Capítulo 4
Rafael havia bebido demais na noite passada. André, o provocador, insistira em estender a festa pela madrugada.

Quando Rafael finalmente chegou à sua mansão, levado pelo motorista, o céu já estava clareando.

Embora estivesse exausto e prestes a desabar na cama, ele se obrigou a tomar um banho rápido. Talvez assim Júlia não brigasse com ele, pensou meio sonolento.

Quando acordou, foi a dor que o fez abrir os olhos.

Ele segurou o estômago e tentou se levantar da cama.

— Estou com dor de estômago! Jú...

Ele parou de repente ao perceber que ela não estava lá.

Rafael franziu a testa. Bem, parece que ela estava levando a sério dessa vez. Vou ver quanto tempo ela aguentaria, pensou.

Mas, onde estava o remédio?

Rafael vasculhou a sala inteira, mas não encontrou a caixa de primeiros socorros.

Ele ligou para Ana.

— O remédio para o estômago? Está na caixa de remédios. — Disse Ana.

Rafael sentiu uma pontada de irritação:

— E onde está a caixa?

Ana respondeu imediatamente:

— No armário do quarto, na gaveta. Dona Júlia deixou vários lá, ela sabia que você sempre acorda com dor de estômago após beber. Alô? Alô? Senhor, você continua aí? Desligou…

Rafael foi até o armário do quarto e encontrou a caixa de remédios na gaveta. Lá dentro, havia várias caixas do remédio que ele costumava tomar, cinco ao todo.

Após tomar o remédio, a dor diminuiu e ele se sentiu mais relaxado.

Ao empurrar a gaveta de volta, algo o fez parar. Joias, bolsas de marca, tudo estava no lugar, exceto pelos documentos de Júlia, ele olhou para o canto onde estavam as malas, e claro, uma estava faltando.

Rafael ficou parado, sentindo uma raiva crescer.

— Muito bem… muito bem…

Ele repetiu três vezes, balançando a cabeça. Mulheres não deviam ser mimadas demais. Quanto mais são, pior ficam.

Nesse momento, ele ouviu a porta da frente se abrir e desceu as escadas rapidamente.

Ele perguntou ao ver Bianca tirando os sapatos:

— Você?

— Quem mais seria? Por que essa surpresa? — Bianca respondeu, levemente surpresa.

Rafael sentou-se no sofá, sem entusiasmo:

— O que você está fazendo aqui?

Bianca respondeu:

— Ana disse que você estava com dor de estômago. Mamãe me mandou vir aqui para ver como você está.

Bianca foi para a cozinha:

— Ainda não almocei, vou aproveitar para comer aqui.

Ela sempre gostou das refeições de Júlia, eram deliciosas.

No entanto, meio minuto depois…

— Rafael, por que a cozinha está tão vazia? Cadê a Júlia? Ela não está em casa? Isso é estranho…

Normalmente, a essa hora, ela já teria preparado o almoço, e Bianca conseguiria aproveitar também.

Rafael apertou as têmporas, sem paciência para responder.

Bianca saiu da cozinha desapontada:

— Será que ela não está se sentindo bem? Ontem, no hospital, ela parecia pálida.

— Você a viu no hospital? — Rafael se endireitou.

— Sim, fui ao Hospital Central visitar a professora Larissa e encontrei a Júlia na entrada. Ah, irmão, a professora Larissa me deu a vaga de doutorado direto!

Ele franziu a testa e disse:

— O que ela estava fazendo no hospital?

— Como eu vou saber? Se você não sabe, como eu poderia?

Rafael ficou em silêncio.

Bianca falou o mesmo:

— Ou talvez ela não esteja doente? Está apenas visitando alguém? Mas eu nunca ouvi falar de amigos dela. A vida dela gira em torno de você, só você…

Rafael já perdeu a paciência:

— Já terminou? Se terminou, vá embora. Ainda estou cansado.

— O quê? Você quer me expulsar? Tudo bem, estou indo. — Bianca colocou os sapatos, irritada.

Mas, de repente, ela disse:

— Ah, eu tinha uma missão hoje. Tem um encontro marcado amanhã às duas, no Olívio Bar. Mamãe marcou um encontro para você, não se atrase!

Rafael ignorou, subindo as escadas.

Bianca fez uma careta para ele enquanto ele subia, depois saiu.

Para ela, esses arranjos já eram normais.

Ter tido um relacionamento com Júlia não impediu que Rafael se casasse com alguém igualmente rico.

Esses anos, Rafael tinha participado de vários desses encontros. Na maioria das vezes, era só para cumprir tabela e agradar à mãe.

Após mandar Bianca embora, Rafael foi para o escritório tratar dos assuntos da empresa.

Anos atrás, ele saiu de casa para fugir do controle da família e começou seu próprio negócio.、

Os primeiros três anos foram muito difíceis. Ele não queria aceitar a ajuda da família e só tinha Júlia ao seu lado.

Nos últimos dois anos, as coisas começaram a melhorar. Ele conseguiu construir sua própria empresa.

A família, que antes se opunha a ele ficar com Júlia, agora fingia que não via.

Após terminar o trabalho, o sol já havia se posto.

Pegou o telefone e ligou para uma mulher:

— O que você está fazendo?

Do outro lado, uma voz baixa respondeu:

— Desculpa, amor, estou na aula. Posso te encontrar depois?

Rafael não gostou de como ela o chamou, mas disse:

— Tá bom, até mais.

Desligou e jogou o celular de lado. Minutos depois, alguém ligou de novo. Rafael ignorou, continuando a trabalhar até que a fome o fez sair do escritório.

Ele marcou de jantar com André, trocou de roupa e foi saindo. No corredor, viu uma garota se levantando, sorrindo tímida.

— Viviane?

— Desculpa, bati na porta, mas acho que você não ouviu, então esperei aqui. Vai sair?

Rafael franziu a testa:

— Como você descobriu onde eu moro?

Viviane ficou sem graça:

— Perguntei ao seu amigo…

— André?

— Não, foi o Bruno.

— Entre logo.

Viviane entrou, olhando ao redor.

Ela reclamou:

— Você não atendeu minhas ligações, fiquei preocupada…

Rafael preguntou:

— Você não tinha aula?

— Fugi. Meu namorado é mais importante.

Júlia nunca faria isso. No começo do namoro, ela estava na faculdade, com aulas cheias, mas nunca faltava por causa dele.

Só no último ano, com menos aulas, é que ela arrumou mais tempo para ele.

Viviane falou:

— Você não jantou ainda, né? Eu…

— Você sabe fazer sopa para o estômago? — Rafael perguntou do nada.

Viviane respondeu:

— Sopa para o estômago? Não sei, mas posso aprender.

Apesar das indiretas de Viviane para pernoitar, Rafael a levou de volta à universidade depois do jantar. Só então foi encontrar André.

Parado no sinal vermelho, ele lembrou do que Bianca disse sobre ter visto Júlia no hospital.

Embora estivessem separados, ainda havia carinho. Mesmo como amigos, ele deveria se preocupar.

Ele abriu o WhatsApp.

[Você está doente?]

[Esta pessoa ativou a verificação de amigos. Você ainda não é amigo dela.]

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