André perguntou:— Está com dificuldade de encontrar o lugar? Vou sair para ajudar...Notando a expressão nada boa do Rafael, André finalmente se tocou:— Epa! Rafael, Júlia ainda não… voltou, né?Já se passaram mais de três horas.Rafael deu de ombros:— Voltar? Você acha que terminar é brincadeira?Disse isso e passou por ele, sentando-se no sofá.André coçou a cabeça, “ sério mesmo? Será que foi de verdade dessa vez?”Mas logo balançou a cabeça, achando que estava pensando demais.Rafael pode até conseguir terminar de verdade, mas Júlia…Nenhuma mulher no mundo poderia aceitar terminar, mas ela não aceitaria. Isso é um fato reconhecido por todos.Bruno Rocha, sempre gostando de caos, cruzou os braços e sorriu:— Rafa, como você está sozinho? Você disse três horas, agora passou um dia.Rafael sorriu:— Perdi a aposta, qual vai ser a punição?Bruno levantou a sobrancelha: — Hoje vamos mudar o jogo, nada de bebida. Você vai ligar para a Júlia e, na voz mais doce, dizer: Desculpa, eu e
Rafael havia bebido demais na noite passada. André, o provocador, insistira em estender a festa pela madrugada.Quando Rafael finalmente chegou à sua mansão, levado pelo motorista, o céu já estava clareando.Embora estivesse exausto e prestes a desabar na cama, ele se obrigou a tomar um banho rápido. Talvez assim Júlia não brigasse com ele, pensou meio sonolento.Quando acordou, foi a dor que o fez abrir os olhos.Ele segurou o estômago e tentou se levantar da cama.— Estou com dor de estômago! Jú...Ele parou de repente ao perceber que ela não estava lá.Rafael franziu a testa. Bem, parece que ela estava levando a sério dessa vez. Vou ver quanto tempo ela aguentaria, pensou.Mas, onde estava o remédio?Rafael vasculhou a sala inteira, mas não encontrou a caixa de primeiros socorros. Ele ligou para Ana.— O remédio para o estômago? Está na caixa de remédios. — Disse Ana.Rafael sentiu uma pontada de irritação:— E onde está a caixa?Ana respondeu imediatamente:— No armário do quarto,
— Rafael, o que houve?André olhou para o homem bebendo silenciosamente e se aproximou de Bruno.Assim que entrou, Rafael estava com uma cara fechada. A animação da turma diminuiu.— Foi bloqueado, né? — disse Bruno, conhecendo a situação e querendo provocar.Rafael ficou ainda mais irritado ao ouvir isso.Ele bateu o copo na mesa de vidro, afrouxando o colarinho da camisa com uma mão, mostrando impaciência.Rafael disse com raiva:— Já falei para não mencionar ela. Não entenderam?Bruno não disse mais nada.O ambiente ficou tenso, quem estava cantando parou e os outros ficaram em silêncio, sem coragem de falar.André se engasgou com a bebida. Júlia estava falando sério dessa vez?Lucas Santos, um pouco bêbado, perguntou baixinho a André:— A Júlia voltou?André balançou a cabeça, sem coragem de falar a verdade, apenas murmurando que não sabia.Lucas entendeu que Júlia ainda não voltou.O barman trouxe mais bebida, e alguém sugeriu:— Vamos jogar Verdade ou Desafio?Todos entenderam a
Júlia explicou:— Devo pedir desculpas por minha impulsividade e falta de juízo de anos atrás. Eu devo isso a ela.Patrícia quase se engasgou com a boca cheia de vinho e tossiu duas vezes, com o rosto cheio de rejeição:— Me poupe, amiga. Você sabe que a única matéria que precisei de recuperação foi a da professora Larissa. Só de pensar nela, já fico nervosa. Além disso, ela provavelmente nem lembra de mim. Não posso te ajudar.Júlia viu que Patrícia estava tentando escapar e não insistiu mais.Patrícia sorriu de forma astuta:— Mas, eu conheço alguém que pode ajudar. Você lembra do meu primo José Cardoso?Júlia tomou um gole pequeno de água e assentiu.José Cardoso, o mais jovem líder em Física do país, recentemente nomeado um dos dez jovens cientistas mais influentes do mundo pela revista Natural.Durante a graduação, estudou sob a orientação da professora Larissa em Ciências Biológicas Aplicadas, publicando cinco artigos em dois anos e sendo aclamado como um prodígio no campo.Depoi
Chegando mais perto, Rafael percebeu que a mulher alisou os cabelos ondulados que ele tanto gostava e os pintou de preto.Ela estava sem maquiagem e sem salto alto. Usava uma simples camiseta branca, bem discreta. Mas seus olhos… pareciam mais brilhantes, sem traço de tristeza ou abatimento.Se ela estava fingindo, Rafael tinha que admitir que ela fingia bem. Tão bem que isso o irritava.Júlia franziu a testa, conhecia Rafael bem demais. Aquele olhar era um sinal claro de que ele estava prestes a ficar com raiva.Rafael riu sarcasticamente e disse:— Depois de tanto tempo comigo, você deveria ter um padrão mais alto, né? Não dá para aceitar qualquer um. Senão, como eu fico, sendo seu ex?Exigências?Júlia quase riu. Mas havia uma tristeza oculta no seu riso, que Rafael não percebeu. Sua mente estava ocupada demais com a imagem de Júlia sorrindo para outro homem, o que só aumentava sua raiva.Ele atribuiu essa raiva ao seu ‘instinto territorial’.Júlia era um território que ele já havia
Júlia não experimentava essa sensação de fazer tudo sozinha há muito tempo.Nos anos que passou com Rafael, nunca precisou fazer tarefas pesadas, mesmo nos primeiros anos da startup dele, quando o dinheiro era curto, sempre havia uma diarista para as limpezas semanais.Após terminar de pintar um balde de tinta, ela alongou as costas doloridas. Alguns anos de conforto a deixaram desacostumada…Ela foi até o corredor para buscar mais tinta, mas acabou adiando o problema e derramando um pouco na porta do vizinho.Rápida, começou a limpar, mas a porta se abriu de repente. Ela ia se desculpar, mas encontrou um rosto familiar.— Você mora aqui?— Como assim, é você?José olhou para o chão e depois para Júlia:— Então a nova vizinha é você?Júlia também estava surpresa com a coincidência:— Como pode ver, a partir de hoje somos vizinhos.José escolheu esse lugar pela proximidade ao laboratório e à universidade, o que facilitava suas aulas e experimentos.Mas por que Júlia escolheu? O lugar, s
Júlia foi na frente, e José ficou um passo atrás.Comparada à noite passada, ela estava claramente mais calma.José trouxe o carro, e Júlia entrou no banco do passageiro. No caminho, passaram por uma frutaria. Júlia falou de repente:— Pode parar um minuto? Quero comprar algumas frutas.— Frutas?— Sim, para a professora.José ficou um pouco confuso, perguntou:— Precisa disso tudo?Júlia riu:— Você vai visitar alguém de mãos vazias?José assentiu honestamente.Júlia não pôde evitar sorrir.Ele parou o carro.Larissa morava na Rua Arborizada, perto da Universidade B. As casas eram pequenas e encantadoras, com um toque de elegância. Atravessando um bosque, a casa dela aparecia.Seis anos…Júlia apertou o cinto de segurança e olhou para o cesto de frutas, sentindo-se nervosa.José notou: — Não vai descer?Júlia mordeu os lábios: — Vou esperar um pouco.Ele olhou para ela por um momento e disse: — Então eu vou à frente.Júlia agradeceu pelo silêncio de José.Ela tomou fôlego, desceu d
José não disse nada. Para ele, comida era apenas uma fonte de energia, sem se importar muito com o sabor.— Terminei de lavar. — Disse ele.Júlia Ferreira olhou para os pimentões e as folhas de couve arrumados em ordem, claramente resultado de alguém com toque.José perguntou com confusão:— O que você está rindo?Júlia tossiu e disse:Nada, pode sair agora.José secou as mãos e acenou com a cabeça.Júlia preparou uma mesa cheia de pratos, todos com sabores leves, exatamente do jeito que Larissa gostava.A professora comentou:— Você ainda lembra.Após comer, Júlia começou a limpar a mesa.José entrou na cozinha para ajudar. Sob a luz quente, sua sombra se alongava na parede. Do ponto de vista de Júlia, o perfil dele parecia uma escultura grega antiga, com traços bem definidos.Larissa apareceu na porta e perguntou:— Jú, como você conheceu José?José era seu aluno mais talentoso, e Júlia sua estudante favorita. Há tempos ela queria apresentá-los, mas, inesperadamente, eles se conhecer