O caixão de Bea era simples. Aceitei a ajuda de Mell e Brian para comprar, mas não quis nada muito caro. Eles se encarregaram de todas as despesas, já que não tinhamos condições. Minha irmã estava deitada, e sobre o seu corpo estava o seu bebê. Era um menino. Eu mal conseguia olhar. O rosto do bebê era incrivelmente parecido com o dela. Doía ver a cena. Beatriz sempre foi tão alegre e cheia de vida. Mell não saiu do meu lado um momento sequer. Sei o quanto estava sendo difícil para ela. Ela amava Bea, tanto quanto eu e estava se desdobrando para consolar a mim, a minha mãe e a Bia, que de todos nós, era quem estava mais desolada. Isadora estava em um canto, Nikki dormia em seus braços. Ela olhava de longe para Bea. Me aproximei devagar.
- Tá tudo bem?- Hum...Oi...Sim.- Parece distante.- É só que...eu estava pensando...poderia ter sido eu. Tive meu bebê na rua, sozinha...- Não era para ser você.Ela deu de ombros e euCheguei em casa após uma noite maravilhosa, o encontro havia sido muito proveitoso e eu estava muito feliz. Théo me deixou em casa e após isso eu entrei. Ao abrir a porta meus pais estavam sentados no sofá e tinham um olhar severo. Daqueles que ao ver já sei que não vou gostar do que vou ouvir.- O que fazia com esse rapaz?- Mãe nós fomos ao encontro de jovens e...- E por que estava beijando ele?- Papai eu...- Não diga nada Mellany. Não queremos você de namorico com o filho da babá!- Vocês nem sequer ficam em casa! Nem cuidam de nós!- Vamos ficar agora, e quando não estivermos terá alguém que cuidará para que não veja esse moleque!- Ele não é moleque, é mais homem que você! Cuida mais de mim do que você!- Vou denunciar esse canalha, por tocar na minha garotinha...- Agora eu sou sua garotinha? Eu quis morrer um milhão de vezes e você nunca se importou! Ele se importou, eu quero viver hoje por que ele se importa!- C
Já haviam se passado vários dias, e Mell ainda não acordara. Eu estava sempre ali, ao lado dela. Os pais dela não gostavam da minha presença, eu podia ver isso, mas eu ia. Brian procurava sempre estar por perto para que eles não me destratassem, mas eu não tinha medo deles, apesar de ser grato pela atitude dele. Nós últimos tempos ele e Isadora pareciam bem próximos, não cheguei a ver nada, mas eles estavam sempre juntos.Uma noite, fiquei com Mell no quarto e a mãe dela chegou.- Ah, você está aí é?- Não sairia do lado dela por nada.- Vou te colocar na cadeia.- Faca o que quiser. Mas não vou sair daqui.- Se não se afastar dela vai apodrecer na cadeia.- Sua chantagem não vai funcionar.- Quero ver se não. Só não fiz nada até agora em respeito ao luto da sua mãe, mas já basta de ter você atrás do dinheiro da minha família. Já é suficiente aquela pedinte estar morando lá em casa com aquele bastardinho.Eu fiquei calado. N
Cheguei ao hospital com algo para Théo comer, mas ele não estava em lugar algum. Procurei por todas as partes e nada. Fiquei algum tempo com Mell e uma enfermeira entrou.- Olá. Sabe me dizer onde está Théo?Ela hesitou. E eu soube que algo estava errado.Me levantei e fui até a cafeteria, onde sabia que meus pais estavam. Os dois ocupavam uma mesa ao canto e conversavam. Me aproximei soltando fogo pelas ventas.- Onde ele está?- Ele quem?- Você sabe muito bem pai!- Aquele aliciador de menores teve o que merecia! Eu chamei a polícia para ele.- Você me dá nojo mãe! Sabe muito bem que Théo não seduziu a Mellany. Vocês só pensam nesse maldito dinheiro de vocês! Já pararam para pensar nela? Olhem para ela, parece outra pessoa. Não chora mais, não deseja mais a morte como fazia antes, mas o importante para vocês não é a vida da sua filha, e sim o seu dinheiro. Estão deixando Cindy tão fútil quanto vocês.- Chega Brian!- Chega mesmo.
Acordei cedo. Na penitenciária não se podia dar ao luxo de acordar tarde. Isso nunca foi minha praia na realidade. Nunca gostei de dormir demais.Estava no banho de sol quando fui chamado por um dos carcereiros.- Theodore Miller?- Sim.- Vamos.- Pra onde?- Você foi liberado.- Liberado?- Sim. Seu advogado te espera lá fora.Troquei de roupa e quando saí para fora, realmente o doutor Fonseca estava lá fora.- Dr. Fonseca.- Olá Théo.- O que houve?- Consegui um habbeas corpus. Você poderá aguardar o seu julgamento em liberdade.- Entendi. Alguma novidade?- Sim. Mellany acordou e perguntou por você.- Sério?- Sim. Mas peço que tenha cuidado. Os pais podem pedir o cancelamento do habbeas corpus.- Eu não me importo. Só quero ver minha namorada bem.- Você quem sabe.Fui direto da penitenciária para a o hospital. Mell estava sozinha quando eu cheguei e seu rosto se iluminou quando me viu.
Dispensar Théo foi a decisão mais difícil que já tive que tomar na vida. Nem sequer pude ser firme o suficiente na minha afirmativa de que não o queria mais. Doeu como o inferno dizer para ele ir. E ainda estava doendo. Eu queria ser forte, mas eu simplesmente não era capaz. Eu sentia que estava na beira do abismo. Mas eu não iria cair. Por Théo eu iria ser forte. Eu sei que essa afirmação soa dependente, mas é o que eu sinto. Não sou capaz de viver sem ele, mas vou ter que descobrir um jeito de conseguir. Depois que acordei, não demorei muito a ter alta, sob prescrição de repouso e vários cuidados. Quando cheguei em casa as paredes pareciam querer me engolir. Respirei fundo e fui para o meu quarto. Deixei que gordas lágrimas surgissem em meus olhos. Não tinha controle sobre elas e nem queria ter. Molhei o meu travesseiro com as minhas lágrimas e a minha dor. Eu amava Théo, e cada poro do meu corpo me dizia isso. Uma avalanche de emoções tomou conta de mim. A dor da de
Ouvi vozes e acordei. Consultei o relógio e já era madrugada. Pela janela do meu quarto vi Bia, Mell e um garoto conversando. Minha irma entrou e Mell entrou no carro com o garoto desconhecido e se foi. Abri uma fresta na porta do quarto e esperei que Bia passasse. Assim que ela o fez puxei seu braço. Ela estava fedendo a álcool.- Aí!- Onde você estava?- Não é da sua conta!- É sim. Você é menor de idade e eu sou responsável por você.- Minha mãe quem é responsável por mim. Você não.- Você bebeu? Tá fedendo a álcool.- Bebi. E daí?- Bianca, essas loucuras não vão trazer a Bea de volta.- Quem sabe me levem até ela.- Você fala cada asneira, menina.- Vai me dizer que você não queria uma forma de ter a Mell de volta?- Claro que sim, mas isso é diferente, Mell esta viva e eu posso reconquista-la, Bea não vai voltar porque você está agindo como uma irresponsável.- Eu não sei bem
Foi um dia difícil, tentei a todo custo manter distância de Théo. Mas o que me aguardava no final do dia estava longe de todas as minhas expectativas. Nunca tive tanto medo na minha vida, como no momento em que vi o amor da minha vida empalidecer e cair bem na minha frente. Eu havia notado que ele estava estranho, mal tocou no lanche, Bia me disse que ele estava comendo mal. Não achei que fosse tão grave a ponto dele desmaiar. O pior não foi o desmaio. Foi ele ter caído e batido a cabeça em uma das carteiras. Corri até ele e comecei a gritar.- Alguém! Por favor alguém me ajude! Théo!Pelo amor de Deus Théo. Não meu amor, não feche os olhos.Ele fechou e eu toquei sua cabeça. Senti algo molhado e quente. Minhas mãos estavam embebidas em sangue. Sangue do Théo. A ajuda não demorou a chegar e Théo foi colocado em uma ambulância. Eu não pude ir com ele. Eu era menor de idade. A diretora da escola foi e eu peguei carona com um professor, que se ofereceu para levar Bia e
Eu havia recebido alta do hospital faziam três dias, já me sentia novo em folha. Ainda não tinha muita vontade de comer, Mell e eu ainda estávamos separados, mas ela me deu uma esperança. Nós iriamos encontrar um jeito de ficar juntos. Mas eu precisava me cuidar. Por ela, por nós. Pode parecer ridículo da minha parte, ainda mais por ter dito a ela tantas vezes para não fazer as coisas por mim e sim por ela. Mas era assim que eu me sentia, impotente e sozinho sem ela. Quando a conheci e me apaixonei, não imaginei que seria tudo tão complicado. Mas eu a amo e vou lutar por ela.Eu saía do encontro, junto com Brian e Isa, quando vi Mell e Bia paradas no farol em um carro com uma garota e um garoto. O mesmo que eu vi deixar Bia na minha casa e depois sair com a Mell. Eles ouviam musica alta e bebiam. Uma das garotas do encontro passou carregando sua moto perto de mim.- Paula, me empresta sua moto. É rapidinho.- Leva aí, eu chamo um táxi. Mas você paga.- Tá legal.