- Ele é 10/10! – Manu me devolve meu iphone, que exibia uma foto de Adam sem camisa durante um jogo de futebol.
Eu tinha encontrado o I*******m dele, é claro. Não que tivesse muita coisa por lá, ele parece ser do tipo mais reservado nas redes sociais. Mas aquela foto em específico me chamou atenção, assim como chamou de Manu. Era impossível não reparar no corpo sarado e super desenhado de Adam.
- Ele é chato! – Afirmo.
Minha melhor amiga e eu estávamos deitadas em espreguiçadeiras acolchoadas na praia, embaixo de grandes guarda-sóis que tinham a função de não deixar a minha pele alva fazer cosplay de tomate cereja em menos de cinco minutos. Meus longos cabelos loiros estavam amarrados em um coque despretensioso e grandes óculos escuros escondiam meus olhos.
Por mais que o Milani tivesse uma praia privativa, Manu e eu gostávamos de ficar em uma área pública, próximo de um excelente ponto para surfistas e uma área onde sempre havia garotos jogando vôlei. Era, no mínimo, agradável aos olhos. Mas, claro, nós éramos vistas também, o que fazia com que eu sempre tentasse me disfarçar um pouquinho.
Não entenda mal, eu não era uma super celebridade. Ninguém me pararia na rua para pedir um autógrafo. Mas sempre havia alguém para tirar uma foto minha que iria parar em um perfil de moda para tentarem descobrir a marca do biquíni que eu estava usando. E sempre havia um fotógrafo desocupado apenas esperando que eu cometer qualquer deslize que rendesse uma matéria sensacionalista em um site caça cliques.
- Pode ser chato o quanto for, mas você reparou nesses braços? Caramba Kara, se um homem com esses braços me pega de jeito eu viro cadelinha dele na mesma hora.
Tento ignorar o fato da minha mente ter me transportado rapidamente para como ele me segurou naquele dia em que nos conhecemos e como meu corpo inteiro reagiu àquele toque.
- Velho demais – minto.
- Idade ideal – Manu decreta. – Deve ser superexperiente na cama, não igual esses garotos com os quais estamos acostumadas... – ela inclina a cabeça na direção dos jogadores de vôlei e surfistas.
- Meu Deus, Manu, você só consegue pensar em sexo?
- Er... sim? Vai fazer dois meses que o Tom terminou comigo e eu tô na seca desde então. Ele já está com outra, você sabia? E eu aqui... Promete que vamos sair esse final de semana? Uma baladinha, conhecer uns gatos, beijar na boca...
- Por que não? – Penso por um segundo. - Não tenho planos para sexta à noite, então...
- Ótimo ouvir isso! – A voz masculina me fez olhar para cima para tentar encarar quem está parado ao lado da minha espreguiçadeira. Ao mesmo tempo um blazer enorme caia sobre mim, encobrindo meu corpo exposto no biquíni. – Porque teremos um jantar da empresa e a sua presença é requisitada. Pode levar sua amiga, se quiser. Por mais que eu desconfie de que ela não vai encontrar ninguém por lá que sirva para seus intuitos.
Mas um rápido olhar para Manu me mostra que Adam não poderia estar mais errado. A personificação de “servir para os seus intuitos” estava bem diante dos olhos dela e pela expressão em seu rosto, Manu estava a segundos de começar a, literalmente, babar por Adam.
Tento me livrar do blazer, servindo como um cobertor, mas Adam é mais rápido em forçá-lo contra mim. Estávamos começando a chamar atenção, e eu tinha certeza de que alguns celulares estavam se virando em noção direção.
- Eu não quero isso!
- Deveria querer.
Ele me entrega o seu celular que exibe uma foto minha em um I*******m de fofoca, provavelmente tirada a poucos minutos atrás, enquanto eu caminhava em direção ao mar. Caramba, aquele biquíni parecia menor em foto do que no espelho.
- Você anda meio obcecado por fotos de partes do meu corpo, não é mesmo, tutor? Anda obcecado por ele pessoalmente também?
Eu finalmente consigo me livrar do blazer ao pular de pé e tenho certeza de que os olhos de Adam aproveitam ardentemente aqueles poucos segundos de exibição, antes que ele volte a pegar o blazer – caído no chão – e me forçar a vesti-lo. Dessa vez ele passa o próprio braço ao redor de mim, me impedindo de voltar a tirá-lo.
- Vou te tirar daqui...
- Olha só, você mal consegue deixar suas mãos longe de mim e já quer logo me levar para um lugar privado – forço uma voz que mistura sedução e deboche, falando alto o suficiente para ter certeza de que os curiosos ao redor estão nos ouvindo. – Parece que a tarde está prestes a ficar ainda mais quente, pessoal!
Provoco algumas risadinhas nas pessoas que acompanham a cena, mas deixo Adam furioso. O que era exatamente o que eu pretendia. Ele tira sua mão da minha cintura e passa a me guiar me empurrando delicadamente pelas costas.
- Você gosta de um showzinho, não é? - Ele murmura.
- Eu nem comecei – ameaço.
- Eu adoraria, querida... – ele volta a falar alto, usando o mesmo tom que eu usara anteriormente. – Mas vamos esperar você estar melhor das hemorroidas. A gente te conhece o suficiente para saber que você não é do tipo que se contenta em ficar só no básico, não é mesmo?
- Cala a boca! – Digo entre dentes. – Você é um idiota!
- E olha que eu nem comecei – ele responde, com um sorriso no rosto.
- O que você veio fazer aqui afinal? – Reviro os olhos.
- Eu já expliquei. Você agora é o rosto da Milani. Não a bunda. Precisa se preservar desses sites de fofocas. Além disso, sabe que horas são?
- Não faço ideia – admito.
- Hora que você deveria estar na empresa, conforme nosso combinado.
- Combinado? Achei que eu começava na segunda.
- E por que achou isso?
Bem, eu não saberia responder. Acho que apenas assumi que qualquer coisa nova se iniciava na segunda: academia, dieta, um estágio chato na empresa da minha família.
- Me dê meia hora para que eu possa me trocar e...
- Você não tem meia hora. Temos uma reunião em... – ele conferiu o relógio. – Dez minutos. Acho que conseguimos chegar lá a tempo se o trânsito estiver bom.
Dou uma risadinha irônica porque o trânsito nunca está bom no Rio de Janeiro.
- Não posso ir vestida assim...
- Isso é algo no qual você deveria ter pensado antes – responde, me enfiando dentro do carro e batendo a porta.
Adam entra no banco de trás ao meu lado, enquanto o motorista acelera. Eu queria xingá-lo até a décima geração. Queria agredi-lo verbal e fisicamente. Queria fazê-lo se sentir tão humilhado quanto eu me sentia agora. Mas eu era “a garota de coração de gelo”, não era? Eu não demonstrava sentimentos. Então eu apenas peguei meu celular para conferir o estrago que a briguinha na praia tinha causado na minha reputação, enquanto Adam também mexia freneticamente no seu iphone, provavelmente trabalhando ou fazendo algo muito chato.
Seguimos em silêncio até entrarmos no elevador, rumo ao quadragésimo quinto, e último, andar. Adam aproveita para me explicar coisas que eu não tenho o mínimo interesse em saber.
- Por mais que suas funções como estagiária sejam bem básicas, para começar, quero que você participe de todas as reuniões como ouvinte. É a empresa da sua família, é bom que vá se acostumando para o dia em que terá voz nessas reuniões.
- Chaaaato! – Digo, sem tirar os olhos do celular.
Adam arranca o aparelho da minha mão e me faz encará-lo.
- Achei que era só durante as refeições.
- E no trabalho.
- Chaaaato! – Repito.
- Todo começo de mês fazemos uma avaliação sobre como vão nossas unidades do Milani ao redor do mundo. Normalmente algo bem rápido e padrão, a não ser que alguma das unidades tenha algum problema significativo. Londres teve uma queda preocupante na aérea alimentícia no último semestre, então estamos de olho nela.
- Hum... – Não sei o que dizer, visto que claramente não me importo.
- Pode fechar o blazer, por favor? Acho que é o melhor que você pode fazer no momento.
Dou um sorrisinho sínico quando me avalio no espelho do elevador. Adam não quis dar o braço a torcer me deixando passar em casa para vestir algo mais adequado, mas claramente não queria que eu aparecesse daquele jeito na frente de um bando de velhos conservadores que tinham voz ativa frente a empresa da minha família.
Sem relutar, eu obedeci, deixando apenas abertos os botões que serviam para me dar um decote bonito, porém recatado. Ainda assim, eu parecia um saco de batatas.
- Tira o cinto – digo para Adam.
- O quê? Kara, você sequer prestou atenção no que...?
- Tira o cinto para eu usar, estou ridícula assim.
- Eu já estou sem meu blazer, não vou tirar o cinto também.
- Tira o cinto!
- Eu não vou...
Mas eu avanço em direção a Adam, minhas mãos habilmente correndo para o fecho do seu cinto e tentando soltá-lo com rapidez.
- Kara, para com isso! – Suas mãos pulam nas minhas, tentando me impedir de arrancar o acessório.
Como ele é bem mais forte e está me empurrando, delicadamente, para longe dele, acabo me desequilibrando e caindo sobre meus joelhos. Ainda mais irritada e determinada em minha missão, me agarro em seu cinto e começo a puxar. Aquilo vai sair por bem ou vai arrebentar, mas eu vou conseguir.
Não era mais sobre o cinto, é claro. Era sobre mostrar àquele idiota que as coisas comigo não iam ser fáceis. Não ia ser ele mandar e eu abaixar a orelha. Não ia ser ele tirar meu celular a hora que quisesse. Não ia ser ele simplesmente decidir que se mudaria para o meu apartamento. Não ia ser ele me tirar de biquíni da praia e me levar para uma reunião a hora que ele quisesse.
- Adam, eu não fico de joelhos por qualquer homem, então tira logo o cinto e vamos terminar com isso, ok?
Repentinamente ele para de relutar ou mesmo de responder. Com um ar de vitoriosa, arranco seu cinto e o encaro com um sorriso malicioso no rosto. Mas Adam não está olhando para mim, ele está olhando em direção a porta do elevador, o que me faz virar naquela direção também.
- Senhor Benatti, senhorita Milani! – Uma garota extremamente vermelha faz uma pequena reverência com a cabeça, enquanto a outra apenas nos olha paralisada. – Desculpa! Nós... Nós vamos no próximo.
Quando as portas se fecham, eu caio na gargalhada, me dando conta de o que aquela cena pareceria aos olhos de alguém desavisado. Adam me puxa para cima, me colocando de pé.
- Se recomponha, isso não tem graça – diz com raiva. – E fica com a porra desse cinto.
Eu tinha feito um bom trabalho com o blazer e o cinto. Acabei abotoando novamente a peça, porém propositalmente com uma casa de diferença, ganhando uma pequena fenda na parte das pernas. Não vesti as mangas, amarrando-as para trás de forma a dar um laço. Por fim, arrematei tudo com o cinto de Adam, marcando minha cintura fina. Cacei na bolsa um prendedor de cabelo e fiz um coque despretensioso nos meus fios loiros. E pronto! Até parecia que eu tinha me vestido daquela forma premeditadamente, não sei por que Adam continuava com aquela cara amarrada.- Ela é tão estilosa! – Ouvi uma voz feminina dizer, quando eu ia passando e sorri em resposta. Eu era mesmo, não era?A sala de reuniões não era diferente de muitas das outras que eu já tinha visto – em filmes! Uma grande mesa central de madeira com poltronas acolchoadas, um telão pronto para exibir apresentações e extensas janelas de vidro com vista para o mar.- Perdoem-me o atraso, senhores – Adam já foi logo dizendo ao se deparar com a
Eu nunca fui capaz de entender tão perfeitamente, quanto naquela manhã, o motivo pelo qual as pessoas reclamavam tanto de um dia de trabalho. O fato é que o dia mal tinha começado e já estava indo bem mal. A começar pelo fato de que ainda que eu tivesse levantado muito cedo, eu já estava atrasada. Então, precisei me arrumar correndo e nem mesmo tive tempo de desfrutar do café da manhã do hotel.Por sorte, no momento em que cruzei as portas de vidro que davam acesso ao prédio do escritório administrativo da Milani, uma menina sorridente vinha passando com uma bandeja de papelão com dois copos da Starbucks. Caramba, eu até imaginei que nós teríamos máquinas de café expresso para os funcionários, mas serviço de entrega de café da Starbucks era muito legal!- Obrigada! – Agradeço, feliz por consegui pegar as duas últimas unidades e automaticamente levando um dos copos aos lábios.- Hey, o que você pensa que tá... – A garota se cala e arregala ligeiramente os olhos. – Senhorita Milani! Des
Eu tinha tanta convicção de quão perfeita a minha ideia era que apenas decidi colocar em prática. Como diziam, era mais fácil pedir perdão do que pedir permissão. Sendo assim, Adam não podia nem sonhar em descobrir algo antes da hora. O que não era exatamente um problema, eu duvidava muito que qualquer um daqueles jovens tivessem acesso a ele. Agora, Sandra era a pessoa que podia colocar tudo a perder.- Eu não posso permitir que você faça isso... – ela me olhava com os olhos ligeiramente arregalados quando a procurei em sua sala para explicar. – Liberar não só o pessoal do marketing como vários outros funcionários? Eu nem tenho autoridade para isso.- Não é liberar – eu tento negociar. – É um dia de trabalho. Só que um pouco diferente.- Kara, você sabe que precisa de uma aprovação do senhor Benatti para...- Sandra... – eu sorrio e caminho até a cadeira diante dela, me sentando mesmo sem ter sido convidada. – É meu hotel. É minha empresa. É minha ideia. E você sabe que é uma excelen
Tudo bem, talvez tenha sido bom Adam ter ligado e me jogado um balde de água fria. Eu tinha organizado todo aquele evento. Se eu simplesmente desaparecesse e não saísse em nenhuma foto depois das tiradas durante o café da manhã seria, no mínimo, estranho, certo?Então eu coloquei um biquíni comportado (ao menos eu esperava que fosse) e aproveitei uma manhã de sauna, piscina e fofoca com as garotas (exceto Manu, claro, que tinha desaparecido com Pablo). Elas pareciam um pouco desconfortáveis no começo, mas nada que algumas taças de champanhe não as fizessem falar. Em pouco tempo eu já estava sabendo quem era a fim de quem, quem já tinha pegado quem e até uma história quente sobre um casal que foi visto aos amassos no almoxarifado.- E o Adam? – Me pego perguntando. – Alguma fofoca?- O Adam? – Maya estranha e eu dou de ombros.- Só curiosidade.- Ah, ele e o Otto eram bem galinhas – ela diz. – Mas nunca soube de nada de dentro do escritório. E depois que o Otto... – ela se detém repent
- E o que ele queria? - Só ser um pé no saco – reviro os olhos. – Perguntou como as coisas estavam indo e se eu estava mantendo tudo dentro do controle. Estava almoçando com Manu enquanto a atualizava sobre a situação com Luca e como Adam teve a habilidade de nos ligar exatamente no momento em que as coisas estavam ficando quentes entre nós. - Acha que ele estava te espionando? - Adam? – Eu rio. – Claro que não! - Foi meio estranho. Ele não tem acesso as câmeras do hotel? - Tem, mas eu pedi que desligassem as câmeras do terraço. Não sou louca nesse nível, Manu! - Tá, mas como o Jacob sabia exatamente onde te encontrar? - Onde mais eu estaria depois de pedir para desligarem as câmeras? – Dou de ombros. – Adam só estava dando uma de chefe chato, com aquela voz mandona e irritada dele. - Então tá. E você vai dar outra chance pro garoto? - Pro Luca? Por que não? - Sei lá, pelo que você disse só falta
~ADAM~Eu podia ter encerrado a festa de forma a fazer Kara passar vergonha. Mas eu não fiz. Ela organizou tudo pelas minhas costas, fez as coisas de uma maneira torta e piorou tudo consideravelmente ao se envolver com aquele garoto... Mas, de fato, abrir as portas do Milani para os funcionários, que nunca tiveram a oportunidade de estar lá, e registrar tudo para a nossa campanha de verão, que tinha exatamente aquele público alvo, era uma ótima ideia. E foi só por isso que pedi que o DJ iniciasse sua sequência de encerramento e avisasse que os carros estariam disponíveis para levar os funcionários em casa a partir daquele momento, fazendo com que tudo parecesse estar correndo de acordo com o previsto.O problema mesmo veio depois, ao lidar com os fotógrafos e descobrir que Kara não tinha feito um contrato de confidencialidade com eles. Isso me fez gastar um tempo e um dinhe
Quando Adam apareceu no meu quarto para informar que o jantar daquela sexta à noite tinha sido transferido para a próxima semana, me senti bastante aliviada. Quero dizer, eu sabia que era uma grande oportunidade de negócio para a Milani e Adam estava um tanto carrancudo por ter que esperar para fechar aquele contrato... Mas o fato é que eu ainda estava irritada o suficiente com ele para não querer me sentar em uma mesa de jantar, junto com estranhos, e sorrir como se tudo fosse perfeito na minha vida.Assim, passei quase o final de semana todo fugindo de Adam. O que não foi fácil, já que ele tinha finalmente resolvido levar suas coisas e se fixar no meu apartamento de vez. Pelo menos o lugar era grande o suficiente para que pudéssemos nos evitar. Afinal, eu tinha certeza de que Adam queria tanto me ver quando eu queria vê-lo.Mas, na segunda de manhã, quando o motorista veio nos buscar para lev
~ADAM~Kara me deixa completamente sem fala quando aparece na sala pronta para nosso jantar de negócios. Ela usava um vestido vermelho de lantejoulas, com a saia curta e apertada – como parecia ser a sua marca pessoal – e a parte de cima completamente fechada, incluindo mangas longas e largas. As costas estavam completamente expostas por um decote sensual em V.- Muito ousado? – Ela pergunta, me levando a estranhar. Kara Milani não me parecia do tipo de pedir opiniões. – Para um jantar de negócios?- Um pouco... – digo, fingindo olhar algo no celular apenas para conseguir tirar meus olhos dela. – Mas não é um problema... – rio. – Andei fazendo umas pesquisas... – viro o celular rapidamente para que ela possa ver o Instagram aberto. – O filho mais novo dos Arantes é meio obcecado por você.- Sério? – Ela pergun