O beijo aconteceu lenta e fervorosamente. Era urgente. Por mais que nos conhecíamos há pouco tempo, mas eu já queria beijar Théo desde o primeiro dia. Nos afastamos juntos.
- Isso foi...- Incrível.- Sim.- Mas?- Eu tenho medo, Théo. Meu ex namorado era tão atencioso no início, e acabamos terminando por conta da pouca paciência que ele tinha com o meu problema.- Eu não vou fazer como ele.- Não prometa aquilo que você não pode cumprir.- Não estou te prometendo nada. Eu não sou ele. E nem pretendo. Vou dar o meu melhor para te ajudar, e quando ficar difícil, vou pedir um tempo para pensar. Mas não vou te abandonar. Não quero te abandonar. E antes de ser seu namorado, quero ser seu amigo. Me sinto atraído por você, sim. Mas se você não me quiser, vou continuar sendo seu amigo.- Não sei o que dizer.- Não precisa dizer nada. Vamos apenas deixar rolar. Seremos apenas amigos. Mas se você quiser me beijar eu vou adorar.-A noite ao lado dela foi perfeita. Namoramos e olhamos as estrelas. A companhia dela era maravilhosa.Na semana seguinte voltamos ao encontro, e Mell estava cada dia mais interessada. Ela quis ajudar com a equipe de rua. Essa equipe se resumia a levar alimentos e cobertores aos moradores de rua. Mas nós também ajudávamos com cestas básicas em comunidades. Eu não achei uma boa idéia, mas ela insistiu.Seguimos para o centro da cidade. O trabalho seria à noite. Era o horário que eles se concentravam em um lugar só. Era mais fácil trabalhar. Porém, mais perigoso e mais triste de ver.Descemos da van e já haviam muitos moradores de rua ali.- Meu Deus! Eles dormem assim?- Sim, Mell. Essa é a realidade deles. Você consegue?- Sim. Eu quero fazer isso. É importante para mim.- Qualquer coisa me diga, vamos embora na mesma hora.- Isso não mudaria nada. Então mesmo que eu precise ir embora eu vou ficar.- Mell...- Théo, não sou criança.&nb
Acho que se não fosse por Théo teria deixado que a melancolia me dominasse novamente. Ele estava me fazendo mais forte. Isso era bom. Mas também era ruim.Eu não queria uma muleta. Tinha medo do que poderia acontecer se um dia nós rompessemos. Eu tinha que amar Théo, sem ser dependente dele. Mas é difícil para alguém como eu. Ele me faz sentir segura. Sinto que ao lado dele todas as minhas tristezas desaparecem. E digo isso a ele. Conto a ele meus medos.- Mell, você não deve se apoiar em mim para fugir da depressão. Eu sou imperfeito e posso te magoar. Se isso acontecer, sei que você vai ficar mal.- Mas eu não posso evitar.- Quando vamos no encontro você não se sente bem?- Sim.- Se apoie nisso. No que ouve lá, e pratique na sua vida.- Mas como posso me sentir segura com palavras?- Não são apenas palavras. São ensinamentos.- Sabe Théo, eu não conhecia essa coisa de fé. Nunca acreditei muito nisso.- Eu sei. Se acreditasse não t
Foi muito estranho ver meu irmão e Bea juntos, mas eles estavam realmente se entendendo. Meus pais haviam ligado e dito que ficariam fora por mais alguns meses. Isso não era novidade.Bea já estava no sétimo mês de gestação. Brian dizia que iria assumir o bebê e se casar com ela. Eles estavam indo no encontro, comigo e Théo. Numa noite saímos os quatro de lá e decidimos ir comer algo antes de ir para casa. Théo estava muito calado. Durante o sermão ele havia se emocionado muito.Passamos em um fastfood e pedimos sanduíches.- Eu amo a batata daqui.- Você ama qualquer coisa que seja comestível né Bea!- Credo Théo, do jeito que você fala...Ela começou a ficar pálida.- Bea? O que você tem?- Não é nada de mais Mell, só uma tontura.- É melhor irmos embora gente.- Tem razão Mell - disse Théo.Brian pegou minha cunhada no colo e fomos todos para o carro.Ele a colocou no chão para poder abrir a porta e ela desmaiou ali
O caixão de Bea era simples. Aceitei a ajuda de Mell e Brian para comprar, mas não quis nada muito caro. Eles se encarregaram de todas as despesas, já que não tinhamos condições. Minha irmã estava deitada, e sobre o seu corpo estava o seu bebê. Era um menino. Eu mal conseguia olhar. O rosto do bebê era incrivelmente parecido com o dela. Doía ver a cena. Beatriz sempre foi tão alegre e cheia de vida. Mell não saiu do meu lado um momento sequer. Sei o quanto estava sendo difícil para ela. Ela amava Bea, tanto quanto eu e estava se desdobrando para consolar a mim, a minha mãe e a Bia, que de todos nós, era quem estava mais desolada. Isadora estava em um canto, Nikki dormia em seus braços. Ela olhava de longe para Bea. Me aproximei devagar.- Tá tudo bem?- Hum...Oi...Sim.- Parece distante.- É só que...eu estava pensando...poderia ter sido eu. Tive meu bebê na rua, sozinha...- Não era para ser você.Ela deu de ombros e eu
Cheguei em casa após uma noite maravilhosa, o encontro havia sido muito proveitoso e eu estava muito feliz. Théo me deixou em casa e após isso eu entrei. Ao abrir a porta meus pais estavam sentados no sofá e tinham um olhar severo. Daqueles que ao ver já sei que não vou gostar do que vou ouvir.- O que fazia com esse rapaz?- Mãe nós fomos ao encontro de jovens e...- E por que estava beijando ele?- Papai eu...- Não diga nada Mellany. Não queremos você de namorico com o filho da babá!- Vocês nem sequer ficam em casa! Nem cuidam de nós!- Vamos ficar agora, e quando não estivermos terá alguém que cuidará para que não veja esse moleque!- Ele não é moleque, é mais homem que você! Cuida mais de mim do que você!- Vou denunciar esse canalha, por tocar na minha garotinha...- Agora eu sou sua garotinha? Eu quis morrer um milhão de vezes e você nunca se importou! Ele se importou, eu quero viver hoje por que ele se importa!- C
Já haviam se passado vários dias, e Mell ainda não acordara. Eu estava sempre ali, ao lado dela. Os pais dela não gostavam da minha presença, eu podia ver isso, mas eu ia. Brian procurava sempre estar por perto para que eles não me destratassem, mas eu não tinha medo deles, apesar de ser grato pela atitude dele. Nós últimos tempos ele e Isadora pareciam bem próximos, não cheguei a ver nada, mas eles estavam sempre juntos.Uma noite, fiquei com Mell no quarto e a mãe dela chegou.- Ah, você está aí é?- Não sairia do lado dela por nada.- Vou te colocar na cadeia.- Faca o que quiser. Mas não vou sair daqui.- Se não se afastar dela vai apodrecer na cadeia.- Sua chantagem não vai funcionar.- Quero ver se não. Só não fiz nada até agora em respeito ao luto da sua mãe, mas já basta de ter você atrás do dinheiro da minha família. Já é suficiente aquela pedinte estar morando lá em casa com aquele bastardinho.Eu fiquei calado. N
Cheguei ao hospital com algo para Théo comer, mas ele não estava em lugar algum. Procurei por todas as partes e nada. Fiquei algum tempo com Mell e uma enfermeira entrou.- Olá. Sabe me dizer onde está Théo?Ela hesitou. E eu soube que algo estava errado.Me levantei e fui até a cafeteria, onde sabia que meus pais estavam. Os dois ocupavam uma mesa ao canto e conversavam. Me aproximei soltando fogo pelas ventas.- Onde ele está?- Ele quem?- Você sabe muito bem pai!- Aquele aliciador de menores teve o que merecia! Eu chamei a polícia para ele.- Você me dá nojo mãe! Sabe muito bem que Théo não seduziu a Mellany. Vocês só pensam nesse maldito dinheiro de vocês! Já pararam para pensar nela? Olhem para ela, parece outra pessoa. Não chora mais, não deseja mais a morte como fazia antes, mas o importante para vocês não é a vida da sua filha, e sim o seu dinheiro. Estão deixando Cindy tão fútil quanto vocês.- Chega Brian!- Chega mesmo.
Acordei cedo. Na penitenciária não se podia dar ao luxo de acordar tarde. Isso nunca foi minha praia na realidade. Nunca gostei de dormir demais.Estava no banho de sol quando fui chamado por um dos carcereiros.- Theodore Miller?- Sim.- Vamos.- Pra onde?- Você foi liberado.- Liberado?- Sim. Seu advogado te espera lá fora.Troquei de roupa e quando saí para fora, realmente o doutor Fonseca estava lá fora.- Dr. Fonseca.- Olá Théo.- O que houve?- Consegui um habbeas corpus. Você poderá aguardar o seu julgamento em liberdade.- Entendi. Alguma novidade?- Sim. Mellany acordou e perguntou por você.- Sério?- Sim. Mas peço que tenha cuidado. Os pais podem pedir o cancelamento do habbeas corpus.- Eu não me importo. Só quero ver minha namorada bem.- Você quem sabe.Fui direto da penitenciária para a o hospital. Mell estava sozinha quando eu cheguei e seu rosto se iluminou quando me viu.