— Miguel...
MALÚ acordou sobressaltada, tinha sonhado com Miguel. Ele havia deixado um beijo carinhoso em sua cabeça e saído. Ela tinha que parar com isso, tinha que entender que a vida segue, que as coisas por mais que ela não queira mudam. Estava na hora de aceitar o fato de que Miguel morreu e não voltaria, por mais que isso a machucasse, ela precisava seguir em frente.
Ela colocou o porta-retrato de Miguel no lugar, porém ainda o olhava com intensidade, sabia que nunca mais amaria ninguém. Miguel era especial para ela, ele era sua alma gêmea, era aquela pessoa que seria para sempre, e pensar em amar outra pessoa para ela, seria perda de tempo, pois ela nunca amaria alguém como amou Miguel.
O amor pode ferir, mesmo quando ele cura, amar não é sobre querer amar alguém, e sim sobre saber os motivos que faz você amar aquela pessoa, amar é compreend
Sooner or later the lights up aboveWill come down in circles and guide me to loveI don't know what's right for meI cannot see straightI've been here too long and I don't wanna wait for itChristina Aguilera, A Great Big World - Fall On MeMIGUEL estava com seu amigo João no jardim da casa de seus pais tomando sol, era de manhã; após o quase encontro com Malú, ele não saiu mais de casa. Dois meses então passaram voando e cada dia ele se esforçava para se recuperar porque ele queria mais que tudo voltar para ela, ser dela sem que nada mais impedisse.— O que está pensando, menino? — Dora se sentou ao lado e passou as mãos nas costas de Miguel, ele deitou a cabeça no ombro daquela senhora gentil, que ajudou sua mãe a criá-lo.— Malú. — disse apenas.<
MIGUEL estava em seu quarto, ele andava de um lado para o outro tentando montar um plano para que Lucas caísse, foi então que algo veio em sua mente, ele pegou o telefone. Mais do que nunca precisaria da ajuda de seus amigos para que seu plano desse certo.— Hospital San Josef, boa noite em que posso ajudar? — disse uma das recepcionistas ao telefone de uma forma simpática.— Boa noite, gostaria de falar com Doutor Juan Hernandez. — Miguel disse sem se preocupar em disfarçar a voz.— Quem gostaria? — ela perguntou, olhando no telefone o ramal da sala do Doutor.— Diga a ele que é um velho amigo, por favor!— Tudo bem. — Miguel escutou um suspiro pelo telefone. — Só um minuto irei fazer a transferência, aguarde na linha.— Ok.Depois de alguns minutos, uma voz familiar atend
LUCAS acordou naquela manhã, com uma dor no peito, toda aquela espera, todo aquele desprezo o deixou abalado. Ele não entendia o porquê ser deixado para trás, não entendia o porquê ninguém o amava como ele realmente merecia. Na mente de Lucas, ele que merecia toda a atenção, ele merecia que todos seus desejos e vontades fossem realizados, ele detestava quando era contrariado e quando as coisas não saíam ao seu modo.Lucas sabia que era frio, calculista, muitas das vezes era insensível, era inescrupuloso e um transgressor de regras sociais e morais. Ele sabia que passaria por cima de qualquer um para satisfazer seus interesses, Lucas não era louco, ele sabia exatamente o que fazia para atingir seus objetivos.Ele sabia que matar Miguel era necessário, que subornar o perito no barco também, sabia que roubar órgãos e vender no mercado negro er
O vento soprava gelado naquela ilha. O som do mar, o mesmo que acalmava, irritava-o. Miguel se sentou abraçando as pernas, balançava-as como o restante do corpo no mesmo ritmo... Lento. Ele batucava os dedos no joelho enquanto observava a espuma branca que batia de encontro as rochas. Com os olhos fixos no mar agitado devido a uma tempestade na noite anterior, Miguel chorava.Sentia-se mais solitário do que nunca. Nessa manhã, nem o sol e nem os pássaros daquela ilha deram o ar da sua graça, apenas nuvens, chuva e a solidão. Miguel fechou os olhos e suspirou, com o coração pesado e cansado de saudades.Ele escutava cada gota de chuva bater de encontro às folhas, era para ser reconfortante, se não fosse tão solitário.Afinal, ele não sabia como havia parado ali. Não sabia quem era, ou o que havia acontecido, mas, dentro de si, um vazio o atormentava ferozmente
Fumaça.Havia muita fumaça.MIGUEL recobrou a consciência e tentou se manter em pé, mas isso parecia ser uma missão impossível, o barco balançava de um lado para o outro e sua cabeça latejava fortemente.Levou a mão à cabeça e sentiu algo viscoso, quando olhou, percebeu que era sangue, por isso, ficou confuso por alguns instantes. Ele havia caído?Não lembrava direito, focou os olhos na mancha de sangue no chão do barco e, então, relembrou tudo o que aconteceu minutos atrás, a discussão, a briga e, por fim, as pancadas na cabeça.O coração de Miguel se contraiu, enquanto, em sua mente, ele só conseguia se perguntar: como Lucas pôde? Como ele pôde se virar contra ele? Ele era seu melhor amigo, não era? Fechou os olho
É impossível existir sem te abraçarNo meu corpo, tu reinavasFechava os olhos e então te via chegarMas tu não estavas.Dias atuais.MALÚ acordou naquela manhã com os pensamentos em Miguel, por mais que o tempo passasse, ela não conseguia esquecê-lo. Ela nunca se conformou com a partida dele, algo dentro dela lhe dizia que a história deles ainda não tinha terminado, mas como podia confiar nesse pressentimento quando, na verdade, ele havia morrido? Talvez, isso acontecesse pelo fato deles nunca terem achado o corpo de Miguel, mesmo achando os restos do barco.Era difícil para ela, pois a saudade castigava seu coração todos os dias. Viveu feliz uma boa parte de sua vida, mas, de repente, a felicidade foi arrancada dela com brutalidade.Suspirou ao recordar do sonho que teve com o amado. Estavam em uma praia, e nela tinha uma lagoa linda,
LUCAS andava de um lado para o outro, estava tenso e nervoso. Toda vez era isso, Malú sempre o afastava mesmo com todo seu esforço e dedicação para ganhar o amor da moça. Ele não sabia mais o que fazer, já tinha se livrado de Miguel, o grande empecilho que tinha entre eles, mas, agora, tinha Maicon. Lucas odiava aquele moleque. Por ele, poderia tê-lo matado sufocado quando nasceu, mas ele nunca conseguiu ficar sozinho com o menino, Malú não deixava. Tinha a certeza de que ela não se entregava a ele por conta do garoto. Entrou em seu consultório nervoso, sentou-se e ligou o computador, fazia tempo que Lucas não pensava no passado, mas naquela manhã as lembranças da infância e adolescência invadiram sua cabeça, fazendo-o sentir mais raiva de Miguel. Com os cotovelos em cima da mesa e o rosto entre as mãos, Lucas relembrou sua infância com aquele que ele julgava que tinha o traído. Miguel e Lucas se conheceram aos três anos de idade. Em uma noite, o menino acord
A única coisa que limita as suas aspirações é a sua imaginação. MIGUEL observava seu amigo João-de-barro, o pequeno passarinho pegava alguns gravetos e levava até seu ninho, gorgolejava e batia as asas com alegria, ele sorriu com a alegria de seu amigo. O dia estava lindo, o sol brilhante, e nenhuma nuvem era vista no céu. Ele se levantou, retirou o short velho e correu até o mar, em seguida, mergulhou, a água estava quente, ficou algum tempo ali nadando perto da borda, pois não poderia ir para muito longe. Apesar de saber nadar bem, a arrebentação era perigosa e morrer naquele paredão de pedras não era mais seu objetivo. Sua meta agora era traçar um plano para que pudesse voltar para casa. Após relembrar tudo o que aconteceu com ele, Miguel ficou ainda mais triste, porque por mais que ele pensasse, mais conclusões ruins ele chegava. Saiu do mar e sentou-se na areia, observou bem o mar, e sua cabeça e seu coração lembraram a mulher que