História e estória, dramas e comédias, realidade e ficção são os ingredientes básicos que compõem este compêndio. Através da história tenta-se mostrar o acontecido há séculos atrás, ilustrando fatos reais e fictícios que se desenvolveram no decorrer de várias etapas e tempos. E na estória, procura-se ilustrar o que poderia ou não ter acontecido com as suas diversas personagens. Misturando fatos reais com doses de humor e ou de dramas, tenta-se transmitir mensagens sutis e úteis. De um modo alegre, história e estória se misturam, formando um documentário diferente do normalmente contado, narrado e encenado. Dramas aqui mostrados, assim como as comédias, são, na maioria das vezes, fatos reais vividos pelas diversas personagens, às quais, pelo motivo de muitas delas ainda existirem, nomes datas e locais são fictícios, preservando assim a sua identidade. Mostrar, através de um imigrante italiano toda uma trajetória de alegrias e tristezas é também homenagear a todos os imigrantes que para cá vieram no início do século vinte e que muito contribuíram para o nosso desenvolvimento e que, de certa forma não viveram situações muito diferentes daquelas aqui expostas. Realidade e ficção buscam mostrar o quanto alguém pode fazer para se atingir determinado objetivo. Partindo da realidade nua e crua, muitas vezes covardes e insensatas, capazes de atingir seres inocentes que nada fizeram por merecê-la, buscou-se na ficção, o que poderia e pode ainda acontecer. Sem cunhos religiosos, preconceituosos ou maldosos, tenta-se chamar a atenção do leitor para fatos do dia a dia tão comum entre nós que simplesmente nos passam despercebidos. Esta ficção nada mais é do que a vontade do ser humano em ver suas sementes em situações melhores que as suas próprias, o infindável progresso a que nos dedicamos e à urgente necessidade de se cuidar dos nossos bens mais preciosos.
Ler maisCapítulo XXEpílogoRepresentantes de quatro gerações brindavam com o néctar dos deuses. Em Vulpecula, numa área de duzentos e sessenta e oito graus quadrados do hemisfério norte, Giuseppe, Mário, Alduino e José observavam aquele pequeno ponto azul no espaço sideral a milhões de anos luz de onde estavam. A grande corrente por eles formada desde muito antes do velho Giuseppe, atingia agora seu clímax na pessoa de Mário Scucciatto II, fazendo o eufórico José brilhar como se uma estrela fosse naquele longínquo espaço do universo.Referência a todos os mundos habitados pela enorme Via Láctea, o planeta Terra se destacava e nele se espelhavam habitantes vindos de todos os outros mundos nas suas mais diferentes formas e culturas, todos a saudar o cientista que a isso t
Capítulo XIXMário Scucciatto II – o homemRuas vazias e brancas devido ao acúmulo de neve, árvores secas e sem aves e uma densa nuvem esbranquiçada lembrando o “fog” inglês era tudo o que se podia ver da escotilha do avião que, com dificuldades, pousava no aeroporto de Estocolmo, capital da Suécia. No seu ventre trazia um senhor oriundo de lugares quentes, nada acostumado ao frio dos invernos europeus. Isso justificava o uso de um chapéu, luvas de couro e muita roupa sob o pesado sobretudo.Mário Scucciatto apresentava seu passaporte às autoridades suecas como cientista convidado ao importante evento que em breve se realizaria no Stockholm Konserthuset na cidade de Oslo. Era início de dezembro e também início da estação mais fria da Europa. Um rápido e pos
Capítulo XVIIIMário Scucciatto II – o cientistaA universidade de São Paulo promovia a colação de grau dos seus formandos em biologia. Cumprimentado por colegas, calouros, irmãos, parentes, mestres, Ph-ds de diversas áreas e renomados cientistas, Mário Scucciatto recebia, com todos os méritos, a premiação da sua mais recente conquista. Era agora um biólogo e agradecia mentalmente o incentivo que José lhe havia dado anos atrás. O seu juramento o conduziria para a reconstrução do planeta, da melhoria na qualidade de vida dos seres humanos e na preservação das espécies.Preocupados com a evolução da degradação do planeta, um grupo de jovens estudantes de biologia e de outras áreas da Universidade de São Paulo, liderado por Mário Scucciatto, formou uma competente eq
Capítulo XVIIMário Scucciatto II – o adolescenteMeu filho. Muitos foram os motivos que me levaram a tomar a atitude de não mais ficar com você. Mas ainda tenho muitas dúvidas sobre muita coisa e quem sabe um dia você possa me ajudar a esclarecê-las, sejam elas quais forem. Duvido que sua mãe lhe fale ou mesmo lhe mostre alguma coisa sobre isso, mas outras pessoas também têm este relato e um dia você vai poder saber dele. Quero que ao lê-lo, você saiba a verdade de tudo e possa fazer seu próprio julgamento.Conheci sua mãe e seus irmãos no final de mil novecentos e noventa e seis. Eles me contavam horrores sobre o pai, o Calderon, ex-marido da sua mãe e aos poucos foram me convencendo a acreditar em tudo o que falavam.
Capítulo XVIMário Scucciatto II – a criançaRobusto, cabeludo e simpático era como todos viam aquela criança. Cercada de carinho e de toda atenção que os pais, avós, tios, irmãos e amigos lhe destinavam, Marinho foi se desenvolvendo ao longo do tempo de forma saudável e com muita felicidade. Num supermercado o pai lhe comprou seus primeiros presentes e o menino nunca mais parou de recebê-los, dos pais, irmãos, parentes e amigos. Aquele pequeno ser era a estrela da família e também de toda vizinhança da vila Assunção.Ainda no hospital, horas após seu nascimento, ao observá-lo no berçário, José sentiu uma estranha sensação. Era a mesma sensação que teve ao retornar de uma visita ao túmulo do pai numa data específica, quando algo lhe dizia que o menino ainda por nascer deveria se chamar Mário Sc
Capítulo XVO “diário” de JoséDesde o regresso de José no dia quatorze de novembro de dois mil e seis, passou ele por diversas situações entristecedoras. Foi o segundo natal consecutivo sem a presença do filho. O primeiro motivou-se pela morte de dona Herminda, exatamente na véspera. Foi o primeiro fim de ano sem abraçá-lo, o primeiro carnaval sem lhe dar um pouco de atenção nas brincadeiras, nos passeios ao zoológico e nas andanças de bicicleta. Foi também o primeiro aniversário que José não recebia o carinho do filho. E também a primeira páscoa sem lhe dar um ovo. A tristeza de José se refletia nos seus escritos:16/11/06 – Querido filho. Não sei se você já sabe do que realmente aconteceu. Talvez sua mãe lhe fale, ou não. Saiba que fui obrigado a i
Capítulo XIVO regressoSanto André foi para José um misto de alegria e preocupação. Ele temia a mudança de profissão, mas encarava o fato de frente e, mesmo sem nada saber sobre a matéria, frequentou simultaneamente os cursos de hardware um e dois em Santos, onde ficou hospedado num hotel barato, conforme suas possibilidades. Depois frequentou em São Paulo cursos sobre monitores, notebooks e impressoras e novamente em Santos sobre redes e cabeamentos. Em pouco tempo já consertava diversos equipamentos e máquinas, mesmo antes de inaugurar a loja cuja reforma se arrastava devido à falta de dinheiro.Este crescimento profissional de José era o que o alegrava, mesmo porque nunca havia se dado mal em qualquer profissão que abraçasse. Sua enorme vontade pelo saber e pelo conhecimento fazia com que se entr
Capítulo XIIIA grande decepçãoSexta-feira vinte e nove de novembro de dois mil e um. José chegou na capital paranaense no período da tarde e rumou para o bairro de Santa Cândida, onde havia comprado uma residência num condomínio fechado. No dia primeiro de dezembro deveria assumir o controle da loja adquirida na capital e aproveitaria o fim de semana para arrumá-la. Para tal trouxe na bagagem uma vasta quantidade de produtos e equipamentos que formariam o ativo da nova empresa.Um mês antes José e Lucrecia dividiram tarefas. Ele permaneceu em Santo André providenciando a venda da loja, enquanto ela promovia a compra de outra e também da casa de Santa Cândida. Um terreno que o casal havia comprado numa cidade vizinha, Araucária, também teve sua venda confiada a
Capítulo XIILucrecia PereiraO final da década de noventa originou uma nova etapa de vida para José. Mais precisamente pelo fim do ano de mil novecentos e noventa e seis. Nesse tempo José conheceu Lucrecia Pereira e seus dois filhos.José Scucciatto, assim como o pai e o avô, não era pessoa apegada a religiões. Mas nessa época estava passando por alguma dificuldade financeira e amigos o convenceram a frequentar reuniões num centro Kardecista. Foi numa dessas reuniões que se deparou com Lucrecia e, com ela mais os filhos, passou a manter certos e cada vez mais e constantes encontros. Conheceu seus familiares e tudo tomou um rumo bem mais sério que os eventuais encontros.Lucrecia Pereira vinha de um casamento, segundo el