Eleanor Bentley observou Jane Hartford. Então, olhou para Edmund Hawkins.
A amiga e ela haviam acabado de ouvir Lord Hartford dizendo a ele que nunca mais aparecesse na Mansão Bridgewood novamente e ela não conseguia decidir se ficava ali com Jane ou deixava os dois a sós.
Ela os encarou mais uma vez.
As sobrancelhas de Edmund estavam quase unidas e os lábios de Jane torcidos.
Talvez fosse melhor não presenciar a discussão mesmo.
– Jane, eu... – ele caminhou na direção delas.
– Deixarei que os dois conversem – disse Eleanor antes de dar um apressado abraço em Jane.
Assim que Eleanor se afastou o suficiente, Ed parou de frente para Jane e murmurou seu nome outra vez.
– Eu não acredito que fizeste isso – sibilou ela.
Edmund pensou que ela gritaria com ele, mas ela apenas sussurrava e isso partiu o seu coração.
– A única coisa que pedi que não fizesses...&nb
Lord Hartford tirou os óculos de leitura e escaneou a sala. Todos os olhos estavam fixos nele com grande expectativa e cada um tinha um diferente tom, que ele tentou ao máximo decifrar.Primeiro, reconheceu os de Henry Bentley no meio; olhos amigáveis, mas amedrontados. Ao redor dele, um grupo de olhares esperançosos de pessoas que volta e meia davam-lhe um tapinha nas costas, oferecendo algum conforto. O sr. Hawkins também estava perto dele e de um rapaz magrelo que ele nunca havia conhecido. Os dois mordiam os lábios incessantemente.No canto próximo à porta, um grupo de moças dava as mãos e engolia em seco, fechando os olhos por breves momentos como se estivessem em uma conversa silenciosa com Deus.Devido à distância, ele não podia ter certeza, mas parecia que suas filhas estavam entre elas, num forte e ansioso abraço.Na fileira da frente, ele pôde
Lord Hartford tirou os óculos de leitura e escaneou a sala. Todos os olhos estavam fixos nele com grande expectativa e cada um tinha um diferente tom, que ele tentou ao máximo decifrar.– Antes que vás, Jane...Ela deu meia-volta.– Sim, meu pai?Lord Hartford deu a volta em sua escrivaninha.Jane observou-o pacientemente até que ele parasse ao seu lado.– Há algo que sempre me perguntei... – ele disse. – Por que não escolheste outro sobrenome?Jane inclinou a cabeça por um instante.Tanto tempo já havia se passado desde que o mundo descobrira sua identidade. Sequer imaginava que o pai ainda pensava nisso.– Decerto é um sobrenome comum, – Lord Hartford continuou –, mas, ainda assim... Foi uma escolha ousada mantê-lo se teu objetivo era permanecer em anonimato, não?Jane sorriu com ternura.
Quando a primeira edição do primeiro livro de Jude Hartford foi publicado, houve uma considerável instabilidade entre os membros da classe intelectual, mas foi somente depois que políticos insatisfeitos decidiram investigar "o tal autor" queelase tornou realmente famosa, fosse para o bem ou para o mal. Se você perguntasse a opinião de qualquer um sobre Jude Hartford a esta altura, ouviria uma variedade de teorias escandalosas. Até mesmo aqueles que simpatizavam com suas ideias acreditavam que ela era uma mulher de vinte anos que deveria ter, no mínimo, destruído um ou dois casamentos, trazido vergonha à família por fugir e provavelmente perturbado homens respeitáveis com seu falatório constante. Ela não negava este último. A verdade, porém, podia ser decepcionante para aqueles que tão avidamente admiravam seu espírito selvagem e possivelmente para aqueles que tentavam envergonhá-la pelo mesmo motivo. Para entendê-la completamente, era nec
Quando Jane chegou em casa, recebeu maravilhosas notícias. Ge havia aceitado se casar com Lord Benjamin Lockhart e a sua mãe havia convidado-o para jantar logo após o pedido para celebrar a união dos dois. Jane estava ciente de que os sentimentos de sua irmã pelo rapaz eram bastante agradáveis, tanto que estava disposta a esquecer sua própria desconfiança em relação a ele. As garotas Hartford sempre foram muito protetoras entre si, então, talvez, o problema fosse apenas esse e Lockhart não fosse nada menos que um bom homem. Ele aparentou, de fato, ter Georgie na mais alta estima. Seu sorriso – naquele dia em particular – era sincero o suficiente para aparecer sempre que ele a encarava. Estava claro que ele estava radiante diante da resposta de sua amada. Todas as pessoas naquele cômodo–incluindo o menino de dez anos, Charles–ficaram convencidas de que aquela seria uma união para a vida toda. –Haverá muito amor nesta cerim
Jane presenciou muitos jantares na casa do sr. Bentley nos seis meses que se seguiram ao pedido de noivado de Georgie, bem como o rapaz que ela conheceu na outra noite, mas, por mera coincidência, ela nunca estava lá quando ele estava e vice-versa. Felizmente, isso não fez muita falta à Jane. Ela até o procurou algumas vezes, mas encontrar um homem com quem podia discordar não era grande desafio para ela, afinal – ainda que a discussão raramente fosse tão interessante quanto a que tivera com o sr. Hawkins. – De vez em quando, ela encontrava alguém que a distraísse e, em um dia em particular, ficou entretida o suficiente para não escutar o que o sr. Bentley dizia a um homem baixinho próximo a ela. –Metade de seus funcionários?–perguntou o sr. Bentley estupefato.–Em apenas cinco meses? –Sim!–confirmou o homem enquanto mexia no bigode.–Desde que essa porcaria de guerra começou, todos esses jovenzinhos e
Havia precisamente dois anos desde que a Guerra fora declarada. O país estava como um caldeirão fervente prestes a desmoronar e Jane Hartford, agora com 19 anos, passara todo este tempo trabalhando entre pessoas que não tinham vergonha alguma de condenar o rei e reclamar dos impostos, da fome e da falta de um propósito real por trás daquela Guerra. Protestos explodiam por todo o país, centenas de livros eram publicados e, todos os dias, um homem famoso e irritado mandava outro homem famoso e irritado calar a boca pelos jornais. Todos estavam resistindo e dizendo algo sobre a situação, então Jane decidiu que já estava mais do que na hora de fazer o mesmo. Já que ela sempre pensara que suas palavras soavam melhor escritas do que faladas, ela estava convencida de que escrever um livro era a maneira mais esperta de fazer isto – sem contar, é claro, que seu pai teria um ataque cardíaco se ela começasse a discursar em banquetes, ou pior, protestos de rua. Tal ideia deveria
–Estou infeliz com a situação dela, minha senhora–disse Lord Hartford.–Eu penso, sim, que Lockhart é um covarde por tratar nossa amável filha assim, mas... –Mas o quê?–sua esposa interrompeu com olhos flamejantes.–Não acabamos de ouvir a mesma conversa? Jane disse que tua filha mais velha está tão descontente que mal consegue fingir um sorriso ou se concentrar em qualquer coisa por muito tempo. Ele a observou, atônito. A respiração dela estava pesada; os olhos estavam vermelhos e arregalados; seus pés tocavam no chão tão ruidosamente quanto podiam quando ela dava voltas no cômodo. Ele nunca a vira tão alterada. –És o pai dela!–Lady Hartford continuou.–O mínimo que deverias fazer é ficar ao lado dela. –Georgiana, meu amor,–ele andou em sua direção e pôs uma mão em suas costas–, eu sempre estou ao lado dela. Eu jamais disse que ele está cert
"Onovogoverno é, em conclusão, apenas uma nova forma de deixar as coisasantigas," Edmund leu em voz alta para seus amigos da turma de direito. Ele suspirou. –Eu disse que esse tal de Hartford era bom!–disse um rapaz magricela sentado ao lado dele. –Peter,–respondeu Edmund–, estás sendo injusto em classificá-lo como bom. O homem é um gênio! Estou até pensando em citá-lo na minha próxima redação... Peter rapidamente arrancou o jornal de suas mãos. –Não te atrevas! Nem sequer terias ouvido falar dele se não fosse por mim. As frases eloquentes dele vão garantir asminhasboas notas. Edmund deu de ombros. –Não é como se eu precisasse mesmo... Os rapazes reviraram os olhos e o pequeno Peter tentou dar um soco no braço de Edmund, o que só causou uma risada de todo o grupo. –Juro por Deus, Hawkins,–&n