No próximo final de semana, foi a vez de Barueri. Era frustrante procurar por Mell apenas nos finais de semana, se tornava cansativo e difícil, mas era preciso. Eu não podia perder o meu emprego. Esta era a última cidade. Se ela não estivesse nessa, não teriamos mais pistas. Chegamos a clinica perto das onze da manhã. Uma enfermeira baixinha foi quem nos atendeu.
Logo que chegamos, um carro que me pareceu familiar, passou por nós em alta velocidade. Fiquei martelando onde já havia visto aquele carro. Mas logo mudei o foco para a tela do computador, onde a mulher procurava pelo nome da minha namorada.-Aqui. Mellany...ela está no quarto 624. Vou chamar.
Ela sumiu em um corredor e logo voltou com os olhos arregalados.
-Ela não está no quarto!
-Será que não está no jardim?- Esse horário ela tem que estar no quarto. O mais estranho é que a porta do banheiro esta fechada e eu bati, mas ela não abriu.- Tem chave nos b- Precisamos de um médico...Foi isso que ouvi da boca daquela maluca. Ela e o doente do irmão dela estavam com Mell e agora ela podia estar em perigo.Não pensei duas vezes e entrei com ela na casa. E foi o pior erro que cometi. Quando cheguei lá dentro, Vinicius estava sentado no sofá, com os olhos fechados. Me aproximei dele e quando fui tocá- lo para ver se estava bem, ele abriu os olhos e riu com escárnio.-Fácil demais.- O que?- Achou realmente, que se eu não quisesse que você me encontrasse, teria deixado tantas pistas?- Onde está a Mell?- Ela está descansando. Meu negócio agora é com você. Sabe, ela tinha concordado em fugir comigo daquele lugar onde a mãe dela a colocou. Na verdade foi muito fácil tirar minha namorada de lá.-Ela não é sua namorada.-Tem razão. Ela não é...Por enquanto. Como eu dizia, foi fácil tirar ela de lá, já que a mãe dela me ajudou.- A mãe dela?!- Sim. Ela a quer longe de você, e eu vou me enca
Quando Sue me enfiou naquele carro, eu entrei em pânico, imaginei a bomba explodindo, tudo indo pelos ares, e Théo morto.-Sue, volte. A policia vai te alcançar.- Sabe, você sempre foi uma pedra no meu sapato. Mas depois que meu irmão cismou com você, tudo piorou. Eu não vou para a cadeia por sua culpa. Não vou!- Você é menor, o máximo que vai acontecer será passar alguns meses na Fundação Casa.- Isso não vai acontecer.Uma viatura entrou de frente e ela desviou. Passamos por cima do canteiro e entramos em uma rua.- Prefiro morrer do que ser presa, e se eu tiver que levar você junto, eu levo.Nisso mais algumas viaturas começaram a ficar próximas, entramos em uma estrada ladeada por árvores, e a perseguição continuou. Quando uma viatura conseguiu passar, e se colocar a nossa frente, ela jogou o carro para fora da estrada e nos começamos a descer um morro íngreme e só paramos quando batemos em uma
- Sim papai, Cindy se matou.Foram as palavras mais amargas que saíram da minha boca, em muito tempo.Meu pai caiu no chão, aos prantos. Com as mãos no rosto.- Minha garotinha... Minha menininha...A culpa é minha...A culpa...- Não adianta procurar culpados.- Se eu tivesse vindo ontem a noite...- Acho que ela já tinha feito quando conversamos.Ele levantou o rosto banhado em lágrimas, seu olhar mostrava ódio.Ele se levantou e correu para fora. Fui atrás dele e cheguei a tempo de ver que ele segurava minha mãe pelos ombros. Ela estava pálida e ele a chacoalhava.- Ela está morta! Morta e a culpa é nossa!- Você...Ela não conseguiu concluir a frase, apenas olhou para mim com o olhar interrogativo. Eu baixei a cabeça. Ela entendeu e também começou a chorar. Lágrimas desciam pelo seu rosto, enquanto meu pai ensandecido, a chacoalhava mais e mais.Me aproximei e tirei ela das mãos dele. Ela caiu sentada na cadeira.- Vou
Minha mãe estava ao lado do caixão de Cindy, ela chorava muito. Meu pai estava próximo a janela, olhava para o nada. Me aproximei dele, acompanhada de Théo. Como se sentisse a nossa presença, ele se virou.- Oi filha.- Oi pai. Como se sente?- Culpado.- Não havia como saber. Nem eu imaginei.Ele suspirou e saiu. Olhei para a minha mãe e Théo me levou até ela. Tocou em seu ombro e ela se virou e o abraçou. Fiquei surpresa.Deixei os dois ali e fui me sentar do lado de fora. Pouco depois Brian se aproximou.- Como se sente?- Nem sei Brian. Ela estava tão feliz na festa...- Ela tinha que estragar tudo e fazer a menina se sentir um nada! Agora fica ali chorando. Hipócrita! Falsa!- A dor dela é genuína, isso dá pra ver.- E do que adianta? Ela deveria ter pensado antes. Quantas vezes você tentou sem sucesso fazer o que Cindy fez?Brian chorava muito.- Várias...-
Quem nos viu no início do relacionamento, tudo o que passamos, todo o preconceito dos pais de Mell, como fizeram tudo ao seu alcance para nos afastar, quem viu isso, não acreditaria se me visse agora.No momento em que saímos do quarto de Mell, ouvimos os gritos histéricos de sua mãe. Fomos ao encontro dela e vimos o desenrolar da saída do meu sogro. Ela gritava que o marido não deveria abandoná-la naquele momento e ele dizia que não estava abandonando ninguém, que precisava apenas de um tempo para colocar a cabeça no lugar. O pai de Mell saiu batendo a porta e a esposa correu até ela tocou a maçaneta, mas desistiu de abrir a porta, se encostando nela de costas e escorregando ate sentar no chão. Ali, abraçou os próprios joelhos e começou a chorar. Mell me deu um olhar sugestivo, ela não queria consolar a mãe. Eu a entendi, por um lado, mas por outro, não imaginaria ver minha mãe sofrendo e deixar que outra pessoa a abraçasse.-Não precisa se não quiser.- Eu vou.M
Era a primeira vez que Théo me tocava tão profundamente.A nova rejeição dele tinha desencadeado uma crise de ansiedade, nada incontrolável, mas se ele não estivesse ali, eu sabia onde ela iria me levar.Ele me levou para cama e começou a depositar beijos pelo meu pescoço e clavícula. A sensação de sua pele na minha, de forma tão intima, desencadeava sensações que eu sequer sabia que existia.Théo tocou a pele do meus rosto e sorriu.- Tão linda.Eu sorri e ele beijou os meus lábios. Nosso amor estava presente em cada célula do nosso corpo.Ele desceu as a mão até a altura dos meus seios, mas sem tocá-los, como se esperasse a minha autorização. Fechei os olhos e ele entendeu a deixa. Passou a acariciar meu seio com a ponta dos dedos. Eu arfei e ele intensificou as caricias, massageando com vontade.Quanto mais ele me tocava mais eu precisava de seu toque. Minha pele formigou quando ele chupou o biquinho rígido.Ele desceu suas mã
2 anos depois...A casa da praia estava toda decorada com flores. Amigos e familiares, todos reunidos. Tudo estava perfeito, perfeito para o dia dela.Parei no alto da escada e olhei para ela.- Você está linda filha...- Eu estou nervosa.- Théo será um ótimo marido.- Tem razão.Dei o braço para ela e Isadora, que exibia um barrigão, lhe entregou seu buquê.Brian e ela também haviam se casado e seus pais apareceram no dia da cerimônia. Eles pediram perdão e ela os perdoou. Mell posicionou o buquê a frente do corpo, e com a minha ajuda passou a descer lentamente a escada. A porta da frente foi aberta e eu senti no meu rosto a quente brisa de verão, com o cheiro da maresia.Olhei para a minha filha e vi o brilho em seu olhar. Ela usava um vestido princesa e parecia um anjo. Meus olhos se encheram de lágrimas. Eu estava prestes a entregar minha filha ao homem que ela amava, e que
A sobrevivente surgiu de um sofrimento. A cena descrita no primeiro capitulo foi vivida pela minha filha. Ela não chegou ao extremo de Mell, mas teve muita vontade.A depressão não é algo a ser ignorado, não é frescura. É uma doença e é gravíssima. Deve ser tratada como tal.Se você conhece alguém que tem depressão ou se corta, cuide, porque talvez seja tarde demais depois. Para Mell felizmente não foi, mas foi pra Cindy. Ajude, cuide, ofereça o seu carinho sem julgamentos. É tudo o que um depressivo precisa.Quero agradecer imensamente a todos os meus leitores.Mas quero dar uma abraço apertado na Angel e na Duda, que incansavelmente me incentivaram quando eu perdi o interesse pela escrita. Elas me ajudaram a continuar. Obrigada as duas! E obrigada a todos que leram A Sobrevivente.