Não sabia se foi aquela tigela de Medicina Chinesa que fez efeito, mas Bruno estava bastante ansioso esta noite. Eu usei toda a minha força para resistir, e acabei acertando um soco em seu queixo.Bruno segurou o queixo, com a boca contorcida de raiva.— Foi de propósito?Jurei que não foi intencional, mas já que bati, bati. Afinal de contas, ele não poderia revidar.Ele se levantou, furioso.— Não pense que vou te tocar de novo.No meio do nosso impasse, uma batida na porta interrompeu a crescente tensão no quarto, e a doce voz de Gisele soou do lado de fora:— Irmão.Eu ajeitei o pijama e, fingindo indiferença, perguntei de novo:— Você pode ficar aqui?Seu maxilar magro estava tenso, e a emoção em seus olhos desapareceu como a maré recuando.— Realmente não entendo o que você quer!As batidas na porta continuavam, e Gisele chamava suavemente como um gatinho:— Irmão, você está dormindo? Irmão?Bruno me lançou um olhar e, como de costume, ordenou:— Espere, eu voltarei para dormir.
Eu nunca tinha recebido flores do Bruno. Ele comprava flores para a mãe dele, para a irmã, mas nunca para mim.Eu segurava as flores com as mãos trêmulas.Eu costumava me consolar dizendo que ele não era uma pessoa tão romântica, mas ele comprava flores, sim!Eu queria jogar as flores na nuca dele, dizer que era tarde demais!Mas meu braço parecia sem força para levantar, no fim, não tive coragem.Até sair do carro, eu continuei segurando o buquê, sem o soltar por um instante.Eu gostava, gostava muito.Mas não o perdoei por causa de um buquê de flores.Bruno me segurou antes de eu entrar.— Ana, precisamos conversar.Eu fiquei parada de frente para ele, segurando as flores. Parecíamos duas estátuas de gesso em silêncio, sem saber como enfrentar a situação inesperada.Ele só falou depois de consumir toda a minha paciência:— A Gisele percebeu que algo está errado entre nós. Não deixe que problemas pessoais afetem meu relacionamento com ela. O que você acha que ela pensará?Eu queria p
Eu mordi os lábios.— Bruno, se eu não me engano, já pedi o divórcio. Você não tem mais direito de se intrometer na minha vida.Sua voz extremamente fria soou:— Se eu não tenho direito, quem tem? Escolheu esse momento para pedir o divórcio, está achando que meu pai vive muito? — Seu tom era sarcástico. — Você acha que pode querer ser minha esposa quando bem entender e jogar fora quando não quiser mais?Eu esbocei um sorriso amargo. A tristeza era incontrolável.— Falar de posição agora é ridículo. Se você não dissesse, eu até pensaria que sempre houve duas senhoras nesta casa.Sua expressão parecia prestes a rachar, mas, ao mesmo tempo, talvez não.— Ana, você está se tornando uma especialista em criar histórias. Ela é minha irmã. Acha que eu seria capaz de algo assim? Não deixe sua imaginação correr tão solta.— Se você fez ou não, eu realmente não sei, não tenho provas, mas você permitiu que ela ultrapassasse limites. Bruno, se ainda resta algum sentimento por esta família em você,
— Você gostou também, né? Até as gatas no cio debaixo do muro são mais recatadas que você. — O homem satisfeito exibia um sorriso cheio de orgulho. — Não fui eu quem te provocou, foi o meu corpo que te provocou.Ele segurou meu rosto, me forçando a olhar para baixo.— Você ama mais a mim ou ao meu corpo? Hein?Não pude evitar um ato de vingança tímido e mordi seus lábios, fazendo seu corpo ficar tenso de imediato.Eu sorri sem forças.— Querido, então você me ama?Bruno ficou surpreso, seus olhos atravessaram o ar poluído e pousaram no meu rosto. Eu podia sentir sua hesitação e o abracei instintivamente.O pomo de Adão dele subiu e desceu, e seu esforço para conter uma expressão de prazer misturada com dor o impedia de avançar ou recuar.Eu não queria que esse momento de felicidade fosse estragado. Como mulher, isso tornaria meu corpo ainda mais insatisfeito. Com pressa, coloquei minha mão em seus lábios.Ele riu baixo, inclinou a cabeça e mordeu meu dedo. No segundo seguinte, ele s
— Mãe! — Não consegui segurar as lágrimas e comecei a chorar também. Todos os ressentimentos acumulados nos últimos dias explodiram naquele momento. — Mas e se não fizer sentido? Mãe, o coração dele não está em mim!Sofia suspirou.— Filha, se o coração de um homem não está em você, a culpa é sua. Além disso, vocês precisam ter um filho logo, só assim sua posição estará segura.Ri de forma amarga.Foi culpa minha?Depois de casar, se o homem não ganhou dinheiro, a culpa foi da mulher.Se o homem não voltou para casa, foi porque a mulher não o atraiu.De qualquer forma, era sempre culpa da mulher!Bruno me tratava mal, e eu podia aguentar.Mas a única pessoa neste mundo com quem ainda tinha um laço de sangue, minha mãe, me decepcionou ainda mais.— Mãe, será que a minha felicidade... — Minha voz estava embargada.Ela me interrompeu:— Ana! Você quer que eu me ajoelhe para você?...Minha mãe disse que se ajoelharia para mim, e se isso não fosse suficiente, ela bateria a cabeça no chão.
Filipe sorria, demonstrando uma aparência amigável, mas sempre carregando uma aura de autoridade natural que impunha respeito aos outros, inclusive a mim. Os homens que haviam se exibido diante da minha mãe estavam tão assustados que nem ousavam se sentar.— Situações especiais requerem tratamentos especiais. — Ele disse, dando um tapinha no ombro do homem ao seu lado, com uma entonação prolongada e cheia de autoridade. — Não preciso ensinar, certo?— N, não precisa, Sr. Filipe, vou servir o seu vinho. Se eu soubesse que o senhor viria, teria ficado de joelhos no chão desde o momento em que o senhor desceu do carro, não é?Eu segurei a mão da minha mãe e percebi que ela estava tremendo. Não sabia se era por causa do álcool ou outra coisa, mas ela não parava de olhar para Filipe. Eu sabia que, se ela não tomasse uma atitude logo, a situação se tornaria insustentável.Bruno sempre dizia que não se deve agir de maneira excessiva, pois muitas dessas pessoas ainda estariam em nosso círculo
O som de alguém digitando a senha parou de repente, e uma voz carregada de raiva chegou até mim:— Abra a porta.Meus dedos, que estavam pressionados contra o chão, ficaram tensos. No momento em que relaxei, também senti um pouco de ódio e recusei:— Bruno, vá embora.— Ana, sou eu! A Sra. Sofia está muito preocupada com você e pediu para eu e meu irmão virmos te ver. — A voz alegre de Gisele veio do lado de fora da porta.Eu estava deitada no chão, batendo levemente a cabeça contra o piso. Minha cabeça doía. Bruno sabia exatamente como me sentiria e ainda assim trouxe Gisele. Era para me provocar?Bruno bateu na porta mais uma vez, seguro de que eu o deixaria entrar.— Ana, vamos conversar.Enquanto eu dormia, ele provavelmente já havia tentado várias senhas. Seria que era tão difícil de adivinhar? Eu pensei que, se ele tivesse dedicado um pouco de atenção a mim, não teria dificuldade em acertar.Do lado de fora, ouvi Bruno ligando para seu secretário, pedindo para alguém vir abrir a
Eu respirava ofegante e desajeitadamente, com os pulmões doendo como se fossem explodir. Quando finalmente consegui controlar aquela sensação, levantei os olhos e vi o homem à minha frente, completamente encharcado, emanando uma sedução masculina que parecia pronta para uma sessão de fotos.Eu não consegui controlar o choro, transformando toda a minha frustração em golpes contra ele.Ele segurou minhas mãos e, ignorando minhas lutas, começou a tirar minhas roupas.— Se podemos ou não continuar vivendo juntos, sou eu quem decide. Se faremos amor ou não, não é algo do qual você possa zombar!Ele prendeu minha nuca, pressionando-me para baixo e maltratando meus lábios com urgência.Meus lábios estavam dormentes e doloridos, já sem qualquer sensação, e eu não conseguia fazer nada além de chorar.Ele queria mostrar que minhas lutas, meus esforços, minha vida ou morte, nada disso estava sob meu controle. Ele queria me mostrar que quem não podia viver sem ele era eu, que minha vida estava em