Capítulo 3
André perguntou:

— Está com dificuldade de encontrar o lugar? Vou sair para ajudar...

Notando a expressão nada boa do Rafael, André finalmente se tocou:

— Epa! Rafael, Júlia ainda não… voltou, né?

Já se passaram mais de três horas.

Rafael deu de ombros:

— Voltar? Você acha que terminar é brincadeira?

Disse isso e passou por ele, sentando-se no sofá.

André coçou a cabeça, “ sério mesmo? Será que foi de verdade dessa vez?”

Mas logo balançou a cabeça, achando que estava pensando demais.

Rafael pode até conseguir terminar de verdade, mas Júlia…

Nenhuma mulher no mundo poderia aceitar terminar, mas ela não aceitaria. Isso é um fato reconhecido por todos.

Bruno Rocha, sempre gostando de caos, cruzou os braços e sorriu:

— Rafa, como você está sozinho? Você disse três horas, agora passou um dia.

Rafael sorriu:

— Perdi a aposta, qual vai ser a punição?

Bruno levantou a sobrancelha:

— Hoje vamos mudar o jogo, nada de bebida. Você vai ligar para a Júlia e, na voz mais doce, dizer: Desculpa, eu errei, eu te amo.

Todos ao redor riram imediatamente.

André pegou rapidamente o celular de Rafael e ligou para Júlia.

Não houve resposta.

Será que… ela o bloqueou?

Rafael ficou surpreso.

O riso ao redor foi diminuindo, todos começaram a se entreolhar.

André desligou rapidamente, devolvendo o celular enquanto tentava remediar:

Vai ver que o telefone dela está realmente fora de área. A Júlia nunca bloquearia o Rafa, exceto se caísse chuva vermelha, hahaha…

Ele mesmo ficou sem graça no final.

Bruno parecia pensativo:

— Pode ser que a Júlia esteja falando sério dessa vez.

Rafael bufou:

— Se o término não é de verdade, o que mais poderia ser? Não quero passar por isso de novo. Quem mencionar a Júlia de novo, não conte mais comigo como amigo.

Bruno estreitou os olhos, demorou um pouco e disse:

— Só espero que não se arrependa.

Rafael sorriu desdenhosamente. Ele nunca se arrepende das suas decisões.

Vendo a tensão, Lucas Santos tentou amenizar:

— Vamos, não precisa ficar tão sério. Somos todos amigos…

De manhã, às sete horas.

Patrícia terminou sua corrida matinal e ao entrar, sentiu o cheiro de comida.

Júlia Ferreira saiu da cozinha com uma sopa quente, destacando suas pernas longas e pálidas.

Mesmo sem maquiagem, ela estava deslumbrante.

Ela disse:

— Vai tomar um banho rápido, depois vem comer.

Patrícia perguntou:

— Mudou o penteado? Rabo de cavalo alto e liso? Toda arrumada assim, vai voltar para casa? Ou o Rafael vem te buscar?

Júlia disse sem jeito:

— Pode me desejar algo bom?

— Rafael vir te buscar já não é desejar algo bom? — Patrícia se aproximou da mesa e viu a fartura.

Júlia afastou a mão dela e disse:

— Vai tomar banho, você está toda suada.

Patrícia rebateu:

— Olha quem fala! Quando o Rafael usa a mão, você não diz nada!

— Da próxima vez eu bato — Júlia riu e disse.

— Quem vai acreditar! — Respondeu Patrícia.

Quando Patrícia saiu do banho, Júlia já havia saído com uma lancheira.

Patrícia, falando sozinha:

— Faz café da manhã para mim e ainda leva uma parte para o Rafael. Que amiga é essa…

No Hospital Central, quarto privativo.

— Larissa, como você está hoje?

Larissa Neves baixou o artigo que estava lendo e ajustou os óculos:

— João?! O que você está fazendo aqui?

João Silva rapidamente colocou um travesseiro atrás dela:

— Não se mexa, sua cirurgia continua recente.

Larissa respondeu:

— Foi só apendicite, uma cirurgia simples. Só que, devido à idade, a recuperação é mais lenta. Ah, a cota de vagas para o mestrado desse ano já saiu?

— Sim, saiu. Você tem três, eu tenho quatro. — Disse João.

Larissa murmurou:

— Três…

João perguntou:

— Por quê? Vai aceitar só dois de novo?

— Claro, já não sou mais jovem. Só consigo orientar dois. — Respondeu Larissa.

João deu um sorriso de lado, sabendo que essa vaga extra foi deixada de propósito para ela, mesmo que ela não admitisse.

Victor Carvalho entrou com dois colegas, deixando frutas e flores.

Ele disse:

— Professora Larissa — Oh? Professor João, também está aqui?

Durante a conversa, um dos alunos comentou:

— Ouvi dizer que tem uma caloura esse ano que é super fera, já garantiu vaga para o curso integrado de graduação, mestrado e doutorado.

No Instituto de Ciências da Vida da Universidade B, nos últimos dez anos, menos de três alunos conseguiram essa façanha.

Um aluno falou:

— Ela ganhou duas medalhas de ouro na Olimpíada Internacional de Matemática e na de Computação no ano passado. Por isso, foi admitida diretamente.

O outro disse:

— Duas medalhas? Isso não é nada. Lembro de uma aluna, acho que foi orientada pela professora Larissa, que entrou na faculdade com quatro medalhas de ouro: matemática, física, química e computação. Acho que o nome dela era Júlia… Júlia Ferreira…

João interrompeu:

— Já deu a hora! Vocês devem voltar para a universidade.

Eles responderam:

— Ah, claro… vamos indo então.

Fora do quarto, um dos alunos murmurou:

— Victor, será que falei algo errado? Parecia que a professora Larissa e o professor João ficaram desconfortáveis.

Victor também estava confuso.

Dentro do quarto.

João tentou consolar:

— Eles não falaram por mal, não se preocupe.

Larissa acenou com a mão, mas seus lábios tremiam e lágrimas começaram a cair:

— Uma talentosa como ela não devia… não devia… Por que não valorizou o próprio talento?

João tentou acalmá-la:

— Por favor, não se exalte.

Larissa falou chorando:

— João, sabe o que ela me disse na última vez que nos vimos? Ela disse que queria amor… amor? Ela partiu meu coração.

Júlia estava na porta, segurando uma lancheira, com lágrimas escorrendo.

Desculpe, professora Larissa…

Ela não teve coragem de entrar, deixou a lancheira na enfermagem:

— Isto é para a professora Larissa. Por favor, entregue a ela, obrigada.

A enfermeira disse:

— Você não registrou suas informações! Aonde está indo?

Júlia saiu correndo do prédio, tentando respirar o ar fresco, mas a sensação sufocante de culpa não desaparecia.

— Júlia? — Uma mulher alta e bem maquiada, usando salto alto, se aproximou.

Com um terninho e saia lápis, cabelo liso nos ombros, ela exalava inteligência.

Bianca Lima, irmã mais nova de Lima.

— É você mesmo? O que está fazendo no hospital? — Bianca olhou para o prédio.

Era a ala de internação, então não podia ser para visitar a maternidade.

Se Júlia realmente estivesse grávida, um casamento forçado deixaria a mãe deles, Fernanda Alves, furiosa.

— Olá, Bianca. — Júlia forçou um sorriso.

Bianca perguntou:

— Por que seus olhos estão vermelhos? Chorou?

Júlia não respondeu.

— Brigou com meu irmão de velho? — Perguntou Bianca.

Júlia disse que não.

Bianca achou que ela estava sendo teimosa e olhou para ela com simpatia.

Ela gostava realmente de Júlia, bonita e de boa personalidade.

Mas, para entrar na família Lima, ela ainda precisava de algo mais.

Especialmente porque Fernanda, valorizava muito a educação e preferia uma nora de uma universidade renomada.

Bianca falou:

— Deve ser difícil lidar com meu irmão porque ele tem uma natureza complexa. Seja paciente.

Júlia responder:

— Na verdade, nós já…

Bianca olhou o relógio e entrou no prédio e disse:

— Eu tenho que ir agora, tenho outras coisas para fazer.

Ela estava ali para visitar a professora Larissa, sabendo que ela gostava de alunos inteligentes e comportados, então se vestiu especialmente bem.

Conseguir essa vaga de doutorado dependia dessa visita…

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