— Por que você está me tratando como se eu fosse um erro? — Porque o que aconteceu foi um erro, Mia. A porra de um erro que eu não teria cometido se soubesse quem você era. Após perder a mãe de maneira trágica e enfrentar o caos de um padrasto abusivo como consequência, Mia Bennett, de 18 anos, foge para Chicago em busca do pai que nunca conviveu. Mas sua chegada é marcada por um encontro inesperado com Ethan Hayes, um homem irresistível e misterioso que parece oferecer um momento de alívio no meio de seu turbilhão. No entanto, Mia logo descobre que Ethan é mais do que um estranho: ele é sócio e melhor amigo de James Bennett, seu pai. Como se o universo tentasse testar seus limites, James resolve colocá-los para trabalhar juntos, transformando a tensão entre os dois em algo impossível de ignorar. Agora, dividida entre recomeçar sua vida e a atração por alguém que deveria ser inatingível, Mia precisará enfrentar amores proibidos, inimigos implacáveis e a luta por sua própria independência.
Ler mais“Mia Bennett”Para o meu alívio, os olhares sobre a filha desconhecida de James Bennett duraram pouco, e ninguém mais parece prestar atenção em mim. Aos poucos, o nervosismo que sentia dá lugar a algo mais leve, quase confortável.— Não é tão ruim quanto imaginei — digo a Gabriel e Vitória, olhando ao redor.— Viu? Falei que você se acostumaria — Gabriel responde, dando um gole em seu champanhe. O truque é entender que ninguém realmente se importa com você aqui, a menos que você seja mais rico ou importante do que eles.Solto uma risada baixa, relaxando um pouco mais. Mesmo em meio a todo o luxo e formalidade, os dois conseguem me fazer sentir normal. Ou quase isso.Quase. Porque cada vez que olho ao redor e o vejo, meu coração insiste em me lembrar que estou longe de qualquer normalidade.Ethan está a alguns metros de distância, em meio a uma conversa com um grupo de homens, mas ainda assim, seu olhar permanece no meu por um instante longo demais. Meu rosto esquenta imediatamente.Te
“Ethan Hayes”Os sorrisos ao meu redor são tão naturais quanto o botox espalhado pelos rostos da maioria dos homens que me rodeiam. Mais um evento beneficente, mais uma noite fingindo que estou realmente interessado em cada palavra vazia que é pronunciada.A hipocrisia me sufoca, mas é preciso.Afinal, não só nas salas de reunião que os negócios acontecem. Aqui, conexões são feitas, contratos são fechados e alianças são construídas, por mais irritante que seja fingir interesse em conversas que não levam a lugar algum.Ouço um grupo de investidores reclamar sobre o mercado financeiro como se isso fosse novidade. Entre um gole de bebida e outro, mantenho meu mau-humor sob controle, mesmo quando James tenta me puxar para essas conversas que ele insiste em chamar de diplomáticas.— Ethan, você está muito quieto. Não vai nos agraciar com algum comentário ácido? — James provoca ao meu lado, claramente notando minha impaciência.— E arriscar estragar a noite de alguém? Prefiro me conter — re
Sem pensar duas vezes, me aproximo da entrada do corredor, me escondendo atrás de um enorme vaso de planta enquanto os observo de longe. Eles param em frente a uma joalheria e continuam conversando. A mulher esbelta, de cabelos curtos e escuros, ri de algo que Ethan diz, e isso faz com que ele relaxe ainda mais. Sinto um frio na barriga e nem mesmo sei por quê. Talvez seja porque a única vez que o vi assim, tão à vontade, tenha sido naquela noite. — Quem exatamente estamos espionando? — Vitória sussurra, me fazendo dar um pulo, assustada. Com a mão no peito, me viro para encará-la, encontrando a morena com um sorriso debochado no rosto, claramente se divertindo com a situação. Pisco algumas vezes, finalmente me dando conta do quanto a situação é ridícula. Sinto meu rosto arder de vergonha. Rapidamente, forço uma expressão de naturalidade, como se, há poucos minutos, não estivesse agindo como uma adolescente intrometida, espionando o chefe como se fosse algo perfeitamente normal
Para minha surpresa, meu segundo dia de trabalho foi muito mais tranquilo que o primeiro. Ethan ficou ocupado com compromissos externos, o que finalmente permitiu que eu trabalhasse em paz.Sem a presença intimidadora do CEO me pressionando, consegui me concentrar melhor e até concluir algumas tarefas sozinha. Me senti aliviada, mas sei que essa trégua foi temporária. Afinal, esse foi apenas o segundo dia.Quando o relógio finalmente marca 17h, finalizo minhas tarefas, aproveitando a calmaria do dia.— Até amanhã, Mia! — Gabriel acena da mesa do outro lado da sala. Retribuo com um sorriso antes de pegar minha bolsa e seguir para o elevador.É quase estranho terminar o expediente sem sentir o peso de um furacão chamado Ethan Hayes, e satisfatório saber que terei o fim de semana longe dele. Pelo menos como assistente, pois, como pessoa, infelizmente o encontrarei novamente no evento de amanhã.Meu estômago se contorce sempre que me lembro disso.— Srta. Bennett — Ivan, o motorista de Ja
“Mia Bennett”Após toda aquela tensão na sala de Ethan, incluindo o teste ridículo em que ele fingiu que ia me beijar apenas para provar que essa aproximação não daria certo, saí de lá pensando em desistir.No entanto, algo dentro de mim exige que eu não dê o braço a torcer e faça o que ele quer. E daí que Ethan quer me ver longe daqui? Se ele quer fingir que nada aconteceu, também consigo fazer o mesmo.Pode ser que haja um dedo de masoquismo nisso, pois, apesar do incômodo de sua indiferença, uma parte de mim está ansiosa para vê-lo se cansar e me aceitar aqui.— Hoje ele está estressado... — Gabriel sussurra, balançando a cabeça quando Ethan volta para sua sala.Forço um sorriso, voltando minha atenção para minha mesa. Se Gabriel soubesse o motivo do estresse de Ethan, certamente se surpreenderia. Mas isso é um segredo que guardarei comigo.Finalmente, as horas passam sem maiores emoções. Ethan finalmente me deixou quieta, ocupado demais com seu próprio trabalho para me incomodar.
“Ethan Hayes”Sinto meu maxilar travar ainda mais ao ver Miranda parada com a mão na cintura, me dando aquele olhar analítico que tanto detesto. Ainda sinto a tensão da conversa com Mia, e agora Miranda acha que é o momento ideal para testar minha paciência?Meu humor, que já estava ruim, piora significativamente.— Olhe ao redor e me diga o que acha, Srta. Pierce — digo, vendo o olhar de Mia se alargar.— Sr. Hayes, eu… preciso ir ao banheiro — minha assistente diz, aproveitando a oportunidade para sair. Esperta.Miranda segue seus passos com os olhos, virando-se para mim assim que a porta se fecha. Ignorando meu mau-humor evidente, um sorriso surge em seus lábios.— Você parece estressado — ela comenta, jogando seus cabelos para os ombros. — Precisa de ajuda para relaxar, querido? Sabe que sempre estou à…— Afinal, o que você quer? — corto secamente, sem paciência para seus joguinhos de sedução.— Nossa, não vai nem me dar um oi antes de querer descarregar sua raiva em mim? — Mirand
Trinta minutos. Foi o tempo que tive para respirar antes que Ethan me chamasse para sua sala novamente.Ao entrar, ele está ao telefone, os olhos fixos em mim enquanto gesticula para que eu me sente. Faço o que ele pede, tentando ignorar o frio na barriga. Quando desliga o telefone, se ajeita na cadeira e me encara, sem pressa.— Precisamos revisar isso — Ethan diz, apontando para a pilha de papéis em cima da mesa. — Agora.— Agora? — murmuro, ciente de que Gabriel estará ocupado demais para me ajudar.— Algum problema, Srta. Bennett?— Nenhum, Sr. Hayes. Mas… ainda não sei fazer isso sozinha.— Óbvio — ele resmunga, se inclinando para frente. A paciência em sua voz está por um fio, mas ele começa a explicar os documentos. — Esses são os contratos da Sutton & Co. Quero que você revise cada parágrafo, marcando qualquer inconsistência ou erro.— Certo… — respondo, pegando uma caneta.Tento me concentrar, mas sua presença é sufocante. Cada página que passo aumenta minha insegurança, porq
Minhas mãos tremem levemente enquanto me levanto da cadeira. O tablet está tão apertado entre meus dedos que começo a sentir dor. Bato na porta, tentando não parecer tão assustada ao entrar. — Sente-se — ele aponta para a cadeira à frente de sua mesa. Obedeço, me sentindo pequeno sob seu olhar. Por um momento, ele permanece em silêncio, o que só aumenta meu nervosismo. — Srta. Bennett — finalmente ele começa a falar. — Nos papéis que preencheu para a sua admissão, você disse que fala francês fluentemente. — Sim, senhor. — Obviamente, não é uma pergunta, mas respondo. — Aprendi por… motivos pessoais. Sinto meu rosto esquentar quando ele levanta a sobrancelha, desconfiado. Mas o motivo real é vergonhoso demais para ser dito em voz alta. Como explicar que aprendi francês por conta de uma paixão adolescente, apenas porque ele comentou que amava o idioma? — Então vamos testar suas habilidades — ele diz, sério. — Temos um cliente importante, Jean-Pierre Dubois, CEO da Dubois Technologi
Fecho os olhos e respiro fundo, tentando acalmar as batidas descompassadas do meu coração. A pressão que sinto no peito me faz pensar que talvez eu devesse ter pedido um desfibrilador como parte do kit de boas-vindas.— Vamos lá, Mia. Você consegue — murmuro, finalmente começando a me afastar da zona de perigo.Sem saber exatamente para onde ir, decido procurar Gabriel novamente. Ao me aproximar da sala, o encontro está mexendo em alguns papéis. Ele sorri ao me ver.— Por que essa cara? — ele pergunta, levantando a sobrancelha como se pudesse sentir minha tensão de longe. — Já quer desistir?— Não. Quero fugir! — respondo, soltando o ar em um suspiro pesado enquanto me aproximo dele. — Esse homem deveria vir com um manual de instruções ou, sei lá, um aviso do tipo “perigo, não se aproxime”.— Bem-vinda ao mundo do Sr. Hayes — ele diz, rindo. — Mas você sobreviveu, e isso já é um bom começo.— Sobrevivi? — arqueio uma sobrancelha, apontando para mim mesma. — Olha para mim, Gabriel. Est