O dia amanheceu nublado, como se o próprio céu soubesse que algo importante estava prestes a acontecer. Eu mal havia dormido. Meu corpo estava cansado, mas minha mente não desligava. A promessa de Dante ecoava na minha cabeça: Amanhã começamos.E agora, esse amanhã tinha chegado.Levantei-me e vesti roupas confortáveis antes de sair do quarto. O cheiro de café pairava no ar, misturado ao leve aroma amadeirado que sempre parecia cercar Dante.Encontrei-o na sala, sentado na poltrona, mexendo no celular. Assim que me viu, ergueu o olhar e sorriu de canto.— Bom dia, pequena. Pronta para sua primeira lição?
Os dias seguintes foram um turbilhão de aprendizado e tensão crescente. Dante não pegava leve comigo. Se eu havia escolhido ficar e aprender, então eu teria que me tornar forte o suficiente para não ser apenas uma peça no jogo dele, mas uma jogadora de verdade.Pela manhã, treinamento. Ele me ensinava a atirar, a manejar armas diferentes, a entender o peso de cada decisão. À tarde, eu aprendia a negociar, a ler as intenções das pessoas, a perceber mentiras escondidas atrás de palavras bonitas. À noite, jantares silenciosos em que nossos olhares diziam mais do que qualquer conversa.Eu podia sentir a mudança nele, assim como sentia em mim mesma. A obsessão de Dante por mim não era mais apenas um desejo de posse; era algo mais profundo.E eu…Eu já não sabia mais onde terminava a garota que caiu nesse mundo por acidente e onde começava a mulher que escolhia ficar.Naquela noite, Dante decidiu que eu estava pronta para algo novo.— Vamos sair — ele anunciou, encostado casualmente no bate
A adrenalina ainda pulsava em minhas veias quando saímos do clube. A noite estava fresca, e as luzes da cidade pareciam mais intensas do que o normal, como se cada lâmpada refletisse a mudança que havia acontecido dentro de mim.Passei no teste de Julian. Não sabia exatamente o que isso significava, mas a expressão de Dante deixava claro que eu tinha feito o que precisava ser feito.— Você gostou disso, não foi? — Dante perguntou enquanto caminhávamos até o carro.Parei por um instante, encarando-o.— Não sei. Foi… interessante.Ele soltou uma risada baixa, abrindo a porta para mim.— "Interessante"
Segurei o envelope entre os dedos, sentindo o peso de algo maior do que eu estava acostumada a carregar. Dentro dele, não havia apenas informações sobre um inimigo de Dante, mas um convite silencioso para um jogo do qual eu já fazia parte, mesmo sem perceber.Respirei fundo antes de abrir e puxar os papéis de dentro. As folhas estavam cheias de informações sobre um homem chamado Hector Salgado. Fotos, registros bancários, transações suspeitas. Um nome que eu nunca ouvira antes, mas que, pelo jeito, representava uma ameaça real para Dante e seu império.— Quem exatamente é ele? — minha voz soou firme, mas por dentro eu sentia uma onda de nervosismo crescendo.Matteo cruzou os braços, observando-me com um olhar calculista.— Hector costumava trabalhar com Dante. Um parceiro de negócios que decidiu que queria uma fatia maior do bolo.— Traição? — perguntei, analisando uma das fotos onde Hector aparecia ao lado de Dante em um evento elegante.— Ambição — Dante respondeu, pegando os papéis
Os segundos que se seguiram foram preenchidos apenas pelo som da nossa respiração. Dante ainda estava próximo, sua mão quente roçando levemente minha pele, como se esperasse que eu me afastasse. Mas eu não o fiz.Porque, pela primeira vez desde que tudo começou, eu tinha tomado uma decisão consciente: eu ficaria.Ficar significava mais do que simplesmente estar ao lado dele. Significava me aprofundar nesse mundo, deixar para trás a vida previsível que eu costumava levar. Não era apenas sobre Dante. Era sobre mim. Sobre o que eu me tornaria.— Você sabe que não há volta depois disso, não sabe? — sua voz era baixa, quase um aviso.Assenti lentamente.— Eu sei.Algo brilhou em seus olhos, um misto de satisfação e algo mais profundo, algo que eu não conseguia decifrar completamente. Ele se afastou apenas o suficiente para que eu pudesse respirar sem sentir o calor do seu corpo tão próximo ao meu.— Matteo deve trazer informações em breve. Mas enquanto isso… preciso que você esteja prepara
O nome Sofia Rivas ainda ecoava na minha mente enquanto analisávamos os documentos espalhados sobre a mesa. A foto da mulher parecia me encarar, como se desafiasse a nossa estratégia.Dante apoiou os cotovelos na mesa, girando um anel no dedo enquanto absorvia as informações. Havia uma tensão controlada em sua expressão, uma que eu começava a reconhecer como o momento em que sua mente trabalhava a mil por hora.— Se Hector está tentando calá-la, significa que ela tem algo importante — murmurei, cruzando os braços.— Ou está prestes a descobrir — Matteo completou, esfregando o queixo.Dante tamborilou os dedos na mesa antes de se levantar. Ele pegou a foto de Sofia e a estudou por u
O salão continuava repleto de vozes e risadas abafadas, um espetáculo de riqueza e poder disfarçado sob sorrisos elegantes. Mas minha atenção estava completamente voltada para Sofia Rivas.A jornalista parecia confortável, mas seus olhos analisavam cada canto do salão como se esperasse que alguém pulasse sobre ela a qualquer momento. Isso só confirmava o que já suspeitávamos: ela sabia demais e sentia o perigo se aproximando.Dante estava relaxado ao meu lado, como se aquilo fosse apenas mais um evento mundano, mas eu sentia a tensão sob sua pele. Ele não gostava de deixar nada ao acaso, e nossa aproximação com Sofia precisava ser calculada.— Ela parece inquieta — murmurei, tomando um gole do champanhe sem tirar os olhos dela.Dante sorriu de canto.— Isso é bom. Quanto mais alguém sente o medo, mais fácil é controlar o jogo.O comentário me deu um arrepio, não porque me assustava, mas porque me lembrava de quem ele era. Dante Vasquez não era um herói, e eu não poderia esquecer isso.
O silêncio dentro do carro era pesado. Eu observava Dante pelo canto do olho enquanto ele dirigia, seu olhar fixo na estrada, a mandíbula cerrada em concentração. Desde o encontro com Sofia Rivas, ele não tinha dito muito.— Você está muito calado — comentei, quebrando a quietude sufocante.Ele soltou um suspiro, mas manteve os olhos na estrada.— Estou pensando.— Sobre?— Sobre quantas maneiras essa história pode dar errado.Eu me recostei no banco, cruzando os braços.— Então você acha que ela pod