CAPÍTULO 02

      Duas horas depois, às 18h45min, Macto recebeu a trágica e surpreendente notícia, por meio de outro médico, no hospital mesmo.

      Tétrica notícia!

      Sua esposa acabara de falecer.

      Câncer de mama, aos 25 anos. Teve uma parada cardíaca fulminante, 20 minutos após a segunda cirurgia.

      Vera!

      Morta! Morta!

      Mas… como???

      Não poderia acreditar e aceitar isso!

      Entrou em desespero, ao cair na real! Perdera precocemente sua amada companheira.

      Quatro anos apenas. Cinco, se contar o ano de namoro. Um amor intenso, que seria para a vida toda; todavia, um amor que foi interrompido de forma cruel e horripilante.

      Aos 32 anos de idade viu-se viúvo… profunda e cruelmente despedaçado… deprimido… arrebentado…

      Foi o dia mais longo e horripilante de sua vida. De repente, sentiu falta de ar.

      Desesperado, desmaiou no corredor.

  

      Passou o resto da noite no hospital, sob efeito de sedativos e antidepressivos.

      No dia seguinte, seus pais o visitaram, assim como sua irmã Débora, para animá-lo. Sua avó materna, viúva — velhinha simpática — também. Como era bom vê-los! Como era bom ter o apoio de todos eles! Chorou, emocionado.

      Alguns colegas do bairro onde morava apareceram. Seu chefe e os colegas de trabalho também. Mais calmo, conversou com todos.

      Kleber estava dentre eles.

      → Não perca a fé, amigo → ele discursou, enquanto segurava sua mão direita. → Jamais perca sua fé. Irei rezar por seu firme restabelecimento. Ah, sim. Caso queira ir até a nossa igreja novamente, para uma segunda visita, estaremos à disposição. Visite-nos. Venha. E jamais se esqueça: Deus sempre tem um plano para sua vida, por mais que você não acredite nisso. Um plano, acima de tudo, misericordioso.

      “Misericordioso o caramba! O que esse Deus fez foi tirar cruelmente minha esposa de mim, seu babaca”, pensou, em desespero. Mas não disse isso a ele.

      Apenas agradeceu, sem nada prometer.

      Após a saída de todos, na calada da noite, voltou a chorar. Seu peito ardia, a pior de todas as dores!

      Doía demais!

      Não conseguia aceitar essa morte inesperada e estúpida!

      Como Deus pôde fazer isso com ele?

      Quase não dormiu, atormentado por pesadelos.

      Maldito câncer!

      Maldito Deus!

      No dia seguinte, já resignado com seu destino — e sob efeito de fortes comprimidos —, acalmou-se o suficiente para receber alta.

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