Capítulo 8

— Faz tempo, sim. — A imagem de mim mesma, com apenas 20 anos, chegando a Fortaleza, carregando uma mala e o coração cheio de sonhos, pipoca na minha mente.

Aguardo por mais alguma pergunta, mas ela não vem. Vencemos o terceiro quarteirão e, pelo canto dos olhos, vejo-o parar e olhar o relógio.

— Esqueceu alguma coisa, Eduardo? — pergunto por educação e também por curiosidade.

Fixo meu olhar nele enquanto Eduardo olha para os lados, como se procurasse algo. Quando finalmente encontra, se volta para mim, e um sorriso tímido surge em meu rosto.

— Vamos tomar água de coco?

— Água de coco? Agora? — Olho para o relógio e percebo que ainda falta quase meia hora para o expediente começar.

— Vamos, Júlia, não vai se arrepender — ele insiste, fitando meus olhos.

Penso em dizer não, mas, ao olhar para ele parado na minha frente, uma batalha interna se inicia: aceitar ou não? Olho em direção ao prédio da New Lux, que está apenas a um quarteirão — na verdade, nem é um quarteirão propriamente dito
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