“Mia Bennett”Sentada na minha mesa, tento prestar atenção enquanto Gabriel explica o bendito cronograma que meu chefe pediu. Mas, por mais que eu tente me concentrar, minha mente insiste em fugir.Desde o evento, decidi que agir de forma neutra seria o melhor a se fazer. Cumprir ordens, seguir instruções, ser a profissional que ele espera. Exatamente como alguém deve agir quando não pode pensar no que não deve.O problema é que continuo pensando.Pensando no quase beijo no evento. Pensando no tom possessivo de Ethan ao impedir que eu fosse embora com Gabriel. Pensando no fato de que talvez ele tenha traído Miranda naquela noite.Tudo bem, talvez eu esteja exagerando. Talvez eles estivessem brigados naquela época. Mas isso não muda o fato de que, agora que sei que não posso pensar em me envolver com ele novamente.— Mia!A voz de Gabriel me faz piscar algumas vezes, me trazendo de volta à realidade. Desvio o olhar para ele e encontro seu olhar fixo em mim, as sobrancelhas franzidas.—
Claro que o universo ia conspirar contra mim. A semana passou num piscar de olhos, mesmo com todos os meus esforços para fazer o tempo se arrastar. E o resfriado? Nem sinal dele. Nem mesmo quando fiquei alguns minutos de propósito na varanda, enfrentando o vento gelado sem casaco, ele resolveu aparecer. Agora, aqui estou, sentada em um avião comercial entre James e Vitória. Ela conversa animadamente com Gabriel, tentando me incluir no assunto, mas minha mente, como sempre, não colabora. Ela parece ter ficado em Chicago, presa à mínima possibilidade de Ethan desistir de vir por conta daquela reunião de última hora. Talvez o universo decida me ajudar agora, mesmo tendo ignorado meu pedido pelo resfriado. — Você está se sentindo bem, Mia? — James pergunta, inclinando-se na minha direção. — Você está com cara de quem quer vomitar. — Estou bem — respondo, franzindo a testa enquanto me pergunto se minha cara está tão ruim assim. Decido mudar de assunto antes que ele continue insistindo
Piscar algumas vezes é tudo o que consigo fazer antes de balançar a cabeça, tentando afastar os pensamentos que essa informação causou.— Por que você parece tão surpresa? — Ethan pergunta, como se fosse óbvio. — Toda a empresa sabe que isso acabou há meses.— Eu não sabia… — Isso é bom — ele diz, dando um passo para dentro da casa. — Significa que você está mais focada no trabalho do que nas fofocas sobre a vida alheia.Ele não me dá tempo de responder. Apenas se afasta, encerrando qualquer possibilidade de conversa, como se fosse algo banal.Reviro os olhos. Ethan sendo Ethan.Solto um suspiro e continuo meus passos até o quintal. A praia, praticamente no quintal da casa, é ainda mais bonita vista de perto. Logo vejo Vitória e Gabriel sentados na areia, conversando e rindo. Eles se viram quando me aproximo, mas continuam o assunto, claramente à vontade.— Você demorou, hein, Mia? — Vitória brinca, rindo.— Vocês dois, sem se pegarem. Estou de olho! — brinco de volta, embora sem rea
Ethan fecha os olhos, respirando fundo, mas é evidente que ele já perdeu essa batalha interna. Quando os abre novamente, seus olhos estão mais escuros, quase apagando o verde. — Foda-se — ele murmura, antes de entrelaçar os dedos em meus cabelos e unir nossos lábios. O beijo é intenso, carregado de desejo e tudo o que tentamos evitar por tempo demais. Suas mãos apertam minha cintura e minhas pernas se prendem em sua cintura, diminuindo de vez a distância entre nós. Quando ficamos totalmente sem ar, seus lábios deixam os meus, descendo para meu pescoço. Entrelaçando os dedos em meus cabelos novamente, Ethan puxa minha cabeça para trás, descendo seus beijos. Sua outra mão solta minha cintura, subindo lentamente pela lateral do meu corpo até, finalmente, descer a alça da minha camisa fina, expondo meus seios. Um gemido baixo escapa dos meus lábios quando sua boca toca meus mamilos. Então, em vez de continuar, Ethan levanta o rosto, voltando a me beijar. — Quietinha — ele
“Ethan Hayes”Mia sabe exatamente o que está fazendo, e, mesmo sabendo que o maior responsável por esse comportamento sou eu, não consigo controlar minha reação. Minha mandíbula trava de tal maneira que meus dentes rangem.Por que estou reagindo assim?Fui eu quem decidiu, após deixar o desejo falar mais alto que meu juízo, que o melhor seria manter distância, agir como se nada tivesse acontecido. Mia não merece a confusão que nosso envolvimento traria para a vida dela, e eu não deveria me importar tanto com suas provocações descaradas.Mas a verdade é que a maneira como ela sorri para Theo me incomoda mais do que deveria.— Mia, por que não mostra os quartos para eles? — James sugere, arrancando-me dos pensamentos.— Claro — ela responde prontamente, me encarando uma última vez antes de gesticular para Emma e Theo.Mia começa a subir as escadas, conversando com a mulher de Alec e com o idiota sorridente de cabelos escuros e olhos castanhos. Meus olhos seguem a interação até eles desa
“Mia Bennett”Theo é legal, muito mais do que imaginei. Quando decidi dar atenção a ele, foi totalmente por impulso, uma tentativa infantil de mostrar a Ethan que também sei brincar de indiferença.Mas agora, depois de quase duas horas de conversa, me pego verdadeiramente interessada em suas histórias sobre a faculdade de Direito e seus ambiciosos planos para o futuro.Confesso que é bom estar perto de alguém que não me deixa confusa, alguém que não transforma cada momento em um campo minado, cheio de resistências e impedimentos.Mas, mesmo enquanto rio de mais uma de suas histórias universitárias, sinto o peso do olhar de Ethan queimar minhas costas.Um lembrete de que, mesmo que a companhia de Theo seja uma distração, infelizmente, é aquele homem frio e complicado quem ocupa espaço demais na minha cabeça.Ficamos em silêncio por um momento, apenas observando as brincadeiras de Vitória e Gabriel na água. A risada alta dela ecoa pela praia, enquanto ele joga água em seu rosto.— Você
Assim que a porta se fecha atrás de mim, Ethan se vira, encostando as costas contra a madeira. Ele cruza os braços e me dá um olhar indecifrável. Que bicho mordeu esse homem?— Ethan, o que você está fazendo? — murmuro, num tom baixo.— Eu deveria te perguntar o mesmo, Mia. — Ele não levanta a voz, mas seu tom é suficiente para me fazer estremecer. — O que você acha que está fazendo com Theo?— E desde quando isso é da sua conta? — arqueio as sobrancelhas, desafiando-o. Ele dá um passo à frente, descruzando os braços, sem desviar o olhar por um segundo sequer.— Desde que você começou a usá-lo para me provocar.— Acho que você está delirando — respondo, irônica. — Eu estava apenas… me distraindo.— Distraindo? — Ele força uma risada amarga. — É assim que você chama aquela cena patética na praia?— E o que você esperava que eu fizesse, Ethan? Que eu me isolasse do mundo, esperando pela próxima vez em que você resolvesse quebrar suas regras para me agarrar na cozinha?— Esperava que vo
“Ethan Hayes”Sinto o sangue pulsar na minha cabeça enquanto me encosto na porta e encaro James. Duas malditas ereções desnecessárias em menos de 24 horas. Duas. Isso nunca acontece. Normalmente, isso termina como deveria: sexo, a solução básica dessa merda incômoda. Resolve, alivia, me deixa leve. Mas até agora só serviu para me deixar ainda mais irritado. Mas claro, nada é simples quando está brincando com o perigo. Passo a mão pelo rosto, tentando fingir uma calma que não existe e agir normalmente. Agir como se James não estivesse me encarando como se eu fosse um experimento humano, enquanto a filha dele está trancada no banheiro. — Só estava tentando assistir uns vídeos, relaxar antes da festa. Você mesmo vive dizendo que ando estressado demais, não é? — respondo, tentando soar despreocupado. James estreita os olhos e, por um momento, penso que ele vai aceitar a explicação. Mas é claro que não. Ele não seria James se não fosse inconveniente. Obviamente, o filho da mãe