Um homem chamado Macto vai ao hospital visitar a esposa doente e se depara com um suposto médico, que lhe faz perguntas estranhas. Após o estranho diálogo, Macto perde a esposa e, a partir daí, se envolve numa trama diabólica e sinistra, que resulta em assassinatos e fanatismo religioso.
Ler maisO tempo foi passando e… nada. Os investigadores não avançaram, por mais que se esforçassem. O caso tornou-se um decrépito e infeliz beco sem saída. A frustração deles foi total! Um ano depois, o caso foi, enfim, parcialmente arquivado. Os policiais acharam que se tratou de assassinato seguido de suicídio e que o carro de Macto estaria em alguma ribanceira da região. Mas continuariam procurando, embora com menor intensidade. Ufa!... Na verdade, o Uno de Macto jamais foi encontrado, assim como os corpos dos dois. Kleber sorriu, satisfeito. Chegou a acreditar que os cadáveres seriam encontrados, mas aca
Tudo deu certo. Havia deixado o carro do pastor no aeroporto, atrás de um depósito, pois sabia que ali não havia câmeras. Andou uns 400 metros. Pegou, enfim, um táxi e voltou para casa. Sua esposa estava dormindo — ou fingindo — assim como seus filhos. Havia informado a ela que iria para a reunião de pastores e que o pastor Júlio decidiu lhe dar carona, ida e volta. Deixara, portanto o carro na garagem. Se ela perguntasse, o pastor Júlio confirmaria a inusitada história. Mas ela, inteligentemente, não perguntou. Boa menina! Jogou os celulares no mar, na noite seguinte. Sumiram para sempre. Dois dias dep
Vinte minutos depois, precisamente às 22h32min, dois carros pararam diante da cancela de saída do condomínio: um Siena vermelho e um Uno verde-escuro. Ambos os vidros insulfilm levantados. O pastor Gutemberg chegou a baixar o vidro — rapidamente —, para cumprimentar, sorrindo, o porteiro. O porteiro também sorriu e acenou com a mão direita. Já o Uno manteve-se discreto, com os vidros erguidos. O sonolento e cansado porteiro não viu, portanto, os dois homens no Uno, um deles aparentemente dormindo no banco do lado. Viu apenas o vulto do motorista. Tudo bem, o porteiro refletiu, era apenas o amigo do pastor, saindo, após uma rápida visita. Mais um de seus inúmeros e esquisitos amigos.
Kleber, o gordo, simpático e calmo Kleber — um verdadeiro poço de tranquilidade —, estava ali, diante dele, segurando uma pistola. Naquele momento os olhos do gordo brilhavam. Seria ódio? Ou apenas indiferença? Viu o diabólico e mortífero cano da arma apontado na sua direção. → Mas… por quê? Por quê? → indagou, atônito, ainda sem sentir medo. “Sou colega dele. Ele não vai ter coragem de atirar em mim. É calmo, é evangélico, é um homem de Deus. Provavelmente só quer me assustar, para proteger o amigo”, refletiu, esperançoso. Precisava dizer alguma coisa, para convencê-lo a desistir da ideia:
No domingo, fez o de sempre: assistiu à missa — como era bom estar num lugar sereno, em que a ausência de gritos e choros dava um ar celestial ao ambiente — e almoçou com os pais, a irmã e o noivo dela. Carne assada no forno. Delícia! Foi um almoço bem tranquilo, onde conseguiu disfarçar a ansiedade que o dominava, por dentro. → É aí, filho? Conseguiu prender aquele monstro? → sua mãe, que não havia esquecido o assunto do último almoço, o questionou, séria. → Não foi necessário, mãe → mentiu. → O casal entrou em acordo. Eles se separaram e ela foi embora para outra cidade, levando a filha de seis anos. O ex-marido pediu desculpas pela agress&
Naquela noite, jantou bife com fritas no restaurante “Alvix”, seu preferido — localizado ali perto —, assistiu TV (ou tentou), navegou na internet (colocou os e-mails em dia) e, lá pelas onze horas, deitou-se na sua adorável e aconchegante cama de casal. Antes de desligar o aparelho, realizou uma importante tarefa. Pegou o celular e transferiu as fotos e imagens do pastor Gutemberg para o notebook. Alguns segundos e pronto. Para a pasta escolheu o título “Igreja Geral da Ressurreição”. Um título conveniente e objetivo. Deveria enviar as fotos e imagens para alguém? Por enquanto não. Acreditou que, no momento, não seria necessário. Desl
No sábado à tarde, foi até a igreja. O pastor Gutemberg estava sentado à mesa, esperando a sua vez de pregar. Não quis ouvi-lo. Não valeria à pena ouvir tantas bobagens. Decidiu esperar no carro. Uma hora depois, a multidão começou a sair da igreja. Também saiu do carro e esperou, o coração aos saltos. Não demorou para ver a figura do pastor Gutemberg, elegante num terno azul-marinho, que acabara de sair. Nos degraus da igreja, ele conversou com algumas pessoas, enquanto cumprimentava as que passavam; sorrindo, a simpatia em carne-e-osso. Notou que algumas garotas o encaravam com admiração. Com certeza achavam ser ele um bom partido. Óbvio! Os car
A semana demorou a passar. Na quarta-feira, Kleber o abordou: → E aí? Encontrou o falso médico? Seguindo seu instinto, decidiu não contar nada a ele. Seria seu segredo. Depois ele saberia de tudo, assim que o escândalo estourasse. → Não. Acho que irei desistir. → Isso! Eu sabia que ele não pertencia à nossa igreja. Não temos criminosos em nossos quadros. Largar isso de mão é a melhor coisa que você faz, amigo. Não se esqueça: Deus te ajudará a superar essas maledicências. Ore e serás recompensado. “Você é que pensa que ele não é da tua igreja, amigo. Logo terás um
No domingo, depois que voltou da igreja católica, sentou-se no sofá e deu uma minuciosa e analítica olhada nas fotos e imagens. Horríveis! Nojentas! Porém nítidas. Sabia que qualquer pessoa que as visse e conhecesse (pessoalmente ou por fotos) o pastor Gutemberg, o reconheceria. E qualquer pessoa entenderia o significado delas. Como se dizia por aí, eram realmente fotos e imagens comprometedoras. → É o fim de sua carreira, babaca → murmurou, os olhos brilhando de ódio. Almoçou somente com os pais. Sua irmã havia ido à praia, com o noivo. → Tudo bem, filho? → sua mãe, curios