O elevador estava com as portas abertas, como um convite silencioso. Entramos. Ele apertou o botão do último andar. Vigésimo? Meu estômago revirou. Uma suíte máster? Claro que seria algo assim.
Tentei focar em algo banal, como meus sapatos. Uma camada de suor se acumulou na minha testa. As luzes do elevador pareciam mais fortes, girando devagar. Deus! Que enjoo! Respirei fundo e me apoiei na parede até que a porta se abriu, revelando um pequeno hall com apenas uma porta. Grande. Imponente. Majestosa.
Quando ele abriu a porta da suíte, senti um nó no estômago. O luxo era esmagador, mas não tanto quanto a vozinha insistente na minha mente: "O que você está fazendo com um desconhecido?"
Hesitei no limiar da porta. Ele me olhou com expectativa, e num impulso silenciei a dúvida. Já estou aqui. Afinal, seguir conselhos para ser “certinha” não havia me protegido antes. Enquanto Zoe, sempre ousada, colhia a atenção que eu nunca tive coragem de buscar, eu me guardei para alguém que sequer valorizou. Agora, por que não me permitir algo diferente?
Caminhei até o centro do quarto. Ele tirou minha bolsa com suavidade e a colocou sobre o sofá. Meus olhos vagaram pela decoração luxuosa enquanto minha mente oscilava entre o medo e a atração.
Sempre sonhei que minha união com um homem seria como a dos meus pais: amorosa, cúmplice, cheia de significado. Mas aqui estava eu, com um estranho, em um quarto onde cada detalhe parecia sussurrar promessas indecentes.
Ele se aproximou. O cheiro dele... intenso, hipnotizante. Quando seus dedos afastaram meu cabelo e seus lábios tocaram meu pescoço, um arrepio percorreu minha espinha.
— Relaxe — ele murmurou, a voz rouca.
Relaxe? Como, se cada célula do meu corpo estava em alerta?
Seus dedos traçaram minha coluna até pousarem em minha cintura. O calor de suas mãos era inebriante, mas o choque veio com a palmada súbita em meu quadril. O gesto, ao mesmo tempo dominante e inesperado, me fez recuar, os olhos arregalados.
— O que foi? Vai desistir agora? — Ele perguntou, a voz carregada de um sotaque rouco que me fazia tremer.
Desistir? Talvez devesse. Ou talvez não. Encarando aqueles olhos negros, era difícil decidir.
— Você... não é sádico, é? — Minha voz saiu trêmula.
Ele sorriu de canto, um sorriso que fazia meu coração martelar.
— Não. Mas gosto de estar no controle.
O peso dessas palavras ecoou dentro de mim.
—Por isso me... bateu? Por que me bateu?
—Porque me deu vontade. Você não deveria estar aqui.
Deus! Talvez eu devesse mesmo ter ido.
Um calor invadiu o meu rosto. De alguma forma, meu corpo discordava da minha mente. Quando ele me beijou, tudo em mim se calou. Que beijo! Era faminto, possessivo, diferente de qualquer coisa que já senti. Sua língua explorava a minha boca, cada movimento me fazendo esquecer a razão.
Meus dedos escorregaram por reflexo, tocando o peito firme dele. Não era delicado, mas também não era brutal. Ele parecia lutar contra um desejo feroz que o consumia. E o pior? Isso fazia-me sentir... bem.
Quando meu vestido deslizou pelo meu corpo, deixando-me vulnerável em lingerie, o ar do quarto parecia mais denso. Ele me observava como se eu fosse algo raro. O olhar dele era tão intenso que tive de desviar.
De repente, ele me ergueu nos braços, o movimento tão inesperado quanto natural. Me deitou com cuidado na cama enorme. O tecido da seda acariciava a minha pele, suave, contrastando com a tempestade de emoções que me consumia.
Hum... esse cheiro é dele? Afundei o meu rosto no travesseiro, respirando fundo, tentando me acalmar. Ouvi o som do chuveiro. Ele se afastou.
Fechei os olhos. Tudo estava confuso.
Okan
Deus, o que estou fazendo? A pergunta ecoa em minha mente enquanto observo a jovem deitada na minha cama. Ela parece tão vulnerável, tão fora de si. É evidente que o álcool ainda domina seus sentidos. Mesmo sabendo que não estaria forçando nada, o peso do momento me faz sentir como um desalmado, um crápula.
Eu não desejaria isso para minha irmã. Então, por que deveria me aproveitar da condição dela?
A dúvida me consome. Será que ela já esteve em uma situação como esta antes? Meu peito se contrai com a ideia. Um misto de raiva e frustração se instala em mim, direcionado a ela, a mim mesmo, ao mundo. Como ela pôde permitir isso? E por que isso me importa tanto?
Minha respiração está descompassada. Passo a mão pelos cabelos, buscando clareza. Mas como encontrar clareza com ela ali, tão perto, tão tentadora? Sua beleza é quase dolorosa de encarar, um magnetismo que parece chamar por mim. E, ao mesmo tempo, sua aparente inocência me paralisa.
Allah! Ela é simplesmente linda. Deitada ali, com o rosto sereno, os cabelos espalhados como um halo em volta da cabeça, parece um anjo caído. Minha vontade de tê-la cresce a cada segundo, e é uma batalha árdua resistir. Minha mente tenta me convencer a agir com razão, mas meu corpo tem seus próprios planos.
Passo uma mão trêmula pelo membro endurecido, lutando contra a urgência que me domina. Meu corpo clama por ela. A ideia de estar dentro dela, de ouvir sua voz rouca e entrecortada pelo prazer, é insuportavelmente sedutora.
Mas isso não pode acontecer. Não assim. Não agora.
Quando imaginei este momento, pensei que ao chegarmos aqui ela estaria mais lúcida, mais ciente de seus atos. Que haveria em seus olhos uma entrega genuína, consciente. Em vez disso, vejo uma mulher perdida no torpor do álcool, sem a menor ideia do que está fazendo.
Ela me encara letárgica, como se se perguntasse por que estou hesitando. Essa vulnerabilidade me destrói.
— Allah! — praguejo em turco, minha voz carregada de frustração. O conflito dentro de mim é excruciante. Finalmente, faço o que minha consciência ordena.
Viro as costas para ela e sigo até o banheiro. Preciso me recompor, controlar o desejo que me consome e encontrar algum vestígio de paz. A água fria cai sobre mim, mas a tensão não desaparece. O calor dela ainda parece impregnado em minha pele, uma tortura doce que não consigo afastar.
Quando volto ao quarto, ela continua lá, completamente alheia, o rosto suavemente iluminado pela luz do luar. Meus passos são lentos, quase hesitantes, enquanto me aproximo da cama.
Ofego ao vê-la tão entregue, os cabelos espalhados pelo travesseiro, uma mecha cobrindo parcialmente seus olhos. A curva de sua cintura, moldada pelo jogo de luz e sombra, é de tirar o fôlego. Minha mão se move por impulso, afastando a mecha de cabelo com cuidado. Seus cílios longos projetam sombras delicadas sobre sua pele, e minha respiração vacila diante de tamanha beleza.
Allah, paciência é uma virtude. Tento me convencer disso. Ela merece mais, merece um momento em que esteja consciente, em que escolha me querer como eu a quero. Quando ela acordar, tudo será diferente. Então, quero ver se consegue escapar de mim.
Deito-me ao seu lado, mas a distância entre nós parece um abismo. Dou as costas, lutando contra o desejo que ameaça me consumir. Fecho os olhos, tentando encontrar algum alívio. Mas não consigo.
O som suave de sua respiração enche o quarto, uma melodia tentadora que me faz virar o rosto em sua direção. Meus olhos correm pelo contorno do seu corpo esbelto, parando na boca entreaberta, rosada e carnuda, que parece pronta para ser beijada. O calor em meu peito aumenta.
Ela parece tão jovem, talvez tenha a mesma idade da minha irmã. Esse pensamento deveria me afastar, mas, ao invés disso, traz uma onda de ternura que me faz sorrir. Ela nem tem ideia do quanto é perfeita.
A tensão em meu corpo é insuportável, mas não posso agir assim. Quero olhar em seus olhos sóbrios e ver neles a confirmação de que sou desejado. Quero que ela saiba o que está fazendo, que escolha estar comigo.
Com um suspiro pesado, volto a me virar para o outro lado. Fecho os olhos novamente, forçando-me a encontrar calma. Esta noite, eu resistirei. Amanhã, porém, tudo será diferente.
Emily WoodyNo silêncio da noite, despertei de repente. O calor à minha frente me fez gelar por dentro. Meu nariz encostou em algo, ou melhor, em alguém. Um corpo quente. Ele se mexeu com um gemido rouco, e um aroma profundamente masculino invadiu meus sentidos. Deus! O que eu fiz?Virei-me devagar, sentindo o coração acelerar. Os olhos piscavam, tentando se adaptar à luz fraca que atravessava as cortinas do quarto. Cama macia. Lençol de... seda? Meu Deus. Tudo era diferente.O ar se tornou pesado. Um suspiro trêmulo escapou dos meus lábios enquanto olhava ao redor. Meu olhar pousou na figura ao meu lado. Um homem dormia profundamente, de costas para mim. Seu ombro largo e nu estava exposto, e o tecido fino de sua cueca branca mal escondia o contorno perfeito de seu corpo. As pernas fortes, cobertas por pelos, indicavam poder. Meu Deus, o que aconteceu aqui?A respiração falhava enquanto eu apalpava meu próprio corpo. Calcinha e sutiã de renda branca. Será que... Fizemos sexo? Não...
— Sua tia gostou tanto da ceia de Natal. Ela nem acreditou quando contei que encomendei tudo! — diz minha mãe, rindo enquanto tenta mudar de assunto.Desvio meus pensamentos daqueles olhos negros que ainda me assombram e respondo, meio automática:— Estava tudo uma delícia.— Filha, por que você não vai conosco para a casa da sua tia no Ano Novo? Ela quer retribuir. Vai ficar chato você não ir.Suspiro, já esperando essa conversa.— Mãe, já falamos sobre isso. Não fica chato nada! Além disso, enfrentar horas de viagem, pegar trânsito, para ficar só dois dias lá? Nem pensar. E, lembre-se, dia quatro eu volto a trabalhar. Minhas férias já acabaram.Ela hesita, como se não quisesse insistir, mas consigo ver a preocupação no olhar dela.— Não sei se terei coragem de ir e deixar você sozinha aqui.Fungo discretamente, tentando não revirar os olhos. Sei que ela quer ir. Sempre gostou de estar com a família, e eu não a culpo por isso. De repente, a imagem de Kayra surge na minha mente. Minha
Consegui dormir um pouco e me levanto por volta das dez. Na sala, encontro papai lendo o jornal no sofá de dois lugares. Inclino-me para beijá-lo no rosto.— Bom dia. Como foi a festa?Desvio o olhar e me jogo no outro sofá.— Foi boa.Ele franze a testa, desconfiado.— Hum, esse "foi boa" não me convenceu.Sorrio para ele, tentando mudar de assunto.— Mamãe falou com o senhor sobre o Ano Novo?— Falou. Você tem certeza que vai ficar bem?Reviro os olhos, rindo.— Pai, se tem um lugar onde vou estar bem, é na casa da Kayra. Ela segue costumes super rígidos. Para você ter uma ideia, para ela namorar, o rapaz precisa ser aprovado pelo pai e pelo irmão. Então estarei segura com eles.Meu pai ri, aprovando.— Eles é que estão certos! Se tivéssemos feito isso, você não teria quebrado a cara com aquele idiota do Henrique.Minha expressão muda. O nome dele ainda é uma ferida. Ninguém gosta de ser traída, mesmo por um idiota.— Nem vem com essa conversa! Deus me livre o senhor ter que aprovar
Hampstead é um bairro de sonhos. As ruas largas e arborizadas são um convite ao encanto, com mansões majestosas que parecem competir entre si em beleza. Cada detalhe do lugar exala sofisticação e um ar quase intocável. Uma pontada de insegurança me atravessa: será que vou me sentir confortável em um ambiente tão elegante?Respirei fundo. Preparei minha mala com antecedência, escolhendo cuidadosamente minhas melhores roupas. Mamãe fez questão de me levar às compras, ajudando-me a escolher um vestido longo de cetim branco especialmente para a festa de Ano Novo. Para completar, ela insistiu em emprestar suas joias de família, um conjunto de colar e brincos de ouro com delicadas esmeraldas incrustadas. Quero causar uma boa impressão e, acima de tudo, não parecer deslocada.Ao me aproximar da mansão, o segurança verifica minha identidade com atenção antes de abrir os portões. Quando o carro avança pelo caminho de paralelepípedos, me pego admirando a propriedade. Magnífica seria uma descriç
Ômer surge na porta, sua presença carregada de um magnetismo inegável. Ele lança um olhar intenso na minha direção, o tipo de olhar que parece enxergar mais do que deveria.—Falando mal de mim? —pergunta, o tom descontraído, mas os olhos atentos.—Não, claro que não. Só falando bem —responde Kayra, sorrindo de maneira inocente.—Ah, não sei não —ele retruca com uma leve provocação.Sem cerimônia, Ômer se senta ao lado de Kayra, mas seus olhos continuam fixos em mim, me examinando com uma curiosidade desarmante.—Vocês se conheceram aonde? —ele pergunta, casual, mas atento.—Fazemos universidade juntas, mesmo curso e mesma turma —respondo, tentando manter a compostura.Ele pega um salgado da mesa e o morde lentamente, ainda sem desviar o olhar.—Você só estuda?—Sou bancária —respondo, tentando manter a conversa neutra.—Que banco?—No Royal.Os olhos dele se estreitam ligeiramente, como se algo se encaixasse em sua mente.—Por isso você não me é estranha. Eu tenho conta lá. Acho que t
Respiro fundo, afastando os pensamentos. Não posso me dar ao luxo de parecer vulnerável agora.—Mais alguma coisa? —pergunto, voltando ao tom prático.—Não, senhor.—Então está dispensada. Vá para casa e aproveite a virada do ano com sua família. Ah, e feliz ano novo.Ela sorri, surpresa com minha atitude.—Obrigada. E o senhor? Vai para casa também?— Não é de se admirar que o Réveillon neste hotel é uma das festas mais bem faladas....Eu sorrio me sentindo muito bem com isso. Tem que ser mesmo, eu praticamente respiro trabalho. —Sim, é verdade.—Então Feliz ano novo para o senhor.O escritório está silencioso agora, e o eco das palavras da minha secretária ainda ressoa na minha mente. "Feliz ano novo para o senhor." Ela saiu, mas sua despedida me deixa pensativo. Olho para a parede à minha frente, mas o que vejo é outra coisa. Memórias invadem, imagens que não consigo apagar.Hoje cedo, andando pelo hotel, observei algo que me desestabilizou. De trás de um aparador no restaurante,
Quando volto, respiro fundo e tento me recompor. Ainda assim, basta um pensamento sobre a cena para o riso quase escapar novamente.Depois do almoço, nos reunimos na sala, e eu, incapaz de me conter, comento sobre o episódio da faca. Kayra, com o humor que só ela tem, explica que é uma superstição turca. “Nunca se deve entregar uma faca diretamente para outra pessoa. O certo é colocá-la na mesa, e a outra pessoa a pega. Se for entregue diretamente, a pessoa deve cuspir nela para evitar brigas futuras.”Rimos juntas, mas logo nossa atenção é desviada pelo movimento na casa. Homens uniformizados entram carregando enormes buquês de flores do campo.— Deus! Essas flores custam uma fortuna nessa época do ano! — digo, com os olhos arregalados.— Tudo isso é para os preparativos do Ano Novo? — pergunto, sentindo uma ansiedade crescente. Quantas pessoas estarão nesta festa?— Sim, mas não se preocupe. Está tudo sob controle. Elma, nossa governanta, organiza tudo todos os anos. Que tal descansa
Restaram-me duas alternativas: ou ele era um homem decente, que não quis se aproveitar de mim naquele estado, ou simplesmente não me achou atraente.Deus! Que loucura.Sinto uma mistura de culpa e vazio. Culpa por desejar tanto alguém que mal conheço, e vazio porque o cara era... perfeito. Lindo de um jeito quase perigoso. Era exatamente o tipo de homem pelo qual eu me entregaria sem hesitar.Minha mãe sempre dizia: “Filha, controle-se! Nada de passar dos beijinhos e amassos.” Mas sejamos sinceros: com ele? Isso seria um desafio colossal. Claro, como a boa garota certinha que sou, eu o conheceria antes, talvez por dez encontros inteiros, mantendo tudo no limite.Dez encontros. Pimba!O pensamento faz meu corpo esquentar. É como se pegasse fogo só de lembrar daquele estranho.A memória vem viva na minha mente: que bumbum! Que pernas firmes, ombros largos e aquele sorriso... Ah, aquele sorriso! Ele poderia derreter a pessoa mais racional do mundo.Dez encontros mesmo? Rio, sabendo que s