Nathaniel: Só existe um caminho para permanecer vivo no reino, dobrar os joelhos para a família real e obedecer as palavras do nosso Alfa, o senhor supremo das onze cidadelas, mas quando ele diz que não poderei ter minha companheira predestinada como esposa a fúria queima, sussurrando ideias perniciosas de que talvez meu pai não esteja nos caminhos de Luna. Antes de ser filha do traidor, Carina é minha companheira, e eu farei o que for preciso para mantê-la. Carina: Todo o meu corpo diz que posso confiar nele, mas minha mente me obriga a encarar a realidade. Nathaniel é filho do rei, nosso Alfa Supremo, o próximo na linha de sucessão, e meus pais são culpados pela morte da rainha. Agora que meus pais desapareceram, deixando-me como isca, o rei fará de tudo para obrigá-los a aparecer. Minha vida está por um fio, e nada além de degradação me espera nas garras da família real.
Ler maisPOV: NathanielOs seis meses após o acontecido passam depressa. A investigação que antecedeu o ataque dos vampiros nos levou a algo mais obscuro, tráfico de escravos humanos e lycans. Eles ofereciam propostas de empregos com vantagens acima da média para atrair as pessoas, que aceitavam. As vítimas costumavam ser plebeus sem família ou amigos, então era difícil perceberem a ausência, ou quando percebiam era tarde demais, pois tempo é crucial em casos de desaparecimento. Como sempre, escolhiam como alvo os indesejáveis. Órfãos. Sangue-fraco. Lycans exilados. Não havia vampiros além dos poucos colaboradores de Charles, todos jovens, e saber que não havia nenhum ancião sanguessuga envolvido na trama não deixou meu pai mais calmo, por isso atrasamos o casamento até agora, mas finalmente o dia chegou. Lucian e Embry não puderam vir, ambos estão trabalhando juntos no caso que não parece relacionado como um todo. Embry está aproveitando a longa viagem para coletar
POV: CARINA Encaro o cadáver da minha mãe ao lado do meu e a visão é aterradora. Uma incisão em seus dois pulsos drenou boa parte do sangue contaminado pelo excesso do composto de ervas fabricado por Embry. Diferente dos outros culpados, ela foi envenenada só até deixá-la à beira do precipício, pois precisaríamos do sangue dela com as substâncias diluídas para preparar os antídotos, e claro, de um pouco do meu para terminar o teatro. — Onde diabos você estava com a cabeça, Carina? Nathaniel está praticamente se arrastando até a cama onde estou, seu rosto pálido indica que seguiu o plano e se envenenou também, todos o fizeram. Embry Valenwood fez o próprio irmão, o governador e alfa de Lupine Grove, passar pelo mesmo, embora ninguém além de nós soubesse. Lycander tinha sombras com a mesma habilidade de Lucian nascidos na minha lua dispostos na sala do trono. Ter a lealdade cega da casa Shadowfen, os únicos capazes de ficar completamente indetectáveis em seus ciclos lunares de
POV: Nathaniel A escuridão do calabouço é intensa, não há nenhum resquício de luz além de tochas espalhadas pelos corredores. As paredes de pedra não ajudam com o frio, é tudo úmido demais, o que deixa os presos sempre doentes. O cheiro de mofo e sangue é intenso, misturando-se com o aroma de carne queimada. Charles está preso à parede, os pinos de prata atravessando suas extremidades e tronco, mantendo-o ereto como um macabro troféu e no limiar da morte. Ele está vivo, seus olhos semicerrados, alternam entre as expressões de dor intensa e uma fúria impotente. Descobrimos logo depois como provocaram o cio: incensos. Os incensos afrodisíacos que já existiam foram modificados para induzir ao cio, não era nada tão intenso como o verdadeiro, mas igualmente brutal. Passava muito mais rápido também se não continuassem expostos à substância. Há um novo problema no reino: a nova droga. Pelo pouco que investigamos já está sendo comercializada no mercado negro. Os nomes também
POV: NathanielO cheiro de Carina é fraco, quase imperceptível, misturado com o odor de fumaça e sangue dos becos fica mais difícil de rastrear. O cheiro do cio dos outros ômegas tentando chegar no templo é difícil de resistir, meu corpo quer persegui-los com tudo o que tenho, mas minha mente se volta para ela. O rastro de Carina está frio, mas não completamente apagado. Chego numa zona da cidade que dá para o rio, a parte funda. Os barcos atracavam aqui antes do porto mudar de lugar, agora só é usado em tempos de crise.Há um barco no meio do rio, e não há nenhuma iluminação nas cabines. Mergulho sem pensar duas vezes, desconsiderando que não sei nada sobre a tripulação. Sigo meus instintos, e meu lobo rosna comigo por não tê-la marcado, ou seria ainda mais fácil encontrá-la. Minhas garras cravam na madeira, cada músculo do meu corpo está tenso, pronto para o confronto. Os gritos vindos da cabine do barco confirmam minhas suspeitas. Carina está lá, e ela precisa de mim.Um va
—Eles dizem que você não existe. Charles revira os olhos, sua paciência claramente se esgotando. Se possui mesmo tantos escravos de sangue como alega, já está a par dos rumores acerca da sua inexistência. — Pare de falar com eles, seus pensamentos são meus agora, entendido?Minha comunicação com a matilha cessa no ato e uma dor de cabeça aguda recomeça. Minha loba está encolhida tão fundo na minha alma que a sinto tremer, como se estivesse atada a algum tipo de corrente.Não está certo, nada perto de Charles está. Vampiros podem controlar mentes de humanos, mas até um sangue-fraco possui mais resistência do que um humano sem ligação com algum lupino. Charles suspira suavemente, sua irritação aumenta e pelo semblante me acha a criatura mais estúpida da terra. Ele sempre me achou burra e fraca. —Os Starbane não gostam de assumir bastardos.., ainda mais um que nasceu vampiro. Nós já tivemos essa conversa antes, você não irá se lembrar de qualquer forma. Afaga o topo da minh
POV: NATHANIELMantenho os olhos fixos na entrada dos túneis onde sei que os vampiros aparecerão primeiro. Os homens do outro lado já começaram a notar as vibrações embaixo da terra, resolvemos cavar um pouco antes dos muros para evitar que entrassem. Ordeno que cavem, tanto lycans quanto humanos. Os humanos usam pás para vencer a terra dura, os lycans as garras, exatamente como os sanguessugas devem estar fazendo agora. Não temos o benefício de esperar em silêncio, há gritos por toda a parte e cada fibra do meu corpo quer se virar e sair para caçar.O supremo teve o bom senso de colocar os mais jovens para cavar primeiro, direcionando o descontrole para algo útil, os outros.Finalmente, o primeiro vampiro emerge. Seu rosto pálido e distorcido pelo ódio, os olhos vermelhos brilhando com fome. É rápido demais, e no segundo seguinte já estamos despejando a mistura fervente dentro do túnel. O vampiro grita. Os sons aumentam quando adicionamos fogo. Um por um, os vampiros tentam e
POV: CarinaMinha loba não se escondeu por tanto tempo por ter medo, ela fez isso para me proteger. Talvez por isso consigo perdoar continuamente Nathaniel por mentir para mim, sei que está fazendo para me proteger.Ela sabia, sabia que não conseguiríamos fugir de Celestial Spire sozinhas, e também sabia que meu corpo se recuperaria mais rápido se ela saísse.Cura rápida significa ser cortada mais vezes.Quão fundo eles teriam me empurrado caso tivesse mudado nos meus anos vivendo na torre? Não gosto de pensar nessa possibilidade, nem consigo.Uma espécie estranha de calor me atinge, dói, dói bem abaixo do meu ventre.O sacerdote ao meu lado também para de caminhar. —Não entendo, o inibidor… Ele é um ômega também.Meu medo atinge outro patamar quando vejo o brilho nos olhos dele, está acontecendo rápido, e algo me diz que serei a próxima. — Continue andando.Ajudo o homem a ficar de pé, ele grunhe com o contato, o atrito das coxas roçando uma na outra deve ser demais.Não deveria
POV: NATHANIELO lobo dentro de mim se agita, frustrado e nervoso.Corremos pelos terrenos do castelo, perseguindo Carina. Sua silhueta em forma de loba se move com agilidade fora do comum, ela é rápida, muito. Ser menor do que eu facilita e concede vantagem no início, mas isso não vai durar. Ela desacelera sempre que concedo mais vantagem, como se quisesse ser perseguida, ou então se esconde em arbustos e salta para me surpreender. Não é uma fuga, só está brincando. Ela se vira ocasionalmente, os olhos brilhando de excitação, e solta um rosnado suave que soa quase como uma risada. A raiva em meu peito começa a ceder. É a primeira transformação, é óbvio que a loba ansiava por liberdade. Ela corre novamente, e desta vez não posso evitar o impulso de acompanhá-la até um riacho. Eu a alcanço e paro ao seu lado, meus olhos fixos nos dela bebendo água.Uivo para que não beba água aqui, e sim no maldito palácio, mas ela ignora. Não quer mudar, mas ordeno que o faça e aos poucos seu corpo
POV: NATHANIEL Fiz isso por nós.A mentira fluiu pelos meus lábios com a mesma naturalidade que meu pai proferia discursos falsos para aplacar o conselho antes de fazer uma jogada que os destruiria.Fiz isso por mim.Continuei a acariciar a bochecha dela com o polegar e torci para que Carina não visse o indício de um sorriso nos meus lábios agora. Minha, Carina é minha, e para fazer isso do jeito certo ela não pode ser filha de traidores.A linhagem estaria manchada por completo, não importa o que fizesse as ações do pai contra a coroa seriam dela.Já sabemos exatamente como resolver a questão do crime pelo qual ela está sendo punida, embora tenha que ficar para a segunda parte do plano. —Sei que está exausta, mas não pode descansar agora. Precisamos fazer algo, acha que consegue caminhar?Ela confirma e eu envolvo sua cintura, ajudando-a a ficar de pé. Levo Carina pelos corredores do castelo, desviando dos olhares indiscretos dos guardas.Está frio hoje, e apesar de me sentir