MIGUEL acordou naquele dia com uma nova visão da vida. Embora ainda achasse que tudo mudou, ele tinha uma incrível esperança que no final tudo daria certo. Ele só esperava que Malú, mesmo com a distância, continuasse a amá-lo. Esperava que ela não o houvesse esquecido, porém sabia que não poderia exigir nada dela, afinal, foi ele quem sumiu, mesmo contra a vontade. Suspirou pesadamente com a hipótese: se ela tivesse seguido em frente, ele teria que suportar, certo? Por mais que cada pedaço de sua vida e de seu mundo fosse destruído, ele sabia que continuaria seguindo e amando-a, mesmo sem o amor dela.
— Miguel? — Matias entrou e observou o amigo deitado no chão, as pernas esticadas e os braços embaixo da cabeça. — O que faz aí?
— Ah! Desculpe, mas a cama... ela está muito mole — disse e deu de ombros.
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— Alô! — disse do outro lado da linha.A voz de Miguel ficou embargada pela emoção, algumas lágrimas teimosas escorriam pelo seu rosto.— Alô! — a voz insistiu. — Se não me responder, vou desligar.— Mãe! Sou eu, Miguel... — Miguel escutou quando sua mãe suspirou antes de voltar a falar.— Isso não tem graça, irei desligar! — Os olhos de Josiane marejaram, como alguém poderia fazer esse trote? Não sabiam a dor que ela carregava no coração?— Mãe, sou eu, não é nenhum trote, por favor, não desligue.Josiane ficou confusa, a voz era muito parecida com a de Miguel, mas tinha uma rouquidão que seu filho amado não tinha, ficou na dúvida entre desligar e esperar para ver onde aquela brincadeira se
MIGUEL se sentou no sofá, seus pais se sentaram um de cada lado e sua irmã ao lado de sua mãe, eles mantinham as mãos unidas dando apoio ao filho para que ele começasse a contar tudo o que aconteceu. Por mais que fosse difícil, Miguel tinha que falar, as palavras de Lucas o assombrava todos os dias.— Bem, como sabem estávamos em uma viagem nas ilhas do caribe, quando chegamos nos registramos em um hotel, dois dias depois, o barco de Lucas chegou. — Todos prestavam atenção em Miguel. — Depois de conhecer um pouco da ilha, resolvemos navegar sozinhos em alto mar, Lucas disse que um tempo sozinhos em contato com o mar seria bom para nós, que iríamos recuperar as energias.— Não me diga que o Lucas... — Tony começou, mas se calou, não queria concluir seu pensamento.—Pai, me deixe terminar. — pediu educadamente.O homem
LUCAS acordou naquela manhã sentindo um peso no peito. Remexeu-se e escutou um resmungo, o rapaz revirou os olhos e suspirou pesadamente.— Está na hora de levantar, Caroline. — disse ríspido, retirando a moça do seu peito com brutalidade.— Mal acordou e já está de mau humor, querido? — disse franzindo o cenho e indo para o lado.— Não gosto quando não faz o que peço. Por que não foi embora ontem? — o rapaz disse, afastando as cobertas e levantando-se em seguida.— Estava tarde, como queria que eu fosse se estou sem carro? — ela perguntou manhosa e olhou Lucas andar nu pelo quarto.Caroline afastou as cobertas e levantou-se, foi até Lucas e abraçou-o por trás cheia de carinho. Suas mãos desceram até a região íntima do rapaz, ela o tocou, sentindo-se excitada.&md
MIGUEL estava sentado no jardim nos fundos da casa de Matias, o sol do início da manhã estava convidativo e quente. Por mais que o rapaz tentasse desviar seus pensamentos do que perdeu, ele não conseguia. Bastava fechar os olhos que ele via o filho sorridente com Malú, estava louco para voltar para casa e enfim poder ser feliz ao lado daqueles que amava.Saber da existência de um filho deixou Miguel em êxtase, já se imaginava jogando futebol, empinando pipa, levando-o em um jogo de futebol e ensinando tudo para o garoto. Sentiu-se feliz com o pensamento.Pensou em Malú e tudo que ela passou, seu coração se aqueceu novamente, seus planos já estavam traçados, assim que ele voltasse a procuraria, casaria com ela e teria seu feliz para sempre, depois disso ele se preocuparia com coisas como Lucas e todo o resto.A noite anterior só o fez ter certeza de que apesar d
FALCÃO estava cansado, seu corpo pedia cama, mas ele tinha ainda que passar pelo hospital para visitar Malú e Maicon. Já fazia duas semanas que o garoto estava hospitalizado por causa da dengue hemorrágica. Malú havia tirado uma licença para cuidar dele, então sua vida se transformou em trabalho atrás de trabalho, afinal, ele tinha que dar conta do serviço da parceira também.Assim que chegou ao hospital, Falcão foi direto no quarto de Maicon, o garoto estava dormindo e ao seu lado Malú estava descansando, toda torta em uma cadeira.Falcão sorriu, sabia que Maicon era tudo para a amiga, ele tinha por ela um apreço muito grande, nunca teve filhos, mas dizia a todos que Malú era como uma filha para ele. Seu carinho pela moça e por aquele menino enchia seu coração de puro amor.Suspirou ao lembrar-se de Miguel, aquele rapaz est
— Eu sinto muito. — disse o médico retirando a touca cirúrgica da cabeça.— Não ouse usar esse tom comigo, doutor! — Josiane disse com os olhos cheios de lágrimas. — Não diga que meu filho não resistiu.— Calme, Senhora Josiane, não disse isso.— Então ande, diga logo o que aconteceu. — ela pediu num tom alto pelo nervosismo.— Durante a cirurgia, tivemos uma complicação. Miguel poderá ter sequelas graves e irreversíveis, mas só saberemos quando ele acordar.— Meu Deus! Isso não pode acontecer — Josiane disse chorando.— O que poderá acontecer com ele? — Tony disse aflito, embora tivesse uma leve suspeita de qual seria essa sequela permanente.— Miguel pode ter a função motora afetada, pode ficar cego, ou ter algum
LUCAS não se conformava em ser abandonado assim. Nenhuma ligação, nenhuma satisfação, nada! O silêncio o deixava furioso. Aqueles dias longe dos Alazar e com Malú expulsando-o constantemente do quarto de Maicon toda vez que ele entrava só o deixava muito irritado. Estava sentado em seu sofá com um copo de uísque na mão, seus pensamentos fervilhavam. Após tomar o último gole da bebida, ele jogou o copo contra a parede levando as mãos à cabeça e sentindo as lágrimas queimarem seus olhos.— Por quê? Por que fazem isso comigo? — perguntou aflito e cheio de mágoa. — Nunca os tratei mal, nem os desprezei, eles são minha família, por que me deixaram para trás?Lucas se levantou com uma nas mãos na cabeça e a outra na cintura, começou a andar de um lado para o outro, tentava
MIGUEL estava com uma pequena gaiola na mão. Estava esperando seu voo de volta finalmente para casa, ele estava inquieto e nervoso assim como seu amigo João que piava sem parar dentro da gaiola. Miguel levantou o pano que o cobria e o passarinho veio para perto dele.— Preciso que se acalme, amigo, nós vamos para a casa. — O passarinho se esfregava na grade da gaiola como um gatinho manhoso pedindo atenção de seu dono. — Você vai comigo na cabine, então se acalme, não irei te abandonar.— Acho que é agitação demais para ele. — Matias disse, sentando-se na cadeira ao lado de Miguel.— Também acho, ele está estressado. — Miguel abriu a portinha da gaiola e colocou a mão lá dentro. O João-de-barro mais que depressa subiu em sua mão e ajeitou-se nela dormindo em seguida.— Estou ven