Acordei cedo. Na penitenciária não se podia dar ao luxo de acordar tarde. Isso nunca foi minha praia na realidade. Nunca gostei de dormir demais.
Estava no banho de sol quando fui chamado por um dos carcereiros.- Theodore Miller?- Sim.- Vamos.- Pra onde?- Você foi liberado.- Liberado?- Sim. Seu advogado te espera lá fora.Troquei de roupa e quando saí para fora, realmente o doutor Fonseca estava lá fora.- Dr. Fonseca.- Olá Théo.- O que houve?- Consegui um habbeas corpus. Você poderá aguardar o seu julgamento em liberdade.- Entendi. Alguma novidade?- Sim. Mellany acordou e perguntou por você.- Sério?- Sim. Mas peço que tenha cuidado. Os pais podem pedir o cancelamento do habbeas corpus.- Eu não me importo. Só quero ver minha namorada bem.- Você quem sabe.Fui direto da penitenciária para a o hospital. Mell estava sozinha quando eu cheguei e seu rosto se iluminou quando me viu.Dispensar Théo foi a decisão mais difícil que já tive que tomar na vida. Nem sequer pude ser firme o suficiente na minha afirmativa de que não o queria mais. Doeu como o inferno dizer para ele ir. E ainda estava doendo. Eu queria ser forte, mas eu simplesmente não era capaz. Eu sentia que estava na beira do abismo. Mas eu não iria cair. Por Théo eu iria ser forte. Eu sei que essa afirmação soa dependente, mas é o que eu sinto. Não sou capaz de viver sem ele, mas vou ter que descobrir um jeito de conseguir. Depois que acordei, não demorei muito a ter alta, sob prescrição de repouso e vários cuidados. Quando cheguei em casa as paredes pareciam querer me engolir. Respirei fundo e fui para o meu quarto. Deixei que gordas lágrimas surgissem em meus olhos. Não tinha controle sobre elas e nem queria ter. Molhei o meu travesseiro com as minhas lágrimas e a minha dor. Eu amava Théo, e cada poro do meu corpo me dizia isso. Uma avalanche de emoções tomou conta de mim. A dor da de
Ouvi vozes e acordei. Consultei o relógio e já era madrugada. Pela janela do meu quarto vi Bia, Mell e um garoto conversando. Minha irma entrou e Mell entrou no carro com o garoto desconhecido e se foi. Abri uma fresta na porta do quarto e esperei que Bia passasse. Assim que ela o fez puxei seu braço. Ela estava fedendo a álcool.- Aí!- Onde você estava?- Não é da sua conta!- É sim. Você é menor de idade e eu sou responsável por você.- Minha mãe quem é responsável por mim. Você não.- Você bebeu? Tá fedendo a álcool.- Bebi. E daí?- Bianca, essas loucuras não vão trazer a Bea de volta.- Quem sabe me levem até ela.- Você fala cada asneira, menina.- Vai me dizer que você não queria uma forma de ter a Mell de volta?- Claro que sim, mas isso é diferente, Mell esta viva e eu posso reconquista-la, Bea não vai voltar porque você está agindo como uma irresponsável.- Eu não sei bem
Foi um dia difícil, tentei a todo custo manter distância de Théo. Mas o que me aguardava no final do dia estava longe de todas as minhas expectativas. Nunca tive tanto medo na minha vida, como no momento em que vi o amor da minha vida empalidecer e cair bem na minha frente. Eu havia notado que ele estava estranho, mal tocou no lanche, Bia me disse que ele estava comendo mal. Não achei que fosse tão grave a ponto dele desmaiar. O pior não foi o desmaio. Foi ele ter caído e batido a cabeça em uma das carteiras. Corri até ele e comecei a gritar.- Alguém! Por favor alguém me ajude! Théo!Pelo amor de Deus Théo. Não meu amor, não feche os olhos.Ele fechou e eu toquei sua cabeça. Senti algo molhado e quente. Minhas mãos estavam embebidas em sangue. Sangue do Théo. A ajuda não demorou a chegar e Théo foi colocado em uma ambulância. Eu não pude ir com ele. Eu era menor de idade. A diretora da escola foi e eu peguei carona com um professor, que se ofereceu para levar Bia e
Eu havia recebido alta do hospital faziam três dias, já me sentia novo em folha. Ainda não tinha muita vontade de comer, Mell e eu ainda estávamos separados, mas ela me deu uma esperança. Nós iriamos encontrar um jeito de ficar juntos. Mas eu precisava me cuidar. Por ela, por nós. Pode parecer ridículo da minha parte, ainda mais por ter dito a ela tantas vezes para não fazer as coisas por mim e sim por ela. Mas era assim que eu me sentia, impotente e sozinho sem ela. Quando a conheci e me apaixonei, não imaginei que seria tudo tão complicado. Mas eu a amo e vou lutar por ela.Eu saía do encontro, junto com Brian e Isa, quando vi Mell e Bia paradas no farol em um carro com uma garota e um garoto. O mesmo que eu vi deixar Bia na minha casa e depois sair com a Mell. Eles ouviam musica alta e bebiam. Uma das garotas do encontro passou carregando sua moto perto de mim.- Paula, me empresta sua moto. É rapidinho.- Leva aí, eu chamo um táxi. Mas você paga.- Tá legal.
Quando conheci Theodore Miller, não imaginava o quanto ele me faria bem, o quanto me faria feliz e nem o quanto sofreria por ele. Mas cada sentimento valeu a pena. Doeu vê-lo mal por minha causa. Tive medo de que ele tivesse se machucado feio quando caiu. Mas tudo passou. Eu estava tão agitada e nervosa, então fui de novo correr com Bia. Ela estava estranha. Me pediu pra fazer dupla com ela e Vini não gostou. Théo surgiu sei lá eu de onde e se enfiou dentro do meu carro. Vini nos fulminou com o olhar. Alguns minutos antes de Théo aparecer ele havia vindo com um papinho de que estava afim de mim e tals. Dispensei ele. Não queria ninguém, só meu moreno de cabelos cacheados. Sempre foi ele. Vini não levou numa boa e na hora da corrida começou a jogar o carro para cima da gente. Fiquei apavorada. O garoto que eu amava estava no carro comigo, se algo acontecesse, eu não morreria sozinha. Minha mente só repetia Théo, Théo, Théo. Ele estava em perigo, eu o havia colocado em perigo. Quando
Não demorou muito e os pais de Mell voltaram. Era noite e nós saíamos do encontro, quando toquei no assunto.- Seus pais voltaram?- Hoje a tarde.-Sei.- Vou falar com eles ainda hoje.-Certo. Quer que eu vá com você?- Não precisa. Te mando mensagem.- Você é quem sabe.Isa e Brian, que vinham com Nicky logo atrás, se juntaram a nós. Eles haviam alugado uma casa, não moravam mais na mansão dos pais dele.- Você vai para casa agora Mell?- Vou Brian. - Nós te acompanhamos então.- Não precisa. - Ah Mell, você sabe que é caminho. - Quando vocês casam?- Perguntei para descontrair.- Em seis meses. - Que ótimo.Passamos o caminho todo conversando sobre o casamento, como era viver juntos na casa nova, entre outras amenidades.Deixamos Mell na porta da casa dela e então fomos para a minha. A casa do meu cunhado era próxima da minha e logo me avisaram que já estavam em
- Eu sei onde Mell está.A fala de Cindy ficou martelando na minha cabeça até que ela abriu a boca novamente, pois eu não fui capaz de formular uma frase coerente.- Você não quer saber? Ficou mudo de repente.- Eu...sim, claro que quero. Eu estou tentando saber dela há dias.- Meus pais a internaram.- Por que? Ela está doente?- Não, eles a mandaram para uma clínica. Eles disseram que Mell estava louca.- Como sabe disso?- Eu vi. Eles acharam que eu estava dormindo, mas eu vi.- Onde é? Eu vou lá buscá-la.- Eu não sei. Só sei que é fora da cidade.- Por que me disse só agora?- Eu...Eu não sei. Acho que pensei demais.-Tenho certeza que a Mell não está louca.- Ela não está.-Me conta essa historia direito.- Eu estava no meu quarto, mamãe havia me botado para dormir e foi lá ver se eu realmente estava dormindo. Eu não sei ao certo o motivo, mas fingi. Logo, comecei a escutar os gritos e desci, p
Meus pais passaram de todos os limites. Eles se aproveitaram de um corte que eu havia feito acidentalmente na minha mão, estava tão nervosa que ao descascar a laranja me machuquei. Subi para o meu quarto e antes que eu entrasse para o banho meu quarto foi invadido pela minha psiquiatra, juntamente com dois caras e meus pais.- Você se cortou de novo Mellany.- Não!-E isso na sua mão?-Bem...Eu me cortei mas foi um...-Viu. Eu te disse que iria te levar para uma clínica caso se cortasse de novo. Você é minha responsabilidade. Sua vida é.-Mas...-Vamos.- Eu não vou a lugar nenhum!Tentei correr mas os dois caras me pegaram e saíram me arrastando pela porta. Eu gritava e me debatia. Então senti uma picada e ouvi a voz da médica, antes de apagar.- Isso é para o seu bem Mellany.Acordei em uma maca. Olhei ao redor e percebi que se tratava de um veículo. Era uma ambulância.- Onde eu estou? Para onde vocês estão me levando