POV: NathanielA água fria atinge minha pele assim que afundo na banheira localizada no centro do quarto.É menor do que a casa privada de banho que possuo no palácio, além de não ser naturalmente aquecida, mas é perfeita agora.Meu corpo se acalma aos poucos, e a tensão que nublava meu juízo se transforma num incômodo suportável.Preciso me acalmar, focar em outra coisa que não seja Carina.—Senhor, devo buscar água quente para seu banho?— A voz da criada interrompe meus pensamentos. Sem olhar para ela, respondo depressa, na esperança que saia logo.—Não, vá embora e feche a porta.—Ela hesita, e então ouço passos se aproximando. Rosno de frustração, antecipando o que acontecerá a seguir. A hospitalidade das cidades frias tem certa fama na capital, só não esperava experimentar isso hoje. Sinto suas mãos deslizando pelo meu ombro, o toque da ponta dos dedos é suave, mas a esponja que segura é áspera. Sua pele é morna, mas seu toque não funciona para mim.Ótimo.Toda a excitação se dis
POV: CarinaO quarto está um desastre, e ao virar o rosto para contemplar meu reflexo no espelho percebo que eu também. Devo ter passado a mão com a atadura, pois há resquícios de sangue na minha bochecha e queixo. Meu cabelo está desgrenhado, a camisola branca imunda. No entanto, o aperto firme em minha cintura me deixa mais calma. Não, é o cheiro, ele tem cheiro de terra molhada e menta. Ergo a face para encará-lo, feliz por não ser um delírio, mas o que vejo em sua írises rubras é um misto de pena, dúvida e medo. Ele acredita que estou louca?Afasto-me dele a contragosto,e cada fibra do meu corpo sente a perda do calor e segurança que tive em seus braços. A possibilidade dele achar que sou maluca só me deixa mais irritada. Minha mente luta para processar tudo, mas o pânico que senti quando as duas chegaram com a comida distorceu meus pensamentos e agi por instinto. Não, a frustração acumulada de anos explodiu. Até um rato acuado é capaz de morder, e tenho sido um rato acu
POV: NathanielAbandonamos o quarto revirado assim que Carina adormeceu após tomar uma poção de valeriana. Não o fez de bom grado, dois guardas tiveram que segurá-la. Achei prudente não fazer isso pessoalmente para evitar adicionar mais uma ação na lista de animosidades entre nós, considerando que tínhamos uma longa viagem a fazer.O aspecto era de uma pessoa perturbada, perdida em meio a um frenesi de paranoia e medo. A dúvida cresce e se instala dentro de mim. As anotações falavam exatamente o que os rumores sobre a loucura dos Starbane. Mas é a verdade? Ou tudo isso é apenas um rumor que ganhou força com o tempo?Resolvi acompar Mira até o quarto, a garota interrogada ficou para organizar o quarto. Durante a caminhada silenciosa, minha mente era uma miríade de pensamentos conflitantes. É assustador observar agora quão semelhantes são as duas. A beleza exótica de Carina reflete a graça de sua mãe.Talvez eu estivesse deixando minha atração pela mulher e o fato do meu corpo r
POV: CarinaNão consigo acreditar no cinismo dos meus pais, mais especificamente na minha mãe, pois meu pai desapareceu desde que saiu para resolver sabe-se lá o quê.A forma como eles mentem, a maneira como tentam me fazer acreditar que sou louca deixa a situação ainda mais insana. Passada a noite, duvido que tenha sido coincidência a comida ser exatamente da mesma cor que o veneno da história, ela sabia quais cordas puxar para me tirar do controle.Charles existe, eu tenho certeza disso. Também tenho certeza que nunca vi a garota responsável por arrumar meu quarto na vida, entretanto, todos dizem ser minha criada.Maldição.Meu estômago ronca, meus lábios estão rachados, mas não me atrevo a beber nem comer nada aqui. As velas ou os incensários também seguem apagados.Permaneço sentada em meu quarto, esperando o forasteiro de cabelos loiros e olhos rubros. Sei que ele vem para me levar como refém, só preciso aguentar mais um pouco.É uma boa oportunidade de fuga, minha melhor chanc
POV: CarinaNathaniel inclina o rosto para baixo, seus olhos rubros fixos nos meus. Meu coração b**e descompassado, e sinto como se todo o ar tivesse sido roubado da carruagem, a expectativa não me deixa respirar. A carruagem balança, e nossos joelhos se tocam, enviando uma corrente elétrica pelo meu corpo. O olhar de Nathaniel não vacila, e a consciência de que estamos tão próximos me faz tremer. Seu nariz toca o meu, uma carícia leve que faz meu corpo inteiro se aquecer. O calor é irresistível, uma chama que me consome. Quando seus lábios roçam os meus, é como se um feitiço fosse lançado. Algo morno floresce em meu ventre e se espalha. Toda a minha resistência se desfaz, quero implorar pelo beijo, mas o que ele faz a seguir me faz vacilar. Entendi mal? Ele não quer? A mão de Nathaniel se move para a parte de trás do meu pescoço. O polegar dele acaricia minha marca, deixando meu corpo e mente ainda mais confusos Meus olhos se fecham, esperando o beijo.Mas então, tudo muda. Os d
POV: NathanielO maldito vestido que ela usou para abandonar a torre era perfeito, ao menos parecia, com cada centímetro do tecido púrpura aderido ao seu corpo. Assim, sentados de frente um para o outro eu podia ver o pingente ametista do colar desaparecendo no decote. Os cabelos escuros caídos de modo ordenado nos ombros estreitos completavam a pintura. Tão linda, linda e minha.Decidi na noite passada que não me importo tanto com a verdade, o resultado será o mesmo. Louca, má ou vítima do destino, vou mantê-la, apesar de não saber ao certo como. Tenho um castelo inteiro a minha disposição, todas as paredes e portas são grossas o bastante para aguentar os ataques de fúria de dessa mulher.Quero puxá-la agora, saquear seus lábios e comprimir os seios em meu peito até que a garota esteja suspirando em minha boca, sentindo a mesma necessidade devastadora que me atordoa. Meu pau está duro, e eu ainda não a beijei, mas estava tão perto. Fecho os olhos, ao abri-los vejo de relance uma
POV: NathanielEstou exausto, meu corpo clama por descanso, mas minha mente se recusa a ceder. Chegamos na torre de vigia depressa, e só ali pude avaliar ao certo que a situação era mais grave do que parecia.Carina permanecia deitada na cama do quarto que foi reservado para mim na torre de vigia.O plano inicial envolvia uma passagem rápida, pararíamos para o almoço, um banho e então continuaríamos viagem. A pouca luz que entra pela janela destaca seu rosto pálido. Ela parece tão pequena e vulnerável.A porta range suavemente quando abro para que outra pessoa entre. O curandeiro, um homem com olhos afiados e mãos firmes, me lança um olhar preocupado. —Ela está desidratada e desnutrida, Nathaniel. Parece que piorou após acordar, recordo-me de examiná-la na época, era grave, mas não tanto. Vai levar tempo para se recuperar completamente. Precisa de repouso e cuidados constantes. Garanta que coma, não é incomum que as pessoas parem de se alimentar depois de um choque. Assinto, meu
POV: Carina Nós não saímos. Ouvir aquilo me deixa em pânico. Eu comi e bebi livremente tudo o que me deram por acreditar estar fora dos domínios dos meus pais, não posso deixar de pensar em como nada aqui é seguro… as cobertas, a sopa, e eu aceitei tudo de bom grado. Segundo os mapas que vi, estou mais perto da mansão dos meus pais do que da trilha que leva para minha rota de fuga. O príncipe também me deixa confusa, e acredito que é por culpa da sua aparência. É bonito demais para meu próprio bem, não consigo parar de pensar no quão delicioso ele fica na camisa branca, que abraça perfeitamente cada um dos seus músculos. Li romances o suficiente para saber o que está acontecendo comigo agora. Não estou pensando direito porque meu corpo segue ocupado demais ficando quente cada vez que o homem se aproxima. Ele me trata bem quando estamos sozinhos, pelo menos na maior parte do tempo, e então se torna distante, quase apático depois de demonstrar uma preocupação que só recebi em