Clara levava uma vida rotineira e previsível em seu trabalho como caixa de supermercado até o dia em que tropeçou – literalmente – nos planos de um perigoso mafioso. Forçada a conviver com o homem que representa tudo o que ela sempre evitou, Clara descobre um mundo de perigo e paixão onde sua ingenuidade se torna tanto uma arma quanto uma fraqueza. Mas será que ela está pronta para enfrentar as consequências de se apaixonar por alguém tão letal?
Leer másO clarão da explosão ainda queimava em minha mente. O som ensurdecedor ecoava nos meus ouvidos mesmo depois de já estarmos longe do local. Eu sentia a adrenalina pulsando, um misto de choque e excitação que me fazia tremer dos pés à cabeça.O carro cortava a cidade no silêncio sufocante. Dante dirigia com os olhos fixos na estrada, a mandíbula cerrada, os dedos apertados no volante com força suficiente para embranquecer os nós dos dedos.Eu não conseguia desviar o olhar dele.Ele acabara de explodir um depósito inteiro, matar vários homens de Hector e ainda assim parecia completamente no controle da situação. Enquant
O silêncio da casa segura era apenas superficial. A tensão pairava no ar, tão densa que parecia palpável. Eu andava de um lado para o outro no quarto em que Dante havia me deixado, o coração ainda acelerado pela conversa que tivemos.Vamos responder.Aquelas palavras ficaram martelando na minha cabeça.Dante estava pronto para agir contra Hector, mas o que isso realmente significava? Uma emboscada? Mais tiros? Mais sangue?Sentei-me na beira da cama e pressionei os dedos contra as têmporas. Minha vida inteira estava fora de controle.Antes de conhecer Dante, eu passava os dias ensinando crianças, corrigindo provas e planejando atividades escolares. Agora, eu segurava armas, fugia de emboscadas e via pessoas sangrando na minha frente.Pior ainda: eu atirei em alguém.Uma batida na porta me tirou dos meus pensamentos.— Entre.Dante apareceu, encostando-se no batente da porta. Ele me olhou por um momento antes de entrar e fechar a porta atrás de si.— Você não dormiu.— E você dormiu?E
A respiração ainda era irregular quando finalmente entramos no carro. Dante dirigia em alta velocidade pela estrada deserta, os nós dos dedos brancos de tanto apertar o volante. O silêncio entre nós não era apenas causado pelo cansaço, mas pelo peso do que acabara de acontecer.Eu havia atirado em alguém.Meu corpo ainda estava tomado pela adrenalina, mas a verdade se infiltrava devagar, como uma corrente gelada percorrendo minha pele.— Você está bem? — Dante perguntou, sem tirar os olhos da estrada.Assenti, mesmo sabendo que ele não acreditaria.— Clara, olhe para mim.Me forcei a virar o rosto, encont
A madrugada avançava enquanto eu permanecia sentada à mesa do escritório de Dante, absorvendo cada detalhe dos documentos espalhados à minha frente. Meu coração ainda batia acelerado depois de tudo que eu vira na sala subterrânea. A magnitude do império de Dante e as peças ocultas que mantinham a engrenagem do crime organizada eram assustadoras e, ao mesmo tempo, fascinantes.Eu não deveria me sentir assim. Eu deveria temer aquele mundo. Mas, em vez disso, queria entendê-lo.Dante estava encostado no batente da porta, observando-me em silêncio.— Você está processando bem demais tudo isso — ele comentou, cruzando os braços.
O silêncio dentro do carro era pesado. Eu observava Dante pelo canto do olho enquanto ele dirigia, seu olhar fixo na estrada, a mandíbula cerrada em concentração. Desde o encontro com Sofia Rivas, ele não tinha dito muito.— Você está muito calado — comentei, quebrando a quietude sufocante.Ele soltou um suspiro, mas manteve os olhos na estrada.— Estou pensando.— Sobre?— Sobre quantas maneiras essa história pode dar errado.Eu me recostei no banco, cruzando os braços.— Então você acha que ela pod
O salão continuava repleto de vozes e risadas abafadas, um espetáculo de riqueza e poder disfarçado sob sorrisos elegantes. Mas minha atenção estava completamente voltada para Sofia Rivas.A jornalista parecia confortável, mas seus olhos analisavam cada canto do salão como se esperasse que alguém pulasse sobre ela a qualquer momento. Isso só confirmava o que já suspeitávamos: ela sabia demais e sentia o perigo se aproximando.Dante estava relaxado ao meu lado, como se aquilo fosse apenas mais um evento mundano, mas eu sentia a tensão sob sua pele. Ele não gostava de deixar nada ao acaso, e nossa aproximação com Sofia precisava ser calculada.— Ela parece inquieta — murmurei, tomando um gole do champanhe sem tirar os olhos dela.Dante sorriu de canto.— Isso é bom. Quanto mais alguém sente o medo, mais fácil é controlar o jogo.O comentário me deu um arrepio, não porque me assustava, mas porque me lembrava de quem ele era. Dante Vasquez não era um herói, e eu não poderia esquecer isso.
O nome Sofia Rivas ainda ecoava na minha mente enquanto analisávamos os documentos espalhados sobre a mesa. A foto da mulher parecia me encarar, como se desafiasse a nossa estratégia.Dante apoiou os cotovelos na mesa, girando um anel no dedo enquanto absorvia as informações. Havia uma tensão controlada em sua expressão, uma que eu começava a reconhecer como o momento em que sua mente trabalhava a mil por hora.— Se Hector está tentando calá-la, significa que ela tem algo importante — murmurei, cruzando os braços.— Ou está prestes a descobrir — Matteo completou, esfregando o queixo.Dante tamborilou os dedos na mesa antes de se levantar. Ele pegou a foto de Sofia e a estudou por u
Os segundos que se seguiram foram preenchidos apenas pelo som da nossa respiração. Dante ainda estava próximo, sua mão quente roçando levemente minha pele, como se esperasse que eu me afastasse. Mas eu não o fiz.Porque, pela primeira vez desde que tudo começou, eu tinha tomado uma decisão consciente: eu ficaria.Ficar significava mais do que simplesmente estar ao lado dele. Significava me aprofundar nesse mundo, deixar para trás a vida previsível que eu costumava levar. Não era apenas sobre Dante. Era sobre mim. Sobre o que eu me tornaria.— Você sabe que não há volta depois disso, não sabe? — sua voz era baixa, quase um aviso.Assenti lentamente.— Eu sei.Algo brilhou em seus olhos, um misto de satisfação e algo mais profundo, algo que eu não conseguia decifrar completamente. Ele se afastou apenas o suficiente para que eu pudesse respirar sem sentir o calor do seu corpo tão próximo ao meu.— Matteo deve trazer informações em breve. Mas enquanto isso… preciso que você esteja prepara
Segurei o envelope entre os dedos, sentindo o peso de algo maior do que eu estava acostumada a carregar. Dentro dele, não havia apenas informações sobre um inimigo de Dante, mas um convite silencioso para um jogo do qual eu já fazia parte, mesmo sem perceber.Respirei fundo antes de abrir e puxar os papéis de dentro. As folhas estavam cheias de informações sobre um homem chamado Hector Salgado. Fotos, registros bancários, transações suspeitas. Um nome que eu nunca ouvira antes, mas que, pelo jeito, representava uma ameaça real para Dante e seu império.— Quem exatamente é ele? — minha voz soou firme, mas por dentro eu sentia uma onda de nervosismo crescendo.Matteo cruzou os braços, observando-me com um olhar calculista.— Hector costumava trabalhar com Dante. Um parceiro de negócios que decidiu que queria uma fatia maior do bolo.— Traição? — perguntei, analisando uma das fotos onde Hector aparecia ao lado de Dante em um evento elegante.— Ambição — Dante respondeu, pegando os papéis