“Ethan Hayes”“Tarde demais, Ethan Reed Hayes.” A frase ecoa na minha mente assim que ouço a voz de James chamando nossos nomes.Mas, se eu for honesto comigo mesmo, já era tarde demais desde o momento em que decidi ignorar minha razão e segui Mia até o jardim. Desde o momento em que levantei a mão para tocar o rosto dela e quase cometi a besteira de beijá-la.Meu cérebro trabalha rápido para dar uma aparência natural a essa situação absurda. Agradeço mentalmente por Mia ser bem menor que eu; a única coisa que consigo fazer é olhar para frente e agir da forma mais tranquila possível.— Vire-se — murmuro, ouvindo os passos de James cada vez mais perto.Mia me encara, confusa, mas faz o que mando, dando um passo à frente e ficando de costas para mim, com os olhos fixos na vista da cidade.— Aquela ali é a roda-gigante do Navy Pier — aponto para um ponto distante no horizonte, falando alto o suficiente para parecer natural.— O que você está…— Apenas finja, porra — corto, seco, mas baix
Aperto o copo em minha mão com um pouco mais de força enquanto minha mente volta há alguns minutos. Será que não disfarcei tão bem quanto imaginei? Ou será apenas o instinto de advogado de James trabalhando, sentindo o cheiro de um problema antes mesmo de ele se formar?Opto pela segunda opção, quando James estreita os olhos, me encarando como sempre faz quando quer que eu confesse algo.Dessa vez não, meu amigo.— Nada que você precise se preocupar — respondo, levando o copo aos lábios.— Mia parecia desconfortável — ele diz, finalmente, com um tom mais baixo. — E você não é exatamente conhecido por ser alguém… fácil de lidar.— É porque não sou — rebato, indiferente, finalizando minha bebida em um só gole. — Mas, para sua informação, eu só estava garantindo que ela não fizesse nada de que pudesse se arrepender depois.— Anda, vem comigo — ele sussurra, olhando para trás de mim. — Gerard está se aproximando, e eu não quero terminar a noite ouvindo suas histórias.Sem me dar tempo pa
“Mia Bennett”“Você não vai com ele.”As palavras parecem dançar na minha frente enquanto meu olhar se fixa em Ethan. Minha boca se entreabre involuntariamente, surpresa e indignada. Com que direito ele acha que pode falar isso?James, Vitória e Gabriel olham para ele imediatamente, surpresos. Ethan, no entanto, permanece indiferente, como se fosse normal querer mandar na vida alheia.— Desculpa, mas acho que não entendi… — finalmente respondo, num tom irônico.— Gabriel bebeu — Ethan desvia o olhar para James, como se a explicação fosse para ele, não para mim. — Se quer colocar a vida de alguém em risco, que seja a dele. Se quiser, pode ir com ela, James.— Gabriel bebeu menos que... — começo a argumentar, mas James levanta a mão.— Ele tem razão, Mia — ele me interrompe, levantando o copo antes de dar mais um gole. — Vou terminar minha bebida e vamos embora com Ivan. Assim, chegamos todos em segurança.Estreito os olhos para Ethan, que não parece nem um pouco afetado com meu descont
“Ethan Hayes”Mia está diferente.E é impossível não perceber. Ela evita olhar diretamente para mim, mantém um tom controlado e indiferente quando fala. Profissional demais. Robotizado demais.Não que isso me incomode. Aliás, esse jeito frio e distante que ela adotou desde o evento do fim de semana é um alívio. Pelo menos assim, evitamos problemas.Quando ela entra na minha sala pela segunda vez nesta manhã, trazendo o documento que pedi, quase sem fazer barulho, fico tentado a ignorar isso, mas dessa vez, não consigo. Não por mim, mas para manter o convívio minimamente funcional.— Aqui está o relatório que pediu, Sr. Hayes — ela diz, colocando a pasta sobre a mesa e se virando para sair imediatamente.— Espere um segundo, Srta. Bennett — digo, quase conseguindo ver um revirar de olhos antes que ela vire. — Isso tem a ver com o que aconteceu no evento?— Sobre o que exatamente estamos falando?— Especificamente, sobre eu ter impedido você de ir embora com o Gabriel — explico, me reco
“Mia Bennett”Sentada na minha mesa, tento prestar atenção enquanto Gabriel explica o bendito cronograma que meu chefe pediu. Mas, por mais que eu tente me concentrar, minha mente insiste em fugir.Desde o evento, decidi que agir de forma neutra seria o melhor a se fazer. Cumprir ordens, seguir instruções, ser a profissional que ele espera. Exatamente como alguém deve agir quando não pode pensar no que não deve.O problema é que continuo pensando.Pensando no quase beijo no evento. Pensando no tom possessivo de Ethan ao impedir que eu fosse embora com Gabriel. Pensando no fato de que talvez ele tenha traído Miranda naquela noite.Tudo bem, talvez eu esteja exagerando. Talvez eles estivessem brigados naquela época. Mas isso não muda o fato de que, agora que sei que não posso pensar em me envolver com ele novamente.— Mia!A voz de Gabriel me faz piscar algumas vezes, me trazendo de volta à realidade. Desvio o olhar para ele e encontro seu olhar fixo em mim, as sobrancelhas franzidas.—
Claro que o universo ia conspirar contra mim. A semana passou num piscar de olhos, mesmo com todos os meus esforços para fazer o tempo se arrastar. E o resfriado? Nem sinal dele. Nem mesmo quando fiquei alguns minutos de propósito na varanda, enfrentando o vento gelado sem casaco, ele resolveu aparecer. Agora, aqui estou, sentada em um avião comercial entre James e Vitória. Ela conversa animadamente com Gabriel, tentando me incluir no assunto, mas minha mente, como sempre, não colabora. Ela parece ter ficado em Chicago, presa à mínima possibilidade de Ethan desistir de vir por conta daquela reunião de última hora. Talvez o universo decida me ajudar agora, mesmo tendo ignorado meu pedido pelo resfriado. — Você está se sentindo bem, Mia? — James pergunta, inclinando-se na minha direção. — Você está com cara de quem quer vomitar. — Estou bem — respondo, franzindo a testa enquanto me pergunto se minha cara está tão ruim assim. Decido mudar de assunto antes que ele continue insistindo
Piscar algumas vezes é tudo o que consigo fazer antes de balançar a cabeça, tentando afastar os pensamentos que essa informação causou.— Por que você parece tão surpresa? — Ethan pergunta, como se fosse óbvio. — Toda a empresa sabe que isso acabou há meses.— Eu não sabia… — Isso é bom — ele diz, dando um passo para dentro da casa. — Significa que você está mais focada no trabalho do que nas fofocas sobre a vida alheia.Ele não me dá tempo de responder. Apenas se afasta, encerrando qualquer possibilidade de conversa, como se fosse algo banal.Reviro os olhos. Ethan sendo Ethan.Solto um suspiro e continuo meus passos até o quintal. A praia, praticamente no quintal da casa, é ainda mais bonita vista de perto. Logo vejo Vitória e Gabriel sentados na areia, conversando e rindo. Eles se viram quando me aproximo, mas continuam o assunto, claramente à vontade.— Você demorou, hein, Mia? — Vitória brinca, rindo.— Vocês dois, sem se pegarem. Estou de olho! — brinco de volta, embora sem rea
Ethan fecha os olhos, respirando fundo, mas é evidente que ele já perdeu essa batalha interna. Quando os abre novamente, seus olhos estão mais escuros, quase apagando o verde. — Foda-se — ele murmura, antes de entrelaçar os dedos em meus cabelos e unir nossos lábios. O beijo é intenso, carregado de desejo e tudo o que tentamos evitar por tempo demais. Suas mãos apertam minha cintura e minhas pernas se prendem em sua cintura, diminuindo de vez a distância entre nós. Quando ficamos totalmente sem ar, seus lábios deixam os meus, descendo para meu pescoço. Entrelaçando os dedos em meus cabelos novamente, Ethan puxa minha cabeça para trás, descendo seus beijos. Sua outra mão solta minha cintura, subindo lentamente pela lateral do meu corpo até, finalmente, descer a alça da minha camisa fina, expondo meus seios. Um gemido baixo escapa dos meus lábios quando sua boca toca meus mamilos. Então, em vez de continuar, Ethan levanta o rosto, voltando a me beijar. — Quietinha — ele