“Ethan Hayes”Sinto meu maxilar travar ainda mais ao ver Miranda parada com a mão na cintura, me dando aquele olhar analítico que tanto detesto. Ainda sinto a tensão da conversa com Mia, e agora Miranda acha que é o momento ideal para testar minha paciência?Meu humor, que já estava ruim, piora significativamente.— Olhe ao redor e me diga o que acha, Srta. Pierce — digo, vendo o olhar de Mia se alargar.— Sr. Hayes, eu… preciso ir ao banheiro — minha assistente diz, aproveitando a oportunidade para sair. Esperta.Miranda segue seus passos com os olhos, virando-se para mim assim que a porta se fecha. Ignorando meu mau-humor evidente, um sorriso surge em seus lábios.— Você parece estressado — ela comenta, jogando seus cabelos para os ombros. — Precisa de ajuda para relaxar, querido? Sabe que sempre estou à…— Afinal, o que você quer? — corto secamente, sem paciência para seus joguinhos de sedução.— Nossa, não vai nem me dar um oi antes de querer descarregar sua raiva em mim? — Mirand
“Mia Bennett”Após toda aquela tensão na sala de Ethan, incluindo o teste ridículo em que ele fingiu que ia me beijar apenas para provar que essa aproximação não daria certo, saí de lá pensando em desistir.No entanto, algo dentro de mim exige que eu não dê o braço a torcer e faça o que ele quer. E daí que Ethan quer me ver longe daqui? Se ele quer fingir que nada aconteceu, também consigo fazer o mesmo.Pode ser que haja um dedo de masoquismo nisso, pois, apesar do incômodo de sua indiferença, uma parte de mim está ansiosa para vê-lo se cansar e me aceitar aqui.— Hoje ele está estressado... — Gabriel sussurra, balançando a cabeça quando Ethan volta para sua sala.Forço um sorriso, voltando minha atenção para minha mesa. Se Gabriel soubesse o motivo do estresse de Ethan, certamente se surpreenderia. Mas isso é um segredo que guardarei comigo.Finalmente, as horas passam sem maiores emoções. Ethan finalmente me deixou quieta, ocupado demais com seu próprio trabalho para me incomodar.
Para minha surpresa, meu segundo dia de trabalho foi muito mais tranquilo que o primeiro. Ethan ficou ocupado com compromissos externos, o que finalmente permitiu que eu trabalhasse em paz.Sem a presença intimidadora do CEO me pressionando, consegui me concentrar melhor e até concluir algumas tarefas sozinha. Me senti aliviada, mas sei que essa trégua foi temporária. Afinal, esse foi apenas o segundo dia.Quando o relógio finalmente marca 17h, finalizo minhas tarefas, aproveitando a calmaria do dia.— Até amanhã, Mia! — Gabriel acena da mesa do outro lado da sala. Retribuo com um sorriso antes de pegar minha bolsa e seguir para o elevador.É quase estranho terminar o expediente sem sentir o peso de um furacão chamado Ethan Hayes, e satisfatório saber que terei o fim de semana longe dele. Pelo menos como assistente, pois, como pessoa, infelizmente o encontrarei novamente no evento de amanhã.Meu estômago se contorce sempre que me lembro disso.— Srta. Bennett — Ivan, o motorista de Ja
Sem pensar duas vezes, me aproximo da entrada do corredor, me escondendo atrás de um enorme vaso de planta enquanto os observo de longe. Eles param em frente a uma joalheria e continuam conversando. A mulher esbelta, de cabelos curtos e escuros, ri de algo que Ethan diz, e isso faz com que ele relaxe ainda mais. Sinto um frio na barriga e nem mesmo sei por quê. Talvez seja porque a única vez que o vi assim, tão à vontade, tenha sido naquela noite. — Quem exatamente estamos espionando? — Vitória sussurra, me fazendo dar um pulo, assustada. Com a mão no peito, me viro para encará-la, encontrando a morena com um sorriso debochado no rosto, claramente se divertindo com a situação. Pisco algumas vezes, finalmente me dando conta do quanto a situação é ridícula. Sinto meu rosto arder de vergonha. Rapidamente, forço uma expressão de naturalidade, como se, há poucos minutos, não estivesse agindo como uma adolescente intrometida, espionando o chefe como se fosse algo perfeitamente normal
“Ethan Hayes”Os sorrisos ao meu redor são tão naturais quanto o botox espalhado pelos rostos da maioria dos homens que me rodeiam. Mais um evento beneficente, mais uma noite fingindo que estou realmente interessado em cada palavra vazia que é pronunciada.A hipocrisia me sufoca, mas é preciso.Afinal, não só nas salas de reunião que os negócios acontecem. Aqui, conexões são feitas, contratos são fechados e alianças são construídas, por mais irritante que seja fingir interesse em conversas que não levam a lugar algum.Ouço um grupo de investidores reclamar sobre o mercado financeiro como se isso fosse novidade. Entre um gole de bebida e outro, mantenho meu mau-humor sob controle, mesmo quando James tenta me puxar para essas conversas que ele insiste em chamar de diplomáticas.— Ethan, você está muito quieto. Não vai nos agraciar com algum comentário ácido? — James provoca ao meu lado, claramente notando minha impaciência.— E arriscar estragar a noite de alguém? Prefiro me conter — re
“Mia Bennett”Para o meu alívio, os olhares sobre a filha desconhecida de James Bennett duraram pouco, e ninguém mais parece prestar atenção em mim. Aos poucos, o nervosismo que sentia dá lugar a algo mais leve, quase confortável.— Não é tão ruim quanto imaginei — digo a Gabriel e Vitória, olhando ao redor.— Viu? Falei que você se acostumaria — Gabriel responde, dando um gole em seu champanhe. O truque é entender que ninguém realmente se importa com você aqui, a menos que você seja mais rico ou importante do que eles.Solto uma risada baixa, relaxando um pouco mais. Mesmo em meio a todo o luxo e formalidade, os dois conseguem me fazer sentir normal. Ou quase isso.Quase. Porque cada vez que olho ao redor e o vejo, meu coração insiste em me lembrar que estou longe de qualquer normalidade.Ethan está a alguns metros de distância, em meio a uma conversa com um grupo de homens, mas ainda assim, seu olhar permanece no meu por um instante longo demais. Meu rosto esquenta imediatamente.Te
Viro o rosto em direção à voz, sentindo meu coração acelerar de um jeito que me irrita. Ethan está parado perto de mim, com um olhar sério demais para o meu gosto. — O que você está fazendo aqui? — pergunto, odiando o quanto minha voz sai fraca.— Eu poderia perguntar o mesmo — ele responde, inclinando a cabeça para o lado. — Vim respirar longe da agitação e te encontro aqui, tentando fugir.— Não estou fugindo — rebato, apertando os dedos na taça quase vazia. — Só queria um pouco de ar fresco.— Ar fresco e champanhe? — Ethan levanta uma sobrancelha, olhando a taça em minha mão. — Interessante combinação.— Qual é o problema? — murmuro. — Não sabia que beber uma taça era contra as regras.— Considerando que posso procurar o responsável por deixar você pegar essa taça, diria que é um problema — ele responde, num tom calmo, mas carregado de provocação. — Se não me engano, as leis americanas deixam bem claro: menores de 21 anos não podem beber, Srta. Bennett.— Engraçado isso vir de al
“Ethan Hayes”“Tarde demais, Ethan Reed Hayes.” A frase ecoa na minha mente assim que ouço a voz de James chamando nossos nomes.Mas, se eu for honesto comigo mesmo, já era tarde demais desde o momento em que decidi ignorar minha razão e segui Mia até o jardim. Desde o momento em que levantei a mão para tocar o rosto dela e quase cometi a besteira de beijá-la.Meu cérebro trabalha rápido para dar uma aparência natural a essa situação absurda. Agradeço mentalmente por Mia ser bem menor que eu; a única coisa que consigo fazer é olhar para frente e agir da forma mais tranquila possível.— Vire-se — murmuro, ouvindo os passos de James cada vez mais perto.Mia me encara, confusa, mas faz o que mando, dando um passo à frente e ficando de costas para mim, com os olhos fixos na vista da cidade.— Aquela ali é a roda-gigante do Navy Pier — aponto para um ponto distante no horizonte, falando alto o suficiente para parecer natural.— O que você está…— Apenas finja, porra — corto, seco, mas baix