Lady Jane Hartford, aos 17 anos, tem tudo, mas ainda não parece ter o suficiente. Sendo filha um juiz muito prestígio, ela está acostumada a evitar chamar atenção, mas tampouco gosta ter que ficar calada e por isso vez em quando discute rapazes como o instigante sr. Hawkins. Quando algo terrível acontece à irmã, ela decide que precisa fazer algo a respeito e toma para si um pseudônimo unissex para publicar suas reclamações: Jude; o que lhe confere certa visibilidade, mas, para o azar dela, não demora muito para que todos fiquem interessados em descobrir a identidade do tal polêmico escritor. Jude & Jane é uma celebração do amor em todos os sentidos. Amor romântico, fraterno e próprio; amor ao conhecimento, à luta e à coragem para dizer aquilo que se sente que deve ser dito.
Ler maisLord Hartford tirou os óculos de leitura e escaneou a sala. Todos os olhos estavam fixos nele com grande expectativa e cada um tinha um diferente tom, que ele tentou ao máximo decifrar.– Antes que vás, Jane...Ela deu meia-volta.– Sim, meu pai?Lord Hartford deu a volta em sua escrivaninha.Jane observou-o pacientemente até que ele parasse ao seu lado.– Há algo que sempre me perguntei... – ele disse. – Por que não escolheste outro sobrenome?Jane inclinou a cabeça por um instante.Tanto tempo já havia se passado desde que o mundo descobrira sua identidade. Sequer imaginava que o pai ainda pensava nisso.– Decerto é um sobrenome comum, – Lord Hartford continuou –, mas, ainda assim... Foi uma escolha ousada mantê-lo se teu objetivo era permanecer em anonimato, não?Jane sorriu com ternura.
Lord Hartford tirou os óculos de leitura e escaneou a sala. Todos os olhos estavam fixos nele com grande expectativa e cada um tinha um diferente tom, que ele tentou ao máximo decifrar.Primeiro, reconheceu os de Henry Bentley no meio; olhos amigáveis, mas amedrontados. Ao redor dele, um grupo de olhares esperançosos de pessoas que volta e meia davam-lhe um tapinha nas costas, oferecendo algum conforto. O sr. Hawkins também estava perto dele e de um rapaz magrelo que ele nunca havia conhecido. Os dois mordiam os lábios incessantemente.No canto próximo à porta, um grupo de moças dava as mãos e engolia em seco, fechando os olhos por breves momentos como se estivessem em uma conversa silenciosa com Deus.Devido à distância, ele não podia ter certeza, mas parecia que suas filhas estavam entre elas, num forte e ansioso abraço.Na fileira da frente, ele pôde
Eleanor Bentley observou Jane Hartford. Então, olhou para Edmund Hawkins. A amiga e ela haviam acabado de ouvir Lord Hartford dizendo a ele que nunca mais aparecesse na Mansão Bridgewood novamente e ela não conseguia decidir se ficava ali com Jane ou deixava os dois a sós. Ela os encarou mais uma vez. As sobrancelhas de Edmund estavam quase unidas e os lábios de Jane torcidos. Talvez fosse melhor não presenciar a discussão mesmo. –Jane, eu...–ele caminhou na direção delas. –Deixarei que os dois conversem–disse Eleanor antes de dar um apressado abraço em Jane. Assim que Eleanor se afastou o suficiente, Ed parou de frente para Jane e murmurou seu nome outra vez. –Eu não acredito que fizeste isso–sibilou ela. Edmund pensou que ela gritaria com ele, mas ela apenas sussurrava e isso partiu o seu coração. –A única coisa que pedi que não fizesses...&nb
Edmund agora tinha absoluta certeza de sua teoria. Os crimes de Sutton haviam sido perdoados e ele fora libertado da prisão para realizar o plano. Afinal, Murray e os outros precisavam de um profissional, alguém que não os mataria acidentalmente. Após o ataque, o sniper, então, tivera ajuda para escapar do país, como haviam concordado previamente. A colaboração de Sutton na investigação da corrupção nada fora além de uma história inventada para acobertá-los, o que promoveu a popularidade deles entre as pessoas comuns. O objetivo principal do esquema era, desde o começo, dividir a oposição e aumentar seus poderes a partir de uma guerra ao medo que eles mesmos criaram. Ed não podia mais suportar não fazer nada. Jane havia enchido a mente dele com a ideia de fazer a diferençade verdade, pois não sabia que os dois interpretavam essa frase de maneira bem diferente. Ed tentou não quebrar sua promessa e por isso não mencionou nem Jane nem Jude para Lord Hartfo
–Eu sinto muito, sr. Hawkins–disse Lady Hartford tomando um gole de chá.–Era realmente uma emergência. Do contrário, ele teria tido ao menos a cortesia de cancelar a aula. Peço que o senhor o perdoe, pois ele tem muitas preocupações agora com o julgamento tão próximo...Edmund sorriu educadamente.–Eu entendo, Lady Hartford–ele garantiu.–Nem consigo imaginar a pressão que ele deve estar sofrendo desde que o caso chegou ao Tribunal Supremo... Não se fala em outra coisa.–De fato–ela pausou.–Estou bastante surpresa com a maneira como ele tem lidado com isso. Aparenta estar muito paciente quando as pessoas o perguntam sobre, mas Deus sabe o quanto tem perdido o sono como todos os outros! Eu tento acalmá-lo, mas admito que não estou muito melh
A resistência era tímida no começo, mas sua determinação e a união rapidamente a levaram a outro patamar. Philip Millman se sentia culpado por vender o Jornal do Amanhã, então doou todo o lucro da venda para o novo projeto de Thomas Harvey e Henry Bentley: A Voz do Povo, uma revista semanal que informava e atraía as pessoas para as reuniões das quais Murray falava tão mal. Ela dependia principalmente de doações, era impressa no porão de Henry e muitos dos colunistas eram convidados regulares nos jantares, que nem sequer eram pagos para escrever. Georgie teve de aceitar um emprego como garçonete na Casa de Chá de Grace Brown para ajudar Jane com as contas; Eleanor começou a consertar vestidos de amigas para permitir que Peter continuasse a escrever para a revista; e entre os trabalhos da universidade, seu trabalho numa loja de sapatos e suas aulas com Lord Hartford, Edmund ainda conseguia arranjar um tempinho para ajudar a distribuir a revista com Tom, Henry e
No começo, Jane pensou que Arthur estivera exagerando, mas a casa dos Bentley realmente estava um pandemônio. Aparentemente, quase todas as pessoas que já haviam comparecido aos jantares estava lá e cada uma delas tinha uma opinião diferente de como deveriam prosseguir no momento de crise. Alguns argumentavam que este era um momento para se ter paciência, para observar cuidadosamente os passos dos adversários e se preparar para retaliação. Outros acreditavam que esperar era muito perigoso e que esta era a única chance que teriam de revidar. Peter Langley estava entre os últimos e acreditava firmemente que todos estariam condenados se não agissem imediatamente, mas Thomas Harvey discordava. –Pensa bem–Tom tentou explicar mais uma vez.–Isto é exatamente o que eles querem. O povo está tomado pelo medo. Por mais que esse governo seja instável, ninguém quer voltar para a instabilidade que imperava durante o fim da Monarquia. Não tería
Ed estava verdadeiramente agradecido pela oportunidade que Jane havia proporcionado a ele. Lord Hartford estava ensinando-lhe coisas que ele jamais aspirara aprender e era claramente um privilégio compartilhar de seu conhecimento. As aulas aconteciam na mansão Bridgewood e era realmente difícil para ele olhar a pintura de Jane no corredor que levava ao escritório e não desejar que pudesse mencioná-la. Ou quando conversava com a sorridente Lady Hartford, cuja bondade lembrava-o tanto dela. Ou mesmo quando via o pequeno Charles correndo pelos jardins com a mesma energia que ela possuía sempre que tinha uma pena na mão direita. Ele queria falar com Lord Hartford sobre ela, queria consertar as coisas como uma maneira apropriada de agradecer a ela por tudo que havia feito por ele, mas sempre que sugeria isto, ela o interrompia. Jane achava que o pai ficaria furioso a ponto de pôr um fim na pupilagem de Edmund. Não valeria à pena. Ed tinha a chance de estar em uma
Devia ser mesmo coisa do destino. Quais eram as chances de ver o homem sobre o qual ela estava escrevendo há poucos instantes passar pela janela da Casa de Chá no exato momento em que ela levantara a cabeça para olhar através dela? Ela até tentou, por alguns segundos, dizer a si mesma que ele parecia estar com pressa, mas a vozinha em sua mente dizendo que aquilo não podia ser coincidência logo a convenceu a ir atrás dele e então ela correu pela rua movimentada até alcançá-lo. –Edmund! Ele deu a volta e sorriu ao vê-la. –Que bom encontrá-lo, quanto tempo...–disse ela, imediatamente se arrependendo, pois não havia tanto tempo assim. –Sim, que bom! Nossa... Não a vejo desde a peça e, bem, pensei que a veria com mais frequência agora que tua amiga está noiva do meu amigo. Infelizmente, continua sendo só o casal e eu... a dois metros de distância deles–ele deu de ombros, fazendo-a dar uma risadinha. –