhos azuis do fantasma, ele estava sentado me observando. Por que ele estava sentado? Levantei-me e observei sua perna que felizmente havia parado de sangrar, mas precisava ser limpa novamente. — Por que está tentando se levantar? Eu disse a você que precisa descansar e deixar essa perna imóvel — falei, pegando o cobertor do chão, eu não tinha ideia quando eu havia parado de ler e deixado o sono me levar, mas lembro que assim que eu tive certeza de que meu hóspede ressonava, não consegui mais ver motivos para continuar a leitura. — Você precisa ficar deitado — falei enquanto o observava forçar seus braços para levantar. — Você não está me entendendo? Precisa ficar deitado, se for lá fora sua perna continuará infeccionada, e você acabará morrendo — disse, observando-o ficar de pé e me encarar de cima, eu era alta, mas ele? Gigante, pelos menos uns 20cm a mais que eu. — Volte a se se