O som de alguém digitando a senha parou de repente, e uma voz carregada de raiva chegou até mim:— Abra a porta.Meus dedos, que estavam pressionados contra o chão, ficaram tensos. No momento em que relaxei, também senti um pouco de ódio e recusei:— Bruno, vá embora.— Ana, sou eu! A Sra. Sofia está muito preocupada com você e pediu para eu e meu irmão virmos te ver. — A voz alegre de Gisele veio do lado de fora da porta.Eu estava deitada no chão, batendo levemente a cabeça contra o piso. Minha cabeça doía. Bruno sabia exatamente como me sentiria e ainda assim trouxe Gisele. Era para me provocar?Bruno bateu na porta mais uma vez, seguro de que eu o deixaria entrar.— Ana, vamos conversar.Enquanto eu dormia, ele provavelmente já havia tentado várias senhas. Seria que era tão difícil de adivinhar? Eu pensei que, se ele tivesse dedicado um pouco de atenção a mim, não teria dificuldade em acertar.Do lado de fora, ouvi Bruno ligando para seu secretário, pedindo para alguém vir abrir a
Eu respirava ofegante e desajeitadamente, com os pulmões doendo como se fossem explodir. Quando finalmente consegui controlar aquela sensação, levantei os olhos e vi o homem à minha frente, completamente encharcado, emanando uma sedução masculina que parecia pronta para uma sessão de fotos.Eu não consegui controlar o choro, transformando toda a minha frustração em golpes contra ele.Ele segurou minhas mãos e, ignorando minhas lutas, começou a tirar minhas roupas.— Se podemos ou não continuar vivendo juntos, sou eu quem decide. Se faremos amor ou não, não é algo do qual você possa zombar!Ele prendeu minha nuca, pressionando-me para baixo e maltratando meus lábios com urgência.Meus lábios estavam dormentes e doloridos, já sem qualquer sensação, e eu não conseguia fazer nada além de chorar.Ele queria mostrar que minhas lutas, meus esforços, minha vida ou morte, nada disso estava sob meu controle. Ele queria me mostrar que quem não podia viver sem ele era eu, que minha vida estava em
Juan tinha estudado no exterior, sendo um homem gentil e elegante, com um ar maduro e refinado ao vestir terno e gravata. Sua aparência formal me fazia lembrar de Bruno, pois havia muitas semelhanças entre eles, como a personalidade serena.No entanto, enquanto Bruno possuía um olhar penetrante que parecia dominar todas as pessoas e situações ao seu redor, Juan tinha traços suaves e uma aura gentil, como se a passagem do tempo o tivesse tornado mais ameno.A entrevista não correu bem. Meu objetivo inicial era ser advogada não contenciosa, mas o escritório de advocacia preferia que eu atuasse como advogada litigante. Juan tentou me convencer:— Luz já se destaca nessa área. Você não gostaria de experimentar a sensação de vencer adversários no tribunal?Respondi de forma evasiva:— Realmente, a litigância pode me proporcionar muitas oportunidades de pensar de forma independente, e meu crescimento será rápido.Eu entendi a razão por trás da recusa dele. Na litigância, a obtenção de casos
Bruno me disse de forma direta, se eu queria o divórcio, primeiro precisava pagar a dívida. Isso até fazia sentido.Eu também entendi por que minha mãe não podia aceitar a ideia de eu me separar de Bruno. Nos últimos quatro anos, eu já tinha sido inconscientemente vendida para a família Henriques.Quando voltei para o Escritório de Advocacia X, meus passos estavam trôpegos e minha mente, confusa.A recepcionista me olhou surpresa, e Juan, mais ainda.Eu sorri tranquilamente para Juan.— Desculpe, mas eu ainda quero tentar.O que eu queria dizer era que ganhar dinheiro com litígios era muito lento; eu não tinha mais tempo para esperar. A renda não contenciosa era mais estável.— O que aconteceu? — Juan notou minha expressão e, gentilmente, tentou me confortar. — Srta. Ana, se você fosse uma recém-formada, eu certamente faria de tudo para contratá-la. Seu currículo é impressionante, e você fez um excelente trabalho nos casos mencionados.Juan ajustou os óculos de armação dourada e me olh
Rui vestia um terno preto bem ajustado e, ao puxar a cadeira, se sentou ereto na minha frente. Era evidente que ele tinha uma boa relação com Juan, pois os dois conversaram de forma amigável por um bom tempo. Quando finalmente terminaram, Rui pareceu notar minha presença pela primeira vez. Ele cruzou os braços, com uma expressão cheia de zombaria no rosto:— Não é a Ana? O que você está fazendo aqui?A última vez que vi Rui foi em janeiro, quando ele foi um convidado na Antiga Mansão da família Henriques. A família Henriques e a família Sampaio sempre foram próximas, assim como a nossa família Oliveira e a família Sampaio. Nós crescemos juntos, e os mais velhos até tentaram nos juntar quando éramos crianças. Rui e eu éramos verdadeiros amigos de infância.No entanto, nosso relacionamento nunca teve aquele tipo de afeição inocente da infância. Era mais uma mistura de amor e ódio distorcida pela inveja. Ou talvez nunca tivesse havido amor, apenas um constante desprezo mútuo. Nós éramo
Aquele pequeno filhote de lobo de outrora se tornava cada vez mais astuto, a ponto de capaz de planejar sua vingança contra mim durante quatro anos.Minha visão passou pelo Juan, que estava sentado ao lado. Sua expressão era tranquila, sem qualquer surpresa sobre o meu relacionamento com Rui, o que deixava claro que ele sempre soubera de tudo, confirmando ainda mais minhas suspeitas.Rui, com os braços cruzados, soprou os fios de cabelo que caíam sobre sua testa e sorriu de maneira provocadora:— Você aceita ou não? Se não aceitar, tudo bem, beba duas garrafas de vinho e grite que Rui é seu irmão de sangue, aí eu deixo você ir e podemos lutar na próxima rodada.Se fosse antes, talvez eu derramasse o vinho na cara dele e saísse triunfante, mas agora o Sr. Rui tinha o poder de destruir minha carreira com um simples movimento.Eu precisava ganhar dinheiro!Não tinha capitais de brincar com o Sr. Rui. Agora, estava afundado em dívidas milionárias e precisava encarar a realidade.Sorri e di
Eu até que aguentava bem o álcool, mas hoje bebi rápido e com pressa, então essa minha resistência não fez diferença diante da quantidade que me obrigaram a beber.Eu já estava bêbada, e em meio à confusão, vi o rosto sorridente de Rui se contorcendo. Ele se inclinava para trás, com as mãos nos bolsos, e de repente, aquela juventude que estava sumindo da minha memória reapareceu.Meus olhos ficaram um pouco marejados.Se o tempo pudesse voltar, como seria bom. Eu não teria casado com Bruno, e não estaria lidando com tantas complicações agora.Quem me deu coragem para confessar a Bruno, afinal?Que tolice. Mesmo voltar a brigar com Rui na infância seria melhor do que o presente.Eu virei a garrafa vazia sobre o balcão e estendi a mão para pegar outra. As garrafas já estavam duplicadas diante dos meus olhos, e por mais força que eu fizesse, não conseguia abrir.Rui acenou com a mão, e Juan, sem alternativa, pegou minha garrafa, abriu ela e a colocou na minha frente de novo.— Beba devaga
Eu me lembrava de como ele tinha atrapalhado meu casamento, então, toda vez que o via, fazia questão de ostentar meu amor, mas na verdade, eu o enganava, assim como me enganava a mim mesma. Eu queria lhe dizer que não era o Bruno que não queria me dar dinheiro, mas sim que o Bruno já tinha me dado tanto dinheiro que eu não conseguia pagar.Minha mente estava clara, mas minha boca parecia não me pertencer. Além de emitir baixos gemidos, eu não consegui formar uma frase completa, e meu corpo, como se estivesse sem ossos, desabou no chão.— Maldição!Rui chegou por trás de mim e me abraçou, suas mãos apertaram meu estômago e ele me dobrou. Juan também veio ajudar, pressionando minha cabeça. Eu senti o álcool sair pelos meus olhos e nariz.— Está tão ruim... — Meus olhos ardiam tanto que não consegui abri-los. — Não faça isso, vou morrer.Um leve rubor subiu pelo pescoço de Rui até suas orelhas. Ele apertou meu estômago com força, empurrando de maneira rítmica para me ajudar a vomitar, co