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4. Invadir é Sua Especialidade

Após uma semana desde aquela noite, encaro meu reflexo no espelho do banheiro da cafeteria onde passei a última hora tentando criar coragem.

As olheiras continuam sob meus olhos, relembrando as últimas noites em claro, pensando em qualquer alternativa que pudesse me ajudar a restabelecer minha vida sem envolver James Bennett.

Mas como fazer isso em uma cidade desconhecida, sem ter onde morar, sem experiência profissional e com apenas dezoito anos?

— Você pode fazer isso, Mia — murmuro para mim mesma, ajeitando pela décima vez a alça do meu vestido.

Quinze minutos depois, estou novamente diante do imponente prédio espelhado. Hoje é tudo ou nada. Ou encontro James e tento recomeçar, ou terei que engolir meu medo e voltar para Portland.

— Bom dia. Preciso falar com James Bennett — digo assim que paro na recepção. A recepcionista, diferente da semana passada, me olha de cima a baixo com uma sobrancelha erguida.

— O Sr. Bennett não recebe ninguém sem hora marcada.

— Eu… não sabia. Estive aqui semana passada e...

— E deveria ter marcado um horário — ela me corta, num tom impaciente. — Se quiser, posso verificar a agenda dele para a próxima semana.

Mordo o lábio, sentindo o desespero crescer. Não tenho uma semana. Com o dinheiro que Ethan deixou naquela noite quase no fim, mal tenho alguns dias.

— Por favor, é importante. Você pode…

— Todos dizem ser importante — ela suspira, quase revirando os olhos, enquanto volta sua atenção para o computador.

Olho ao redor e vejo um grupo de pessoas se aproximando dos elevadores. A recepcionista se distrai atendendo ao telefone e, num impulso, me misturo entre eles. É tudo ou nada.

Quando entro no elevador, uma mulher pergunta em qual andar vou, e respondo sem pensar muito:

— Último.

Por que é assim nos livros, não é? Os CEOs sempre ficam no topo, olhando a cidade abaixo deles.

As pessoas vão descendo nos andares anteriores e, quando o elevador finalmente para no último andar, meu estômago revira ao ver dois seguranças saindo do elevador ao lado. Nossos olhares se cruzam por um segundo antes de eu começar a correr.

— Ei! Pare aí! — um deles grita, mas continuo correndo pelo corredor, procurando freneticamente o nome dele nas portas.

— Bennett… Bennett… Bennett… CEO, é isso! — murmuro ao encontrar a placa dourada. Não há nome, apenas o título.

Empurro a porta com força, quase caindo para dentro da sala. Fecho-a rapidamente atrás de mim, tentando bloquear os homens que me perseguem, e me viro para encarar o ambiente.

Então o vejo.

Ethan Hayes.

Ele está de pé, ao lado de uma enorme mesa de madeira escura, com alguns papéis nas mãos. Ao ouvir minha respiração ofegante, seus olhos verdes se fixam em mim. Sua expressão muda de surpresa para irritação em questão de segundos, e eu sinto meu corpo congelar.

— Você? — Ethan pergunta, estreitando os olhos enquanto inclina a cabeça. — Que porra você está fazendo aqui?

Minha respiração fica ainda mais irregular enquanto tento entender o que está acontecendo. Ethan é o CEO da Nexus Group? Como isso é possível?

— Eu… estava procurando por… — gaguejo, ofegante, mas sou interrompida por uma risada seca e sem humor.

— Eu deveria ter imaginado que aquilo não passava de uma desculpa — ele murmura, mais para si, antes de dar um passo à frente, fazendo com que eu me sinta pequena diante de sua presença.

— Do que você está fala…

Antes que eu consiga completar a frase, a porta atrás de mim se abre bruscamente e os dois seguranças entram.

— Sr. Hayes, ela invadiu o andar. Quer que a levemos? — Um deles pergunta diretamente a Ethan, sem sequer olhar para mim.

— Não. — Ele suspira, passando os dedos pelos cabelos loiros como se estivesse tentando controlar a paciência. — Saiam. Cuido disso.

Os seguranças trocam olhares, mas obedecem, saindo em silêncio. Assim que a porta se fecha, Ethan volta sua atenção para mim, seus olhos estreitando como os de um predador.

— Mia, Mia… — ele começa, esfregando a mão no rosto enquanto balança a cabeça negativamente. — Parece que invadir é sua especialidade, certo? Primeiro meu carro, agora a minha empresa…

— Já disse que entrar no seu carro foi realmente um acidente… — murmuro, me sentindo pequena sob seu olhar gelado. — E hoje, não estou aqui por sua causa. Entrei porque achei que o CEO fosse James Bennett, não você!

— James Bennett, claro. — Ethan ri novamente, seco. — Queria um dono e acabou dormindo com o outro por engano? O que pretendia, afinal?

Abro a boca para responder, mas ele me interrompe com um aceno impaciente. Pega o telefone e me encara, sem me dar a chance de me defender.

— Quer saber? Vamos resolver isso agora.

— O que você está falando? — pergunto, incrédula com o tom acusatório. Ele não responde. Simplesmente aperta um número no telefone.

— Venha na minha sala. Agora. — Ethan diz de forma curta, desligando antes que o outro lado possa responder.

Meu coração acelera ainda mais, se é que isso é possível. A tensão na sala é sufocante, e Ethan não desvia o olhar de mim.

— Bem — ele finalmente diz, se encostando na mesa e cruzando os pés. — Já que você parece tão interessada no CEO, será interessante ouvir sua explicação para tudo isso.

Tento formular uma resposta, mas minha mente é puro caos. Pouco depois, a porta se abre abruptamente, e um homem alto entra, visivelmente confuso.

— Por que tanta… — ele para de falar quando me olha. Seus olhos se fixam nos meus, e sua expressão muda rapidamente, piscando algumas vezes, como se estivesse processando o que está vendo. — Você é...

— Mia Mitchell Bennett, sua filha — completo, apesar do nó na garganta.

Vejo a boca de James abrir, mas nenhuma palavra sai. Ao meu lado, os olhos de Ethan se arregalam visivelmente.

— Filha? — Ethan murmura quase inaudivelmente.

— Deus, você é mesmo… minha filha. — James diz, incrédulo. Ele me encara por mais um segundo antes de desviar o olhar para Ethan, claramente confuso. — Mas… o que você está fazendo aqui? Por que está na sala do meu irmão?

Sinto minhas pernas fraquejarem. Meu olhar alterna entre os dois homens. Irmão? O pouco que comi antes de vir sobe pela minha garganta sem aviso. Ignorando os olhares, corro até a lixeira mais próxima e vomito.

Meu estômago se revira violentamente enquanto as memórias daquela noite invadem minha mente.

Meu tio. Eu dormi com meu próprio tio.

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