Emily vive um momento de desilusão amorosa após ser traída pelo namorado. Em uma tentativa impulsiva de superar a dor, ela se envolve com um desconhecido em um bar. Essa decisão a leva a reflexões profundas sobre suas escolhas e sentimentos. Paralelamente, conhecemos Okan, um homem turco com um passado complexo e obrigações culturais que entram em conflito com seus desejos pessoais. O encontro entre Emily e Okan é o ponto de partida para uma história cheia de reviravoltas, onde o destino, os desafios culturais e emocionais moldam os caminhos de ambos. O enredo aborda temas como tradições, liberdade, atração e o impacto das decisões impulsivas. Com capítulos bem estruturados e narrativas alternadas, o livro mantém o leitor imerso na jornada emocional dos personagens principais.
Ler maisEu ofego, minhas defesas quase desmoronando.— E você está aqui para me intimidar? — Tento enfrentá-lo, mas sua expressão muda, os olhos brilhando perigosamente. — O que foi? Por... que você está... me olhando desse jeito? — Minha voz gagueja enquanto ele ergue a mão, deslizando os dedos pelo meu braço.— Pare de me olhar assim. Você... está me assustando.— Por que ficou, Emily? Foi para me desafiar? Ou para me atormentar?Sua pergunta me deixa nervosa e sem palavras. A intensidade no olhar dele me prende no lugar, e sinto que o verdadeiro confronto está apenas começando.Eu deveria ter negado o convite de Kayra, mas como eu ia adivinhar que ele levaria a chave da porta do quarto?Ele se aproveita do meu momento no vácuo, e seus braços me tomam e me cercam. Um arrepio percorre meu corpo, deixando-me completamente sem reação. Quando sinto o calor dele ao meu redor, seu cheiro maravilhoso me envolve, e eu fecho os olhos, permitindo-me um instante de rendição. Parece que seus braços são
EmilyNo mínimo, ele está julgando que eu não sou boa o suficiente para ser amiga da irmã dele. E mais, é evidente que está louco para que eu seja sua sobremesa, apenas para me descartar depois como se eu fosse qualquer uma.Meus olhos encontram os dele, desafiadores, como se gritassem silenciosamente: "Buuuuu! Não tenho medo de cara feia. Pode me olhar assim o quanto quiser." Ele que tire da cabeça a ideia de que me retirarei deste lugar apenas porque assim deseja. Se for para sair, será por minha própria vontade, e não para satisfazer a dele.— Boa noite, amiga! — Sorrio para Kayra, com suavidade.— Boa noite. — Ela me retribui com um beijo carinhoso antes de se dirigir ao pai.— Já vai deitar? — pergunta Ômer, aproximando-se de nós.— Sim, até amanhã. Foi maravilhoso tocar com você.— Você que é encantadora. E que voz linda você tem.— Obrigada. — Respondo, quase sem perceber que estou piscando os cílios para ele.— Ômer! — Um senhorzinho o chama ao longe.Ele se afasta, mas não se
Ele continua sorrindo, um brilho despreocupado nos olhos.—Ainda sigo alguns costumes, mas, em relação a relacionamentos, sou livre. Embora saiba que meu pai adoraria me ver casado com uma mulher do meu povo, não é uma exigência como acontece em algumas famílias por aqui.Uma inquietação se instala em mim. Minhas palavras escapam com uma naturalidade forçada:—E se Okan gostar de alguém de fora? —Minha voz soa calma, mas meu coração martela no peito.Ômer ri, um som grave e ligeiramente amargo.—Ir contra os costumes? Eles se enraízam na gente como raízes em terra firme. Rompê-los não é só difícil, é devastador. Desestrutura a família, cria um dramalhão digno de novela e ainda traz os dramas de consciência. Você já reparou no meu tio? Ele está com sérios problemas de saúde. Okan jamais o desagradaria.—Kayra mencionou. Ele tem problemas cardíacos, certo? —Pergunto, sentindo uma onda de empatia por aquele homem que mal conheço.—Sim, insuficiência cardíaca.—Que triste.Ômer balança a
—Pessoal, dois minutos para a meia-noite. —Kayra anuncia, sua voz ecoando pelo salão e me arrancando de meus pensamentos.Eu pisco, aturdida. Deus! Preciso me afastar dele o mais rápido possível.Com esse pensamento martelando na mente, levanto-me da banqueta apressadamente, o coração martelando no peito. Okan, com a calma que lhe é peculiar, faz o mesmo. Pela visão periférica, percebo quando ele ajusta o terno caro e desliza o anel de sinete no dedo mindinho da mão direita, como se marcasse sua presença com um gesto silencioso.Os empregados entram no ambiente, impecáveis, servindo champanhe em taças reluzentes. Um deles manipula o controle remoto, afastando as cortinas pesadas. As portas de vidro que levam à varanda se abrem em um movimento fluido, revelando o céu estrelado e o frio da noite. Kayra se aproxima, me pega pelo braço e sorri, puxando-me com energia contagiante.—Vem!De repente, todas as luzes da mansão são apagadas, e a excitação no ar é palpável. Kayra e Ômer iniciam
Ele inclina levemente a cabeça, os olhos ainda fixos nos meus. Há algo de insondável em seu olhar, como se estivesse me decifrando, me lendo de um jeito que ninguém jamais conseguiu. Então, ele finalmente fala, a voz baixa e rouca, carregada de algo que faz meu corpo inteiro arrepiar.— Você toca com a alma, Emily. Não é só música... É sentimento, vida. Isso não se aprende.Sinto meu rosto esquentar, o elogio me atingindo em cheio. Tento desviar o olhar, mas ele não permite. Sua presença é intensa demais, e aquele momento parece se alongar, como se o tempo tivesse decidido parar para nós.— Você me surpreendeu — continua ele, com uma sinceridade desarmante. — Cada nota, cada movimento... era como se eu pudesse sentir tudo o que você queria dizer.Meu coração dá um salto. Nunca ninguém havia falado comigo dessa forma.— Você tem uma força que esconde atrás desse sorriso tímido, mas... — Ele inclina levemente o rosto, como se quisesse examinar cada detalhe meu. — ...quando está no piano
—Okan, por que não toca para nós? — A voz de seu pai quebra o momento.O pedido faz meu corpo inteiro se arrepiar. A tensão na sala muda instantaneamente quando Okan me olha, seus olhos fixos, intensos. Há algo decidido naquele olhar que me faz prender a respiração.—Toco se Emily me acompanhar.Ofego levemente. A surpresa de sua proposta me deixa sem palavras. Sinto os olhares de todos os presentes voltarem-se para mim, aguardando minha resposta.Sem ensaio? Tocar com ele?Minha mente grita para eu dizer algo, qualquer coisa, mas minha voz parece ter sumido, presa em algum lugar dentro de mim. Acabo apenas acenando com a cabeça, incapaz de recusar. Seus olhos brilham com algo que não consigo decifrar, e um pequeno sorriso curvado aparece em seus lábios.—Posso ver as partituras? — Ele pede a Ômer.Ômer, sem hesitar, pega as folhas que eu e ele havíamos separado e as entrega a Okan. Ele folheia as partituras com cuidado, os olhos escaneando as opções até parar em uma. Seu sorriso se am
EmilyOkan é uma tempestade que arrasa meu equilíbrio. Ele me desestabiliza de uma forma que odeio admitir. Será que vou pagar tão caro por um erro impensado?Antes de alcançar Kayra, Ômer surge ao meu lado, com seu sorriso fácil.—Venha, Emily. — Ele diz, colocando uma mão leve em minhas costas, guiando-me até seu tio. — Tio Mustafá, Emily é muito talentosa e toca lindamente o piano. Gostaríamos que o senhor a ouvisse.O homem sorri de maneira acolhedora.—Claro, por que não?Ômer me olha com expectativa, como se tivesse acabado de me colocar no centro do palco.—Emily, por favor, nos dê o prazer de ouvi-la! — Ele gesticula em direção ao piano, abrindo espaço para que eu avance.Os olhos do pai de Okan brilham quando se encontram com os meus. Ele se senta no sofá, rodeado por seus convidados, todos aguardando minha apresentação. O silêncio na sala parece crescer, quase palpável.Essa família tem a música no sangue. Isso é evidente.Respiro fundo, tentando controlar o nervosismo. Dou
Ele meneia a cabeça.—E nunca aconteceu de uma mulher flertar comigo, me deixar a mil com suas teias de sedução e depois me deixar do jeito que você me deixou. Isso não se faz com um homem. Lembre-se que eu insisti em te levar para casa, mas você não quis.Ele disse tudo com uma calma quase desconcertante. Suas palavras fluíram tranquilas, mas a ameaça nelas contida era inegável, como uma serpente enrolada, pronta para atacar. Eu senti o impacto. Era impossível não sentir.—Passou... o momento. — Digo, tentando soar firme, mas os lábios tremem, denunciando meu nervosismo. Meu coração está em completo descompasso, pulsando forte como se tentasse escapar do meu peito. A imagem de nós dois juntos, evocada por sua fala, invade minha mente, e é como se cada batida de meu coração ecoasse essa lembrança.Eu estremeço. Tento lutar contra a avalanche de sensações que me dominam, mas é inútil. Não consigo me blindar, não consigo ser fria como ele.Seus olhos, penetrantes e intensos, fixam-se no
Okan se levanta com calma e esboça um sorriso discreto, desprovido de entusiasmo.— Vou orar. Ailem için, bize verdiği her şey için Allah'a teşekkür ederim. Kaçırdığımız hiçbir şey için. — Ele traduz sem cerimônia, com a voz firme: — Agradeço a Allah, por minha família, por tudo que Ele tem nos agraciado e por nada ter nos faltado.Eu abro um dos olhos, lançando um olhar avaliador para o senhorzinho. Sua expressão entrega um certo desagrado com a oração de Okan. Claramente, ele esperava algo mais tradicional, talvez um pedido por uma esposa piedosa que trouxesse felicidade ao jovem.Desvio minha atenção para Kayra, que também está de olho entreaberto, analisando o irmão. Ao lado, Ômer luta contra um sorriso que ameaça escapar. Quase me junto a ele na risada contida.Superado esse momento curioso, o jantar avança harmoniosamente para eles, enquanto, para mim, o ambiente permanece carregado. A tensão me faz parecer alheia, quase indiferente. Apesar da mesa farta de iguarias deliciosas,