A Sobrevivente

A SobreviventePT

Romance
Carol Catalani  concluído
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Resumo
Índice

Para mim, a dor física e a forma que encontrei de superar a dor da alma. Ela é inferior a dor que sinto dentro de mim. Essas são as palavras que eu venho repetindo para mim mesma, como um mantra, durante toda a minha adolescência. Meu nome é Mellany, Mell para os íntimos. Eu sou depressiva. E me corto. A automutilação foi a forma que encontrei para ignora a dor que sinto. Uma dor que não é física. A minha vida se resume em ficar no meu quarto. Dese que esses sentimentos me invadiram eu penso muito. Olho para a lâmina enquanto estou lá sozinha e penso que ela é minha única amiga. A única que realmente se importa. As coisas são bem confusas, mas eu tento relevar Eu tenho as amigas da escola, elas tentam ajudar mas não é o suficiente. Esse é o resumo da minha vida, sofrimento e dor e então...mais dor. As vezes luto contra o desejo de morrer. As vezes não.

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Pânico
Existem muitas formas de morrer, umas ruins, outras nem tanto. Mas a sensação que estou sentindo nesse momento, com certeza é pior do que a morte.Minhas mãos estão quentes, assim como as minhas orelhas.Um choque corre a minha espinha, um nó se forma na garganta e não importa o quanto eu queira falar, nada sai. Eu só choro, e tem essa coisa rasgando o peito por dentro como se fosse me engolir. Dá dor de barriga, dor de cabeça, vontade de vomitar, meu corpo todo fica tremendo, eu quero fugir, mas ao mesmo tempo quero só ficar no mesmo lugar. Penso em me abrir com alguém, ao mesmo tempo que pondero suicídio. Porque qualquer um que cruzou a linha da automutilação tem tendencias suicidas, é preocupante quando se chega a esse estado. Isso é o que o meu psiquiatra diz. E tem os casos de terror noturno, insônia, ansiedade gerada pela depressão, síndrome do pânico, irritação, nada que eu faço parece bom o suficiente, nada que eu gosto de fazer parece a mesma coisa, tudo
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Tentativa e erro
Meus pais até tentavam, mas não conseguiam mudar. Cada vez erravam mais. Não entendiam como uma garota de quinze anos que tem tudo o que alguém gostaria na vida, pode ser depressiva.Eu explico. Celular bom, roupa boa, boa comida ou uma casa grande não suprem a falta que uma mãe e um pai fazem. Além de Brian, eu só tinha uma pessoa que me entendia de verdade. Tia Lili. Mas ela se foi. Meu irmão até tenta suprir o que ela fazia, mas é impossível para ele. A primeira vez que tentei suicídio foi após a morte dela.Eu estava na minha casa. Não faz muito tempo, foram apenas três anos atrás.Ela vinha definhando, vítima de uma doença, não sei qual, e particularmente nunca me interessei em saber. Eu tinha nove anos quando ela adoeceu. Lutou por muito tempo contra a doença, mas perdeu. Quando comecei a fi
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Bullying
Cheguei alegremente na escola, queria contar a novidade a Bia. Finalmente eu havia conseguido que contratassem a mãe dela. Mas Bia não apareceu. Então decidi que na volta passaria na casa dela. Passei pelo pátio e os professores ainda não haviam ido para as salas, me sentei e então Sue e suas comparsas  vieram na minha direção.- Oi perdedora! Soube que você tentou suicídio de novo. - Isso não é da sua conta.- Triste isso. Como assim, você tentou suicídio?...E não conseguiu?- Me deixa em paz Sue.- É divertido tirar a sua paz.Ignorei, me levantei e saí andando. Corri até o banheiro e fechei a porta. Elas vieram atrás de mim. Eu me tranquei em uma das cabines.- Eu sei que você está aí, não adianta se esconder.- Me deixa, por favor!- Pare de choramingar! Maluca!- Vá embora!- Sabe como mostramos a um maluco que ele é maluco? Expondo a loucura dele para os outros. Isso é para o seu próprio bem Mellany.
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Mudança de ares
Quando meu pai foi embora, não demorou muito para que minha tia me levasse para morar com ela na Áustria. A separação foi difícil. Eu tinha apenas doze anos, mas mesmo tão jovem vi aquilo como uma oportunidade de cuidar da minha mãe e das gêmeas. Meu pai não havia sequer registrado as meninas. E elas já tinham oito anos quando ele se foi! Fiz o que pude, mas então minha tia se casou, e mesmo eu tendo um trabalho, eu me sentia um intruso na casa dela. O marido dela nunca me tratou mal, até porque minha tia não permitiria, mas eu notava que ele não me queria lá. A gota d'água para mim foi ouvir uma conversa dele com a minha tia.Eu cheguei do trabalho alguns minutos mais cedo, eles não me esperavam.- Ele nem ao menos é seu filho!- Mas é filho do meu irmão!- Se nem seu irmão quis ficar com ele, por que eu teria obrigação?- Chega, não quero mais falar desse assunto. Se você me ama, tem que aceitar o Théo, porque ele não vai embora...Eu entrei, ele sa
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Dia difícil
Cheguei na escola junto com Théo e Bia. Ele precisou comparecer a secretaria e então eu fui para a sala com Bia. No caminho fomos interceptadas por Sue.Ela me jogou contra a parede e apertou meu pescoço com o braço. Bia foi segurada pelas outras duas.- Acha que você e o novato vão se safar? Não vai demorar para terminar a minha detenção e eu pego os dois! Sua louca. Demente!- Me deixa em paz! Só o que eu quero é que me deixe em paz!- Ain ela quer que a deixemos em paz...o que acham meninas?-Hahahahah!Ela me soltou e eu olhei Bia nos olhos. Então corri para o banheiro. Me tranquei em uma das cabines. Eu podia sentir a crise de pânico vindo.Era uma sensação conhecida. Era horrível. Esqueci de tudo e todos. Era inesplicável o que eu sentia. Minhas mãos suavam, minha pele esquentava. Tontura, enjoos. Só queria sumir, apodrecer em algum canto escuro. Melhor, queria nunca ter existido. Nunca ter nascido. Olhava ao meu
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Um porto seguro
Nunca imaginei que aquela tristeza no olhar de Mell, fosse depressão. Nem mesmo as tentativas de suicídio. Os cortes. Quando Bia me contou, me senti um idiota, por não ter notado antes. Eu tinha que ajudar Mell. Eu ainda não sabia como, mas eu iria fazer. Mas o que eu seria capaz de fazer a mais do que Bia, que a conhecia há tantos anos?Eu não sabia. Mas nada me impediria de tentar descobrir. Eu precisava fazer isso. Porque Mell era uma pessoa boa e merecia ser feliz. E porque eu estava apaixonado por ela.Sim. Eu mal conhecia Mellany e já estava apaixonado. Eu não podia imaginar o mundo sem ela. E não podia permitir que ela se removesse do mundo.Bia disse que ela não iria me aceitar. Que o ex dela era atencioso no início e depois apenas a magoou mais. Eu não seria assim. Mas como provar isso a ela?Mell não foi a escola na sexta, na saída comprei flores e fui até a casa dela. Minha mãe foi quem abriu a porta.- Oi mãe. Como está Mell?- Ela não s
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Explosão de sentimentos
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Equipe de rua
A noite ao lado dela foi perfeita. Namoramos e olhamos as estrelas. A companhia dela era maravilhosa.Na semana seguinte voltamos ao encontro, e Mell estava cada dia mais interessada. Ela quis ajudar com a equipe de rua. Essa equipe se resumia a levar alimentos e cobertores aos moradores de rua. Mas nós também ajudávamos com cestas básicas em comunidades. Eu não achei uma boa idéia, mas ela insistiu. Seguimos para o centro da cidade. O trabalho seria à noite. Era o horário que eles se concentravam em um lugar só. Era mais fácil trabalhar. Porém, mais perigoso e mais triste de ver.Descemos da van e já haviam muitos moradores de rua ali. - Meu Deus! Eles dormem assim?- Sim, Mell. Essa é a realidade deles. Você consegue?- Sim. Eu quero fazer isso. É importante para mim.- Qualquer coisa me diga, vamos embora na mesma hora.- Isso não mudaria nada. Então mesmo que eu precise ir embora eu vou ficar.- Mell...- Théo, não sou criança.&nb
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Love's in the air
Acho que se não fosse por Théo teria deixado que a melancolia me dominasse novamente. Ele estava me fazendo mais forte. Isso era bom. Mas também era ruim.Eu não queria uma muleta. Tinha medo do que poderia acontecer se um dia nós rompessemos. Eu tinha que amar Théo, sem ser dependente dele. Mas é difícil para alguém como eu. Ele me faz sentir segura. Sinto que ao lado dele todas as minhas tristezas desaparecem. E digo isso a ele. Conto a ele meus medos.- Mell, você não deve se apoiar em mim para fugir da depressão. Eu sou imperfeito e posso te magoar. Se isso acontecer, sei que você vai ficar mal.- Mas eu não posso evitar.- Quando vamos no encontro você não se sente bem? - Sim. - Se apoie nisso. No que ouve lá, e pratique na sua vida.- Mas como posso me sentir segura com palavras?- Não são apenas palavras. São ensinamentos.- Sabe Théo, eu não conhecia essa coisa de fé. Nunca acreditei muito nisso.- Eu sei. Se acreditasse não t
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Tristeza
Foi muito estranho ver meu irmão e Bea juntos, mas eles estavam realmente se entendendo. Meus pais haviam ligado e dito que ficariam fora por mais alguns meses. Isso não era novidade.Bea já estava no sétimo mês de gestação. Brian dizia que iria assumir o bebê e se casar com ela. Eles estavam indo no encontro, comigo e Théo. Numa noite saímos os quatro de lá e decidimos ir comer algo antes de ir para casa. Théo estava muito calado. Durante o sermão ele havia se emocionado muito.Passamos em um fastfood e pedimos sanduíches.- Eu amo a batata daqui.- Você ama qualquer coisa que seja comestível né Bea!- Credo Théo, do jeito que você fala...Ela começou a ficar pálida.- Bea? O que você tem?- Não é nada de mais Mell, só uma tontura.- É melhor irmos embora gente.- Tem razão Mell - disse Théo.Brian pegou minha cunhada no colo e fomos todos para o carro.Ele a colocou no chão para poder abrir a porta e ela desmaiou ali
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