Para minha surpresa, meu segundo dia de trabalho foi muito mais tranquilo que o primeiro. Ethan ficou ocupado com compromissos externos, o que finalmente permitiu que eu trabalhasse em paz.Sem a presença intimidadora do CEO me pressionando, consegui me concentrar melhor e até concluir algumas tarefas sozinha. Me senti aliviada, mas sei que essa trégua foi temporária. Afinal, esse foi apenas o segundo dia.Quando o relógio finalmente marca 17h, finalizo minhas tarefas, aproveitando a calmaria do dia.— Até amanhã, Mia! — Gabriel acena da mesa do outro lado da sala. Retribuo com um sorriso antes de pegar minha bolsa e seguir para o elevador.É quase estranho terminar o expediente sem sentir o peso de um furacão chamado Ethan Hayes, e satisfatório saber que terei o fim de semana longe dele. Pelo menos como assistente, pois, como pessoa, infelizmente o encontrarei novamente no evento de amanhã.Meu estômago se contorce sempre que me lembro disso.— Srta. Bennett — Ivan, o motorista de Ja
Sem pensar duas vezes, me aproximo da entrada do corredor, me escondendo atrás de um enorme vaso de planta enquanto os observo de longe. Eles param em frente a uma joalheria e continuam conversando. A mulher esbelta, de cabelos curtos e escuros, ri de algo que Ethan diz, e isso faz com que ele relaxe ainda mais. Sinto um frio na barriga e nem mesmo sei por quê. Talvez seja porque a única vez que o vi assim, tão à vontade, tenha sido naquela noite. — Quem exatamente estamos espionando? — Vitória sussurra, me fazendo dar um pulo, assustada. Com a mão no peito, me viro para encará-la, encontrando a morena com um sorriso debochado no rosto, claramente se divertindo com a situação. Pisco algumas vezes, finalmente me dando conta do quanto a situação é ridícula. Sinto meu rosto arder de vergonha. Rapidamente, forço uma expressão de naturalidade, como se, há poucos minutos, não estivesse agindo como uma adolescente intrometida, espionando o chefe como se fosse algo perfeitamente normal
“Ethan Hayes”Os sorrisos ao meu redor são tão naturais quanto o botox espalhado pelos rostos da maioria dos homens que me rodeiam. Mais um evento beneficente, mais uma noite fingindo que estou realmente interessado em cada palavra vazia que é pronunciada.A hipocrisia me sufoca, mas é preciso.Afinal, não só nas salas de reunião que os negócios acontecem. Aqui, conexões são feitas, contratos são fechados e alianças são construídas, por mais irritante que seja fingir interesse em conversas que não levam a lugar algum.Ouço um grupo de investidores reclamar sobre o mercado financeiro como se isso fosse novidade. Entre um gole de bebida e outro, mantenho meu mau-humor sob controle, mesmo quando James tenta me puxar para essas conversas que ele insiste em chamar de diplomáticas.— Ethan, você está muito quieto. Não vai nos agraciar com algum comentário ácido? — James provoca ao meu lado, claramente notando minha impaciência.— E arriscar estragar a noite de alguém? Prefiro me conter — re
“Mia Bennett”Para o meu alívio, os olhares sobre a filha desconhecida de James Bennett duraram pouco, e ninguém mais parece prestar atenção em mim. Aos poucos, o nervosismo que sentia dá lugar a algo mais leve, quase confortável.— Não é tão ruim quanto imaginei — digo a Gabriel e Vitória, olhando ao redor.— Viu? Falei que você se acostumaria — Gabriel responde, dando um gole em seu champanhe. O truque é entender que ninguém realmente se importa com você aqui, a menos que você seja mais rico ou importante do que eles.Solto uma risada baixa, relaxando um pouco mais. Mesmo em meio a todo o luxo e formalidade, os dois conseguem me fazer sentir normal. Ou quase isso.Quase. Porque cada vez que olho ao redor e o vejo, meu coração insiste em me lembrar que estou longe de qualquer normalidade.Ethan está a alguns metros de distância, em meio a uma conversa com um grupo de homens, mas ainda assim, seu olhar permanece no meu por um instante longo demais. Meu rosto esquenta imediatamente.Te
Viro o rosto em direção à voz, sentindo meu coração acelerar de um jeito que me irrita. Ethan está parado perto de mim, com um olhar sério demais para o meu gosto. — O que você está fazendo aqui? — pergunto, odiando o quanto minha voz sai fraca.— Eu poderia perguntar o mesmo — ele responde, inclinando a cabeça para o lado. — Vim respirar longe da agitação e te encontro aqui, tentando fugir.— Não estou fugindo — rebato, apertando os dedos na taça quase vazia. — Só queria um pouco de ar fresco.— Ar fresco e champanhe? — Ethan levanta uma sobrancelha, olhando a taça em minha mão. — Interessante combinação.— Qual é o problema? — murmuro. — Não sabia que beber uma taça era contra as regras.— Considerando que posso procurar o responsável por deixar você pegar essa taça, diria que é um problema — ele responde, num tom calmo, mas carregado de provocação. — Se não me engano, as leis americanas deixam bem claro: menores de 21 anos não podem beber, Srta. Bennett.— Engraçado isso vir de al
“Ethan Hayes”“Tarde demais, Ethan Reed Hayes.” A frase ecoa na minha mente assim que ouço a voz de James chamando nossos nomes.Mas, se eu for honesto comigo mesmo, já era tarde demais desde o momento em que decidi ignorar minha razão e segui Mia até o jardim. Desde o momento em que levantei a mão para tocar o rosto dela e quase cometi a besteira de beijá-la.Meu cérebro trabalha rápido para dar uma aparência natural a essa situação absurda. Agradeço mentalmente por Mia ser bem menor que eu; a única coisa que consigo fazer é olhar para frente e agir da forma mais tranquila possível.— Vire-se — murmuro, ouvindo os passos de James cada vez mais perto.Mia me encara, confusa, mas faz o que mando, dando um passo à frente e ficando de costas para mim, com os olhos fixos na vista da cidade.— Aquela ali é a roda-gigante do Navy Pier — aponto para um ponto distante no horizonte, falando alto o suficiente para parecer natural.— O que você está…— Apenas finja, porra — corto, seco, mas baix
Aperto o copo em minha mão com um pouco mais de força enquanto minha mente volta há alguns minutos. Será que não disfarcei tão bem quanto imaginei? Ou será apenas o instinto de advogado de James trabalhando, sentindo o cheiro de um problema antes mesmo de ele se formar?Opto pela segunda opção, quando James estreita os olhos, me encarando como sempre faz quando quer que eu confesse algo.Dessa vez não, meu amigo.— Nada que você precise se preocupar — respondo, levando o copo aos lábios.— Mia parecia desconfortável — ele diz, finalmente, com um tom mais baixo. — E você não é exatamente conhecido por ser alguém… fácil de lidar.— É porque não sou — rebato, indiferente, finalizando minha bebida em um só gole. — Mas, para sua informação, eu só estava garantindo que ela não fizesse nada de que pudesse se arrepender depois.— Anda, vem comigo — ele sussurra, olhando para trás de mim. — Gerard está se aproximando, e eu não quero terminar a noite ouvindo suas histórias.Sem me dar tempo pa
“Mia Bennett”“Você não vai com ele.”As palavras parecem dançar na minha frente enquanto meu olhar se fixa em Ethan. Minha boca se entreabre involuntariamente, surpresa e indignada. Com que direito ele acha que pode falar isso?James, Vitória e Gabriel olham para ele imediatamente, surpresos. Ethan, no entanto, permanece indiferente, como se fosse normal querer mandar na vida alheia.— Desculpa, mas acho que não entendi… — finalmente respondo, num tom irônico.— Gabriel bebeu — Ethan desvia o olhar para James, como se a explicação fosse para ele, não para mim. — Se quer colocar a vida de alguém em risco, que seja a dele. Se quiser, pode ir com ela, James.— Gabriel bebeu menos que... — começo a argumentar, mas James levanta a mão.— Ele tem razão, Mia — ele me interrompe, levantando o copo antes de dar mais um gole. — Vou terminar minha bebida e vamos embora com Ivan. Assim, chegamos todos em segurança.Estreito os olhos para Ethan, que não parece nem um pouco afetado com meu descont