Eu esfreguei a testa, as lágrimas surgiram, e ao levantar a cabeça percebi que não tinha batido na parede, mas sim no peito sólido de Bruno.— Nem com um bilhão de dona Rose, eu iria à falência.Bruno não gostava de demonstrar suas emoções, mas por um instante, peguei uma expressão de desprezo em seu rosto. Do que ele tinha para se orgulhar? Por mais rico que ele fosse, era eu quem pagava o salário da dona Rose.Agarrei a alça da mala e, sem erguer os olhos, passei por ele.Com uma expressão impassível, Bruno me impediu, chutando a base da minha mala. — Coloque as coisas da Sra. Henriques de volta. — Ele ordenou a dona Rose, que estava a poucos metros de distância.Dona Rose correu atrás da mala que deslizava rapidamente.Eu não culpei a dona Rose pela falta de solidariedade, nem senti vergonha por ser descoberta por Bruno naquele momento. A pessoa que deveria sentir vergonha naquela casa não era eu.— Não bloqueie meu caminho. — Essa foi a frase mais firme que eu já tinha dito a Bruno
"Ele não me ama."Eu disse a mim mesma em silêncio depois de ouvi-lo dizer essas palavras.Parecia que, depois de ver certas coisas com clareza, eu conseguia encontrar provas de que ele não me amava em todos os lugares. Ele já não tinha mais nenhuma paciência comigo.Eu olhava fixamente em seus olhos, tentando enxergar ele por completo. Depois de um tempo, desviei o olhar, não querendo investigar mais. Eu também já não tinha mais expectativas.Vendo que eu não me movia, Bruno agarrou meu pulso e me puxou para andar. Quando percebi que ele queria me levar para o closet, resisti de imediato.Pensar que ele fez aquelas coisas ali de manhã me fazia nunca mais querer entrar naquele lugar.O rosto de Bruno ficou sombrio e ele disse friamente:— Ana, como posso levar você para casa se você está assim?Eu olhei para mim mesma e vi que as roupas originalmente passadas e impecáveis agora estavam amassadas, tudo por causa dele. Realmente não dava para usar mais.As coisas entre Bruno e eu ainda n
Sra. Karina estava feliz, e toda a família estava alegre. Durante o jantar, ela foi ao quarto e trouxe um par de brincos de jadeíta verde imperial para me presentear.Muito obediente, eu segurei os brincos e os elogiei sem parar. O rosto de Gisele começou a ficar pesado quando os coloquei na frente dela.Seguindo meus movimentos, todos viam o rosto levemente enciumado de Gisele.— Mamãe, dê para a Gisele, eu vejo que ela também gosta. Assim, ela não vai ficar pedindo para mim.Sra. Karina deu um tapinha no ombro de Gisele e pegou os brincos de novo, colocando-os na minha mão.— Não darei para ela, ela ainda é pequena e não é adequado para ela usar.Gisele torceu a boca e finalmente deixou as lágrimas, que segurou a noite toda, caírem.No final, eu não estava tão tranquila quanto pensei.Eu amava Bruno, e o amor não desapareceu no momento em que falei sobre divórcio.Por amor, senti ciúmes de Gisele pela primeira vez.Eu fiz Gisele chorar e pensei que tinha ganhado uma rodada.Mas ela n
Não sabia se foi aquela tigela de Medicina Chinesa que fez efeito, mas Bruno estava bastante ansioso esta noite. Eu usei toda a minha força para resistir, e acabei acertando um soco em seu queixo.Bruno segurou o queixo, com a boca contorcida de raiva.— Foi de propósito?Jurei que não foi intencional, mas já que bati, bati. Afinal de contas, ele não poderia revidar.Ele se levantou, furioso.— Não pense que vou te tocar de novo.No meio do nosso impasse, uma batida na porta interrompeu a crescente tensão no quarto, e a doce voz de Gisele soou do lado de fora:— Irmão.Eu ajeitei o pijama e, fingindo indiferença, perguntei de novo:— Você pode ficar aqui?Seu maxilar magro estava tenso, e a emoção em seus olhos desapareceu como a maré recuando.— Realmente não entendo o que você quer!As batidas na porta continuavam, e Gisele chamava suavemente como um gatinho:— Irmão, você está dormindo? Irmão?Bruno me lançou um olhar e, como de costume, ordenou:— Espere, eu voltarei para dormir.
Eu nunca tinha recebido flores do Bruno. Ele comprava flores para a mãe dele, para a irmã, mas nunca para mim.Eu segurava as flores com as mãos trêmulas.Eu costumava me consolar dizendo que ele não era uma pessoa tão romântica, mas ele comprava flores, sim!Eu queria jogar as flores na nuca dele, dizer que era tarde demais!Mas meu braço parecia sem força para levantar, no fim, não tive coragem.Até sair do carro, eu continuei segurando o buquê, sem o soltar por um instante.Eu gostava, gostava muito.Mas não o perdoei por causa de um buquê de flores.Bruno me segurou antes de eu entrar.— Ana, precisamos conversar.Eu fiquei parada de frente para ele, segurando as flores. Parecíamos duas estátuas de gesso em silêncio, sem saber como enfrentar a situação inesperada.Ele só falou depois de consumir toda a minha paciência:— A Gisele percebeu que algo está errado entre nós. Não deixe que problemas pessoais afetem meu relacionamento com ela. O que você acha que ela pensará?Eu queria p
Eu mordi os lábios.— Bruno, se eu não me engano, já pedi o divórcio. Você não tem mais direito de se intrometer na minha vida.Sua voz extremamente fria soou:— Se eu não tenho direito, quem tem? Escolheu esse momento para pedir o divórcio, está achando que meu pai vive muito? — Seu tom era sarcástico. — Você acha que pode querer ser minha esposa quando bem entender e jogar fora quando não quiser mais?Eu esbocei um sorriso amargo. A tristeza era incontrolável.— Falar de posição agora é ridículo. Se você não dissesse, eu até pensaria que sempre houve duas senhoras nesta casa.Sua expressão parecia prestes a rachar, mas, ao mesmo tempo, talvez não.— Ana, você está se tornando uma especialista em criar histórias. Ela é minha irmã. Acha que eu seria capaz de algo assim? Não deixe sua imaginação correr tão solta.— Se você fez ou não, eu realmente não sei, não tenho provas, mas você permitiu que ela ultrapassasse limites. Bruno, se ainda resta algum sentimento por esta família em você,
— Você gostou também, né? Até as gatas no cio debaixo do muro são mais recatadas que você. — O homem satisfeito exibia um sorriso cheio de orgulho. — Não fui eu quem te provocou, foi o meu corpo que te provocou.Ele segurou meu rosto, me forçando a olhar para baixo.— Você ama mais a mim ou ao meu corpo? Hein?Não pude evitar um ato de vingança tímido e mordi seus lábios, fazendo seu corpo ficar tenso de imediato.Eu sorri sem forças.— Querido, então você me ama?Bruno ficou surpreso, seus olhos atravessaram o ar poluído e pousaram no meu rosto. Eu podia sentir sua hesitação e o abracei instintivamente.O pomo de Adão dele subiu e desceu, e seu esforço para conter uma expressão de prazer misturada com dor o impedia de avançar ou recuar.Eu não queria que esse momento de felicidade fosse estragado. Como mulher, isso tornaria meu corpo ainda mais insatisfeito. Com pressa, coloquei minha mão em seus lábios.Ele riu baixo, inclinou a cabeça e mordeu meu dedo. No segundo seguinte, ele s
— Mãe! — Não consegui segurar as lágrimas e comecei a chorar também. Todos os ressentimentos acumulados nos últimos dias explodiram naquele momento. — Mas e se não fizer sentido? Mãe, o coração dele não está em mim!Sofia suspirou.— Filha, se o coração de um homem não está em você, a culpa é sua. Além disso, vocês precisam ter um filho logo, só assim sua posição estará segura.Ri de forma amarga.Foi culpa minha?Depois de casar, se o homem não ganhou dinheiro, a culpa foi da mulher.Se o homem não voltou para casa, foi porque a mulher não o atraiu.De qualquer forma, era sempre culpa da mulher!Bruno me tratava mal, e eu podia aguentar.Mas a única pessoa neste mundo com quem ainda tinha um laço de sangue, minha mãe, me decepcionou ainda mais.— Mãe, será que a minha felicidade... — Minha voz estava embargada.Ela me interrompeu:— Ana! Você quer que eu me ajoelhe para você?...Minha mãe disse que se ajoelharia para mim, e se isso não fosse suficiente, ela bateria a cabeça no chão.