Kara Milani: a herdeira de uma milionária rede de hotéis que perdera os pais ainda criança. Seu irmão, Otto Milani, assumira os negócios da família. Mas Kara nunca teve interesses mais profundos do que comer caviar e beber champanhe na cobertura de um dos seus hotéis, fosse em Paris, Londres, Roma ou qualquer outra capital da moda. Seus hobbies incluíam colecionar bolsas de grifes e sapatos de luxo, frequentar as baladas mais exclusivas e beijar na boca de qualquer gatinho que fosse ao menos uma subcelebridade em ascensão. Mas agora que Otto também se fora, caberia a Kara assumir os negócios da família. Porém Otto sabia que ela não estaria preparada para isso e deixou não só todas as ações da empresa e a fortuna da irmã nas mãos de seu melhor amigo, Adam Benatti, como também o dever de cuidar pessoalmente da garota até que ela se formasse na faculdade de Administração. Se Kara quiser, algum dia, retomar sua fortuna vai ser obrigada a seguir cada regra imposta em sua vida por Adam. E se ele já é implacável como CEO da Milani, imagina quando começar a se dar conta de que estava se apaixonando pela irmã do seu melhor amigo falecido, a garota de quem prometera proteger e cuidar como se fosse sua própria irmã mais nova.
Ler mais~ TRÊS MESES DEPOIS ~- Daiquiri... – Manu me oferece a taça – Adam quem fez e pediu pra te entregar.Eu sorrio com o gesto carinhoso.- Acho que vou passar... – coloco a bebida em um aparador próximo. – Quero estar cem por cento sóbria hoje.- Como você está se sentindo? – Isa pergunta.- Eu não deveria estar nervosa, não é? Mas minha boca tá seca e minhas pernas tão tremendo – rio. – Quero dizer... por quê? Adam e eu já até nos casamos antes... – dou de ombro, como se aquilo não fosse importante.Mas era. Eu tinha passado os últimos três meses organizando tudo para que, dessa vez, fosse perfeito. E eu nem quis contratar uma cerimonialista ou coisas assim, tinha feito tudo pessoalmente, com a ajuda das minhas madrinhas: Manu, Lilly, Isa e Fernanda. Seus pares, Luca, André, Liam e Henrique, provavelmente estavam em alguma outra sala como essa agora, embebedando Adam. Otto também, claro. Ele só não entraria com Lilly porque ele teria a função de me levar ao altar.- Mas é diferente des
No dia seguinte, bem cedinho, Otto se comunica com seus contatos do programa de proteção à testemunha e dos investigadores da polícia. Encaramos longas horas de depoimentos, repetindo mais de uma vez as mesmas coisas. Eu conto, especialmente, sobre a história da cripta, onde o sistema de segurança provavelmente filmou a tentativa do meu tio de me assassinar, e como eu esperava que ele estivesse atrás das grades agora, se a denúncia de Luca tinha sido averiguada.- Vamos precisar de uns dias para checar todas as informações e pistas que vocês têm em mãos... – o investigar diz.- Posso... entrar em contato com uma pessoa?- Seja rápida... – ele me entrega seu próprio aparelho celular.Obviamente eu não sabia o número de Luca de cabeça, então, ligo para o meu próprio celular, que estava com ele. Ele atende no segundo toque, quase como se estivesse esperando por aquilo. Obedeço ao investigador e sou rápida, apenas informando que Adam e eu estávamos bem e logo estaríamos de volta levando u
- É uma longa história... – Otto suspira, enquanto começa a arrumar seu prato.Era uma cena completamente bizarra. Não me entenda mal, Otto e eu não erámos mimadinhos que ficávamos esperando o tempo por outras pessoas nos servirem e que achavam que nossa mão ia cair de montar nosso próprio prato. Mas o fato é que sempre tínhamos pessoas nos servindo, sempre. Então, era simplesmente estranhos pensar que...- Você cozinhou isso? – Acho que não consigo conter uma careta.- Está gostoso, eu juro! Tive que aprender algumas coisas nossos últimos meses...Um pouco relutante, eu pego o menor pedaço possível de lasanha que consigo, sem parecer que eu estava fazendo uma desfeita. Mas quando provo...- Cacete, você é bom! – Elogio.- Parece mais gostosos do que seus biscoitos de Natal... – Adam ri.- Hey! Eu te fiz pudim! – Protesto, levando os dois às risadas.- Quanto tempo? – Otto pergunta, olhando de Adam para mim.- Hum? – Estranho a pergunta.- Desde que coloquei meus olhos nela... – Adam
Abro os olhos lentamente. O teto cafona com sancas brancas malfeitas e tinta descascando, devido a umidade, entra em foco. Onde, raios, eu estava? Minha mente começa a buscar as últimas lembranças... A viagem de carro... o hotel de beira de estrada... Adam e eu... Sorrio. Eu estava no hotel, não era isso? Me movo ligeiramente e noto Adam sentado em um sofá próximo a cama.- Eu tive um sonho muito louco... – digo. – Meu Deus, pareceu tão real que...- Kara... – Adam nega com a cabeça, me fazendo parar de falar.- O quê?- Não foi, exatamente...A porta se abre, atraindo nossas atenções.- Trouxe um chocolate quente pra quando... – Meus olhos encaram os olhos tão parecido com os meus me olhando de volta. – Ah, você acordou – Ele dá de ombros, como se não houvesse mais nada que pudesse fazer e diz: – Oi, maninha.Eu grito desesperadamente, enquanto me encolho na cama, tentando me afastar ao máximo daquela visão. Adam vem até mim e tenta me segurar para que eu pare de me debater, mas eu c
Eu sei, o que Adam e eu estávamos fazendo, indo atrás das provas que Otto deixou sem sequer avisar a polícia, era extremamente perigoso. Mas... a verdade? Eu estava pouco me importando! Desde que nos reencontramos, parecia que eu estava finalmente vivendo a lua de mel que eu queria ter vivido seis meses atrás. Adam e eu mal conseguíamos manter nossas mãos afastadas um do outro... Não conseguíamos parar de nos beijar, de nos provocar, de sorrir um para o outro.- Está cansado? – Pergunto, em certo ponto da viagem. – Quer que eu dirija um pouco?Adam tinha me dado umas aulas, depois que lhe contei o que encarei para chegar até ele.- Obrigado, Kara, mas precisamos chegar lá ainda esse ano.- Haha, engraçadinho... – reviro os olhos. Eu não era lenta no volante, eu era prudente. – Você ama estar no comando, não é? – Desdenho.- Você não pareceu se importar muito ontem à noite.Sinto minhas bochechas corarem e desvio o olhar, mas estou sorrindo. Adam sabia que eu gostava de controlar no se
- Adam... Eu não tô entendo... – digo, a voz fraca. – Como... como?- Eu também não estou entendendo, Kara. Achei... Achei que eu não deveria seguir adiante com isso sem você do meu lado, então... Precisei fingir um desaparecimento para te ter de volta. Desculpa pelo que te fiz passar.Eu mal escuto o que ele diz, um barulho agudo na minha orelha indicando que minha pressão está atingindo picos.- Eu não tô entendendo... – repito.- São novas coordenadas – Adam diz. – Seja lá quem mandou isso, queria que quem descobrisse esse storage box fosse até esse novo lugar.- Então vamos! – Digo.- Talvez não seja seguro...- E o que é seguro nessa porra toda?- Nada... – Adam volta a se aproximar de mim, e acariciar delicadamente meu rosto. – Só... Prometa não ser impulsiva e deixar que eu tome a frente? Não posso arriscar a sua segurança.- Prometo... – minto. Eu não tinha como prometer não ser impulsiva, era da minha natureza. Mas eu tentaria.- Não posso te perder. Não agora... – Adam me be
Eu não saberia exatamente dizer como ou quando Adam e eu tínhamos ido parar no banco de trás de carro. Minhas costas sendo pressionadas contra uma das portas, enquanto minhas pernas o envolviam e puxavam seu corpo para cima de mim. Sua mão trazia minha nuca firmemente para ele, enquanto seus lábios vagavam do meu pescoço para os meus próprios lábios. Eu estava completamente rendida enquanto arranhava suas costas nuas.Meus Deus, eu queria muito, muito, continuar com aquilo. Eu senti tanto a falta de Adam! Falta dos seus beijos, das suas mãos no meu corpo, dos seus toques... Céus, eu senti falta até mesmo da sua voz ou de simplesmente olhar pra ele. Mas... se Adam não seria a pessoa sensata naquele momento, então... Eu deveria ser, certo?- Adam... – minha voz soa entrecortada. – Adam, não...- Não? – Ele para instantaneamente e me encara.E eu preciso dizer a palavra mais difícil que já saiu dos meus lábios na minha vida.- Não.Adam apruma seu corpo, sentando-se. Ele me encara com um
O tiro não vem. A dor não vem. A morte não vem. Tudo o que escuto é o barulho fortíssimo de algo atingindo o chão. Abro os olhos para encontrar meu tio caído, apagado, e Luca segurando uma estátua de mármore partida.- Vai ficar tudo bem? VAI FICAR TUDO BEM? – Ele grita.- Ficou... – consigo dizer, segurando a vontade de cair em um choro frenético.- Anda, vamos sair daqui.Mas eu não me movo. Pelo menos não na direção que Luca queria. Eu me jogo contra meu tio e vasculho seu blazer em busca da arma. No instante seguinte, estou novamente de pé. Minhas duas mãos tremulas envolvendo o objeto frio de metal, meu dedo dançando contra o gatinho. Eu nem sabia usar aquilo, mas não podia ser muito difícil, podia?- Kara... – a voz de Luca vem em tom de alerta. – Você não é essa pessoa. Você não é como ele.- Eu posso ser... – digo, sentindo a frieza em minhas palavras. – Ele tirou tudo de mim.- E você vai tirar tudo dele. Só não precisa ser assim.- Precisa sim.- A cripta tem circuito intern
- Tem certeza de que não quer que eu entre com você? – Luca pergunta, quando ainda estamos parados do lado de fora do cemitério. Eu já tinha tentado sair umas três vezes, mas ele mantinha a porta do carro travada, provavelmente achando que, de alguma forma, aquilo poderia não ser uma boa ideia. - Tenho... – respondo, por mais que não tivesse. – Só me espera aqui, tá? Vai ficar tudo bem. Prometo! Cemitérios não significavam “o começo” para muitas pessoas. Eram sempre o fim. O fim de uma vida, de uma jornada, de uma era. Para aqueles que acreditavam, o lugar de descanso eterno para seus entes queridos. Costumava ter uma atmosfera densa, pesada, cheia de lágrimas e tristeza. Era estranho pensar que um lugar como aquele, para Adam e eu, era onde nossa história tinha começado. Onde nos vimos pela primeira. Desde o começo, sempre graças a Otto. Entro relutante na cripta de nossa família. Quase consigo me ver, há alguns meses, chorando largada no chão, próxima ao túmulo de Otto, quando ti