Proibida Para o CEO
Proibida Para o CEO
Por: Ju Andrade
1. O Início

Pang!

Um estrondo seco ecoa pela casa, seguido pelo som inconfundível de vidro se estilhaçando.

Meu corpo se encolhe instintivamente debaixo das cobertas. Não preciso olhar para o relógio ou descer as escadas para saber o que está acontecendo. Eu sei.

David, meu padrasto, está bêbado de novo.

— Sarah, meu amor! Você não podia ter me abandonado! — ouço-o gritar lá embaixo, seguido pelo som de mais alguma coisa se estilhaçando.

Fecho os olhos e respiro fundo, tentando controlar as lágrimas que ameaçam cair. Mas é inútil. Desde que minha mãe faleceu, os dias têm sido assim. A dor já era suficiente, mas a reação de David só torna tudo ainda pior.

Exatamente como tem sido nas últimas semanas, os passos cambaleantes no corredor me fazem congelar. Logo, o som de seu punho batendo contra a porta ecoa pelo quarto.

— Ela está morta por sua causa! — ele grita, seguido por mais um soco contra a porta. — Você matou sua mãe! — Outro soco. — Se você não fosse tão dependente, ela estaria viva!

Pressiono o travesseiro contra os ouvidos, mas sei que não vai adiantar. Nunca adiantou. E a cada dia, suas palavras venenosas vão me matando lentamente. Fecho os olhos com força. Não quero ouvir. Não quero ver.

Mas a porta se abre com um golpe violento, tão brutal que b**e contra a parede, fazendo um som que me faz estremecer.

— Ela não deveria estar morta, e agora você vai pagar! — David vocifera, e, mesmo de longe, o cheiro de whisky preenche o quarto.

Conforme ele entra, meu corpo se encolhe instintivamente, como se já conhecesse o que vem a seguir. No entanto, desta vez, algo parece diferente. Em seus olhos, não há apenas o ressentimento e a mágoa de sempre; há raiva, algo que nunca vi.

Um passo. Outro passo. Ele anda até parar na minha frente. Abro a boca para tentar acalmá-lo. Já funcionou antes; talvez, se dessa vez…

Antes que eu conseguisse reagir, seus dedos se prendem em meus cabelos, me puxando para fora da cama. Um soluço surpreso escapa dos meus lábios. Desta vez, ele quer machucar. Ele quer me fazer sofrer ainda mais.

— Você. É. Um. Fardo! — David fala pausadamente, me segurando pelos ombros e pressionando meu corpo contra a parede.

Sem me dar a chance de sequer respirar, um soco atinge minha barriga. O impacto faz minhas costelas doerem e um grito escapa.

— Cala a boca, sua inútil! — ele vocifera, me balançando como se fosse uma boneca de pano. — Você nunca faz nada direito! Nunca!

Então, um tapa forte faz minha cabeça girar com força. O gosto metálico invade a minha boca quando mordo o interior da bochecha para não gritar novamente. Talvez, se eu ficar quieta…

— Pai, por favor… — sussurro, tentando fazer com que ele pare.

Ele finalmente me solta e, por um momento, acredito que acabou, que meu apelo funcionou. Mas, então, outro soco atinge meu estômago, me fazendo gritar novamente.

— Pare de me chamar assim! Não sou seu pai, nunca fui! — ele grita, e outro soco me atinge. — Você foi só um peso que fui obrigado a carregar por amar a Sarah!

Me jogo no chão, em uma tentativa de me proteger, mas meus braços não são suficientes contra a fúria dele. Meu corpo já não reage; apenas recebe os golpes como se fossem inevitáveis. As lágrimas escorrem, se misturando com o sangue que sinto na boca.

— Você matou sua mãe! — ele exclama, dessa vez com a voz mais fraca, quando um chute acerta minhas costas.

A dor some por um momento. Apenas a física, pois as palavras dele machucam mais do que qualquer soco. Porque, no fundo, por mais absurdo que possa parecer, uma parte de mim ainda acredita que é verdade.

Minha mãe só está morta por minha causa.

Quando finalmente ouço seus passos se afastando, o silêncio que sobra é tão cruel quanto os golpes. A dor me invade novamente e, por um momento, acho que acabou. Minhas lágrimas se misturam ao sangue escorrendo no canto da minha boca enquanto tento entender o que acabou de acontecer.

Não é a primeira vez que ele perde o controle, mas nunca chegou ao ponto de me machucar assim. Eu deveria estar acostumada com o ódio dele, mas algo sobre essa noite… algo está diferente.

Então, o som dos passos dele no corredor volta a ecoar, e meu corpo inteiro se alerta. David reaparece no quarto, segurando outra garrafa de bebida, já pela metade. Seu andar é mais lento e seus olhos se fixam em mim com uma intensidade que me faz sentir como uma presa encurralada.

— Você tirou Sarah de mim, Mia — ele murmura, num tom baixo e ameaçador. — E, já que ela está morta, não é justo que você continue viva.

Meu coração dispara. Tento me levantar, mas meu corpo não obedece. Ele se ajoelha sobre mim, prendendo meus braços com as mãos ásperas.

— David, por favor, não... — sussurro, num tom quase inaudível.

Mas ele não para. Suas mãos soltam meus braços e sobem para o meu pescoço. A pressão começa antes que eu possa sequer pensar em lutar. O ar me escapa rapidamente, e a dor em minha garganta é insuportável.

Tento puxar seus braços, me debatendo sob seu peso, mas ele é muito mais forte que eu. Minha visão começa a embaçar, e o desespero toma conta de mim. Eu não quero morrer. Não assim. Não agora.

Tateio ao redor, arranhando meus dedos no chão de madeira, desesperada por algo, qualquer coisa que possa me ajudar. Então, sinto o vidro frio da garrafa ao meu lado.

Sem pensar duas vezes, agarro a garrafa com o que resta da minha força e acerto contra a cabeça de David. O som do vidro se quebrando é abafado pelo grito de dor dele. Finalmente, a pressão no meu pescoço desaparece enquanto ele cai ao meu lado, imóvel.

Permaneço deitada por alguns segundos, puxando o ar com força, como se tivesse acabado de correr uma maratona. Meu coração ainda b**e descontroladamente, e lágrimas escorrem pelo meu rosto.

— Ele está morto? — sussurro, olhando para o corpo caído ao meu lado.

Antes que eu pudesse me mexer ou sequer processar o que acabou de acontecer, o som da campainha ecoa pela casa.

Campainha?

Meus olhos se arregalam. Quem estaria aqui a essa hora?

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