Capítulo 5

PV Marylin Darlinghton

Assim que saí do templo encontrei Ulisses encostado na moto, desci as escadas e parei em sua frente.

 — Agora irei te mostrar o restante da cidade.

***

Ulisses me mostrou toda a cidade de Atenas em quase três horas de passeio, paramos para comer, e fazer as compras para o almoço que sua esposa prepararia para nós.

Agora estávamos na última parada para irmos de volta a Pireu. Ulisses estacionou em frente a uma grande loja com belas vestimentas na vitrine.

 — Essa é a melhor loja de Atenas. Aqui há compra e venda de tecidos, assim como tem a melhor costureira da cidade.

Desci da moto carregando a sacola que continha a última parte da minha vida na Riviera Francesa.

Passei pela porta que Ulisses abriu para mim e no mesmo momento paralisei no lugar.

 — Divertido, não é?

 — Incrível seria a palavra certa.

Aquela loja era diferente de tudo que eu já tinha visto, tecidos circundavam as paredes, e o teto era de várias cores diferentes, não tinha começo nem fim, parecia uma grande loja de brinquedos, tinha manequins nus e vestidos com peças de roupas coloridas e chamativas que os destacavam e correntes e joias os completavam o look de cada manequim, móveis antigos por todo o espaço, trazendo um estilo vitoriano e elegante às peças de roupas e aos tecidos.

Era uma bagunça organizada, elegante e incrível.

 — Καλή μέρα μπορώ να σας βοηθήσω? (Bom dia,  posso ajudá-los?) —  Uma jovem morena, com olhos castanhos claros, vestida com um brilhante conjunto estampado apareceu carregando dois rolos de tecidos e parou em nossa frente sorrindo, falando no que eu acreditava ser um Grego incrível e que eu não entendia. Olhei para Ulisses, vendo-o sorrir e se dirigir à moça, respondendo.

 —  Ναι, φέραμε ένα ύφασμα και θα θέλαμε μια αξιολόγηση για αυτό. Και θα θέλαμε επίσης αν δεν σας πειράζει να μιλάτε στα Αγγλικά (Sim, trouxemos um tecido e gostaríamos de uma avaliação sobre ele. E gostaríamos também que caso não se importe fale em inglês.) — Apenas observei Ulisses.

 — Me deixe ver esse tecido. — Ela se virou para mim sorrindo e falando finalmente na minha língua. Entreguei a sacola em que eu segurava a última parte do meu terror.

Observei-a o sobrepor em cima da mesa de vidro rodeada de tecidos e observar cada mínimo detalhe e o acariciar como se fosse ouro.

Aquele vestido significava tudo menos algo valioso.

Respirei fundo e ignorei a dor que se formou em meu coração.

O rosto de William em minha mente, assim como suas palavras, sua mão em meu rosto, e suas costas quando ia embora.

Ele não me merecia, não merecia a minha liberdade, ele não me merecia.

Ignorei todos os pensamentos e observei o rosto da jovem se formar em uma pequena careta ao chegar à barra do vestido.

A barra do vestido já não era a mesma, depois da minha corrida e do pequeno salto que eu tinha dado para o barco de Ulisses.

 — É um belo vestido, mas essa barra, terá que ser toda refeita. Qual o estilista?

 — Lazaro Perez.

 — Tem certeza de que quer se desfazer? — Olhei para o vestido que nada poderia significar além de dor.

 — Absoluta.

 — Me dê alguns minutos, irei passar o vestido para minha mãe, ela irá dar a avaliação final, mas acredito que você conseguirá com ele uns 5.000 euros, e pode escolher umas roupas do nosso vestuário. Essa roupa sua está muito grande em você, fique à vontade, em alguns minutos já volto, e a propósito sou Isadora.

 — Mary. — Eu a vi andar para dentro por uma porta e olhei em volta da loja pensando em qual parte poderia começar. Ando em direção a um pequeno guarda-roupa móvel.

 — Escolha vestidos, saias, e blusas claras. Aqui não há muito tempo frio, apenas um calor extremamente quente — Ulisses falou, antes de andar para outro guarda-roupa móvel. — Posso te ajudar a escolher se quiser.

 — Eu aceito. — Olhei para os vestidos à minha frente e sorri. Aquilo era uma compra diferente para mim, era novo e até mesmo engraçado, as roupas que tinham ali eu nunca tivera. Eram delicadas, pouco chamativas, mais extremamente detalhadas, flores coloridas flutuavam entre as peças, assim como nuvens, coroas e desenhos diversos. Era como roupas de crianças mais em formato maior. Escolhi três vestidos das minhas cores favoritas. Azul, verde e vermelho.

Observei Ulisses que diferente de mim estava repleto de roupas em seus dois braços. Assim como suas mãos que estavam carregando sandálias gladiadoras.

Ele me entregou a sandália e pediu para eu calçar. Sentei-me em um dos sofás, e as calcei uma por uma, elas tinham ficado perfeitas.

Sorri para ele agradecendo.

 — Acho que você não precisa de mais nada.

Levantei-me ficando com uma das sandálias, os sapatos que eu usava eram dois números maiores que os meus, mas tinham tirado o meu pé do chão e naquela uma semana tinham sido perfeitos, mas nada como belas sandálias confortáveis e do tamanho exato.

Coloquei os três vestidos que gostei em cima da mesa de vidro onde antes continha meu vestido de noiva. E ajudei Ulisses a colocar as roupas que ele tinha pegado para mim, dobrei uma por uma.

 — Vejo que já escolheu as roupas. — Olhei para Isadora sorridente.  — Eu deixei seu vestido lá dentro, ele será desmontado hoje ainda, minha mãe está louca para montar um novo modelo, e parece que o tecido do seu vestido é perfeito para isso. Você quer se despedir dele?

 — Não. — Sorri em sua direção, com alívio.

 — Ótimo então, irei pegar uma bolsa para você pôr suas roupas, e irei pegar mais umas coisinhas que você irá precisar. Que número você veste? 38 ou 40?

 — 38 — respondi, e a observei sair sorridente e voltar minutos depois com duas bolsas, ela colocou uma por uma as roupas que eu escolhi na segunda bolsa de pano e em seguida me entregou as duas.

 — Coloquei o dinheiro aqui nessa bolsa junto com algumas roupas íntimas que espero que estejam do tamanho certo. Presente da minha mãe. Boa sorte e bem-vinda à Grécia Mary.

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