Eu e Bruno estamos casados há quatro anos, e eu quero muito lhe dar um filho. Infelizmente, ele nunca quer fazer amor comigo. Achei que ele não tivesse desejo sexual. Mas o médico disse que ele é tão intenso que ao fazer amor com uma mulher, pode até rasgar o ânus dela. De repente, meu coração apertou, pois essa mulher não é outra pessoa. É a irmã dele, que não tem laços de sangue com ele.
Ler maisEu olhei calmamente para Gisele.— Está bem, fala, eu estou ouvindo.Bruno se levantou abruptamente diante de mim, como se tivesse uma faca pressionada contra suas costas. Ele praticamente se lançou para a frente, com a vontade de esmagar Gisele com uma única mão.Eu imediatamente o segurei.— Eu te prometo, se ela disser algo errado, te dou uma chance de explicar.Bruno rosnou entre os dentes, ainda insatisfeito com a atitude de Gisele, e o encarou com um olhar ameaçador, sem dizer nada.Eu me coloquei entre eles, levantando a mão para cobrir seus olhos, pressionando ele de volta contra a cadeira.As suas longas pestanas tremeram levemente na minha palma, e ele, impotente, soltou um suspiro de desespero.— Ana...Aquela palavra partiu meu coração.— Vamos esclarecer tudo hoje. Aproveite esta oportunidade para resolvermos as pendências. Eu não sei o que o futuro nos reserva, mas ficar parado só fará as coisas piorarem.Na verdade, pelas constantes tentativas de Bruno de me impedir, eu
Ao ouvir as palavras de Bruno, meu coração não foi tocado nem um pouco era mentira.Será que o mal-entendido entre mim e Bruno, do qual Rui falou, era isso tudo? Então, Bruno já tinha rompido com Gisele há muito tempo? Uma amarga sorriso se formou nos meus lábios. Durante os três anos em que estive no exterior, sofrendo tanto, Bruno nunca esteve com Gisele? Então, por que ele nem mesmo foi me visitar quando tive complicações no parto? Se ele realmente não sentia nada por Gisele, como ele dizia, que tipo de sentimento ele teria por mim?Se Rui já soubesse de tudo isso, não saberia dizer se ele era tolo ou inteligente. Se eu estivesse no lugar dele, provavelmente não teria desistido por causa de algo assim. Gostar de alguém não é fácil, e desistir de alguém é ainda mais doloroso.Isso mostrava o quanto Rui havia suportado tudo por mim, sozinho. A gratidão que sentia por ele, nesta vida, não saberia o que usar para pagar. Só restava esperar que ele conseguisse encontrar sua própria feli
Bruno olhava fixamente para Gisele, e ela, com a mesma obstinação, o encarava de volta. Nenhum dos presentes parecia reagir de forma exagerada.— O que mais você fez? Aproveite agora para falar tudo. Se eu descobrir isso depois, não será tão simples como está sendo hoje. — Bruno questionava Gisele, sua voz carregada com o tom de comando habitual.Gisele apertava os lábios com força, sem saber se era por conta da raiva ou pela fúria de Bruno. Seu rosto pálido começou a mostrar uma leve cor vermelha.— Irmão, você veio até aqui porque a Ana disse algo para você, não foi? Você acredita nas palavras dela dessa forma? — Uma lágrima atrás da outra rolava pelo rosto de Gisele, sua voz tremia, cheia de uma teimosia dolorida. — Se você acredita nela, por que está vindo perguntar para mim? No fim, o que ela diz é verdade, então as minhas palavras não importam, não é?Embora ela estivesse se referindo a mim, não havia nada que eu pudesse responder. Depois de tudo o que passei, já não sentia mais
Bruno se aproximou e parou atrás de mim, trazendo consigo um pouco de luz e calor. Ele envolveu minha cintura com suas mãos, e o cheiro suave do sol, que parecia aquecer o ambiente, me deixou inquieta. De uma forma inexplicável, eu estava gelada, e meu corpo não conseguia conter os leves tremores.Enquanto Gisele me observava, seus olhos cheios de dor e desespero, Bruno inclinou suavemente o queixo sobre meu ombro e sussurrou em meu ouvido:— Desculpe, por todo o sofrimento que te causei.Gisele gritou, o som agudo e desesperado cortando o silêncio:— Irmão, irmão, me abraça, por favor! Eu não tenho mais pernas, não consigo andar! Só vou poder viver se você me carregar, senão... Senão eu vou morrer!Bruno virou a cabeça, e com uma frieza intransigente, respondeu a Gisele, sua voz cortante como uma lâmina:— Então morra.As palavras não eram dirigidas a mim, mas, ao ouvi-las, meu corpo não pôde evitar um tremor. Em um instante, parecia que o mundo ao redor havia parado. Eu estava prof
Tudo estava como Luz havia dito. Fora do quarto de Gisele, de fato, estavam algumas pessoas. Vários seguranças de preto, altos e musculosos, bloqueavam o estreito corredor, o que fazia com que até a luz ficasse mais fraca. De vez em quando, o som de soluços vindos do interior do quarto se destacava, se tornando ainda mais assustador. Mesmo sendo o meio-dia, quando o sol deveria brilhar com força, havia uma sensação de frio inexplicável.— Veja, veja! Eu não estava errada, estava? — Luz estava atrás de mim, batendo o pé impacientemente. Ela parecia nervosa. — Vamos, vamos, vamos entrar e ver o que está acontecendo!...Eu me virei para analisar sua expressão. Se antes ela parecia um pouco preocupada, agora exibia um leve sorriso de quem estava visivelmente animada.— Eu realmente duvido que tenha me chamado aqui porque estivesse preocupada. Acho que você me trouxe só para assistir ao espetáculo, não para me pedir ajuda... — Comentei.Luz riu.— Nada disso! Eu também estou preocupada. —
Quando desci as escadas, todos na Mansão à Beira-mar pareciam ter percebido algo, e logo começaram a se colocar à minha frente. Elas buscavam desculpas tolas, até chegaram a me perguntar se eu queria preparar uma refeição para a Dayane, algo que ela gostasse, para levar até ela. Dayane não estava bem de saúde, e sempre tinha um nutricionista especializado que cuidava das suas refeições diárias. Ela nunca precisaria que eu cozinhasse para ela.Parei, fixando o olhar nas pessoas à minha frente.— O Bruno mandou vocês me restringirem?Elas trocaram olhares, em silêncio, e no fim, não disseram mais nada.Eu franzi o cenho, fechei a expressão e, rapidamente, passei entre elas, fazendo meu caminho até o jardim. Luz já estava me esperando lá.— Vamos para o hospital! — Assim que entrei no carro, ouvi Luz dizer.Meu coração apertou. Hospital não é um lugar que inspire boas notícias. Sempre que alguém menciona um hospital, é porque algo grave está para acontecer. Além disso, Luz tinha falado
Rui falava, mas de repente baixou a cabeça, fazendo com que sua parte superior do corpo saísse do quadro do vídeo, revelando a grande parede branca atrás dele.O que Rui não sabia era que, através da sombra da luz, ainda pude perceber seu corpo tremendo e os rápidos movimentos que fazia ao tentar enxugar os cantos dos olhos.— Rui... — Estou aqui! — Ele logo se endireitou e me deu um sorriso, com os olhos vermelhos e a voz embargada. — Quando atendi seu telefone, fiquei realmente muito feliz. Eu até queria te dizer que meu pai e meu irmão estão mais tranquilos agora, que não vão mais interferir no meu casamento, não têm mais poder para isso. Eu queria te dizer que agora sou capaz de tomar minhas próprias decisões sobre minha vida amorosa.Ele sorriu de forma desconfortável. — Agora vejo que não era necessário, Ana, pode ficar tranquila, de agora em diante, eu sou a sua família. Não vou deixar o Bruno te machucar!Suspirei silenciosamente, claramente Rui havia interpretado mal a rel
Rui ficou em silêncio por um momento, antes de soltar uma risada tranquila.O telefone foi desligado e, logo em seguida, ele me ligou novamente, desta vez por vídeo.O nome de Rui no topo da tela piscava, trazendo à tona muitas lembranças. Havia um tempo, distante e breve, quando nós dois compartilhávamos nossas vidas através de chamadas de vídeo. Aquele período parecia tão distante agora, um misto de pressa e imaturidade, que tudo parecia ter sido feito de maneira impulsiva, sem considerar os obstáculos que enfrentávamos. Sabíamos, no fundo, que a decisão tomada não seria capaz de suportar tudo o que viria pela frente.O prazer momentâneo gerado pela novidade se tornou frágil diante das dificuldades que surgiram.Atendi a vídeo chamada e, na tela, apareceu o rosto de Rui, limpo e fresco, como se tivesse acabado de fazer a higiene matinal.— Ana. — Rui sorriu e disse meu nome, o cheiro refrescante de colônia de barbear parecia atravessar a tela, invadindo minhas narinas.Eu sorri també
Meu corpo estremeceu, e uma leve brisa que passou perto de meus ouvidos trouxe um toque de frio. Virei a cabeça em direção ao Bruno, que estava com os olhos fechados, dormindo profundamente.Fiquei um pouco atordoada, sem saber se era a fadiga que estava me causando essa sensação de confusão, ou se realmente a noite tinha ficado mais fria.A voz de Nelson no telefone soou, carregada de uma leve risada.— Se você quiser, não precisa se preocupar comigo. Eu já não sou mais a mesma pessoa de três anos atrás. Essa pequena liberdade, eu ainda tenho.— Parabéns, mas não precisa. Não tem mais sentido, não vou mais insistir.Ver as pessoas ao meu redor se tornando cada vez melhores me deixava feliz por elas. Nelson, Rui, até mesmo Luz. Embora a vida deles não tivesse chegado ao estado que os fizesse 100% felizes, todos brilhavam nos seus respectivos campos.Até mesmo Bruno, o crescimento dele nos últimos três anos estava claro para todos.Mesmo que ele tenha abaixado a guarda na minha frente,