Thomas e Natalie cresceram. Agora, com seus dezesseis anos, eles vão passar pela experiência de serem adolescentes. E seus pais, vão passar pela experiência que todo pai e mãe passa: a de verem seus filhos serem aborrecentes. Cometer erros, namorar — muito — e estudar bastante para serem o que foram criados para serem: o que quiserem ser. E no caminho disso, ambos terão de ser fortes, se manter unidos e amadurecer para estarem preparados para os momentos difíceis que virão. E ao lado de ambos seus pais, ajudarão Bryan, o irmão do meio, a lidar com as pendências que ele tem com sua verdadeira origem.
Ler mais— Kavanagh, você deve estar sabendo toda a matéria de prova, certo? Thomas revirou os olhos, se jogando na cadeira, fazendo-a ficar com apenas as duas pernas de trás sobre o piso. Os braços estavam cruzados, e ele tinha a feição de tédio como sempre. Aquela era simplesmente a aula mais chata, com a professora mais irritantemente tediosa, e ele sempre fazia questão de ignorá-la completamente. Até porque, ele fazendo algo ou não, ela chamaria sua atenção. Aquela mulher tinha um certo problema com ele, que ele não conseguia compreender. Minto, ele compreendia. Aquilo com toda a certeza era falta de macho. — Depende. — De que? — Se a matéria for de aritmética, aí estou ferrado. — Muito engraçado. Os amigos dele, minto, a sala inteira, tinha achado engraçado, porque riam. — Menos um ponto no boletim. — Como se você fosse me deixar passar na sua matéria. — Bem lembrado, comigo você não passa a não ser que faça uma boa prova. — Nem se eu fizer uma prova, vamos ser sinceros aqui
Mia entrou no quarto, acendeu a luz, e então viu o filho do meio puxar o edredom até a cabeça. Se lembrava de quando era Thomas. Ele também odiava claridade. Bem, isso só veio a mudar depois de quase dois anos que já estava acostumado com a sua nova família. Mesmo quando ele morava no orfanato, ele odiava escuro. Ela e o marido descobriu o quanto quando ele teve seu primeiro surto por se ver no escuro. Foi um desespero. Eles nunca tinham visto ele tão apavorado. A situação foi mudando, ele foi mudando, crescendo, amadurecendo, e se sentindo mais seguro. E desde então a claridade o irritava logo de manhã. Principalmente quando sabia que tinha que despertar para ir para a escola. E ele não era o único a reclamar de ter que acordar tão cedo para sair de casa. Se aproximou, sentando-se na cama e colocando uma das mãos sobre a cintura de seu garotinho, chamando-o baixinho, como fazia todos os dias com cada um de seus filhos. O escutou reclamar, e riu quando o viu se mexer, tampando os ou
Liam tinha uma pasta com tudo que precisava saber sobre aquela mulher. Finn tinha feito um ótimo trabalho. Nem precisou contratar um investigador particular. Mia estava ao seu lado lendo o relatório. E assim como imaginou, a professora não era apenas uma simples professora. Ela tinha motivos para se interessar por Bryan. Era sua tia. Biológica. Irmã de seu pai. Um homem poderoso que quando soube que a mulher com quem se relacionava estava grávida, não só não acreditou que o filho era dele como também não tinha desejo de se tornar pai. E então a mulher ficou só. Grávida e sozinha. O bebê nasceu e ela o abandonou no corpo de bombeiros. E desapareceu no mundo. Mas ela não era uma mulher qualquer. Ela tinha posses. Não tinha família, mas era de família de classe-média. Então por qual motivo escolheu dar a criança, e agora, anos depois, o queria de volta? Essa era a única resposta que ainda não o tinham. Mia se sentia inconformada. Enojada. Tanto com o pai de seu garotinho quanto com a m
Bryan se sentia culpado. Culpado por esconder coisas do pai e culpado por querer saber mais sobre seus pais biológicos. Culpado por querer ver a mulher que o colocou no mundo para lhe fazer questionamentos, como o motivo de ela não querer ele. Ela o abandonou, mas agora queria vê-lo. Conhecê-lo. Será que ela nunca quis abandoná-lo? Será que ela foi obrigada? Será que ela o amou e ainda o amava? E por isso agora estava a sua procura? Mas se era realmente isso, como que levou nove anos para encontrá-lo? Não fazia sentido, mesmo para um garotinho de nove anos. Os sentimentos dentro de si eram conturbados. Ele achava que tinha o direito de conhecer aquela mulher, mas também achava que não tinha o direito de magoar os únicos pais que ele conhecia naquele mundo. Os únicos que lhe deram amor, carinho, que lhe cuidou com zelo. Ele nunca foi tratado diferente de seus irmãos. Se lembrava de como sua mãe o colocava para dormir com o mesmo carinho que com os outros filhos. Os beijos, a atenção, o
Não queria pensar em Bryan e naquela confusão em que sua família estava entrando, mas foi impossível quando sentiu os bracinhos de ambas ao redor de si após a aula. Se lembrou do dia em que viu Bryan sentir medo pela primeira vez. Mesmo sem entender, se lembrou daquele dia. De como ele tremia em seus braços. De como ele apertava os olhos com força. De como ele fungava com o rosto afundado em seu pescoço. Foi logo na primeira noite dele em casa. Na nova casa dele. Ele não soube explicar o motivo. Não houve pesadelos. Apenas sentiu medo. Um medo inexplicável. E Liam ficou com ele durante toda uma noite, mesmo depois que ele finalmente adormeceu. Enquanto andavam pelas sessões preferidas de sua esposa, e também das crianças, Liam podia ver a eletricidade dos trigêmeos. E eles nem tinham comido doce naquele dia. A não ser pelo sorvete de mais cedo, mas mesmo assim já fazia horas que isso aconteceu. Eles adoravam ir ao supermercado. E quando podiam comprar seus doces, ficavam mais empolga
Liam tinha apenas uma hora para se encontrar com aquela mulher e voltar a tempo para pegar seus filhos. Tinha que ser rápido. Confiava em Finn, mas ainda assim precisava agir à sua maneira. Era sobre seu filho, afinal de contas. Bryan era e sempre seria seu filho. E ninguém, nem mesmo a mãe biológica o tiraria de si e de sua esposa. Nunca quis saber quem era aquela mulher. Só o que soube era que ela abandonou Bryan quando ele era ainda um bebê. Mia não queria que procurassem nada sobre ela ou qualquer um de sua família. Tinha medo de perdê-lo de alguma forma. Mas agora Liam se arrependia de ter dado ouvidos a esposa, mesmo que a compreendesse. Se tivesse buscado sobre quem eram os pais de Bryan, talvez ele estivesse mais preparado naquele momento. Era difícil pensar que uma pessoa estivesse tão arrependida, que esperou nove anos para buscar pelo filho. Não foram nove meses, foram nove anos. O que houve para que ela o deixasse na porta do corpo de bombeiros? O que a fez desistir de um
— Quem é você, e o que fizeram com a minha filha? Natalie tinha um sorriso contagiante nos lábios enquanto olhava para seus pais e irmãos. Ela sabia que seria um choque para todos, mas a decisão tinha sido tomada há muitos dias, e ela achou que já estava na hora de colocar em prática. Por que não, afinal? Já tinha todo o dinheiro necessário, não precisando assim, usar o do seu pai. Não que ela não usasse o cartão sem limites dele, mas ela preferiu usar sua mesada que juntou por alguns meses. — Querida, você está tão linda. — Agora me pareço com você, mamãe. Ainda sorrindo, Mia a beijou no rosto, tocando os cabelos antes negros, agora cor-de-rosa. No mesmo tom que os dela. Ela pintou também as sobrancelhas, afinal ficaria estranho se ela pintasse apenas os cabelos. A mudança tinha sido chocante, mas a mãe ficou muito emocionada. — Misericórdia, minha irmã está parecendo aquelas bonecas estranhas que ela tinha quando criança. — Ah, e eu também me pareço com essas bonecas estra
— Onde está nossa filha? Mia sabia que o marido questionaria sobre a mais velha no instante em que percebesse a falta dela. O que foi de imediato. Ele se aproximou já a procura da menina. O que já era esperado. Já estava preparada para as perguntas, e talvez, muito provavelmente, o ciúme. Porque Natalie não tinha saído sozinha. Ela foi acompanhada com Ezra. Ele tinha uma cisma com o sobrinho deles desde que Mattew começou a colocar caraminholas em sua cabeça.— Saiu. Foi ao cinema com Ezra. Eles vão se encontrar com nossos sobrinhos. — Hum. — O papai está com ciúmes da garotinha dele. — Eu sou a garotinha dele! — Eu que sou! — Ninguém merece. Bryan riu, principalmente quando Mark se pronunciou. — Você está muito parecido com seu pai, vamos mudar isso, querido. Liam franziu o cenho e Bryan riu novamente. — A senhora deveria agradecer por ele não ser como o Thomy, mamãe. Mia levou a mão direita ao queixo, pensativa. — Ela deve estar se lembrando de quando nosso filho
Liam achou estranho quando seu advogado ligou para falar sobre Bryan. Por que ele teria algo a falar sobre seu filho? Não entendeu o motivo, mas mesmo assim foi de encontro a ele. Pediu para que a esposa buscasse as crianças sozinha, e seguiu ao centro da cidade. Almoçaria por lá com Finn. Ele parecia preocupado no telefone, o que fazia com que Liam só pensasse que havia algo de errado. Achou melhor não preocupar Mia, já bastava ele. Ela estava grávida e não podia com emoções fortes, ainda mais quando estava entrando no sexto mês de gestação. Para tornar a situação mais complicada, havia o fato de que Bryan vinha escondendo algo deles. Isso estava fazendo Mia ficar angustiada e consequentemente não o deixar em paz até que ele conseguisse descobrir o que estava acontecendo com o garotinho deles. Quando conheceu Bryan, já sabia que ele tinha uma carga muito pesada mesmo sendo uma criança. Ele tinha quase cinco anos. Foi abandonado pelos pais e vivia em um orfanato. Estudava em uma esc