Minha mãe estava ao lado do caixão de Cindy, ela chorava muito. Meu pai estava próximo a janela, olhava para o nada. Me aproximei dele, acompanhada de Théo. Como se sentisse a nossa presença, ele se virou.
- Oi filha.
- Oi pai. Como se sente?- Culpado.- Não havia como saber. Nem eu imaginei.Ele suspirou e saiu.
Olhei para a minha mãe e Théo me levou até ela. Tocou em seu ombro e ela se virou e o abraçou. Fiquei surpresa.Deixei os dois ali e fui me sentar do lado de fora. Pouco depois Brian se aproximou.- Como se sente?
- Nem sei Brian. Ela estava tão feliz na festa...- Ela tinha que estragar tudo e fazer a menina se sentir um nada! Agora fica ali chorando. Hipócrita! Falsa!- A dor dela é genuína, isso dá pra ver.- E do que adianta? Ela deveria ter pensado antes. Quantas vezes você tentou sem sucesso fazer o que Cindy fez?Brian chorava muito.
- Várias...
-Quem nos viu no início do relacionamento, tudo o que passamos, todo o preconceito dos pais de Mell, como fizeram tudo ao seu alcance para nos afastar, quem viu isso, não acreditaria se me visse agora.No momento em que saímos do quarto de Mell, ouvimos os gritos histéricos de sua mãe. Fomos ao encontro dela e vimos o desenrolar da saída do meu sogro. Ela gritava que o marido não deveria abandoná-la naquele momento e ele dizia que não estava abandonando ninguém, que precisava apenas de um tempo para colocar a cabeça no lugar. O pai de Mell saiu batendo a porta e a esposa correu até ela tocou a maçaneta, mas desistiu de abrir a porta, se encostando nela de costas e escorregando ate sentar no chão. Ali, abraçou os próprios joelhos e começou a chorar. Mell me deu um olhar sugestivo, ela não queria consolar a mãe. Eu a entendi, por um lado, mas por outro, não imaginaria ver minha mãe sofrendo e deixar que outra pessoa a abraçasse.-Não precisa se não quiser.- Eu vou.M
Era a primeira vez que Théo me tocava tão profundamente.A nova rejeição dele tinha desencadeado uma crise de ansiedade, nada incontrolável, mas se ele não estivesse ali, eu sabia onde ela iria me levar.Ele me levou para cama e começou a depositar beijos pelo meu pescoço e clavícula. A sensação de sua pele na minha, de forma tão intima, desencadeava sensações que eu sequer sabia que existia.Théo tocou a pele do meus rosto e sorriu.- Tão linda.Eu sorri e ele beijou os meus lábios. Nosso amor estava presente em cada célula do nosso corpo.Ele desceu as a mão até a altura dos meus seios, mas sem tocá-los, como se esperasse a minha autorização. Fechei os olhos e ele entendeu a deixa. Passou a acariciar meu seio com a ponta dos dedos. Eu arfei e ele intensificou as caricias, massageando com vontade.Quanto mais ele me tocava mais eu precisava de seu toque. Minha pele formigou quando ele chupou o biquinho rígido.Ele desceu suas mã
2 anos depois...A casa da praia estava toda decorada com flores. Amigos e familiares, todos reunidos. Tudo estava perfeito, perfeito para o dia dela.Parei no alto da escada e olhei para ela.- Você está linda filha...- Eu estou nervosa.- Théo será um ótimo marido.- Tem razão.Dei o braço para ela e Isadora, que exibia um barrigão, lhe entregou seu buquê.Brian e ela também haviam se casado e seus pais apareceram no dia da cerimônia. Eles pediram perdão e ela os perdoou. Mell posicionou o buquê a frente do corpo, e com a minha ajuda passou a descer lentamente a escada. A porta da frente foi aberta e eu senti no meu rosto a quente brisa de verão, com o cheiro da maresia.Olhei para a minha filha e vi o brilho em seu olhar. Ela usava um vestido princesa e parecia um anjo. Meus olhos se encheram de lágrimas. Eu estava prestes a entregar minha filha ao homem que ela amava, e que
A sobrevivente surgiu de um sofrimento. A cena descrita no primeiro capitulo foi vivida pela minha filha. Ela não chegou ao extremo de Mell, mas teve muita vontade.A depressão não é algo a ser ignorado, não é frescura. É uma doença e é gravíssima. Deve ser tratada como tal.Se você conhece alguém que tem depressão ou se corta, cuide, porque talvez seja tarde demais depois. Para Mell felizmente não foi, mas foi pra Cindy. Ajude, cuide, ofereça o seu carinho sem julgamentos. É tudo o que um depressivo precisa.Quero agradecer imensamente a todos os meus leitores.Mas quero dar uma abraço apertado na Angel e na Duda, que incansavelmente me incentivaram quando eu perdi o interesse pela escrita. Elas me ajudaram a continuar. Obrigada as duas! E obrigada a todos que leram A Sobrevivente.
Existem muitas formas de morrer, umas ruins, outras nem tanto. Mas a sensação que estou sentindo nesse momento, com certeza é pior do que a morte.Minhas mãos estão quentes, assim como as minhas orelhas.Um choque corre a minha espinha, um nó se forma na garganta e não importa o quanto eu queira falar, nada sai. Eu só choro, e tem essa coisa rasgando o peito por dentro como se fosse me engolir. Dá dor de barriga, dor de cabeça, vontade de vomitar, meu corpo todo fica tremendo, eu quero fugir, mas ao mesmo tempo quero só ficar no mesmo lugar. Penso em me abrir com alguém, ao mesmo tempo que pondero suicídio. Porque qualquer um que cruzou a linha da automutilação tem tendencias suicidas, é preocupante quando se chega a esse estado. Isso é o que o meu psiquiatra diz. E tem os casos de terror noturno, insônia, ansiedade gerada pela depressão, síndrome do pânico, irritação, nada que eu faço parece bom o suficiente, nada que eu gosto de fazer parece a mesma coisa, tudo
Meus pais até tentavam, mas não conseguiam mudar. Cada vez erravam mais. Não entendiam como uma garota de quinze anos que tem tudo o que alguém gostaria na vida, pode ser depressiva.Eu explico. Celular bom, roupa boa, boa comida ou uma casa grande não suprem a falta que uma mãe e um pai fazem. Além de Brian, eu só tinha uma pessoa que me entendia de verdade. Tia Lili. Mas ela se foi. Meu irmão até tenta suprir o que ela fazia, mas é impossível para ele. A primeira vez que tentei suicídio foi após a morte dela.Eu estava na minha casa. Não faz muito tempo, foram apenas três anos atrás.Ela vinha definhando, vítima de uma doença, não sei qual, e particularmente nunca me interessei em saber. Eu tinha nove anos quando ela adoeceu. Lutou por muito tempo contra a doença, mas perdeu. Quando comecei a fi
Cheguei alegremente na escola, queria contar a novidade a Bia. Finalmente eu havia conseguido que contratassem a mãe dela. Mas Bia não apareceu. Então decidi que na volta passaria na casa dela.Passei pelo pátio e os professores ainda não haviam ido para as salas, me sentei e então Sue e suas comparsas vieram na minha direção.- Oi perdedora! Soube que você tentou suicídio de novo.- Isso não é da sua conta.- Triste isso. Como assim, você tentou suicídio?...E não conseguiu?- Me deixa em paz Sue.- É divertido tirar a sua paz.Ignorei, me levantei e saí andando. Corri até o banheiro e fechei a porta. Elas vieram atrás de mim. Eu me tranquei em uma das cabines.- Eu sei que você está aí, não adianta se esconder.- Me deixa, por favor!- Pare de choramingar! Maluca!- Vá embora!- Sabe como mostramos a um maluco que ele é maluco? Expondo a loucura dele para os outros. Isso é para o seu próprio bem Mellany.
Quando meu pai foi embora, não demorou muito para que minha tia me levasse para morar com ela na Áustria. A separação foi difícil. Eu tinha apenas doze anos, mas mesmo tão jovem vi aquilo como uma oportunidade de cuidar da minha mãe e das gêmeas. Meu pai não havia sequer registrado as meninas. E elas já tinham oito anos quando ele se foi! Fiz o que pude, mas então minha tia se casou, e mesmo eu tendo um trabalho, eu me sentia um intruso na casa dela. O marido dela nunca me tratou mal, até porque minha tia não permitiria, mas eu notava que ele não me queria lá. A gota d'água para mim foi ouvir uma conversa dele com a minha tia.Eu cheguei do trabalho alguns minutos mais cedo, eles não me esperavam.- Ele nem ao menos é seu filho!- Mas é filho do meu irmão!- Se nem seu irmão quis ficar com ele, por que eu teria obrigação?- Chega, não quero mais falar desse assunto. Se você me ama, tem que aceitar o Théo, porque ele não vai embora...Eu entrei, ele sa