Miguel tinha tudo para ser alguém de prestígio. Tinha acabado de se formar em medicina com louvor, era carismático, e muito querido, até pretendia se casar com Malú a mulher por quem fora apaixonado durante toda a sua vida. Porém a inveja daqueles que o rodeia transformaram sua vida em um verdadeiro inferno. Ao sofrer um naufrágio proposital e ficar oito anos perdido em uma ilha deserta, tudo o que ele mais queria era vingar-se daqueles que o fizeram mal, mas a vingança é perigosa, ela corrói por dentro, afeta, castiga, amargura, e no final o sentimento de injustiça prevalece. Será Miguel capaz de passar por cima de sentimentos tão profundos? Será capaz de recomeçar com tantas marcas dessa traição? Poderá enfim viver a vida que lhe fora negada!? Ou será que nem mesmo o amor poderá tirar esses sentimentos de seu coração? Amor, ódio ou vingança, qual desses caminhos ele irá escolher!?
Ler maisLUCAS acordou naquela manhã, com uma dor no peito, toda aquela espera, todo aquele desprezo o deixou abalado. Ele não entendia o porquê ser deixado para trás, não entendia o porquê ninguém o amava como ele realmente merecia. Na mente de Lucas, ele que merecia toda a atenção, ele merecia que todos seus desejos e vontades fossem realizados, ele detestava quando era contrariado e quando as coisas não saíam ao seu modo.Lucas sabia que era frio, calculista, muitas das vezes era insensível, era inescrupuloso e um transgressor de regras sociais e morais. Ele sabia que passaria por cima de qualquer um para satisfazer seus interesses, Lucas não era louco, ele sabia exatamente o que fazia para atingir seus objetivos.Ele sabia que matar Miguel era necessário, que subornar o perito no barco também, sabia que roubar órgãos e vender no mercado negro er
MIGUEL estava em seu quarto, ele andava de um lado para o outro tentando montar um plano para que Lucas caísse, foi então que algo veio em sua mente, ele pegou o telefone. Mais do que nunca precisaria da ajuda de seus amigos para que seu plano desse certo.— Hospital San Josef, boa noite em que posso ajudar? — disse uma das recepcionistas ao telefone de uma forma simpática.— Boa noite, gostaria de falar com Doutor Juan Hernandez. — Miguel disse sem se preocupar em disfarçar a voz.— Quem gostaria? — ela perguntou, olhando no telefone o ramal da sala do Doutor.— Diga a ele que é um velho amigo, por favor!— Tudo bem. — Miguel escutou um suspiro pelo telefone. — Só um minuto irei fazer a transferência, aguarde na linha.— Ok.Depois de alguns minutos, uma voz familiar atend
Sooner or later the lights up aboveWill come down in circles and guide me to loveI don't know what's right for meI cannot see straightI've been here too long and I don't wanna wait for itChristina Aguilera, A Great Big World - Fall On MeMIGUEL estava com seu amigo João no jardim da casa de seus pais tomando sol, era de manhã; após o quase encontro com Malú, ele não saiu mais de casa. Dois meses então passaram voando e cada dia ele se esforçava para se recuperar porque ele queria mais que tudo voltar para ela, ser dela sem que nada mais impedisse.— O que está pensando, menino? — Dora se sentou ao lado e passou as mãos nas costas de Miguel, ele deitou a cabeça no ombro daquela senhora gentil, que ajudou sua mãe a criá-lo.— Malú. — disse apenas.<
— Miguel...MALÚ acordou sobressaltada, tinha sonhado com Miguel. Ele havia deixado um beijo carinhoso em sua cabeça e saído. Ela tinha que parar com isso, tinha que entender que a vida segue, que as coisas por mais que ela não queira mudam. Estava na hora de aceitar o fato de que Miguel morreu e não voltaria, por mais que isso a machucasse, ela precisava seguir em frente.Ela colocou o porta-retrato de Miguel no lugar, porém ainda o olhava com intensidade, sabia que nunca mais amaria ninguém. Miguel era especial para ela, ele era sua alma gêmea, era aquela pessoa que seria para sempre, e pensar em amar outra pessoa para ela, seria perda de tempo, pois ela nunca amaria alguém como amou Miguel.O amor pode ferir, mesmo quando ele cura, amar não é sobre querer amar alguém, e sim sobre saber os motivos que faz você amar aquela pessoa, amar é compreend
MIGUEL estava com uma pequena gaiola na mão. Estava esperando seu voo de volta finalmente para casa, ele estava inquieto e nervoso assim como seu amigo João que piava sem parar dentro da gaiola. Miguel levantou o pano que o cobria e o passarinho veio para perto dele.— Preciso que se acalme, amigo, nós vamos para a casa. — O passarinho se esfregava na grade da gaiola como um gatinho manhoso pedindo atenção de seu dono. — Você vai comigo na cabine, então se acalme, não irei te abandonar.— Acho que é agitação demais para ele. — Matias disse, sentando-se na cadeira ao lado de Miguel.— Também acho, ele está estressado. — Miguel abriu a portinha da gaiola e colocou a mão lá dentro. O João-de-barro mais que depressa subiu em sua mão e ajeitou-se nela dormindo em seguida.— Estou ven
LUCAS não se conformava em ser abandonado assim. Nenhuma ligação, nenhuma satisfação, nada! O silêncio o deixava furioso. Aqueles dias longe dos Alazar e com Malú expulsando-o constantemente do quarto de Maicon toda vez que ele entrava só o deixava muito irritado. Estava sentado em seu sofá com um copo de uísque na mão, seus pensamentos fervilhavam. Após tomar o último gole da bebida, ele jogou o copo contra a parede levando as mãos à cabeça e sentindo as lágrimas queimarem seus olhos.— Por quê? Por que fazem isso comigo? — perguntou aflito e cheio de mágoa. — Nunca os tratei mal, nem os desprezei, eles são minha família, por que me deixaram para trás?Lucas se levantou com uma nas mãos na cabeça e a outra na cintura, começou a andar de um lado para o outro, tentava
— Eu sinto muito. — disse o médico retirando a touca cirúrgica da cabeça.— Não ouse usar esse tom comigo, doutor! — Josiane disse com os olhos cheios de lágrimas. — Não diga que meu filho não resistiu.— Calme, Senhora Josiane, não disse isso.— Então ande, diga logo o que aconteceu. — ela pediu num tom alto pelo nervosismo.— Durante a cirurgia, tivemos uma complicação. Miguel poderá ter sequelas graves e irreversíveis, mas só saberemos quando ele acordar.— Meu Deus! Isso não pode acontecer — Josiane disse chorando.— O que poderá acontecer com ele? — Tony disse aflito, embora tivesse uma leve suspeita de qual seria essa sequela permanente.— Miguel pode ter a função motora afetada, pode ficar cego, ou ter algum
FALCÃO estava cansado, seu corpo pedia cama, mas ele tinha ainda que passar pelo hospital para visitar Malú e Maicon. Já fazia duas semanas que o garoto estava hospitalizado por causa da dengue hemorrágica. Malú havia tirado uma licença para cuidar dele, então sua vida se transformou em trabalho atrás de trabalho, afinal, ele tinha que dar conta do serviço da parceira também.Assim que chegou ao hospital, Falcão foi direto no quarto de Maicon, o garoto estava dormindo e ao seu lado Malú estava descansando, toda torta em uma cadeira.Falcão sorriu, sabia que Maicon era tudo para a amiga, ele tinha por ela um apreço muito grande, nunca teve filhos, mas dizia a todos que Malú era como uma filha para ele. Seu carinho pela moça e por aquele menino enchia seu coração de puro amor.Suspirou ao lembrar-se de Miguel, aquele rapaz est
MIGUEL estava sentado no jardim nos fundos da casa de Matias, o sol do início da manhã estava convidativo e quente. Por mais que o rapaz tentasse desviar seus pensamentos do que perdeu, ele não conseguia. Bastava fechar os olhos que ele via o filho sorridente com Malú, estava louco para voltar para casa e enfim poder ser feliz ao lado daqueles que amava.Saber da existência de um filho deixou Miguel em êxtase, já se imaginava jogando futebol, empinando pipa, levando-o em um jogo de futebol e ensinando tudo para o garoto. Sentiu-se feliz com o pensamento.Pensou em Malú e tudo que ela passou, seu coração se aqueceu novamente, seus planos já estavam traçados, assim que ele voltasse a procuraria, casaria com ela e teria seu feliz para sempre, depois disso ele se preocuparia com coisas como Lucas e todo o resto.A noite anterior só o fez ter certeza de que apesar d