Seis anos de relacionamento, Rafael Lima estava abraçado com sua nova paixão, terminando com Júlia Ferreira. Ela, sem causar alvoroço, pegou suas malas e aceitou a generosa compensação pelo rompimento, saindo decididamente. Os amigos de Rafael começaram a apostar quanto tempo Júlia aguentaria. Afinal, toda a cidade de Cidade J sabia que Júlia amava Rafael profundamente, a ponto de perder a dignidade e a paciência. Não passariam três dias antes de ela voltar, implorando por perdão. Mas três dias se passaram… e mais três… e Rafael começou a ficar inquieto. Pela primeira vez, ele decidiu ceder e ligou para Júlia: — Você já cansou de fazer birra? Se já, volta logo… Do outro lado da ligação, ouviu-se uma risada baixa: — Sr. Rafael, já terminou, e como dizem, águas passadas não movem moinhos. Rafael disse com raiva: — Eu quero falar com a Júlia, passe o telefone para ela! O homem do outro lado deu um leve sorriso, disse: — Desculpe, minha namorada está cansada e acabou de dormir.
Ler maisJúlia e Gustavo estavam sentados no café, do lado de fora da cafeteria, separados por uma parede de vidro. Mesmo sem conseguir ouvir a conversa, dava para notar que Camila passava por uma montanha-russa de emoções. Primeiro estava confusa, depois séria, e por fim, com uma expressão de desculpas. A conversa não parecia estar indo bem.Pedro já estava de pé, pronto para ir embora, quando, de repente, Camila levantou a cabeça e disse algo. Foi como se Pedro tivesse sido aceso por uma fagulha; seu rosto iluminou-se completamente. Ele se sentou de volta e os dois voltaram a conversar.Dessa vez, Camila falava muito mais, e sua expressão, antes hesitante, parecia ganhar uma nova energia.Quando a reunião terminou, Pedro levantou-se novamente e estendeu a mão:— Sra. Camila, que nossa parceria seja um sucesso.Dessa vez, Camila não hesitou. Levantou-se e apertou a mão dele:— Obrigada. Na verdade, se você tivesse mostrado os textos revisados desde o início, a conversa teria sido muito mais t
Esses anos, ela sonhou repetidamente com a possibilidade de suas obras de suspense serem publicadas novamente. Discutiu isso inúmeras vezes com Rosália, que sempre encontrava uma desculpa para evitar o assunto. Agora, de repente, alguém aparece e diz:— Suas obras podem ser publicadas.E mais.Pedro disse com seriedade:— Se você concordar, vamos solicitar o ISBN imediatamente, além de contactar a gráfica e os meios de comunicação para preparar a divulgação. Depois, seguiremos com a diagramação, impressão, publicidade e lançamento. O processo todo deve levar, inicialmente, cerca de dois meses para ser concluído.Ele fez uma pausa antes de continuar:— Quanto aos direitos autorais e a divisão de lucros futuros, pensamos em uma proposta inicial, mas, claro, você pode revisar e dar suas sugestões. Estamos abertos para ajustar conforme necessário.Pedro claramente estava preparado. Os valores oferecidos de royalties e a porcentagem de participação nos lucros eram bem atrativos. Além dis
Camila perguntou:— Vendas internacionais?— Sim. Esses dois livros estão no topo das vendas de livros eletrônicos e edições físicas no Sudeste Asiático.Camila ficou atônita:— Não sabia que esses livros tinham sido lançados fora do país…— Fiz uma estimativa. Nos últimos anos, A Arma Letal e A Escola Abandonada geraram, no mínimo, um valor de…Júlia levantou uma mão para indicar.Gustavo chutou:— Meio milhão?— Pai, pense maior.— Cinco milhões?Júlia balançou a cabeça:— Cinquenta milhões? E isso é uma estimativa conservadora.Gustavo arregalou os olhos, sem palavras.Júlia sentou-se ao lado de Camila e segurou sua mão suavemente:— Mãe, sei que você deve estar sentindo muitas coisas agora, mas o passado já ficou para trás. Com o fim desse contrato, esses dez anos de vínculo com a editora Rosália terminaram. O mais importante agora é recuperar o tempo perdido. Sei que mais do que o prejuízo financeiro, o que mais te machuca é ver suas obras esquecidas. Quantos dez anos uma escritor
Camila ficou sem palavras.Não bastava elogiar outra pessoa, tinha que se incluir na conversa também.Naquela tarde, por volta da uma hora, José estava prestes a sair.Gustavo, que estava no quintal revirando a terra, levantou a cabeça ao perceber o movimento e chamou:— Jú, acompanhe meu mano até a saída!José parou no meio do caminho, ficando visivelmente desconfortável com a fala.Júlia levantou-se rápido do sofá, um tanto sem jeito:— Pai, não inventa isso de ‘mano! Professor, eu te acompanho.José assentiu com um sorriso.Enquanto ele saía, Gustavo murmurou com um tom quase ofendido:— Você não disse da última vez que queria que ele me chamasse de mano? Agora fica confundindo as coisas…...O tempo passou, e já fazia quinze dias que Gustavo e Camila estavam hospedados na Cidade J. Júlia achava que era o momento certo para colocar um plano em ação, era para marcar um encontro entre ela e o editor Pedro.Ela disse:— Mãe, na verdade, tem outro motivo para eu ter trazido você e o pa
Uma memória repentina atacou Júlia de surpresa, deixando-a sem palavras.Aquela pessoa teimosa, que segurava o colarinho de alguém sem soltar, era ela mesma?Ao encontrar o olhar brincalhão do homem, ela ficou tão envergonhada que parecia querer sumir.José perguntou: — Lembrou?— Desculpa, eu…José a interrompeu: — Essa pergunta precisa mesmo ser feita? Claro que não pode. Quem aceitaria levar um tapa na cabeça? Não sou um instrumento de percussão. E você mesma não disse que bater na cabeça pode deixar a pessoa mais burra?Com uma frase, ele dissolveu metade do constrangimento de Júlia.Júlia murmurou:— Mas você bateu na minha cabeça…Agora que a parte final da memória voltou, as cenas iniciais começaram a ficar mais nítidas. Na verdade, foi ele quem começou…José ficou sério: — Ainda mantenho o que disse: pode beber, mas com moderação.— Sim, claro.Júlia não ousou discordar, balançando a cabeça obedientemente como uma criança que levou bronca.Gustavo voltou da pia, onde lavava
— Frase anterior.— Foi o senhor quem ordenou…— Mais uma antes dessa.O gerente respondeu nervoso: — O check-out do quarto 1901?Bruno ficou surpreso: — Ela já fez o check-out?!— Fez, sim… há uns dez minutos.— Droga! Mande todas aquelas mulheres embora! Só de olhar já me irrito!O gerente ficou mudo: “Mas foi você quem pediu isso no telefone antes…”Aqui, era pura emoção e drama. Já para Júlia, tudo seguia como sempre, calmo e previsível.Às sete da manhã, ela acordou naturalmente.Preparou o café da manhã e saiu para comprar verduras.Às nove, ao voltar do mercado e entrar em casa, ouviu a voz surpresa de Gustavo:— Não sabia que, além de ser excelente em pesquisa, você também tem talento para cuidar de plantas!Enquanto trocava os sapatos na entrada, ela parou por um momento.Dois segundos depois, um timbre familiar veio da varanda:— Imagina, senhor, você está exagerando.Era José.Júlia levou os legumes para a cozinha, serviu duas taças de uma sopa de pera que havia feito pel
Ela continuou a falar:— Por que está me olhando assim? Anda logo, estou morrendo de sede!Bruno se levantou resignado.Depois de um copo de água gelada, Patrícia finalmente despertou por completo.Ela perguntou:— Você queria falar comigo? Esperou tanto tempo, que vergonha…Enquanto ele foi pegar a água, ela aproveitou para se vestir e dar uma olhada no relógio.Já eram 11 horas!Bruno respondeu:— Vergonha? Você, Patrícia, sentindo vergonha? Você é a cara da vergonha na cara!Era como se um balão tivesse estourado dentro de Bruno. Ele estava segurando as pontas até, mas agora todas as emoções vieram de uma vez.Ele continuou:— E ainda tem a audácia de mandar eu buscar água? Por que não vira santa, hein?E depois disso, ainda xingou baixinho.Patrícia franziu a testa:— Você está de mau-humor? Que bicho te mordeu?— Não vai me explicar quem era aquele homem hoje de manhã?— Explicar o quê? Você explica cada mulher com quem dorme?Bruno travou:— Eu… eu sou seu namorado, certo? Pelo m
A luz da lua fluía como água, e a noite era silenciosa.Na manhã seguinte, às nove horas, Bruno acordou e foi procurar Patrícia Cardoso.Estava prestes a bater na porta do quarto em frente quando esta se abriu de repente.Ele viu um homem jovem parado na porta, com os cabelos levemente desarrumados, claramente recém-acordado e prestes a sair.Os dois se encararam, seus olhares se cruzaram.Bruno ficou completamente atordoado.Em comparação, o homem parecia muito mais calmo; fez um leve aceno de cabeça, gesticulou para que ele ficasse em silêncio e apontou para dentro do quarto: — Fale baixo, ela ainda está dormindo.Depois disso, saiu tranquilamente.Bruno ficou parado no corredor, em choque, por uns bons trinta segundos antes de reagir:— Droga!Patrícia, na cara de pau, estava no hotel dele, no quarto que ele tinha reservado, do outro lado do corredor, debaixo do nariz dele… com outro homem?!Bruno entrou no quarto, fechando a porta com força, na esperança de fazer barulho.Infelizm
Bruno franziu a testa, ele claramente não estava no clima para aquilo:— Não precisa, pode levá-la.O gerente manteve o sorriso, acenou para Sônia e os dois saíram sem hesitar.Já do lado de fora, um pouco afastados.Sônia perguntou, com uma mistura de dúvida e decepção:— Você não disse que o senhor geralmente pede companhia feminina quando fica hospedado aqui? Por que hoje…O gerente deu uma risada sarcástica:— Normalmente é assim, mas há exceções. Você acha que todo homem em hotel só pensa nessas coisas?— Mas eu…Ela mordeu o lábio. Era uma oportunidade que ela tinha esperado por tanto tempo.O gerente sorriu um pouco:— O que você quer ou espera não importa. O que importa é o que o senhor deseja. Azar o seu, ele já deve estar satisfeito, não quer ‘sobremesa’. Aceite isso, garota. Para ele, você não é nada de especial.Sônia engoliu seco, com os olhos brilhando de raiva contida.Enquanto isso, Patrícia relaxava na sua suíte. Depois de um banho quente e de secar o cabelo, ela ouviu