Kayra, que até agora estava calada, dá um gritinho de comemoração atrás de mim. A reação de Okan é se aproximar mais de mim, com um sorriso débil. Ele me olha, como se tivesse dificuldade em acreditar que aceitei. Meu coração parece saltar do peito ao ver a felicidade em seus olhos. Conforme percebe que falo sério, seus olhos ficam quentes, e ele passa a me olhar com adoração.Voltamos os olhos para seu pai, que nos encara com um sorriso. Okan diz:— Isso merece uma comemoração! Chamaremos seus pais amanhã para um jantar e anunciaremos nosso noivado, já marcando a data.Deus! Meus pais...Bem, com certeza minha mãe achará prematuro. Meu pai aceitará, mas sentirá uma tristeza muito grande pelo caminho que segui. Ele já anda triste pelos cantos. Só o tempo provará que Okan é o homem certo para mim. A cada minuto que passo com ele, tenho mais certeza disso.— Ela sabe que não poderá vestir-se de noiva? Faremos sem ritos? — O senhorzinho questiona.Okan acena negativamente para o pai com
OkanMeu casamento está prestes a acontecer lá embaixo, mas, antes disso, Ômer aparece no meu quarto, invadindo minha tranquilidade com sua presença carregada de cinismo. Ele cruza os braços e me observa com aquele olhar que mistura desdém e curiosidade, como se estivesse diante de algo incompreensível.— Então é sério mesmo? Você está se casando com Emily!Ajusto minha gravata diante do espelho. A imagem refletida é de um homem que se preparou não apenas para uma cerimônia, mas para assumir, diante de todos, o compromisso mais importante da sua vida.— Sim. Por que o espanto?Ele balança a cabeça lentamente, seu sorriso carregado de ironia. É impossível ignorar o tom ácido em sua voz.— Não, nenhum. Um filho. — Ele assobia, prolongando o som como se quisesse testar minha paciência. — Espero que a faça feliz.Viro-me para ele, mantendo a postura firme, mas sentindo o peso de suas palavras.— Você acha mesmo que estou me casando só por causa do nosso filho? Está enganado, Ômer. Estou m
Ah, mas hoje penso diferente. Hoje, compreendo a felicidade que é estar ao lado da mulher amada. Não sou mais aquele homem frio, guiado apenas por desejos carnais e obrigações.Solto o ar devagar, um sorriso escapando dos meus lábios enquanto as memórias dos últimos dias preenchem minha mente.Todos os dias eu a buscava no trabalho, e juntos almoçávamos no restaurante do hotel. Esses momentos se tornaram os melhores do meu dia. Conversávamos sobre tudo: nossos sonhos, nossos medos, nosso futuro juntos. E, em cada risada compartilhada, em cada olhar prolongado, eu me apaixonava mais um pouco.Emily se tornou minha alegria, minha paz, minha pessoa preferida. Quando estou com ela, sinto uma tempestade de emoções, cada uma mais intensa do que a outra, todas sussurrando o quanto eu a amo.Fecho os olhos, permitindo que uma memória especial me invada: o momento em que Emily finalmente confessou seus sentimentos por mim.Foi há uma semana. Estávamos em minha casa. Depois do jantar, meu pai s
Deus! Estou nervosa. Pelos sons que ecoam pela sala, é claro que há muitas pessoas aguardando ansiosas pela cerimônia. Meu casamento será simples, realizado por um juiz de paz. Sem vestido de noiva, sem henna nas mãos como manda a tradição turca.Mesmo assim, sinto uma paz confortante. O essencial é me unir ao homem que amo, aquele que tem se mostrado tão maravilhoso em cada gesto, em cada palavra. Okan me explicou que a cerimônia não durará muitas horas, o que considerei perfeito, pois sei que, no fundo, alguns familiares dele vão entortar o nariz pela natureza de nossa união. Melhor que seja breve.Kayra e minha mãe entram no quarto, trazendo uma aura de empolgação e carinho que aquece meu coração.— Okan já está te esperando no corredor — anuncia Kayra com um sorriso encorajador.Como o casamento será apenas civil, caminharemos juntos até o juiz de paz, de mãos dadas perante os convidados que já nos aguardam.— Está certo — respondo, tentando manter a calma.Lanço um último olhar p
Tia Olga me envolveu num abraço apertado, o rosto banhado em lágrimas que escorriam sem controle. Era evidente sua emoção, quase palpável no ar.As “malucas” se aproximaram em trajes inusitados de sereia. Os vestidos mignons realçavam cada curva de seus corpos, enquanto os decotes generosos atraíam olhares discretos — e outros nem tanto. Achei graça ao perceber as entortadas de nariz dos parentes de Okan enquanto elas avançavam, alheias aos julgamentos.Letícia foi a primeira a me abraçar.— Parabéns. Espero que sejam muito felizes juntos. Que bom que tudo se resolveu entre vocês.— Obrigada. Sim. Melhor do que sonhei.Ela sorriu de leve e lançou um olhar hesitante para Okan, claramente constrangida. Em vez de arriscar um beijo no rosto, estendeu-lhe a mão. Talvez por respeitar sua cultura turca. Ele apertou sua mão com um sorriso divertido, quase zombeteiro.— Felicidades. Cuida bem de minha amiga.— Pode deixar.Carol veio em seguida, me abraçando com entusiasmo desmedido. Inclinou-
EmilyNão imaginei que fosse possível sentir algo assim novamente, penso enquanto respiro com dificuldade. Meu corpo ainda está sensível, cada nervo à flor da pele, pulsando com uma satisfação que parece infinita.Okan deita ao meu lado e me puxa para seus braços. Sua respiração é rápida, irregular, enquanto ele tenta recuperar o fôlego. Eu ainda pairo sobre ele, ofegante, e o beijo suavemente, como se fosse impossível me afastar. Ele retribui, e o beijo se prolonga, cheio de uma necessidade mútua. É como se o tempo parasse, como se esse momento pudesse durar para sempre.Quando, finalmente, nossas bocas se separam, ele murmura:— Te amo.As palavras dele sempre têm esse efeito em mim. Sinto um arrepio percorrer minha pele, fechando os olhos por um instante para absorver a sensação. Quando os abro novamente, vejo seus olhos cheios de ternura e confesso, num tom que carrega todo o meu coração:— Te amo também. Muito.Okan sorri, aquele sorriso suave que me desmonta, e pega meu rosto co
— Já estava preocupado. Tentei ligar no seu celular, mas só caía na caixa postal.— Ele ficou sem bateria. Eu te disse que estava na casa de meus pais. Por que não ligou para lá? — Digo e caminho até ele, observando como seus ombros têm uma tensão contida.— Porque estou aprendendo a conter esse gigante que às vezes se levanta dentro de mim, de preocupação.— De ciúmes. — Completo, parando a poucos passos dele.— Sim, de ciúmes. — Ele diz como se fosse um fato inescapável. — Está tudo bem? — Pergunta, me avaliando com olhos que não perdem nenhum detalhe.— Sim, amor.— Você passou bem?— Passei. Se não fosse assim, eu teria te falado.— Você é tão forte, tão independente, que às vezes acho que sofreria calada, ou passaria por algo e não me contaria.Eu o beijo nos lábios, com um gesto que busca dissipar suas inseguranças.— Compartilharei meus momentos bons e ruins com você, está bem assim?Ele me puxa para perto, e seu abraço é quente, confortante. Estamos íntimos assim na sala porqu
EmilyNuma saída com minhas amigas eu o conheci. Lembro-me como se fosse hoje. Eu ainda consigo sentir o ambiente da festa. A música alta e agitada que tocava. O cheiro de álcool do hálito de Carol, uma amiga que bebe mais do que deve. E eu fui na onda dela e nesse dia bebi muito também. Letícia, estava conosco. Ela que iria dirigir nesse dia, então não me importei em ficar alta.Aquela garota toda certinha estava na fossa, triste e extremamente desanimada. Pela primeira vez, se sentindo solitária. O namoro de dois anos tinha acabado de forma trágica com a traição dele com uma das minhas melhores amiga.Então, ele entra....Logo me empertigo no banco quando eu o avisto. O cara alto, usando um terno caro, não combina com o lugar. Não só eu, mas não tinha uma pessoa que não virava o pescoço para vê-lo passar na pista de dança do salão com luminosidade amena. A forma como ele anda e olha tudo dá a entender que ele está à procura de alguém.—Deem uma olhada naquele cara que acabou de cheg